O céu parecia em um tom mais claro que o normal, o dia parecia diferente dos outros, apesar de até agora tudo estar seguindo a normalidade, com normalidade me refiro à estar presa no complexo dos Vingadores, Visão ainda agia como se fosse o cão de Guarda de Tony Stark e me vigiava impedindo qualquer coisa que pudesse parecer um esforço para sair dali. Eu tentava me conformar com o fato de quê não sairia dali nem tão cedo. Estava entediada, cansada daquele ambiente. Eu poderia sair dali facilmente, porém, para isto, precisaria, antes, passar por cima de Visão. Ultimamente ele tinha sido ótimo comigo, tentava tornar a minha situação ali o mais agradável e confortável possível, como um verdadeiro amigo faria. Senti uma de suas mãos em meu ombro, ele o tocou, me despertando de meu transe, eu observava a paisagem pela parede de vidro.
A cidade lá em baixo e o fluxo contínuo dos carros nas ruas, o movimento de todas aquelas pessoas ocupadas com suas respectivas vidas parecia tão relaxante e inevitavelmente, ao mesmo tempo, frustrante.

— Wanda? O Almoço está pronto. — Chamou-me e logo virou-se, flutuando até a cozinha estilo americana. — Dessa vez eu tentei fazer algo chamado Lasanha, busquei essa receita em um banco de dados de culinária Online.

— Parece ótimo. — Não estava tão animada hoje, mas, tentei fingir ao menos um pouco de empolgação. — E a quê se deve a sua escolha?

— Pelas minhas pesquisas, é um prato bastante popular, e com o número de tentativas certas, consegui não queimá-lo. — Sorriu, enquanto me servia e revelava as informações com empolgação.

— Tentativas? E de quantas precisou?

— Cinco, talvez Seis. — Sentou-se e me observou fazer suspense antes de colocar o garfo com um pouco da tal comida nos lábios.

Mastiguei por alguns segundos, e fiz uma careta.
— Está ruim? — Ele perguntou, preocupado.
— Ruim? Está ótimo! — Ri. — É a melhor Lasanha que já comi. — E a única, pensei.

Ele aparentou estar feliz com minha resposta, isto era o suficiente naquele momento, Ele realmente se esforçava para me animar e ultimamente estava pegando prática em culinária. Sorri, com o pensamento de que pelo menos alguém se preocupava verdadeiramente comigo. O lugar inesperadamente pareceu tremer, minha magia tremulou na ponta de meus dedos, como se eu pressentisse algo perigoso. Visão se aproximou de mim, ficando na Defensiva.
O tremor logo cessou.

— Wanda, você está bem? — O ouvi perguntar, e apenas balancei a cabeça em sinal positivo.

Senti algo enrolar-se em meu pulso devagar, sorrateiramente, olhei o objeto receosa, parecia uma espécie de pulseira de prata, uma pergunta surgiu em minha mente "De onde havia surgido aquilo?" Senti mais uma, subindo pelo meu outro braço, agora me sentia presa. Soltei um resmungo de frustração quando falhei em tirar aquilo. Tentei utilizar minha magia, e parecia que todo aquele poder que me tornava a Feiticeira Escarlate estava bloqueado por aqueles objetos. Tentei retirá-los novamente em vão, enquanto Visão observava se havia alguma anomalia no lugar.
Abruptamente, senti alguém me puxar por trás rápido.

— Vis... — O tempo não foi suficiente para que eu terminasse de formar tal palavra. Fui puxada para dentro de uma espécie de Portal, parei para pensar, Eu estava sendo raptada? Que clichê, não ia ficar assim.
A pessoa que me segurava por trás, era de identidade desconhecida já que eu não podia visualizar seu rosto naquela posição, seu braço estava em volta de minha cintura.
Respirei fundo, tampouco pensei, acertei uma cotovelada em meu seqüestrador, aproximadamente na altura da barriga por ele aparentar ser meramente mais alto que eu. Não que isso o tornasse superior. Ele soltou-me como conseqüência da pancada, virei-me para ele e vi alguém ao qual eu absolutamente não conhecia. Cabelos Negros arrumados em uma espécie de topete, Olhos verdes penetrantes que naquele momento praguejavam a minha existência, um bigode e uma barba baixa e admiravelmente bem feita. Ele parecia ter por volta de uns trinta e poucos anos.
— Que diabos, criança. — O ouvi resmungar

Ergui uma de minhas sobrancelhas em descontentamento, quem aquele cara pensava que era? Tentava libertar minha magia, movendo meus dedos disfarçadamente.

— Esqueça os poderes por enquanto, não terá nenhum, a menos que eu tire isso aí de você.

Só agora, há um passo de distância do cara desconhecido, que lembrei-me de fazer um reconhecimento do local que havia mudado quase que em um piscar de olhos, Natasha e Steve ficariam desapontados. O lugar parecia rústico, com uma iluminação suave e móveis em madeira, além de uma escada gigante no centro.

— Quem é você? — Tentei falar com a voz o mais firme possível. — E principalmente, porquê me trouxe aqui?

— Ah...Então, Feiticeira Vermelha ou seja lá como você se auto intitula.

— Escarlate. — O corrigi.

— Escarlate, sério? e porquê esse nome?

— Porque é a cor do sangue que vou arrancar de você se não me contar o que pretende. — Meu sotaque russo acabou sendo mais marcante do que eu desejava ao proferir a frase.

— Nada dócil. Esse seu comportamento. — Limpou a garganta. — Meu nome é Dr. Stephen Strange. E o seu propósito aqui, ainda não posso dizer.

— Você acabou de me seqüestrar, e eu nem sequer posso saber o motivo?

— Que se dane, então. Você está aqui porquê em alguns anos, se tornará perigosa demais para ser contida. Se continuasse naquela situação com o Visão, as conseqüências viriam no futuro em forma de mais pessoas impossiveis de conter.

— Situação? — Suas palavras pareciam sugerir algo. E eu sabia o que era.

— Vejo que entendeu. — Deu de ombros. — Ficará contida por esses braceletes e instalada confortavelmente aqui, até que os líderes resolvam o que fazer com você.

— Aqui? Onde é "Aqui"?

— Bem-Vinda ao Sanctum de Nova York.
Vi a capa do homem flutuar para fora de seu corpo, como se tivesse vida própria e pendurar á si própria em uma espécie de gancho. Olhei um tanto admirada.

— Você é um bruxo? Como Harry Potter? — Lembrava-me dos filmes aos quais havia visto na Torre dos Vingadores. Eu tinha bastante tempo livre.

— Eu sou um Mago Supremo. E não, nunca fui para Hogwarts. A cultura Pop mostra uma imagem errônea dos Magos.

— Então, se você é um Mago, seus poderes são como os meus?

— Não, criança, Você é uma experiência. Seus poderes não são algo natural, e isto a torna perigosa.

— Pare de me chamar de criança. Meu nome é Wanda.

— Bem, já me apresentei. Pode me chamar de Dr. Strange.

— Não, vou te chamar de Stephen. — Dei uma volta pelo local, de braços cruzados.

Ele suspirou, irritado com minha presença.

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