.panic escrita por wolfnir


Capítulo 1
single — white walls


Notas iniciais do capítulo

ohooooy! não faz muito tempo que eu postei uma fanfic aqui no fandom ??” tipo dois dias eu acho? ??” mas eu voltei bem rápido porque os acontecimentos do cap 244 me deixaram muito destruída na calçada.

não sei se alguém já traduziu para o pt-br, mas eu li o novo capítulo no tumblr! se alguém quiser saber qual o blog eu coloco nas notas finais depois dkdjfsd



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He Tian odeia hospitais. Ele não se lembra bem quando esse tipo de sentimento começou a ser conectado com os prédios brancos e com cheiro de morte mascarado por desinfetante — e talvez ele não queria saber, só queira odiar hospitais como Mo Guan Shan odeia queijo em seu sanduíche, sem razão lógica.

Não vá lá, ainda não. Tian fecha os olhos tentando não ver seus pensamentos. Ele não tem muito sucesso, mas consegue evitar pensar demais no porque está sentado em uma cadeira da sala de espera de um hospital em uma noite de quinta-feira.

He Tian sabe que uma hora vai ter que pensar nisso, porque ele vai precisar falar para a Senhora Mo o que aconteceu e porque diabos seu filho está no hospital e porque He Tian está sujo de sangue que não é dele e com ataduras em volta dos punhos.

Ele sabe, mas isso não torna a tarefa mais fácil. Então He Tian escolhe ignorar por um momento o barulho de pessoas falando e andando ao seu redor e tenta se concentrar em se acalmar, em manter o maldito controle.

Não é a primeira vez que ele se encontra em situações como essa, mas isso não torna mais fácil de respirar e não chorar. Sim, chorar. He Tian sabe que se He Cheng estivesse ali, ou, deus o livre, seu pai, ele com certeza seria chamado de fraco, mas o adolescente não sente que deve se importar com algo assim quando Guan Shan se encontra em alguma sala branca daquele prédio sendo tratado por feridas que, se He Tian o tivesse encontrado antes, ele não teria nem mesmo às recebido.

É irracional pensar assim, mas He Tian sempre foi muito bom em pular em pensamentos impulsivos mais rápido que sua capacidade de chutar alguém, então não é uma surpresa para si ele pensar que aquilo tudo teria sido evitado se ele tivesse sido menos inútil, mais rápido, mais inteligente, mais tudo.

Ele não está surpreso com os caminhos que seus pensamentos tomam, mas ele está surpreso em como esses pensamentos, de repente, pesam em seu coração e faz He Tian querer se curvar e se manter assim para que a dor não ultrapasse as barreiras que ele se auto impôs.

Ele passa vários minutos encolhido na cadeira dura daquela sala de espera até o momento em que um leve toque em seu ombro o desperta para a realidade. Ali, à sua frente, está a mãe de Mo Guan Shan, olhos chorosos e cenho franzido em preocupação.

He Tian sente como se estivesse prestes a quebrar algo frágil demais para suas mãos manchadas de sangue.

 

xx

 

A Senhora Mo é levada por um médico muito antes de He Tian ter a chance de falar com a mulher e o de cabelos negros nunca se sentiu tão aliviado em sua vida. Ele não sabe o que dizer, principalmente porque não sabe como o Pequeno Mo se meteu em uma briga com agiotas.

Ele tem suas suspeitas, mas He Tian não pode exatamente perguntar isso para a mãe de Guan Shan e ele sabe que o ruivo, com certeza, morreria antes de falar seus problemas. Ele só espera que isso não seja um prelúdio para uma situação pior que a que eles passaram com She Li.

"HE TIAN!" É Jian Yi com sua, sempre, presença alta e brilhante e ao seu lado seu fiel escudeiro, Zhan Zheng Xi.

"Não grita, porra." Zheng Xi bate com força na parte de trás da cabeça do melhor amigo. "Aqui é um hospital."

He Tian sente um peso estranho deixar seu peito ao ver os dois amigos discutirem e chamarem ainda mais a atenção indesejada das enfermeiras e médicos ao redor.

Ele quase ri, mas então ele se lembra onde está e do porque está lá e deixa o riso morrer na garganta. Não é hora de rir, é hora de ser forte como seu irmão lhe disse para ser.

“O que vocês estão fazendo aqui?” Ele escolhe se concentrar na dupla de patetas. E parece ser uma boa decisão, já que ele pode ver que as enfermeiras estavam prestes a chamar um segurança.

Jian Yi parece finalmente perceber onde estão e deixa de puxar o cabelo de Zheng Xi, que por sua vez solta o aperto que tinha nas bochechas suaves do melhor amigo.

“Ah, nós vimos você e o Ruivo correndo e depois alguns caras te perseguindo! Por sinal, como ele tá?” He Tian congela, porque essa era a pergunta que ele andou evitando se perguntar.

“Eu não sei. Não sou da família então os médicos não falam comigo.” O moreno tentou manter uma fachada neutra, numa tentativa de não mostrar o pânico que ainda estava sentindo percorrer todo seu corpo.

“Por que vocês estavam sendo perseguidos? No que você se meteu, He Tian?” Dessa vez é Zheng Xi que o pergunta, um semblante fechado e meio acusatório.

He Tian ri, um riso amargo, que faz Jian Yi tomar uma postura cautelosa, como se não reconhecesse o amigo a sua frente. Quando He Tian volta a olhar para os dois, Zheng Xi quase se arrepende de acusar o moreno.

He Tian parece tão quebrado.

“Por que você acha que eu tenho algo a ver com tudo isso?” He Tian volta a sua máscara de indiferença, um sorriso de escárnio enfeitando os lábios. “Eu não fiz nada.”

E para He Tian, ele realmente não fez. Ele não conseguiu proteger Mo Guan Shan, a presença deles no hospital é prova suficiente disso. Ele nem conseguiu ajudar Pequeno Mo a fugir e acabou sendo arrastado em uma fuga desenfreada que pode ter piorado ainda mais as feridas do ruivo.

“Você o trouxe ao hospital, He Tian. Você não pode dizer que não fez nada.” É Jian Yi que fala, com os olhos azuis escuros e uma seriedade que é sempre inédita de se ver nos traços delicados dele.

He Tian mais uma vez ri, não convencido pelo que Jian Yi está tentando fazer.

“Eu não preciso de consolo, Jian.” He Tian sorri, um gosto azedo tomando conta de sua boca. “Eu não fiz nada, só por estarmos aqui já é prova suficiente disso.” Ele tenta sorrir novamente, mas os lábios estão trêmulos demais para formar um arco que convença ao loiro a sua frente de que ele está certo.

“Então o que você teria feito? O que você faria?” É Zheng Xi que o pergunta, os olhos cerrados em seriedade, a postura reta e protetora. Ele quase se parece com um pai, tentando repreender o filho. Mas He Tian há muito tempo deixou de ser intimidado por algo assim.

“Eu ia limpar o caminho. Ele teria mais chance de fugir e talvez não estaria em um hospital. Mas ele teve que ir e me puxar para sua fuga.” He Tian diz, cerrando os punhos ao lembrar em como estava surpreso demais com o puxão repentino de Guan Shan em seu pulso para reagir e voltar a tentar cumprir seu plano.

“Você é um idiota.” É Jian Yi que fala, uma força feral em cada sílaba, fazendo He Tian quase tremer. É raro ver Jian Yi — suave, irritante e alegre Jian Yi — com uma carranca e olhos expelindo raiva.

“O que?” É He Tian quem faz o primeiro movimento, se aproximando do loiro e agarrando a gola da camisa do outro. A raiva e adrenalina que ainda corria por suas veias aumentando consideravelmente.

“Você me ouviu, você é um idiota. O pior dos piores.” Jian Yi se repete, nada amedrontado com o aperto visceral de He Tian em sua camisa ou nos olhos negros o devorando em um buraco negro raivoso.

Zheng Xi se move, querendo impedir que os dois comecem a brigar, ou melhor, querendo impedir que He Tian machuque o melhor amigo. Sempre o cavaleiro em armadura branca, He Tian zomba em seus pensamentos.

“Você me entende, não é Zhang?” He Tian vira seu olhar para os verdes de Zheng Xi, sabendo que o outro loiro não tem como mentir e dizer que não entende, porque ele passou metade da vida dele protegendo e limpando o caminho para Jian Yi.

“Calado! Zheng Xixi nunca entenderia isso, porque é idiota demais até pra ele!” É Jian Yi que responde, querendo defender o amigo, mas He Tian sabe que é a pura ingenuidade de Jian Yi que o impede de ver a verdade.

“Sim. Eu entendo.” Zhang Zheng Xi o responde, os olhos ainda sérios e a postura ainda pronta para interferir na briga dos dois. Jian Yi olha para o melhor amigo indignado, como se estivesse olhando, de verdade, para Zheng Xi pela primeira vez.

Xixi! Você não pode estar falando sério! He Tian está sendo um idiota!” Jian Yi se afastou de He Tian e o moreno o deixou, sabendo que a atenção não estava mais voltada para ele. Zheng Xi olhou para o melhor amigo e Jian Yi se acalmou. Os dois conversariam sobre isso em outro momento.

“Eu disse que entendo, não que não acho isso idiota.” Zheng Xi voltou seu olhar para He Tian. “Você ia fazer isso, mas e Mo Guan Shan? Como você acha que ele ficaria? Ele poderia desmaiar em um beco e ninguém o encontraria ou o levaria para o hospital.”

He Tian quer discordar de Zheng Xi, mas ele não sabe o que dizer. Ele sabe que tanto Jian Yi como Zheng Xi estão certos, mas é difícil acreditar plenamente nisso quando sua mente continua repetindo as cenas de Guan Shan sendo sufocado, espancado e coberto de sangue em seus braços.

“Ok. Foi estupidez minha.” He Tian confessa, querendo apaziguar ambos os loiros. Ele não se sente exatamente assim, mas se fazer isso vai lhe dar alguma sensação de paz então ele vai concordar com os dois amigos.

“Bom.” Jian Yi reponde.

Os três ficam em silêncio, sentados um ao lado do outro nas cadeiras duras de plástico da sala de espera meio vazia do hospital.

He Tian ainda sente que não fez nada, ainda se sente cheio de raiva e angústia, mas por enquanto, ele vai se deixar ser convencido por Jian Yi e Zheng Xi. Por enquanto ele vai se convencer de que fez tudo o que podia e que Mo Guan Shan vai ficar bem.


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