Metamorfose escrita por morisawa


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Sei lá, eu tenho esse headcanon na minha cabeça que o Tamaki tem um grande interesse em fotografia e que ele é o tipo de garoto tímido na frente dos outros mas que também conta piadas quando a sós com alguém que ele tem intimidade (aka Mirio) ;;0;
Enfim, falando sério agora, aviso antecipadamente que os erros nas falas deles são propositais. Afinal, duvido que cês daqui falam certinho na vida real igual como
escrever essas oneshots maras desse site uwu
Also, ouçam as músicas que eu deixei em negrito!! Dá uma melhor experiência :D

Boa leitura!!(vejo vocês nas notas finais ♥)



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a f f e c t i o n

 

A vista para o mar era mais do que bela. Algumas pessoas estavam na praia, sentadas na areia, aproveitando o sol e esquentando seus corpos, no entanto, nada que atrapalhasse a cena; pelo contrário. O contraste dos coloridos guarda-sóis era magnífico, uma mistura linda com o azul-esverdeado da água rasa, calma, como o espírito de Tamaki — que não soube dizer se fora influência para tal por causa da vista. Não havia a aparição de ondas e, diferente do tumulto de há pouco tempo no mar, tudo aparentava nunca ter acontecido e voltado a seu marasmo habitual. A única coisa ruim, de um todo, eram as cercas cinzas da rua, que separavam a cidade em si de toda a venusta praia; entretanto, nada os impedia de pular e correr para se banhar na água geladinha e gostosa, matando todo o calor e cansaço adquirido após um longo dia de estudo e treino na U.A.

Ambos caminhavam lado a lado, terminando seus picolés. Mirio estava com a uma das mãos no bolso da calça cinza do uniforme e olhava para cima, com as sobrancelhas arqueadas e um inocente sorriso no rosto, o seu comum semblante e mais encantador de todos que Tamaki já viu. Aquele charme que só ele tinha, e que se tornava ainda maior com o cabelo bagunçado pelo vento fraco.

O silêncio não era de fato desconfortável e, após Tamaki enumerar tantos motivos para quebrá-lo, nenhum lhe pareceu ter significado suficiente para fazê-lo. No fim, Tamaki permaneceu de cabeça baixa, com o olhar sempre em movimento a tudo que estivesse no caminho, deliciando de seu picolé de limão e mexendo constantemente no cabelo. Evidentemente nervoso.

Então, ele arriscou:

— Mirio — disse Tamaki, atraindo a atenção do amigo, que virou a cabeça na direção dele e observou-o curioso —, eu preciso assistir um filme mudo para a minha aula de fotografia… Hm… Você quer ir comigo? — perguntou, ansioso. Tamaki inspirou fundo na tentativa de acalmar o redemoinho dentro de si, mas tudo que conseguiu foi sentir o aroma salgado do mar e aquilo, estranhamente, acabou funcionando.

Ele afrouxou a gravata vermelha do uniforme da U.A. e aguardou por uma resposta.

— Claro! — confirmou Mirio, demoradamente olhando-o de esguelha. Tirou a mão do bolso e ajeitou a alça da mochila, sem deixar Tamaki perceber seus dedos trêmulos. — Hoje?

Foi um tanto difícil escutar Mirio por causa das animadas crianças que, como os dois, saíam da escola, estavam em uma alta conversa sobre Naruto e em como seus pés queimavam naquele asfalto quente. Tamaki hesitou, esperando que eles se afastassem um pouco.

Uma mulher de idade que usava um vestido longo florido, de longe, gritou com um garoto que quebrou aparentemente a janela de sua casa com uma bola de basquete. O homem de terno na loja da rua ao lado parecia cansado ao evitar uma discussão com o atendente, desejando apenas comprar logo o sorvete de sua filha e ir para a casa. Na areia, uma garotinha era enterrada por outra mais velha e ria, como se adorasse a situação que estava sendo colocada, sem perceber em como a maré subia e poderia estar em apuros. Pássaros voavam sob o céu em ordem e harmonia, quietos, deixando que os seres abaixos deles apreciassem a vista — mas não o faziam, ocupados demais com a vida própria e suas responsabilidades. Um bebê chorava ao ser lambido por um cachorro e ter que ver aqueles longos e afiados dent-

Tamaki tossiu, de olhos arregalados e sobrancelhas franzidas.

Precisava parar com aquilo.

Ele tentou se recuperar, não querendo ter um ataque de pânico na frente de Mirio. Tudo parecia ter uma importância maior que o normal quando sentia-se prestes a morrer, sufocar lentamente e pagar por todos os seus pecados; realmente, Tamaki não estava acostumado a ir para sua casa em ruas mais movimentadas. Aquietou-se. Estava fazendo aquilo por Mirio e iria aguentar mais um pouco, além do mais, a sua terapeuta disse que ele precisava sair mais do quarto e tomar um ar fresco.

Depois de um tempo, respondeu:

— … Sim.

Tamaki olhou para Mirio, que igualmente encarava-o, porém, com um largo sorriso no rosto e um brilho incompreensível no olhar.

— Então por mim tudo bem!

O sol cintilava no alto do céu, como a estrela principal de uma peça, e todos ali pareciam encantados; entre uma piscada e outra, o sol logo estava escondendo-se atrás da montanhas, deixando que suas outras colegas estrelas e a diretora lua fechassem as longas e sedosas cortinas vermelhas, finalizando o grande espetáculo do dia e abrindo um novo para a noite.

O atendente de roupa carmesim e um olhar entediado na cabine vermelha deu-lhes os convites e os dois adentraram no cinema quase vazio, com exceção à algumas pessoas de maior idade e provavelmente outros estudantes de fotografia, julgou Tamaki. Ambos atravessaram o caminho por entre os assentos pretos e sentaram-se no meio, lado a lado, onde não havia mais ninguém por perto.

O filme começou e Mirio deu a primeira mordida na pipoca. Então a segunda, terceira e quarta, e Tamaki fez o mesmo ao sentir sua barriga grunhir. Suas mãos esbarraram-se algumas vezes, porém, foram movimentos despercebidos e costumeiros. Não tinham trocado de roupa, com exceção da gravata e as mochilas deixadas na casa de Mirio, que felizmente ficava no caminho ao cinema.

Na grande tela, a história em preto-e-branco passava e tudo era questão de interpretação. Os olhos de Tamaki brilharam com tanta beleza e, mesmo preferindo os filmes de hoje em dia — com som, mais movimento e leveza, melhor qualidade e cores —, não pode deixar de admirar e ser fascinado com o encanto de um filme do século dezenove/vinte.

As imagens mostravam, no atual momento, dois jogadores que aparentavam serem muito bom no que faziam, e também de times contrários, parado um em frente ao outro, ambos com cara de poucos amigos e com seus colegas ao fundo. Em outras palavras, dois inimigos que falavam por feições e não com a voz.

O que Tamaki achou, mais uma vez, fantástico. Estava de fato no curso certo, e embora fosse um tanto difícil equilibrar as aulas na U.A. com as fora dela, ele não se sentia nenhum pouco arrependido, e o aquecimento em seu peito ao estar assistindo aquele filme apenas confirmou ainda mais este fato. Tudo era questão de interpretação e em como sua mente funcionava, para uma pessoa os dois jogadores de basquetes poderiam estar prestes a entrarem em uma luta por causa de uma rixa idiota que nasceu com o motivo de gostarem da mesma garota e estarem em times contrários, enquanto para outro tudo aquilo não passava de uma grande tensão sexual entre eles e que a garota servia apenas para causar ciúmes.

— Sobre o que você acha que eles estão conversando? — perguntou Mirio, inclinando levemente o rosto na direção de Tamaki. — “Sabe, Jacky, você deveria desistir logo, esse jogo já está com um final contado e a vitória é minha” — cochichou, forçando a voz para uma mais engraçada e descontraída, dando um ênfase de zombaria no “Jacky”.

Como não havia pessoa sequer por perto, Tamaki sorriu e acompanhou-o na brincadeira, igualmente em sussurro. Afinal, precaver nunca é demais. — “Não dessa vez, Nathan. A minha bola é melhor que a sua e eu vim preparado hoje, estou muito bem acompanhado e farei você não conseguir sair daqui andando!” — Os dois abafaram a gargalhada com as mãos por conta da última frase de Tamaki, que sentiu as bochechas esquentarem.

— Tamaki! — repreendeu Mirio, risonho. Deu um empurrão amistoso no amigo e as maçãs de seu rosto enrubesceram-se. — Por Deus! — Tamaki não conseguia dizer nada de vergonha, escondendo o rosto com a touca do casaco de Mirio.

De longe, ouviram um “shhh!!” e entreolharam-se, ainda rindo baixo.

t r o p i c a n a

 

Ambos saíram do cinema tão felizes quanto entraram, quem diga ainda mais. Tamaki terminava de tomar seu milk-shake de morango e logo então jogou o copo longo de plástico no lixo cinza ao lado da entrada.

Andava com as mãos no bolso da calça azul-esverdeada, e agora caminhando na rua a céu aberto, tudo parecia ter se ajeitado. Qualquer preocupação que Tamaki teve horas atrás era levada com a brisa fraca da noite e, com o olhar materno da lua, não tinha nada a temer. Era até estranho porque, sendo Tamaki, ele sempre tinha preocupações, das mais simples às mais graves.

Poucas pessoas estavam em pé naquele horário tarde, embora qualquer loja que vissem estivesse aberta. As cores distintas e fortes eram a melhor iluminação daquele espaço, como se fosse natal e toda a cidade estivesse enfeitada com os pisca-piscas mais diferenciados; embora, não, ainda não fosse natal, para a infelicidade de Tamaki.

Adorava aquele feriado com todas as forças e tudo por causa de Mirio, que uma vez convidou-o para jantar na sua casa, quando Tamaki estava triste e admitiu que o natal era um dos feriados que mais odiava — pois seus pais nunca passarem junto dele. Isso levou à uma grande brincadeira na casa de Mirio, onde os dois jogaram confetes pela sala, brincaram debaixo da grande árvore e enfeitaram Tamaki como um verdadeiro elfo — de mal jeito, mas com amor. Sem contar que os pais de Mirio adoraram-o, o que elevou ainda mais a felicidade e gratidão de Tamaki.

O braço desnudo de Mirio encontrou-se com o coberto de Tamaki e seus pelos arrepiaram-se com o contato. Um dos botões da blusa branca da escola estava aberto e Mirio não usava a gravata vermelha habitual, que também fazia parte do uniforme, igual a Tamaki, mas permanecia tão bonito quanto. Andavam perto um do outro, na calçada, já que mesmo sem tantas pessoas por ali, os carros corriam à solta.

Tamaki havia pego um casaco emprestado de Mirio e respirava profundamente, experimentando o aroma delicioso que dele emanava.

— Você gostou? — Mirio molhou os lábios e continuou a olhar para frente, meio sonolento pelo dia e tanto que tiveram. Nada que se arrependesse, no entanto. — Do filme, digo.

Tamaki acenou com a cabeça, mesmo que soubesse que Mirio não veria.

— Hm… Meio que supriu e atingiu além das minhas expectativas, eu acho.

Mirio olhou-o por cima do ombro. — Sério?

— Sim — Tamaki riu inocentemente. — Por quê? Você não gostou? — interrompeu a si mesmo instantaneamente, com as sobrancelhas franzidas e um olhar curioso.

— Bem… Vamos dizer que você deixou o filme muito melhor. — Mirio piscou para ele.

E novamente os dois caíram na gargalhada. Só que dessa vez sem contê-la, afinal, não estavam mais no cinema e tampouco havia tantas pessoas ali para encará-los com desgosto.

— Céus, Mirio! Aquilo foi tão vergonhoso! — A voz de Tamaki saiu baixa, atrapalhada pelas risadas dos dois garotos. Sua face estava tão mais vermelha do que na hora que tinha falado aquilo e, nossa, como ele desejava esconder o rosto em um buraco e nunca mais sair! — Não me lembre disso!!

Tamaki apoiou-se no ombro de Mirio, olhando para baixo, totalmente envergonhado e rindo de nervoso; não falava em excesso e coisas como essas nunca aconteciam, entretanto, ao lado de Mirio virava uma exceção, junto de tantas outras coisas simples que Tamaki antigamente privava-se de sentir.

— Mas você tem um humor excepcional! Deveria aproveitar e usá-lo mais vez- — Mirio não pode completar a frase por não conseguir conter a própria gargalhada. — Me desculpe, vou tentar não fazer de novo! Juro! — exclamou, balançando as mãos e ainda sorrindo largamente.

Tamaki olhou-o descrente, com um sorriso igual e os olhos semicerrados. Ofegava por causa do riso irreprimível e seus cabelos estavam bagunçados de tanto que ele tentava esconder o rosto com as mãos.

— Tentar?! Mirio!!

— Tá bom, tá bom! — Levantou os braços em forma de redenção. Inspirou profundamente, tentando regular a respiração e acalmar o coração.

Depois de alguns minutos caminhando e recuperando-se da adrenalina, estavam quase chegando na casa de Mirio. Tamaki não soube dizer quanto tempo se passou, mas tinha a certeza que foi um dos melhores dias de sua vida.

Bom, todos os melhores dias de sua vida tinham a participação de Mirio, então não foi de fato uma surpresa.

 

Situavam-se no bairro da residência de Mirio. Em geral, quase todas as outras luzes enfim encontravam-se apagadas, e os postes estavam todos já a trabalhar. O som dos passos despreocupados deles mesclavam-se com o barulho de alguns corvos e o bater de asas de poucas borboletas que ali sobrevoavam, sendo guiadas pelo vento e acompanhadas das folhas que soltaram-se das árvores, em busca de liberdade.

— Ei, Tamaki, você quer dormir aqui? — perguntou Mirio, hesitante. Os dois pararem em frente ao portão da casa dele e Mirio começou a remexer nos bolsos, à procura da chave.

Tamaki murmurou em concordância, dando uma olhada na casa laranja-escuro.

O lar de Mirio era aconchegante, principalmente seu quarto, que continha todos os tipos de mangás que Tamaki pudesse se deliciar no resto da noite; e ele gostava de como era mais vivida comparada às outras daquela rua, um amarelo que reluzia tanto quanto uma galáxia inteira.

O jardim cheio de flores era a parte que Tamaki mais gostava. Como costumava passar a tarde na casa de Mirio porque seus pais não eram tão presentes assim e, sinceramente, o silêncio do seu próprio lar era cruciante, Tamaki ajudava, junto de Mirio, a mãe dele com suas flores e coisas de botânica que ele entendia apenas o básico, e tudo porque a Sra. Togata uma vez o explicou.

— O que foi? — questionou Mirio, observando ligeiramente preocupado o amigo que jazia tão quieto. Não era como se tivesse passado tanto tempo assim, porém, sentia que havia algo diferente. No fundo de seu peito, uma voz ecoava que a aura ao redor deles tinha mudado, mas não sabia como e quando. — Você tá bem?

Mirio girou a chave na fechadura e o portão abriu-se, entretanto, ele não se mexeu; nem fez questão.

Tamaki, com tudo, não respondeu, concentrado demais em seus próprios pensamentos. Pensamentos, esses, que rodeavam o filme que havia acabado de assistir junto de Mirio. Como ele tinha que escrever uma redação sobre para seu curso de fotografia, estava claramente estudando e tentando entender como aquilo tinha cativado-o tanto, e por essa exata razão estava tão no mundo da lua. Nem em um sentido ruim, nem em sentido bom.

Os músculos de Mirio estavam tensos e ele apertou os olhos, ainda mais confuso sobre o paradeiro do melhor-amigo.

— Tamaki? — chamou-o novamente, dessa vez diminuindo a velocidade dos passos.

— Hm?

— Você tá bem?

Tamaki deu de ombros, despreocupado consigo mesmo, ao contrário de Mirio. Tinha um olhar perdido e ao mesmo tempo intenso, um mar profundo que escondia de tudo um pouco que sua mente poderia imaginar. A aura de um lobo que parecia um animal tão frágil, mas ainda assim feroz como todos sabiam; a mistura de dois espíritos desiguais que formavam uma balança de proporções exatas e incompreensíveis.

— Tanto a história quanto as falas são imaginárias, sabe, e não vem dos criadores dos filmes mudos, mas próprio de quem está assistindo… Como se você montasse um filme em tempo real e nem se desse conta disto — murmurou Tamaki, encorajando a si mesmo a continuar. As palavras saiam sem controle, na mesma hora ou até antes que surgiam em sua mente. — ... Nos arrastam para dentro das voltas das nossas mentes que nem ao menos sabíamos que existiam, nos despejando nossas mais criativas ideias e nos fazendo usar tanto do nosso cérebro, e tampouco percebemos. De um jeito velho, arrogante e ultrapassado, hoje é tudo extremamente consciente. Nada tem furos e não nos faz pensar: nossa, mas e isso aqui? Nada nos instiga e faz criar uma ideia por trás, correr na procura de fatos em outros livros daquela tal saga para descobrir o que o protagonista quis dizer com aquela tal frase, porque já explica; porque ela já tá lá, existindo, tomando conta do mal uso das entrelinhos que ocorre hoje e dia. Nada acorda nossa criatividade, apenas nos dá o prazer de conhecer uma além. Mas será que é realmente prazer que sentimos ao ler algo perfeito, quando o prazer maior é criar algo ou ajudar a criar algo? Não perfeito, mas que traga mais pessoas ao seu mundo; que ensine mais pessoas, que as faça pensar também, que as encante e que te faça perceber que ajudou alguém. Consciência demais pode se tornar uma doença. Não é mais divertido compartilhar algo com alguém e instigar essa pessoa, trazê-la ao seu mundo e dividir esse sentimento de alegria?

— Uau…

— O quê? — perguntou Tamaki, fitando os lábios avermelhados e entreabertos de Mirio, perdendo sua própria linha de raciocínio.

— … Você é realmente incrível.

 

[...]

 

Aquele dia tinha começado tranquilo. Como sua rotina, Tamaki tomou seu café da manhã sozinho na mesa de jantar e havia decidido assistir um pouco antes de voltar a dormir, afinal, o grande e velho relógio da cozinha marcava sete horas da manhã, um horário não muito comum para um adolescente de quinze anos acordar em pleno sábado, ainda mais depois de uma semana cansativa e mais outra que ainda viria a seguir.

Porque o tempo passava, e com ele, oportunidades não aproveitadas e tempos de alegria e ingenuidade. Se não tomasse cuidado, em um piscar de olhos já teria vinte anos, então quarenta e logo oitenta, ou talvez morresse antes disso.

No entanto, seu plano para aquele dia havia sido moldado em melhor forma ao receber um telefonema de Mirio e ser convidado para ir até a casa dele.

E foi exatamente assim que Tamaki chegou àquela situação: sentado em frente em um cômodo cheio de coisas jogadas por todos os lados — literalmente —, ajudando Mirio a arrumar suas coisas, em outras palavras, repetindo o mesmo processo de fazer as malas para a U.A. de anteontem, quando tinha feito as suas próprias. Não que fosse ruim, no final, ter a companhia de Mirio sempre animava Tamaki, seja o que for que ambos estivessem fazendo.

A simpatia de Mirio provavelmente colaborava com isso.

Tamaki remexeu no cabelo, tentando arrumá-lo, já que não teve tempo para isso em casa. Tinha saído tão apressado que esqueceu de aquietar os fios doidos naquele dia, mas talvez fosse pela animação de não ter que passar o dia sozinho. Ou talvez porque era Mirio. Bom, pelo menos o “escovar os dentes e botar uma roupa aceitável” de sua lista mental haviam sido completas de modo correto. Levou uma das mãos até o botão da bermuda cerúleo, conferindo mais uma vez se tinha abotoado direito… Bem, sim. Mas era estranho ele ficar checando a bermuda toda hora.

Tamaki ouviu a porta ser aberta e a silhueta formosa de Mirio adentrar ao quarto. Segurava três pacotes de pocky, enquanto carregava um palito daqueles na boca. Mirio usava uma blusa com a gola toda errada por pura preguiça vindo da parte dele, uma bermuda com estampa de verão e um visual, no total, desarrumado, mas que Tamaki até tinha gostado; tudo parecia ficar bom em Mirio, quem sabe por seu tão bom porte físico.

Mirio andou até a direção de Tamaki sentou-se ao lado dele, igualmente encostado na parede bege e ficando entre duas caixas de papelão que vieram do sótão, estranhamente, sem motivo algum. Mirio ainda estava decidindo o que levaria ou não, e isso inclui mangás antigos, como Sailor Moon, um que Tamaki tinha pegado emprestado e o único que ele havia lido dentre os tantos da coleção de Mirio.

— Quer um? — ofereceu Mirio, levemente balançando a caixa. Tamaki pegou um e levou até a boca, mordendo-o. — O que você achou aí?

Mirio inclinou-se na direção dele, observando curiosamente o antigo ipod de segunda mão segurado por Tamaki.

— Lembra quando você ganhou isso de aniversário e passou a semana inteira falando sobre? — disse Tamaki, o canto de seus lábios expandindo-se em um sorriso nostálgico. Em sua mente, repassava as imagens de um Mirio mais novo todo animado com o presente da mãe, e toda aquela felicidade contagiava um Tamaki mais velho do que aquela época. Ele virou-se para Mirio, que tinha as bochechas tingidas vagamente de vermelho, o qual olhou Tamaki de esguelha, igualmente alegre.

— E em como você me ajudou a escolher as músicas? — disse Mirio, tirando uma das mechas do rosto de Tamaki.

— Eu tava te salvando de um péssimo gosto musical, isso sim, Mirio.

Tamaki bufou, fingindo estar ofendido. Puxou as pernas para o seu corpo e deu o ipod ao amigo.

Mirio riu baixo botando a mão no peito, também fingindo estar ofendido. Pegou o aparelho e sustentou este mesmo braço sobre o joelho da perna direita, que estava levantada. — Não disse que não tinha gostado da sua ideia!

Tamaki apreciava de momentos descontraídos como esse em que podia soltar-se verdadeiramente, sem a vergonha que experimentava diariamente quando estava com desconhecidos.

Mirio era sempre uma exceção, obviamente, e Tamaki amava aquilo: ter conseguido encontrar alguém tão bom e puro e cativante e especial e que o fazia se sentir único e… E ele estava pensando em excesso novamente.

Tamaki pegou mais dois pockys, apoiando uma das bochecha no joelho, seus ombros relaxado e piscando demoradamente na direção de Mirio.

— Ei, por que a gente não ouve um pouco de música? — sugeriu, tirando um fone-de-ouvido do bolso. Tamaki franziu as sobrancelhas ao ver aquilo, e antes que pudesse dizer algo, Mirio prosseguiu: — Eu tava ouvindo música antes de você chegar… Sei lá, achei que deveria renovar a playlist. Me pareceu uma boa ideia.

Botou um dos fones no ouvido e estendeu o outro para Tamaki, que pegou-o de bom grado.

— Tudo bem, então.

 

s u p e r b o y & s u p e r g i r l

 

Tamaki arregalou os olhos e tampou a boca, extremamente surpreso quando a melodia familiar começou a soar em seu ouvido direito.

Não acredito que você realmente salvou essa música! — exclamou ele, abismado. Mirio apenas olhou para o chão, um tanto envergonhado.

— É que você vivia falando bem desse álbum, principalmente dessa música deles, então… Eu… — Mirio coçou a cabeça, sem saber o que dizer.

Mirio olhou para o quarto, rodeando cada espaço. Na cama, uma imagem ligeiramente distorcida dele sentado com Tamaki, ouvindo músicas neste ipod no mesmo dia em que ele recomendou aquela álbum para Mirio, cada pedacinho mínimo de realidade na visão deixava a memória mais fresca; diferente das roupas, cadernos, mangás e figures jogados por todos os lados, um amontoado de coisas distintas que Mirio ainda pensava se iria levar para o dormitório da U.A. e montar um quarto igual ao seu, ou inovar e dar uma modificada nas coisas. Sentiria a falta de passar horas sentado naquele puff azul ao lado da estante repleta de fotos e livros, entre outras coisas, tanto quanto de esfregar os pés no tapete felpudo no centro, que não mais se encontrava lá.

Porém, Mirio iria acompanhado de todas as memórias que viveu naquele quarto.

De fato, mudanças eram difíceis, mas com o apoio de Tamaki, ele não tinha do que reclamar.

— Então… Essa é tipo… A nossa música agora? — perguntou, em um sussurro duvidante, mordendo os lábios e fitando Mirio por cima do ombro, com as pupilas dilatadas.

Tamaki agarrou o colarinho e pressionou contra seu pescoço, tentando concentrar seu corpo em alguma outra tarefa que não fosse aumentar o ritmo das palpitações do coração. E também não suar a blusa verde, porque ele suava bastante. E com bastante Tamaki queria dizer bastante mesmo.

— Hm… Sim, é a nossa música agora! — afirmou Mirio, depois de refletir por poucos segundos.

Tamaki sorriu.

— Não me parece ruim.

Tamaki, contudo, aproveitou aquilo tudo por poucos segundos, fechando os olhos e escondendo o rosto por entre os joelhos, enquanto a música nostálgica era ressoada em seu ouvido direito, como no ouvido esquerdo de Mirio, que tinha uma postura tão relaxada e feliz quanto ele.

 

— É que você vivia falando bem desse álbum, principalmente dessa música deles, então… Eu… — Mirio coçou a cabeça, sem saber o que dizer.

Mirio olhou para o quarto, rodeando cada espaço. Na cama, uma imagem ligeiramente distorcida dele sentado com Tamaki, ouvindo músicas neste ipod no mesmo dia em que ele recomendou aquela álbum para Mirio, cada pedacinho mínimo de realidade na visão deixava a memória mais fresca; diferente das roupas, cadernos, mangás e figures jogados por todos os lados, um amontoado de coisas distintas que Mirio ainda pensava se iria levar para o dormitório da U.A. e montar um quarto igual ao seu, ou inovar e dar uma modificada nas coisas. Sentiria a falta de passar horas sentado naquele puff azul ao lado da estante repleta de fotos e livros, entre outras coisas, tanto quanto de esfregar os pés no tapete felpudo no centro, que não mais se encontrava lá.

Porém, Mirio iria acompanhado de todas as memórias que viveu naquele quarto.

De fato, mudanças eram difíceis, mas com o apoio de Tamaki, ele não tinha do que reclamar.

— Então… Essa é tipo… A nossa música agora? — perguntou, em um sussurro duvidante, mordendo os lábios e fitando Mirio por cima do ombro, com as pupilas dilatadas.

Tamaki agarrou o colarinho e pressionou contra seu pescoço, tentando concentrar seu corpo em alguma outra tarefa que não fosse aumentar o ritmo das palpitações do coração. E também não suar a blusa verde, porque ele suava bastante. E com bastante Tamaki queria dizer bastante mesmo.

— Hm… Sim, é a nossa música agora! — afirmou Mirio, depois de refletir por poucos segundos.

Tamaki sorriu.

— Não me parece ruim.

Tamaki, contudo, aproveitou aquilo tudo por poucos segundos, fechando os olhos e escondendo o rosto por entre os joelhos, enquanto a música nostálgica era ressoada em seu ouvido direito, como no ouvido esquerdo de Mirio, que tinha uma postura tão relaxada e feliz quanto ele.

Mas então veio a mente de Tamaki em como aquilo podia não parecer ruim, mas ainda parecia como algo de um casal.

E sua ideia era meio certa.

Certamente era bom demais para ser verdade.

Mas sua ideia estava meio errada.

Certamente eles não eram um casal, e as chances de serem um eram muito poucas.



l o n e l y

 

Na segunda-feira, cedo da manhã, Tamaki jazia acordado antes mesmo do despertador apitar. Não tinha conseguido dormir nada e, estranhamente, continuava sem sono.

O quarto estava totalmente escuro e a melancolia de viver em uma casa vazia era tão mais impactante do que qualquer outra coisa. Se ao menos seus pais viessem mais vezes e Tamaki pudesse criar um vínculo maior com eles, bom, aí ele teria uma outra opção por quem conversar sobre o assunto que o fez ficar acordado por tanto tempo; outro alguém para fugir até a cama e se aconchegar num abraço quente, um outro alguém que não fosse Mirio, já que ele era o dominador de seus pensamentos mais assombrosos daquela… Madrugada, pois o sol ainda não tinha aparecido e mesmo que tivesse, as cortinas negras — que eram na verdade rubras, mas a escuridão engolia aquela coloração assim como os resquícios da energia de Tamaki — estavam absorvendo qualquer iluminação que ousasse adentrar.

Deitado naquela cama, sem nem ao menos piscar — e não por falta de vontade —, a cabeça de Tamaki era rodeada por pensamentos que cercavam: Mirio, a mudança para o dormitório e Nejire. Em ordem do quanto abalava Tamaki.

Nejire ficaria em primeiro se a lista fosse do menos perturbador ao mais perturbador. Era sua amiga e a quem tanto gostaria de ligar, porém, era amiga de Mirio também, e isso incluía um leve ar de constrangimento em falar que gostava dele para a garota que tinha um problema em guardar segredos. Ou seja, não mais uma opção para quem Tamaki fosse desabafar sobre o assunto. Ela era uma boa moça, no entanto; ajudava todo mundo e nunca deixava passar uma oportunidade de fazer a coisa certa, além de já estar namorando com um outro garoto. Talvez, sim, ela fosse entender como Tamaki se sentia, e aquela era uma estatística muito alta. Porém, Nejire igualmente era uma boca aberta, não por maldade aliás — ele sabia que ela não fazia por mal —, e se Tamaki pudesse admitir, aquele era o único defeito dela: cercada por tantas habilidades incríveis e uma personalidade tão bondosa, o apelido “fofoqueira” era quase ofuscado. Quase. Porque, como ser humano, todo mundo tem defeitos, e Nejire não seria uma opção. Infelizmente.

Mas nada que, claro, fizesse Tamaki deixar de gostar tanto dela. Nejire era exatamente como uma mãe que ele nunca teve e, se um dia precisasse, daria sua vida à ela; porque Nejire merecia um digno agradecimento por tanto tempo aguentando a mentalidade fraca de Tamaki. Ou ao menos era assim que ele pensava.

Então havia o dormitório, o que deveria estar em primeiro de toda a lista de preocupações que Tamaki enumerava em sua cabeça. E havia muitos motivos para isso, aliás! Primeiro que como Tamaki, e sendo literalmente Tamaki, o transtorno de ansiedade — e isso inclui fobia social entre outras coisas — era a coisa mais presente na sua vida; a ideia de mudança para um local cheio de pessoas da sua mesma idade, no qual era uma necessidade obrigatória fazer contato social todo santo dia e toda santa hora, não era algo tão fácil de engolir, ainda mais preso em sua própria área de conforto. E Tamaki estava bem naquela bolha, não precisava mudar! Tinha que, obviamente, cumprimentar os colegas e às vezes, quem sabe, entrar em uma rápida conversa, nada além disso! Bem, era aí que entrava o segundo motivo: Tamaki ainda não tinha falado com sua terapeuta, em outras palavras: ele não fazia a menor ideia do que aconteceria. Teria um ataque? É… Bem provável; passaria um vexame no primeiro dia, que nunca seria esquecido? É… Bem provável também; se trancaria e resmungaria, entre prantos, sobre seu fracasso? É… Novamente, bem provável. E, sobre essa parte… Era exatamente Mirio quem ajudava-o a evitar ataques.

E assim ele chegava no primeiro posto de preocupação. Mirio. Mirio. Mirio. Mirio. Mirio. Era tudo em que sua mente conseguia pensar.

Mirio.

Não tinha chance alguma com ele; talvez fosse por isso que Tamaki houvesse admitido tão tarde que tinha um crush no melhor-amigo: sua mente escondia essa hipótese apenas para não machucá-lo quando perceber que nunca passariam disso, “melhores-amigos”. Se ele pudesse assemelhar o motivo de não darem certo a um típico clichê de livros de romance, Mirio seria o atleta forte, popular e extremamente lindo da escola enquanto ele, Tamaki, era mais como um nerd sem amigos e que passava o dia inteiro na biblioteca apenas para não precisar fazer contato com ninguém além de si mesmo. Mas isso era na ficção, e ficções de nerd x popular sempre tinham um bom final — ou ao menos era isso que Nejire uma vez lhe falou enquanto lia fanfics no tempo livre que tinham no almoço, às vezes soltando gritinhos de felicidades e outros com um olhar de repugnância para a tela do celular; ela era alguém confusa de entender —, só que Tamaki estava na realidade.

E esse era o problema. Sua preocupação não era ficção pura, mas sim quase tocável e visível, já tomando forma de uma silhueta distorcida e que provavelmente inspirou-se nos contos de Edgar Allan Poe ou Stephen King. E, como todos sabiam, nem sempre haviam finais felizes na realidade.

Quase nunca, aliás.

E ele era Tamaki, alguém medroso, sem motivação alguma e que nunca conseguiria coragem para se declarar à alguém como Mirio, inseguro demais para realmente fazê-lo. Eram totalmente opostos, e para completar, dois garotos.

Bom… Na verdade, o fato de serem homens não incomodava tanto Tamaki. Ele sempre preferiu as cenas em que Mamoru Chiba aparecia do que as de Sailor Moon, então não era realmente uma surpresa — Tamaki teve nenhum interesse em garotas no ensino fundamental, ensino médio e agora na U.A. Porém… Era Mirio, o garoto que esteve sempre com ele e deveria assemelhar-se com um irmão mais velho carinhoso, não um suposto namorado perfeito!

E com “namorado perfeito”, era perfeito mesmo.

 

Tamaki nunca foi um perito, e temia nunca ser, em lidar corretamente quando coisas ruins aconteciam; nesses momentos, ele sentia como se fosse preso em uma caixa que ficava cada vez mais pequena, espremendo-o ali, sufocado sem ar.

Ele não tinha pensamentos suicidas rotineiros, mas naquelas horas, eles apareciam em abundância e excesso; como se uma válvula fosse aberta a cada momento ruim na vida de Tamaki e soltasse cada um deles, para atormentá-lo sem descanso e uma hora exata para parar. E Tamaki verdadeiramente desejava morrer, em seus, infelizmente, mais sinceros pensamentos.

Necessariamente, Tamaki não tinha a coragem para cometer suicídio; apenas pensar nos rosto dos colegas, pais e, céus, Mirio, todos tristes em seu funeral, fazia com que ele largasse qualquer coisa que pudesse prejudicá-lo e levá-lo até aquele ponto.

Mas se ele estivesse andando ao lado da calçada e viesse um carro alucinado em sua direção, Tamaki não tinha certeza se ele sairia do caminho.

E aquilo deixou-o com ainda mais medo. Mas seria de si próprio ou das possibilidades do futuro?

[...]

 

O primeiro dia no dormitório não foi exatamente como Tamaki esperava ser, porém, ele estava grato por isso.

Realmente, Mirio e Tamaki trocaram poucas palavras, mas ele não soube admitir se fora porque Tamaki estava evitando-o ou porque Mirio jazia bastante ocupado em arrumar seu quarto.

Tamaki tinha resolvido dar uma olhada no dormitório, afinal, com todos atarefados em desfazer as malas, o local ficava muito mais silencioso do que deveria ser e havia menos pessoas perambulando por ai, ainda bem; ele conheceu cada pequena parte, agradecido por aquela chance. Não trombou com ninguém e nem precisou iniciar uma conversa — o máximo que fez foi acenar com a cabeça quando avistava um colega — e assim, também não teria surpresa alguma quando um aluno pedisse sua ajuda para pegar algo e chegasse à algum canto desconhecido, sem saber o que fazer. Não passaria vergonha nesse quesito, o que era um grande passo… Mais ou menos. Talvez Tamaki estivesse apenas com medo de ficar em seu quarto e Mirio aparecer, por isso fugiu por aí.

Entretanto não foi um grande passo quando acordou em um pulo, assustado e surpreso naquela madrugada fria, com sua cueca melada e o corpo pegando fogo, tanto por vergonha quanto excitação, após ter um sonho erótico com Mirio.

E então Tamaki havia percebido que talvez não fosse assexual; ainda mais quando teve que sair naquela temperatura tão baixa para ir no banheiro masculino e bater uma punheta, enquanto a água quente do chuveiro caía sobre si e seus pensamentos rodeavam unicamente o melhor-amigo e ele fazendo coisas mais… Íntimas.

[...]

s u n f l o w e r s

 

Olhar as estrelas era como uma válvula de escape para Tamaki; ficar ali, na acanhada varanda do dormitório, observando o luar e a iluminação quase que perfeita, acompanhada de uma amena brisa, compassava sua respiração e relaxava os músculos tensos depois de um longo e cansativo dia.

Estava verdadeiramente feliz por ter encontrado um lugar tão especial e deslumbrante que pudesse ajudá-lo tanto assim, principalmente em tempos como naquelas quatro semanas que se passaram desde Tamaki que chegou ali.

Inclinado para a frente, de braços cruzados e apoiados na cerca, enquanto lá embaixo apenas ouvia-se buzinas, o som do pneu de carros esfolando o chão e incompreensíveis vozes em desordem, cores brilhantes e promessas vazias ditas no silêncio de um olhar; um mundo no qual Tamaki não desejava fazer parte, ao menos não naquela hora. De cabeça erguida, ele admirava o cintilar de cada estrela, e o mesmo encanto elas retribuíam ao encará-lo de volta. Como naquela frase, “Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você”, só que o abismo, nessa vez, encontrava-se no céu.

Era um espaço pequeno, entretanto, com uma dose exata de conforto e aconchego que não se encontrariam em nenhum outro lugar. Havia algumas plantas que emanavam um aroma mais habitual dali; lavanda e gardênia, embora Tamaki soubesse que havia mais naqueles outros vasos pretos — alguns pendurados e outros não —, não era um experiente em botânica para distinguir todas. Era tudo cinza e preto, não muito colorido e até triste se assim julgasse, todavia, Tamaki guardava um carinho tão imenso com aquele espaço que nunca diria que era ou deixava-o infeliz.

Ele fechou os olhos por alguns instantes, respirando profundamente. Ouviu o ranger da porta de metal abrindo-se vagamente, e Tamaki, olhando por cima do ombro, deixou um sorriso ser pintado em seus lábios. Seria difícil percebê-lo usando aquele casaco de moletom preto — era inverno, então não deveria ser uma surpresa —, misturando-se com as penumbras da noite, mas os olhos azuis tão mais brilhantes e acolhedores que as estrelas foi o bastante para que Tamaki reconhecesse-o.

— Sabia que você estaria aqui — comentou, fechando a porta com cautela e em poucos passos parando ao lado de Tamaki, inclinando-se da mesma forma. Algumas curtas mechas loiras caíram sobre sua testa e Mirio não deu-se o trabalho de arrumá-las; e Tamaki poderia dizer que preferia-o deste modo. — Sempre quis saber a mágica desse lugar — murmurou absorto, erguendo o rosto para assim apreciar dos mesmos astros. Sustentava-se com a palma da mão na cerca, piscando por mais tempo que o normal.

— Acho que — começou, em tom entrecortado e baixo — a mágica está dentro de você, não fora — finalizou com a boca, infelizmente, seca. Suas bochechas esquentaram e Tamaki agradeceu mentalmente que estivesse à noite, pois assim seu constrangimento passaria despercebido.

Ainda estava trabalhando naquilo de ficar normal ao lado de Mirio, o que era deveras difícil e Tamaki não via nenhum progresso.

— Hum… Faz sentido — disse Mirio, virando o rosto na direção de Tamaki. Pousou a cabeça na palma da mão, o cotovelo na cerca e sorriu, fechando os olhos automaticamente. — Você é realmente inteligente, Tamaki.

Seus ombros roçaram-se um no outro pela proximidade comum entre os dois. Mas não naquele momento, naquela situação e com aquela sinceridade. Tamaki desviou o olhar depressa, evidentemente envergonhado; dessa vez, nem se tentasse esconder conseguiria.

Não que Tamaki não gostasse de elogios, pelo contrário, afinal, todo mundo gosta de ter seu ego inflado, mesmo que pouco. E, sendo também um dessa porcentagem, quem era Tamaki para julgá-los? Mas ainda era… Ainda era um pouco difícil para ele aceitá-los totalmente, e estava até que orgulhoso de si mesmo, vendo que não sentia-se tão inferior quanto aos outros comparado ao seu eu de anos atrás. Tamaki estava tentando ao máximo com o tema de autoestima, e Mirio estava sempre ali para ajudá-lo com aquilo e muitas outras coisas. No final, não era para isso que amigos servem?

Mas eram só amigos, e tudo se resumia a isso.

— Mi-Mirio…! — resmungou, numa tentativa de soar irritado, mas que fora em vão. — Não diga coisas como essa…

— Ora, apenas falei a verdade. — Dessa vez, Mirio pousou o queixo nas duas palmas das mãos, alargando seu sorriso —, você é realmente muito inteligente, Tamaki! Se não fosse por você, eu jamais teria passado na prova escrita da U.A. e muito menos ter conseguido terminar o shougakkou* e o chuugakkou* com notas tão altas no tsuuchihyou*! — esclareceu excessivamente animado. — E sempre me ensina um monte de coisas legais.

Mirio deu uma pausa.

— Mas não conversamos muito ultimamente…

— Uh-hum… — grunhiu Tamaki, acenando com a cabeça, sem saber o que dizer. Levantou o olhar e, subitamente, suas pupilas reluziam em contraste ao esplendor da grande estrela. — Mirio, olhe! — Rapidamente mudara de postura, agora deixando toda a vergonha e esquecimento de lado. Apontou o dedo para o céu, e seu amigo acompanhou-o com a visão, curioso. — Uma estrela cadente!

Tamaki inclinou o rosto na direção de Mirio, seus olhos escuros misturavam-se com o negrume da noite, com aquele brilho único que fazia aquelas orbes parecem conter uma galáxia inteira tão convidativa a ser explorada. E o peito de Mirio apertou, mesmo que ele não soube dizer se era de contagiação daquela felicidade radiante que o largo sorriso belo de Tamaki fluía e contaminava cada pedacinho do seu coração, ou se era de melancolia por saber que não era o astronauta que Tamaki merecia.

A boca de Mirio entreabriu de fascínio e ele voltou a sua postura ereta. O rosto de Tamaki era impecavelmente iluminado pelo luar; as bochechas tingidas em escarlate, os olhos semicerrados de deleite e timidez, as sobrancelhas franzidas quase totalmente escondida pela franja que igualmente o resto estava atraentemente bagunçada, e os dentes aparentes que, por entre os espaços, soltavam uma risada gostosa e aprazível. O aroma convidativo e o pescoço exposto naquela posição, tudo fez com que Mirio ainda mais desejasse tocar a pele macia de Tamaki.

— Vamos, Mirio! Faça um pedido! O que está esperando? — estimulou eufórico, apertando o ombro dele afetuosamente. Tamaki parecia prestes a pular por causa da surpresa que o céu decidiu dá-lo e Mirio não pode deixar de assemelhá-lo com uma criança que tinha ganhado um brinquedo do seu herói favorito.

Mirio tossiu, desejando que Tamaki não tivesse percebido o quão encabulado ele estava. Observou a estrela cadente, um tanto hesitante. Mirio respirou fundo e, depois de olhar de esguelha para Tamaki e vê-lo de olhos fechados, fez o mesmo.

“Eu desejo poder ficar junto de Tamaki para sempre”. No fundo de sua mente — ou seria seu coração? —, deixou a frase ser sucumbida ao vazio e tornar-se ecos em meio ao barulho de seus batimentos acelerados. O peito de Mirio descia e subia rapidamente, e ele apertou, com força, a grade, engolindo as lágrimas.

No fim, era só mais um desejo vazio que nunca chegaria a ser concluído, realizado.

Depois de alguns minutos no silêncio, Mirio decidiu por permanecer com os olhos fechados. Como encararia-o?

— O que você pediu?

Mirio sentiu vontade de enfiar a cara em um buraco e nunca mais sair. O tom de curiosidade notório na voz de Tamaki e a inocência transmitida da pergunta eram muito para ele aguentar.

— Se eu contar, não vira realidade.

— Poxa! — bufou Tamaki.

Ele empurrou Mirio de leve, rindo prazerosamente logo após. — Mas você tem razão — confirmou. Depois de um tempo, murmurou: — Ei, Mirio, por que está de olhos fechados?

Mirio gostava da voz de Tamaki, embora ele não falasse com tanta frequência. Era de uma tonalidade rouca e baixa, o tipo mais calmo para aquecer qualquer coração e aconchegante como de uma mãe, e mesmo que às vezes Tamaki tivesse um impedimento em falar, era encantador a sua habilidade em sempre encontrar as palavras certas. Ainda tinha, obviamente, uma dificuldade em relacionar-se com o sentimento das outras pessoas; mas Mirio percebia o seu empenho em mudar, se tornar alguém melhor e, céus, aquilo era tão adorável e deixava-o com tanto orgulho de seu melhor amigo.

Foi por isso que Mirio abriu os olhos. Mesmo que tivesse mais motivos por trás disso.

— Eu gosto de ver os seus olhos — confessou em um sussurro. Tamaki fitava-o profundamente, o corpo imóvel, sem agora mais apoiar-se na cerca. Tinha as mãos escondidas no bolso da calça cinza, que era apertada no calcanhar, e a cabeça inclinada. Ele usava um casaco sem estampa, mas de tonalidade suvinil. — Eles me lembram os da Nejire, mas… — Tamaki afagou a parte de trás da cabeça, na procura da palavra certa — É diferente, eu acho.

“Como se um sentimento quase elétrico atravessasse todo o meu corpo quando nossos olhos se encontram.”

— Sabe, eu não costumo vir aqui de noite para isso. Acho que essa é uma exceção — riu em tom trêmulo. Ainda assim, continuava observando-o fixamente, como se desprender os olhos de Mirio não fosse uma opção; e de fato não era. — Quando eu estou triste, eu venho aqui ver o azul do céu. Não é que eu simplesmente goste muito de astronomia e por causa disso eu vim aqui à noite… É que eu me lembro dos seus olhos ao ver o céu, de dia. E isso me deixa melhor, gradativamente. Você sabe, ainda é difícil para eu me expressar, e eu não quero ficar te incomodando com as minhas baboseiras… Então, vir aqui…Hm, relaxa…?

Mirio gostaria de dizer algo. Ele realmente gostaria de dizer algo.

Entretanto, fora tomado por uma tremulação na barriga e seus joelhos fraquejaram, tanto que Mirio precisou voltar a apoiar-se na cerca; morreria caso caísse daquela altura, espatifando no asfalto frio da rua. Respirar tornou-se uma tarefa difícil, e ele estava cada vez mais em busca de ar.

E, no fim, não tinha o que dizer. Um silêncio constrangedor instalou-se entre os dois.

— Eu-

— Tá tudo bem — Tamaki forçou um sorriso, interrompendo-o, enquanto desviava o olhar e com as lágrimas escorrendo pela bochecha —, você não precisa me amar.

Era horrível para ambos. Tamaki secou a bochecha molhada num ato desesperado, sentindo-se cada vez mais idiota; a manga de sua blusa agora estava úmida e ele desejou ter força para correr escada abaixo e trancar-se no seu quarto, exatamente como fazia quando estava prestes a desabar. No entanto, Tamaki já estava desabando, direto e certeiro para o fim do penhasco e prestes a ser fincado por aqueles espinhos longos e extremamente finos.

Embora poucos segundos após, Tamaki sentiu gotas d’água caírem em si, aumentando gradualmente a quantidade e a velocidade. Mirio buscou tocá-lo, mas havia apressadamente desistido ao ver Tamaki levantar o rosto para voltar a olhar o céu.

Agora, Mirio não poderia mais secar as lágrimas de Tamaki. Como também assim não tinha mais a bravura para se aproximar.

Os fios de Tamaki grudaram em seu rosto, pouco a pouco e um por um. Ele piscava constantemente cada vez que uma gota caía perto de seu olho semicerrado e sem brilho; a boca estava entreaberta e ele não fazia questão de ir em busca do ar, o que acontecia era o contrário. Aparentava estar sendo obrigado a respirar.

E, diabos, como se assemelhava exatamente com a imagem de um anjo.

Mirio chegou mais perto, engolindo o seco e ignorando tudo que estivesse por perto. Agarrou sem brutalidade o rosto de Tamaki e, instintivamente, pressionou suas bocas uma contra a outra.

Quando seus lábios se tocaram, nenhuma chuva fora o bastante para separá-los — nem mesmo o vento que, agora com mais força, fazia esvoaçar violentamente os fios de Tamaki. Dentro do edifício, ouvia-se música vinda de um rádio velho de algum aluno, misturada com algumas exclamações que eles soltavam de felicidade e euforia.

De fato, a noite estava linda. O lúgubre entrelaçava-se com o branco e formavam uma estranha e harmoniosa combinação. A lua aparentava iluminar apenas os dois adolescentes, como se estivessem no palco e fossem a atração principal, e a luz focava-se neles e somente neles, enquanto toda a plateia — as estrelas e a lua — assistia em silêncio. Mirio buscou por ar, separando rapidamente suas bocas deles, e pode sentir a respiração ofegante de Tamaki bater contra sua pele; mas novamente colou seus lábios, dessa vez em algo mais profundo.

Pediu passagem e, pasmo, Tamaki cedeu. Mirio não conseguiu impedir um sorriso tênue nascer ao provar, pela primeira vez, o que tanto imaginou que seria o gosto de Tamaki; e fora completamente diferente do que pensou. Não em um sentido ruim, ao invés disso, fora maravilhosamente pego de surpresa.

Afinal, Tamaki era um homem igual a si. O gosto ácido de sua língua misturado com limão — o sabor da bala que Tamaki vivia chupando para se distrair —, com uma pitada de canela e indescritível de tão bom e viciante que conseguia ser. O fato, no entanto, de nada incomodou Mirio, que levou suas mãos até um pouco acima da cintura, logo nas costas, de Tamaki, puxando-o mais para si.

Seus troncos foram finalmente colados e pode ouvir-se o barulho de alguém pisar numa poça de água, porém, era apenas o casaco deles totalmente molhados chocando-se e espirrando um pouco, mas nada que atrapalhasse o beijo lento, mas que carregava um sentimento tão intenso que era figurativamente tangível.

Mirio mordeu de leve o lábio inferior de Tamaki e este gemeu baixo com a ação, franzindo as sobrancelhas e contendo a vontade de soltar mais grunhidos na mesma medida em que Mirio aumentava a intensidade do beijo.

O barulho da chuva, suas línguas entrelaçando-se de modo único e a alegria de beijar o homem que apresentou-o o amor — nada podia ser melhor, e não existia algo que poderia se comparar com aquilo.

Qualquer dor, preocupação ou inquietação dissolveu-se em uma paixão que flamejava tão violenta, e ainda assim delicada em seu próprio jeito. Algo único, como uma rosa que ao mesmo tempo poderia ser considerada da cor do sangue e representar agressividade, ódio, ou a cor estimulante do amor e ser considerada dinâmica, sedutora. Uma incógnita tentadora e cativante.

A intensidade do beijo aumentou mais; não eram experientes e muito menos já haviam feito aquilo antes, porém, o toque era mais íntimo para eles do que aparentava e que abrangia inefáveis sentimentos.

Tamaki passou um dos braços pelo pescoço de Mirio e, com o outro, agarrou o tecido do casaco dele, trazendo-o para ainda mais perto; seus peitos estavam colados e ambos conseguiam sentir suas palpitações se misturando perfeitamente.

O aroma inebriante de Mirio atingiu as narinas de Tamaki e ele inspirou fundo, desejando sentir mais, ter mais contato, embora seria impossível eles estarem mais perto do que já estavam. Era um perfume natural que assemelhava-se de tudo um pouco de Mirio; um frescor, mas não um frescor de menta, hortelã ou canela, muito menos ainda de limão — esse era Tamaki —, embora fosse algo mais puxado para romãs e missô — por causa dos tantos lamen que Mirio tanto gostava de comer —, mas também tinha calor, juventude, como almíscar e cipreste, envolvendo tudo que Tamaki conseguia e não conseguia lembrar de algo semelhante para descrever. Por fim, reconheceu o odor de narcisos, jasmins e camélias — que Mirio havia adquirido por passar tanto tempo ajudando a sua mãe com o jardim dela; ajudava a todos, aliás, e talvez esse fosse o motivo para tantos cheiros distintos estarem misturados, o que Tamaki achou encantador.

Afastaram-se, relutantes no início. Ainda assim, poucos centímetros separavam seus rostos, e Mirio mantinha suas testas juntas, arfando. Tamaki esfregou carinhosamente a bochecha morena dele, que, após tanto tempo no sol treinando a sua Quirk, Mirio adquiriu algumas sardas que só poderiam ser vistas de perto.

— Tamak- — Mirio parou imediatamente o que iria dizer ao sentir o dedo dele contra seus lábios, seguido de um murmúrio “shh”.

Tamaki não estava mais em prantos. Talvez pelo choque de ter sido beijado pela pessoa que mais amava no mundo; ou que a chuva estava sendo tão mais ainda desconfortável, como se fosse piche e ele não pudesse se mover, respirar ou fazer qualquer outra coisa, escorrendo e espalhando-se por seu corpo cada vez mais, e sem reagir, Tamaki sufocava. A gosma viscosa descendo por suas costas, pernas e fincando seus pés no chão, fazendo com que seus órgãos devagar parassem.

Mas não agora, não após beijar Mirio e subitamente o mundo virar um borrão sem igual.

Tamaki apertou as pálpebras e escondeu o rosto na curva do ombro de Mirio, que abraçou-o com brandura, esquentando-o com o calor do próprio corpo naquele frio.

— Devíamos entrar — sugeriu, em um sussurro delicado. Afastou alguns fios molhados de Tamaki e beijou-o a testa —, vamos pegar um resfriado.

Tamaki riu nasalmente.

— Me desculpe por antes — continuou Mirio. — Eu acho que… Estive tão surpreso com o que você disse que não consegui formular a frase certa, sabe... — Sorriu nervosamente. — Não é que eu não te ame, Tamaki, ao invés disso. Apenas… Esperei tanto para ouvir aquelas palavras que, não sei, talvez eu tenha ficado tão feliz que não pude retribui-las, entende?

— Uhum…

O vento aumentou sua força e um dos vasos espatifou-se no chão, atraindo rapidamente a atenção dos dois.

— Ei, Mirio — cochichou Tamaki, olhando fixamente para o barro espalhado no chão. O aroma de terra molhada pairou no ar e Tamaki franziu a testa. — O que você desejou?

Dessa vez, era Mirio quem Tamaki olhava fixamente, após fazer a pergunta, que pegou-o de surpresa.

Depois de alguns instantes, Mirio sorriu tenuemente.

— Eu acho que já se concretizou, Tamaki.

 

「ずっと一緒にいたい。」

 


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Notas finais do capítulo

Referências que eu usei para escrever esta one-shot e que ninguém liga (mas que eu preciso compartilhar PORQUE TUDO É MUITO MARAVILHOSO E INSPIRADOR):
1. City of Stars - La La Land (ouvi a música escrevendo a cena da declaração. OUÇAM TAMBÉM!!)
2. Dostoiévski | Memórias do Subsolo de Astro City (usei a metáfora citada por Tamaki na parte em que eles estão conversando sobre o filme mudo, “a consciência em demasia é uma doença”. LEIAM!)
3. As 5 Linguagens do Amor (um artigo sobre relacionamento e que serviu para um estudo pessoal de compreendimento de personalidade/personagem, além de que foi o motivo por eu ter começado a escrever essa one-shot e também o título; de início não tive a intenção de publicar pois, novamente, é um estudo das 5 Linguagens do Amor que aderi ao relacionamento de Tamaki e Mirio, porém super recomendo você dar uma lida sobre porque é bem legal! Neles, achei que o que mais combinaria seria o Toque Físico, Palavras de Afirmação e o principal: Tempo de Qualidade. Tem até um vídeo muito legal de uma garota explicando sobre o assunto! Deu para perceber que eu gostei muito, né?)

A frase no final, 「ずっと一??’にいたい。」, significa “eu quero estar com você para sempre”. Não sei se vocês perceberam (provavelmente sim :v) mas o desejo de Mirio é algo mais romântico, por isso após descobrir que o sentimento é recíproco, ele diz "eu acho que já se concretizou, Tamaki".



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