E quem diria que do encontro do fogo com o gelo, nasceria amor?

A primeira vez que dissemos “Te amo”

Aquele havia sido um dos dias mais intensos que Weiss já vivera, depois de uma conversar muito tensa e estranha com a mãe de Yang, elas haviam feitos descobertas inimagináveis, logo em seguida veio aquela emoção do reencontro com Ruby e seus outros amigos. Todos estavam com tanta saudade que um pacto indireto foi feito, ninguém falaria dos problemas. Eles comeram, conversaram e riram por algumas boas horas, fingindo que nada de ruim aconteceu.

Weiss fez um bom trabalho em disfarçar sua apreensão, pensar no que havia acontecido entre ela e Yang estava a deixando com os nervos à flor da pele. Ela simplesmente não conseguia evitar de lançar alguns olhares nervosos para a loira, mas toda vez que seus olhos se encontravam, Yang a olhava de uma forma tão compreensiva e doce que de repente, qualquer receio que Weiss tinha, desaparecia. Era como se ela disse sem palavras, que tudo ficaria bem, e Weiss acreditava cegamente em Yang, pelo menos, até o lado racional de sua mente voltar a agir e alguns dos fantasmas do medo e da insegurança a assombrarem novamente.

Nada que a presença da loira não pudesse aplacar com seus olhos gentis.

Até que o assunto do braço de Yang veio a tona, Weiss ficou realmente nervosa com isso, mas a loira apenas se levantou da mesa e exibiu seu novo membro metálico como se estive em um palco. Ela flexionou a prótese para mostrá-la em toda sua glória amarela e disse soando até divertida:

— Recebi esse brinquedinho pelo correio, parece que foi o Ironwood que mandou… bem, não substitui o original, mas, vou dar um bom uso para ele.

A temorosidade de Weiss foi esquecida enquanto ela ouvia seus colegas murmurarem o quando era incrível, ela não podia discordar. A ex-herdeira sempre soube o quando Yang era incrível, afinal, foi muito por conta disso que ela se apaixonou pela loira em primeiro lugar.

Weiss a olhou admirada e ela simplesmente não podia conter um sorriso que se formou em seus lábios, Yang deixou seus olhos se encontrarem e Weiss sentiu seu coração quase sair pela boca quando a loira lhe sorriu.

Sorte sua que Ruby resolveu distrair a todos, ela soltou um grito animado e correu para o lado da irmã se pendurando na prótese de Yang.

— É tão forte quanto o outro? — Ela perguntou olhando com extremo fascínio para o novo braço da irmã.

— Pode ter certeza que é! — respondeu Yang sorrindo.

— Ah é? Vai querer apostar nisso? — Nora gritou colocando a mão na mesa como uma provocação.

Weiss olhou rapidamente e percebeu que a ruiva estava tentando chamar Yang para uma queda de braço… que coisa ridícula. — pensou.

— Nora, por favor, isso não é hora de…

— Espero que esteja pronta para engolir suas palavras! — Yang gritou já aceitando o desafio.

Weiss só podia revirar os olhos vendo Yang e Nora em sua estúpida brincadeira e enquanto Ruby gritava a seu lado:

— Weiss, você não está torcendo alto o suficiente! — Sua parceira hiperativa agarrou seus ombros e começou a balançá-la, Weiss realmente ficou tentada a soltar um comentário maldoso sobre isso, mas se conteve, voltou sua atenção para Yang e Nora, que continuavam se provocando.

— Realmente, parece com o original, admito isso! — Nora disse em um falso rosnado tentando soar ameaçadora.

— É! Mas tem umas novas funções que o antigo não tinha. — Yang provocou.

— Ah, é! — Nora ralhou.

— É! — Yang exigiu um sorriso travesso e imediatamente Nora percebeu que estava em apuros.

A prótese da loira se desacoplou e ela foi arremessada com força na direção de Nora que acabou voando para trás e acertando suas costas na parede. Quando ela se recuperou do golpe, Nora gritou de susto ao ver que estava segurando o braço protético de Yang, ela o jogou para longe e Yang o pegou no ar rindo tão alto quando só ela mesma era capaz.

Enquanto isso, Weiss tentava controlar o seu terror de ter visto Yang sem o seu braço, por um instante ela estava de volta a Beacon, todas aquelas lembranças lhe passaram como um flash diante de seus olhos. Ela só conseguia olhar em choque enquanto Yang ria, como ela poderia agir tão normalmente com tudo aquilo? Será que tudo que aconteceu na Beacon não a afetou como a afetou Weiss?

Não era possível.

Ainda naquela mesma noite, Weiss se sentou ao lado de Yang para escutar as explicações que Ozpin e Qrow tinham a dá, não sem motivo, Yang parecia incomodada o tempo todo, Weiss se sentia da mesma forma, era simplesmente perturbador pensar que coisas como aquelas estavam em segredo.

Mas eram os fatos, e Weiss teria de aprender a lidar com eles. Depois de meses de isolamento da mansão Schnee, estava acontecendo tanta coisa, ela realmente estava se sentindo muito sobrecarregada enquanto caminhava para seu quarto, ela esperava que uma boa noite de sono lhe ajudaria, se é que Weiss conseguiria dormir com todas as coisas que agitavam sua mente.

— Ei! Weiss?

Ela já estava fechando a porta quando a alguém a chamou, ela reconheceu a voz, não tinha como ela não reconhecer.

— Yang? — Weiss disse espiando pela porta que ficou entreaberta.

— Eeh… — A loira se mexeu meio desconfortável. — Você… vai me deixar entrar? — perguntou quase tímida.

Weiss hesitou. Claro, como ela era tola, Yang havia dito que elas conversariam sobre aquilo depois, parece que o depois era agora. Se ela fosse bem sincera, estava arrependida de ter beijado Yang, como um ato impensado e completamente precipitado, Weiss estava acreditando que havia estragado tudo, pior ainda, poderia ter acabado com sua amizade com Yang… para sempre.

A ex-herdeira schnee deixou seus receios de lado e abriu a porta para Yang entrar.

— Desculpe, é que Ruby já estava dividindo um quarto com a Nora e no outro está o Jaune e Ren, e…

— Yang! — Weiss disse interrompendo a explicação nervosa da loira. — Eu entendo.

— Ah… — Yang coçou a parte de trás do pescoço evitando olhar para Weiss. — Então, você… quer falar sobre aquilo? — perguntou parecendo insegura.

Weiss engoliu a seco e tentou avaliar Yang procurando algum indício de que a loira estaria brava ou magoada com ela, mas sua colega parecia apenas ansiosa.

— Bem… se estiver tudo bem para você. — Weiss se sentou em uma das camas dando seu melhor para tranquilizar Yang com um sorriso.

A loira pareceu se anima com aquilo, ela atravessa o quarto em dois passos rápidos e se sentou ao lado de Weiss, se virou para ela colocando uma das pernas no colchão.

— Yang, me desculpe por aquilo que eu fiz, se você quiser, podemos fingir que nada aconteceu e…

— Pare! — Yang interrompeu Weiss. — Não se desculpe, você não fez nada de errado e também não diga para esquecer algo assim. — Ela olhou para longe. — Eu senti que foi importante para você.

Weiss apertou as mãos nervosa, ela sabia que não seria uma conversa fácil, mas seu coração estava acelerando de um jeito que ela achou que não era possível um coração humano está.

— Foi importante para mim também. — Yang voltou a se virar em sua direção, a loira procurou seus olhos, já que Weiss estava evitando contato. — Quando pretendia me contar como você se sente?

— Nunca. — confessou tristemente.

— Nunca? — repetiu Yang parecendo magoada. — Pretendia guardar isso para si para sempre?! Por que?!

— Era uma coisa impossível, você não entende. — Weiss tentou parecer indiferente, ela empinou o nariz e fez um gesto de desdenha.

— Não! Não entendo mesmo! Como pode gostar de alguém e não contar isso? Não lembra das coisas que você mesma me disse? Siga os seus próprios conselhos!

— Eu… — Weiss de repente estava lutando para achar algo para dizer. — Como você pode estar lidando tão bem com tudo isso? Como espera que eu falasse para você que estava apaixonada se você me dizia que gostava da Blake?

Weiss olhou para Yang esperando ver alguma irritação na loira, assim como sempre aparecia quando o nome de sua outra colega de equipe é mencionado. Mas não havia nada na expressão de Yang que indicasse qualquer incômodo.

— Você mal parece que foi afetada.

— Não é verdade! — Yang negou. — Todos os dias eu tenho de lutar para me levantar da cama, tem horas que eu fico com tanta vontade de chorar, e nem motivo tem para isso, eu estou com medo de usar meu semblante depois do que aconteceu e… — Ela olhou para suas próprias mãos, uma artificial, fria e sem alma, e a outra estava tremendo.

Weiss tomou a mão esquerda da loira entre as suas.

— O que eu quis dizer, é que…

— Eu sei o que você vai dizer. — interrompeu Yang. — Vai dizer que eu sou forte, todo mundo diz isso. — Ela olhou para suas mãos e entrelaçou dos dedos dos de Weiss. — Mas eu não me sinto assim.

— Errado!

Yang levantou o rosto e deixou seus olhos se encontrarem.

— Eu ia dizer que você é resiliente!

— Resiliente?

— Sim, é a capacidade de se adaptar e se desenvolver diante da adversidade. — Weiss lhe sorriu. — É isso que você é, Yang, resiliente! Se quiser interpretar isso como um tipo de força, fique à vontade. — Ela se levantou e se afastou dando as costas para sua colega.

Yang olhou para suas mãos pensando no que Weiss acabara de lhe dizer, ela fechou sua mão artificial em um punho, depois fechou a outra, nesse gesto tão simples, ela percebeu que sentia falta do contato de Weiss.

— Eu não sou assim. — A ex-herdeira continuou. — Minha personalidade é intransigente, em situações novas parece que eu apenas me enrijeço ainda mais, eu…

— Ei! — Yang se levantou e caminhou até ela. — Lembra o que o Ren disse mais cedo, nós todos ainda estamos melhorando, veja o quanto você mudou!

Weiss se virou para encarar Yang, e a loira sorriu chegando ainda mais perto.

— Eu lembro bem de como você era lá no nosso primeiro ano, nossa, eu não te suportava. — Weiss riu um pouco com as lembranças que agora pareciam ser de outra vida. — E olha que garota incrível você é agora. — Yang afastou alguns fios de cabelo do rosto dela e deixou sua mãos descansar na bochecha da ex-herdeira. — Uma garota realmente incrível.

Weiss sentiu seu rosto se aquecer, fosse pelo elogio ou pela proximidade da loira, ela não sabia, mas ela sentiu seu coração palpitar de emoção ao ver Yang a olhá-la daquela forma e mais ainda quando ela se inclinou. Weiss a recebeu com prazer deixando seus lábios se encontrarem em um beijo lento e terno, diferente do beijo que compartilharam no campo de bandidos, elas apreciaram calmamente a suavidade e o carinho uma da outra.

Yang se afastou lentamente e sorriu quando Weiss soltou um suspiro contra seus lábios que ainda estavam muito perto.

— Quem diria que a rainha do gelo beijava tão bem.

— Yang! — Weiss empurrou os ombros dela enquanto seu rubor se intensificava, ela se virou para escondê-lo. — Sua idiota!

— Desculpe. — Ela disse nenhum pouco arrependida. — Mas é verdade. — Weiss espiou por cima do ombro para ver Yang com o rosto levemente rosado. — Eu gostei de te beijar.

Weiss sorriu, era quase bom demais para ser verdade… talvez porque fosse.

— Yang? — Ela se virou colocando uma expressão muito séria em seu rosto o que deixou a loira visivelmente tensa.

— Sim?

— O que você sente por mim?

Yang engoliu a seco o que só aumentou o nervosismo de Weiss, seja lá o que ela diria, Weiss tinha de estar preparada para ouvir a verdade, fosse para o melhor ou o pior.

— Eu não sei… isso tudo é muito novo para mim. — disse. — Eu nunca imaginei que você gostasse de mim, quer dizer, nunca imaginei que nós, éramos uma possibilidade.

— Entendo… — Weiss deixou sua decepção passar por sua voz sem querer.

— Mas com certeza eu sinto alguma coisa. — Yang se aproximou e puxou o queixo de Weiss a forçando a olhá-la nos olhos. — Eu com toda certeza, sinto alguma coisa por você.

Yang fechou a distância entre elas mais uma vez, Weiss estava começando a se acostumar a beijá-la, sentia que faria uma enorme falta casos elas parecem, ela decidiu que o melhor que podia fazer era aproveitar.

Weiss enterrou seus dedos nos fios loiros puxando levemente enquanto intensificava mais o beijo, Yang pareceu gostar da ideia e soltou um pequeno gemido dentro de sua boca apenas para logo em seguida usar sua língua e apertar a cintura de Weiss com as mãos a puxando para mais perto.

Ficaram assim por um bom tempo, até se separem sem fôlego.

— Uou, isso foi quente. — disse Yang respirando com dificuldade, mas ainda sorrindo, Weiss riu junto com ela.

— Você é a garota em chamas, não é?

— Weiss Schnee fazendo piadas? Muito engraçadinha. — Yang riu a beijou de novo. — Eu gosto da nova Weiss soltinha.

— Boba! — Ela riu e se aproximou descansando sua cabeça no ombro de Yang.

— Você deve tá cansada, né? Melhor você dormir.

Antes que Yang pudesse se desvencilhar e ir para o outro lado do quarto, Weiss agarrou seus braços e com uma expressão que beirava a aflição, disse:

— Não, por favor, eu… eu… — A ex-herdeira disse completamente constrangida, ela não conseguia dizer o que queria, Weiss apenas avançou e abraçou Yang escondendo seu rosto no ombro da loira.

— Você… quer dormir comigo? — Yang perguntou hesitante, ela esperava que não acabasse levantando a fúria de Weiss por interpretar errado.

— Sim, quer dizer… eu não me oporia a isso. — Ela acrescentou evitando olhar para Yang, mas era visível suas bochechas coradas.

Yang riu de como tudo acabou ficando parecendo que a ideia foi dela desde o começo, mas não tinha problema, ela gostou da possibilidade de qualquer forma.

— Mas não entenda errado, é dormir! Só dormir! — Weiss acrescentou rapidamente quando percebeu que suas ações poderiam ter uma interpretação errônea.

Yang riu.

— Claro, princesa, no que você estava pensando? — Ela riu mais ainda quando viu o rubor de Weiss se aprofundar. — Relaxa, eu nunca tocaria ou faria nada como você sem a sua permissão.

— Eu sei… eu vou pensar e se eu achar que você merece, talvez possamos nos beijar.

— Hum… isso parece promissor!

Weiss lhe sorriu, era tão bom está com Yang, ela se sentia tão bem, deixou-se acreditar que estava tudo resolvido, mas quando entrou no banheiro para se trocar e colocar suas roupas de dormir, ela percebeu que era uma alegria fugaz. Yang gostava de beijar, mas quem não gosta? Aquilo não significava que Yang sentia o mesmo que ela.

Quando voltou a ex-herdeira encontrou Yang sentada na cama já com suas roupas de dormir, ela notou que a loira estava um pouco nervosa, mas abriu um sorriso quando a viu.

— Eu escolhi essa cama, mas se você quiser se mudar para a outra, estará tudo bem. — disse a olhando com cuidado, Weiss sabia que deveria estar com uma expressão meio amarga no rosto que ela não podia evitar. — Aconteceu alguma coisa?

Weiss se apressou a balançar a cabeça em negativo diante da preocupação da loira, ela fez um gesto com a mão indicando que Yang não precisava se preocupar, foi até o interruptor na parede e passou os dedos ali diminuindo a luz, mas não deixou o quarto completamente escuro.

Yang se afastou na cama indo mais para o meio quanto Weiss se aproximou, ela se deitou ao lado e de frente para loira.

— Você tem certeza que está bem, Weiss? — Yang perguntou com uma voz suave.

— Por que eu não estaria? — Ela se aconchegou mais perto e Yang a abraçou da melhor forma que podia.

— Se você tá dizendo. — Weiss não pode ver a expressão de Yang, mas deduziu pelo tom de voz que ela não acreditou muito. — Vai ficar tudo bem, ok? Vamos dá um jeito nisso.

Yang a beijou rapidamente, várias vezes até fazer cócegas em seu rosto e Weiss rir.

— Ok, Yang, eu já entendi. — disse Weiss e Yang enfim se afastou.

— Boa menina.

Weiss viu os olhos lilás de Yang brilhando na escuridão do quarto, ela sentiu um aperto no coração, mas não era algo ruim, sua mão procurou a de Yang e a loira entrelaçou seus dedos.

— Você também foi uma boa garota. — A ex-herdeira disse e Yang sorriu largamente.

— Significa?

— Sim! — Weiss sorriu e Yang se inclinou a beijando.

— Se eu sempre for recompensada com beijos, vou sempre me comportar bem.

— Duvido muito disso.

Yang riu e Weiss a acompanhou rindo também, depois que ambas pararam de rir, ela se olharam e mais uma vez, Yang ficou estranhamente perdida no azul dos olhos da ex-herdeira. Ela percebeu um sentimento novo em seu coração, Yang estava gostando muito de tudo que estava acontecendo, mas ela ainda tinha medo, ela se entregou uma vez a um sentimento por alguém e saiu muito machucada, era natural que ela ficasse receosa.

— Yang? — Weiss chamou em uma voz frágil.

— Sim?

— Eu… — Yang esperou em expectativa, parecia ser algo importante, ela tinha certeza que era algo importante. — Boa noite.

A loira não soube explicar porque ficou tão decepcionada, Weiss enterrou a cabeça em seu ombro claramente se preparando para dormir. O que ela estava esperando ouvir afinal?

— Boa noite. — Yang a abraçou apreciando o cheiro do cabelo da outra garota, mas ela tinha muito o que pensar sobre o que estava sentindo, ela devia uma resposta para Weiss.

~**~

Weiss ouviu uma batida na porta, ela virou seu corpo lentamente ainda sentindo uma leve pontada entre suas costelas do lado direito, bem no local onde ela havia sido empalada durante a batalha da Haven.

— Entre. — disse e ela viu a porta abrir para revelar Yang, a loira só colocou a cabeça para dentro com uma expressão preocupada.

— Eu te acordei?

— Não, pode entrar. — respondeu sorrindo um pouco e se sentando na cama com as costas apoiadas na cabeceira.

— Que bom. — Yang suspirou de alívio, ela entrou trazendo consigo uma bandeja.

— Como está a Ruby? — Weiss perguntou, da última vez que teve notícias de sua parceira, ela estava sofrendo com terríveis dores de cabeça.

— Está melhor, meio grogue por causa dos remédios, mas vai ficar bem, na outra vez que ela usou esses poderes estranhos dela, Ruby passou dias inconsciente. — respondeu Yang colocando a bandeja em seu colo, tinha uma tigela cheia de sopa bem em cima.

— Talvez eu devesse ir lá falar com ela.

— Não! Você precisa descansar também!

Yang foi tão incisiva em sua ordem que Weiss se surpreendeu por um segundo, depois riu cobrindo a boca com sua mão.

— Sim, senhora. — brincou.

— Como você está se sentindo? Melhor?

— Estou cansada de ficar deitada aqui, se eu não fizer movimentos bruscos não sinto nada, não entendo porque tenho de ficar acamada como uma inválida. — reclamou mal-humorada.

— É para que sua recuperação seja completa. — Yang disse se inclinando sobre ela e beijando o topo de sua cabeça. — Princesa cabeça-dura.

Weiss bufou, mas aceitou sua condição. Ela começou a comer enquanto Yang a observava de perto.

— E você? Como está se sentindo? — perguntou olhando de soslaio para a loira.

— Eu… — Yang gastou um tempo olhando para longe, o que deixou Weiss imaginando o que estaria se passando na cabeça dela. — Eu tenho algo para te dizer.

Yang se mexeu como se algo a incomodasse.

— Eu falei com a Blake hoje cedo. — Ela olhou para Weiss com o cenho franzido. — Conversa séria.

— Hum… — Foi a única coisa que a ex-herdeira conseguiu articular.

— É… pois é…

— Como foi? — Weiss incentivou apesar do claro desconforto de Yang.

— Bem… nós conversamos muito e… eu contei a ela sobre nós. — A loira gastou um tempo olhando a cara de surpresa de Weiss. — Espero que não tenha problema, quer dizer, eu nem te consultei antes nem nada.

— Yang! — interrompeu deixando a bandeja lado. — Está tudo bem, só me diz uma coisa. — Yang a olhou com expectativa enquanto Weiss se mantinha muito séria. — Agora que vocês se encontraram, o que você sente pela Blake? Seja totalmente honesta! Eu quero saber a verdade!

— Eu… eu nunca mentiria para você. — Yang se sentou perto de Weiss na cama. — Eu achei que havia superado tudo isso, sabe, mas… assim que eu a vi, todos aqueles sentimentos vieram à tona.

Weiss sentiu seu coração afundar com as palavras de Yang.

— Eu não vou dizer para você que não sinto mais nada por ela, porque seria uma mentira, mas… — Yang agarrou uma de suas mãos e a olhou nos olhos. — Eu sei que o que eu sinto por você é mais forte! E eu quero estar é como você, Weiss!

Ela se sentiu tão emocionada naquela hora, que quase lhe faltou ar, Weiss nunca imaginou que ouviria tais palavras, era difícil de acreditar que algum dia alguém a escolheria, ainda mais Yang.

— Se você quiser estar comigo, é claro. — completou coçando a parte de trás da cabeça e dando um sorriso nervoso.

— Yang? Isso é tudo que eu mais quero. — Weiss abraçou Yang que retribuiu rindo.

— Ei, vai com calma princesa.

Elas cariam na cama ainda rindo, Yang fez seu melhor para não colocar muito peso sobre Weiss por conta de seu ferimento, mas estava um pouco complicado com a ex-herdeira lhe puxando.

— Isso foi um pedido de namoro? — Ela perguntou.

— Namoro? — Yang se surpreendeu por um instante. — Você quer namorar comigo? Sério?

— Claro! — Weiss revirou os olhos, mas ainda estava sorrindo. — Você estava pensando em ficamos assim? Sem compromisso nenhum? Que tipo de garota você acha que eu sou?

— Você realmente quer ter um compromisso sério comigo? — Yang parecia emocionada, seus olhos se encheram de lágrimas.

— Yang?

A loira se inclinou sorrindo largamente e a beijou, a beijou várias vezes.

— Você quer namorar comigo, Weiss Schnee?

Ela ficou esperando a reação de Weiss que ficou claramente emocionada.

— Sim, sim e sim! — cantou feliz.

Elas se beijaram e Yang se empolgou um pouco demais, ela acabou se pressionando mais do que deveria contra Weiss e a ex-herdeira soltou um pequeno grito dolorido.

— Ah, desculpe, esqueci disso. — A loira rolou para o lado saindo de cima da outra garota, ela passou a mão sobre o ferimento dela entre as costelas do lado direito.

— Tudo bem, não foi nada demais. — Weiss se virou na cama de modo que elas estavam deitadas de frente uma da outra.

— Quer dizer que agora estamos namorando? — Yang perguntou sem conseguir conter sua felicidade.

— Parece que sim.

— Eu te amo, Weiss. — Ela disse depois de um minuto de silêncio.

Yang ficou tensa esperando a reação da ex-herdeira, ela nem fazia ideia se havia se precipitado ou não, estava começando a pensar que poderia ter estragado tudo, mas Weiss respondeu ternamente e com uma tranquilidade que só ela conseguia ter.

— Eu também te amo.