De ontem, De hoje, De amanhã escrita por AfterCloudiaSan


Capítulo 2
Recordações


Notas iniciais do capítulo

Desculpem por algum eventual erro que encontrarem! Boa leitura :3



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Ao chegar no apartamento, Aoi sentia-se mais morta do que viva. Muito mau conseguiu energia para tomar um banho antes de dormir. Como previu antes, lá estava o perfume de Odanna na sua roupa. Aliás, reencontrar ele depois de todo esse tempo no restaurante era o que menos esperava acontecer. Lembrou-se que a última vez que se encontraram, foi há 3 anos, na formatura.
Lembrou-se também que naquela época, a amizade que tinha com ele era boa, por sinal ela começou de forma inusitada, nos últimos dois meses do seu período. Não se lembrava de tê-lo visto antes. Pelo o que recordava, ele quase havia desmaiado na sua frente. Talvez sua pressão tivesse caído. Ela, para socorrer- lhe, ofereceu seu obentô a ele, pois além de quase ter apagado, na sua visão, ele era mais branco que o normal. Ele ficou relutante em querer comer mas aceitou. Não só seu corpo mas também seu humor parecia ter melhorado consideravelmente.
Elogiou sua comida e disse que gostaria de prova-la mais vezes. E assim fazia. Pedia uma espécie de encomenda. Pagava e ela trazia seu obentô separado nos dias que ele passava mais tempo em aulas. Ele costumava questiona-la se ela trabalhava na área da culinária. Ela dizia que ajudava seu avô em um pequeno restaurante da família quando podia.
O humor dele era algo bem sutil. Na maioria das vezes tinha uma expressão de indiferença com os demais. Via uma mudança quando interagia com ela. Suas piadas ou provocações era algo que não havia como esquecer. Sempre tinha uma segunda intenção por trás ou a deixava encabulada.
Como quando disse que gostaria ter aquele tempero único e exclusivo para ele, como se ela fosse sua namorada ou noiva, ou quando ficava a provocando aproximando o rosto perto do seu ouvido, quando chegava de surpresa por trás.
Nunca o levava a sério. Em sua concepção ela não fazia jus as suas provocações. Não via nela algo que de fato chamasse atenção.

Porém, no seu curso de Administração, também estava Akatsuki. A convivência do dia a dia, trabalhos em grupo, os aproximaram bastante antes da formatura. Até que ele se declarou a ela, e ela resolveu lhe dar uma chance.

Se recorda também das vezes que talvez, ou foi um engano seu, em ver o semblante de Odanna meio triste. A primeira foi quando disse que estava saindo com Akatsuki e a segunda foi quando ele foi se despedir dela na formatura, quando inclusive, não deu tempo deu tempo de se despedirem direito já que Akatsuki lhe tirou o foco levando-a para tirar fotos em grupo. Quando buscou-lhe no meio das pessoas, não o viu mais. Embora a amizade deles tenha sido de pouco tempo, sentiu falta de vê-lo eventualmente.

Ué? Não iria tomar banho e ir dormir? Ah é, Odanna. Como sua mente ficou envolvida em tantos pensamentos sobre alguém que ela não via há 3 anos? Ou pior, que tipo de pessoa era ela? Havia acabado de terminar um relacionamento e não conseguia se doer com isso. O que significava? Será que não havia percebido esse tempo todo que não o amava de verdade? Talvez ficou com ele por conveniência? Tantos questionamentos fizeram sua cabeça doer. Não importava mais se preocupar com ele havia cortado qualquer vínculo hoje.

Vendo que não iria chegar a lugar algum com isso, foi tomar um banho. Ao terminar se jogou na cama. Quando estava quase se entregando ao sono, veio um nome a sua mente. Ao amanhecer, sentiu sua cabeça pesada. “Bela forma de se iniciar o dia!” Pensou ela. Olhou seu apartamento, e percebeu a zona que já se formava, e nenhuma comida pronta. Não era pra menos. Essa semana até quarta-feira, (noite anterior) saía de manhã, voltava a noite e se jogava na cama. Em outras palavras o dia seria puxado.

Quando terminou de organizar o apartamento e fazer algo para comer, já era por volta das 14:00, visto que se permitiu dormir até as 9 da manhã. As 15:00 se arrumou e para ir trabalhar. Vestiu -se de forma simples com uma blusa de cor azul e mangas até o cotovelo, uma calça jeans e sapatilhas pretas e deixou os cabelos soltos.

Pegou a bolsa e as chaves do carro, mas Lembrou- se que veio com Odanna na noite anterior. Teria que pegar o táxi. Ao chegar no restaurante, os gêmeos ainda não estavam lá. Entrou e aproveitou para cuidar da cozinha, que depois dos acontecimentos da noite anterior, ficou largada, e claro, a louça suja ainda estava lá. Antes verificou a caixa postal, haviam 3 reservas. Uma delas era um casal, e pediram uma mesa discreta para ainda essa noite. Ginji não havia mandado nada.

Pouco tempo depois, os gêmeos chegaram. Deixou com eles a tarefa de atender as chamadas e cuidar do salão. Caiu a noite e as pessoas foram chegando. A mesma correria de sempre mas, não se sentia nem um pouco cansada. Não sabia se era certo pensar aquilo, mas acabar com aquele relacionamento, talvez tenha sido a melhor coisa que aconteceu.

Não se sentia mais culpada ou angustiada. Como se estivesse pisando em campo minado. Ao mesmo tempo percebeu o quanto foi idiota e como não podia baixar a guarda tão fácil. Como pôde ficar tanto tempo com essa pessoa? Decidiu que o melhor era se fechar (se é que algum dia estava aberta) por tempo indeterminado, para essa história de amor, e focar nos seus negócios. Haviam metas que queria bater e não podia perder tempo com alguém que não a completasse. Era isso!

Estava tão entretida lavando algumas folhas e frutos que nem ao menos percebeu uma certa presença atrás de si:

— Boa noite, Aoi – Odanna falou em seu ouvido. Ela sem esperar por isso sobressaltou-se e virou na direção dele espantada. Já ele, tinha um sorriso no rosto, mas estava tentando esconder com a mão.
— Está louco? E se eu estivesse cortando alguma coisa? – falou ela com uma expressão de nervosismo, tentando disfarçar o arrepio do seu corpo em resposta a voz dele tão perto.
— Teria te abraçado por traz, provavelmente – ela sentiu o rosto queimar.
— Afinal, Quem deixou você entrar aqui? Essa é uma área restrita!
— Ah isso? Falei com os funcionários e eles deixaram. De início estavam relutantes, mas para todos os efeitos, eu sou seu noivo. Então não fazia mal.
— Aqueles idiotas! Seja como for, eu não sou sua noiva, essa área é restrita a funcionários e eu não dei permissão para você entrar!
— Então para parecer cordial, hoje é meu dia de folga e decidi que esta noite, iria degustar novamente do seu tempero que tanto senti falta! Inclinou-se na direção dela colocando uma mão de cada lado da pia a prendendo no meio – não senti falta só da comida, mas da dona também! Aoi o empurrou pelos os ombros, mas ele a trouxe para si abraçando-a pela cintura. Dessa vez foi um abraço forte carregado de algo que ela não conseguia definir. A sensação de já ter sentido algo assim lhe invadiu a mente e, novamente, aquele perfume. Na noite passada, se impressionou com aquele cheiro mas agora, aquilo lhe remetia algo também. Estaria ela delirando?
— É bom vê-la de novo, Aoi! – Falou Odanna novamente no seu ouvido.
— Odanna... eu – ia responde-lo, mas Dasuke entrou na cozinha batendo na porta antes.
— Taichou, Odanna-sama, sem querer interromper, mas já interrompendo, aqui estão alguns pedidos – ela saiu do abraço dele e foi pegar o pedido com Dasuke. Antes disso deu um tapa de leve no ombro dele:
— Que ideia foi essa de deixar ele ir entrando na cozinha?
— Ué, mas não é seu noivo?
— Ele não é meu noivo!!!- “Ainda” disse Odanna ao fundo da conversa – não ele não é meu noivo! Aquilo de ontem foi só encenação, e você viu toda aquela confusão depois com aquele verme. História esclarecida, agora vá atender os clientes!
— Sim, tachou! Olha aquele casal que fez reserva. Ele está prestes a pedi-la em casamento. Não é lindo?
— Como sabe que ele vai pedi-la em casamento?
— Depois de uns 10 minutos que chegaram, ele foi no banheiro, e eu o vi conferindo uma caixinha de aliança no bolso. Quando voltou bebeu água e estava com uma cara de nervoso. Se eu estiver certo, o que acha de oferecer duas taças de champanhe como cortesia da casa e felicidade ao casal?
— É, não é má ideia. – Como Dasuke havia comentado, ele de fato ia pedi-la em casamento. Ajoelhou-se no chão, e mostrou-lhe a caixa com o anel. O ato chamou a atenção dos clientes presentes que agora esperavam ansiosos pelo sim. A mulher aceitou o pedido com um lindo sorriso no rosto. Dasuke foi servir o champanhe para comemorar com um brinde e todos aplaudiram. Formavam um belo casal. Ele era alto de estatura forte, pele bronzeada, de cabelos pretos e olhos da cor do oceano. Ela era baixa, de pele um pouco corada, os olhos violetas como os de Aoi, e dona de cabelos com uma cor incomum; vermelho como o amanhecer.
— Lindo pedido não Acha? – Falou Odanna atrás de Aoi.
— Sim, muito lindo. Aliás, o que ainda faz aqui?
— Esperando para fazer meu pedido pessoalmente.
— Ótimo, mas espere no salão como todos. O que gostaria de comer?
— A mesma coisa que me deu quando nos conhecemos. – Ela fez uma cara de confusa - não se apresse. Não vou embora agora – e saiu da cozinha deixando-a em meio a seus pensamentos. Ah não! Os pedidos !!
Correu o máximo que pode entregando aos gêmeos os pratos e as sobremesas solicitadas. Mais de 10 pedidos entregues, Aoi foi chamada por Sasuke para a ir até o salão. O casal de mais cedo queria agradecer pelo champanhe e a boa comida do local. Quando saíram, ela olhou para Odanna que lhe deu um aceno com a mão enquanto que a outra segurava um livro. Tinha que servi- lo o mesmo que lhe deu a alguns anos atrás. O que era mesmo? ... sim! Curry com arroz. Era algo incomum para levar no obentô mas era seu prato preferido naquela época e ainda hoje também.
Por volta das 21:45 os pedidos haviam diminuído. Ao terminar o prato dele foi levar diretamente até sua mesa. Ele fez uma expressão de surpreso:
— Realmente não achei que fosse lembrar; – ele falou, dando um sorriso singelo.
— Isso porque esse era, e ainda é, meu prato preferido, e eu tive que oferece-lo a alguém que quase desmaiou na minha frente.
— Aquele desmaio foi a melhor coisa que me aconteceu! – Não entendeu o que ele quis dizer com aquilo, mas resolveu retornar a cozinha.
Recobrou os pensamentos de mais cedo e sentiu-se uma tola por interagir com alguém que não via há um bom tempo. Embora estivesse sentindo algo que não sabia definir, não podia baixar a guarda tão cedo.
Como ele havia dito, demorou a ir embora. Por volta das 23:00 quando faltava pouco para fechar o restaurante, ele novamente entrou na cozinha sem sua permissão:
— Já disse que aqui é área restrita! – Ela falou enquanto lavava algo em seu dedo.
— Só vim me despedir. Amanhã tenho alguns compromissos. O que houve com seu dedo?
— Acabei me cortando sem querer mas, já estou cuidando. - Sem o menor aviso, Odanna tirou seu dedo da queda d’água da torneira, e levou até sua boca, chupando o ferimento até estancar o sangramento. Aoi ruborizou e assustou- se com a repentina aproximação de sua pele com a boca dele. E de fato, estancou o sangue. Até mesmo a dor havia sumido. Tirou um band-aid do bolso da calça, e fez um pequeno curativo contra infecções.
— Curado! – Comentou ele. – Agora preciso ir. Aproximou-se, e deixou um beijo em sua testa. Aoi permaneceu estática com o ato dele. Antes de vê-lo sair o interrompeu:
— Odanna- ele olhou para traz- não sei exatamente quais suas intenções agora que retornou, mas estou fechada a esse tipo de relacionamento. Pelo visto estou fechada a mais tempo que imaginei. - Seu semblante de surpresa diante do que ela disparou, se converteu em um doce sorriso na direção dela:
— Eu não esperava menos de você, Aoi. Pelo visto aquele homem de antes não foi capaz de abrir uma brecha sequer no seu coração. Mas, não se preocupe, leve o tempo que levar, irei abri-lo pra mim, de novo. E de novo – saiu deixando-a sem palavras. Depois disso, vendo que não tinha mais clientes dispensou os rapazes, fechou tudo e foi para casa. Havia sido um dia e tanto.
Era um lugar muito lindo. Um campo de camélias. Vestia um quimono branco com detalhes de flores. Não estava sozinha. Olhou para trás e viu um homem vestindo um quimono preto. Porém não conseguia ver seu rosto. O que era isso na sua cabeça? Sentiu que estava deixando aquele lugar. A última coisa que ouviu foi aquela figura chama-la por “Seori”.
Acordou num rompante, fechou os olhos novamente com o clarão emanando da janela aberta. “Já amanheceu...” imaginou ela. Que sonho foi esse? Quem era Seori? Lembrou-se que já sonhou com algo assim, mas foi ha muito tempo. Bem, não importava, de qualquer forma

Até o fim dos tempos
Atravessando- o pelo espaço tempo além Você foi minha sina de ontem e será de hoje e amanhã também


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Notas finais do capítulo

Qual será o casal citado no jantar? Rsrs comentem. Quero saber a opinião de vcs. :*



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