A Ascenção de Eldritch escrita por EddyLai


Capítulo 1
Capítulo 1




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Wery Tepes e seu filho Eldritch, estavam em uma pequena carroça atravessando a floresta, divisa entre a vila e a capital de Aríon. Era uma noite chuvosa nos arredores da vila de Karion. A carroça era movida por um cavalo de pelos e olhos negros. O cavalo relinchava, galopando rapidamente por cima das poças e respingando a água da chuva para todos os lados.

Wery, a proprietária da carroça, era de uma linhagem de Dragonatos de sangue puro, uma linhagem real, porém suas vestes naquele momento eram humildes pois há muito tempo Wery não era aceita por seu povo. Outro fato que comprovaria a atual situação de Wery e seu filho, o jovem Eldritch, é seu meio de transporte. A carroça estava com a madeira velha e gasta e a chuva daquela noite tempestuosa aos poucos a apodrecia ainda mais. Na parte traseira, havia um amontoado de malas que foram colocadas as pressas, tudo forrado com uma lona escura para proteger-las da chuva. Wery possuía cabelos longos e prateados, seus olhos verdes reluziam ao luar . 

Na parte de traz da carroça, bem próximo onde estava o amontoado de malas, dormia tranquilamente, seu filho, Eldritch. O jovem possuía 6 anos de idade e tinha seus cabelos divididos em dois tons: de um lado, curto e  negro como os de seu pai, e do outro lado, prateados e cumpridos , como os de sua mãe. Eldritch possuía uma pele clara, e seus olhos na realidade, em toda sua aparência, era o que chamava mais atenção.

Os olhos de Eldritch, que eram totalmente brancos, vinham de sua linhagem sanguínea paterna, e era o motivo daquela mudança noturna às pressas. Wery não podia buscar refugio em seu próprio clã, e vivia perseguida pelo tio paterno de Eldritch, que descobriu a existência do jovem, este que é agora o único e legítimo herdeiro dos clãs Dragonatos e dos Mahous.

Eldritch era filho da herdeira ao trono Dragonato, com Tyrius, o já falecido herdeiro dos Mahous.

Há muitos anos atrás, em uma época totalmente oposta a que nossa historia se inicia, uma guerra devastadora e oculta assolou o mundo. Uma guerra de clãs que poucos humanos tiveram conhecimento, mas que milhares morreram lutando. Guerra esta que quase exterminou os Dragonatos e os Mahous. Em meio a tempos de guerra, um amor proibido nasceu. A princesa dos dragões se apaixonou pelo herdeiro Mahou. O relacionamento dos dois foi descoberto pelo Rei Dragão, que entorpecido por seu orgulho e arrogância, expulsou sua filha de seu clã por ter tido "a audácia de se misturar com uma escória Mahou."

Tyrius, seu amado, tentou então trazê-la para dentro do clã Mahou, mas seu pai, Baltazar, o Lider do Clã, igualmente orgulhoso, negou. O tio de Tyrius, Maldvar, o próximo herdeiro do trono, aproveitando-se da situação, convenceu Baltazar a expulsar seu filho do clã.

Wery e Tyrius, estavam agora a mercê do destino. Porém, este destino ainda tinha algo reservado para o casal.

 Os planos de Maldvar não eram somente expulsar o jovem Tyrius de seu clã. E sim tirar o rapaz da proteção e vigilância de Baltazar. Maldvar ordenou que seus fiéis seguidores, seguissem Tyrius, e o assassinassem.

Meses se passaram e Wery descobre que estava grávida de Tyrius. Sabendo que Maldvar, deseja ensandecidamente o trono Mahou e que , se descobrir que Eldritch é o único obstáculo para seu objetivo, ele não mediria esforços para assassinar o garoto, Wery viveu os próximos 6 anos escondendo a existência de seu filho de todo o mundo, para que nenhum boato chegasse aos ouvidos de Maldvar. Mas, quando Eldritch tinha 5 anos, ele estava em casa brincando sozinho e sua mãe tinha saído para comprar suprimentos, quando ouviu a voz de crianças humanas brincando bem próximo a sua casa. Eldritch se aproximou da janela. Nunca havia visto crianças em toda sua vida, e ele sentia um desejo forte de poder estar lá junto a elas. Ele olhou por entre as cortinas da janela as crianças brincando, quando uma delas o viu. Os olhos brancos de Eldritch junto a sua forma Draconata, intrigou a criança. Eldritch assustado fechou as cortinas e começou a chorar. Ouve-se batidas em sua porta:

— Oi garoto, tudo bem? - a criança que o vira estava comprimentando-o.

Eldritch parou de chorar. Ele sentia empolgação e medo dominando seu corpo. O jovem foi até a porta e abriu-a levemente.

— Você quer brincar com a gente? A criança perguntou a ele.

— Sim - Eldritch respondeu envergonhadamente.

Eldritch então abriu a porta de sua casa e convidou a criança para adentra-la.

— Meu nome é Sasha - A criança se apresentou a ele - e como é o seu?

— Eldritch - Ele retorna a apresentação.

— Seus olhos - Disse Sasha olhando com curiosidade - Nunca tinha visto um filho de dragões como você.

— Minha mãe diz que devo ter medo de meus olhos - responde o garoto, novamente envergonhado - ela diz que eles são perigosos para mim e para ela.

— Eles te dão algum poder ou habilidade? - pergunta a garota humana.

— Na verdade não - Eldritch responde - mas não sei dizer por que minha mãe sempre diz isso.

— Eu acho eles lindos - Diz a menina com um sorriso no rosto - nunca vi olhos assim em Dragonatos. Combinam com seu cabelo.

— Você quer que te mostre meus brinquedos? - pergunta Eldritch apontando para um baú que estava encostado na parede da sala.

— Claro - Responde a jovem, acompanhando Eldritch até o baú.

Os dois brincaram durante algum tempo, até que a mãe de Eldritch retornou. Ao ver seu filho exposto, o desespero tomou conta de Wery:

— Eldritch , o que esta garota humana está fazendo aqui? - pergunta atônita_ Saia já daqui minha jovem.

— Pare com isso mamãe! _ Eldritch exclama contra sua mãe - Ela é uma garota legal! Ela é minha amiga!

Wery empurra seu filho, e pega no braço de Sasha, levando-a até a porta:

— Escute bem mocinha. Você irá esquecer que viu meu filho e negará a existência dele a todos, ou não me responsabilizo por meus atos - dizia Wery enquanto segurava fortemente o braço da garota.

— Tudo bem senhora - Sasha respondeu com olhos lacrimejados.

Wery fecha a porta da sala, começando a cobrir todas as janelas da casa.

— Porque a senhora fez isso mamãe? - pergunta Eldritch aos prantos.

— Eu sempre te pedi somente uma coisa Eldritch, se manter escondido - responde a mãe - Uma única coisa que você acaba de desobedecer.

— Mas ela era uma boa garota mãe.

— Não Interessa Eldritch! _ Wery levanta sua voz ao filho. Seus instintos Dragonicos a deixavam transtornada - Esta garota pode colocar a vida como conhecemos a perder. Precisamos sair deste vilarejo, enquanto ainda podemos. Me ajude a arrumar suas coisas.

— EU NÃO QUERO ME MUDAR! - Eldritch grita enfurecido, ao pensar que deixará para traz sua primeira amiga.

— VOCÊ NÃO SABE DE NADA! - Sua mãe grita de volta, mas se acalma, indo para perto do garoto e segurando em seu ombro - Tudo o que faço é para manter você vivo e a salvo Eldritch. Você só tem a mim. Se estou dizendo que devemos nos mudar, é porque você acabou de colocar sua vida em risco.

Eldritch se acalma.

— Tudo bem - mesmo ainda deprimido por perder um laço de amizade que havia começado a ser criado, Eldritch sabia que sua mãe estava fazendo tudo isto para o proteger. Ele não sabia de que sua mãe estava tentando protegê-lo, mas sentia ao olhar o desespero no rosto dela, que tinha feito algo muito errado.

— Agora meu filho, me ajude a juntar nossas coisas o mais rápido possível - Wery pediu, enquanto retirava lençóis para embrulhar seus pertences para se mudarem.

Todo o temor de Wery mostrou ter fortes fundamentos, no ano que se seguiu, pois Sasha ao chegar em casa contou aos seus pais sobre o jovem Dragonato de olhos brancos. Os pais de Sasha sabiam que a única maneira do garoto possuir olhos de tal cor, era sendo um descendente Mahou, porém, Dragonatos e Mahous se odeiam. Sabiam também que a princesa Dragonata e o Principe Mahou, tiveram um romance. A existência de um garoto híbrido das duas raças e suposto herdeiro do trono correu aos 7 ventos e, como Werry temia, chegou aos ouvidos de Maldvar.

Desde então Wery tem viajado de vilarejo em vilarejo, para fugir dos soldados mahou, a serviço de Maldvar.

A carroça que Eldritch e Wery estavam passou por uma pedra, erguendo-se alguns centímetros no ar, voltando em seguida bruscamente ao chão. Eldritch acorda.

— Oi mamãe... - o jovem abriu a cortina que o separava de sua mãe -  já estamos chegando?

— Sim. Estamos a poucos metros da entrada da capital - respondeu enquanto dirigia a carroça - agora por favor querido, volte para dentro, você sabe que não podemos ser descuidados.

— Sim mamãe - Eldritch então volta para dentro. Como ordenou sua mãe.

*****

Naquela mesma noite, em um templo antigo, hoje usado para pesquisas, pelo feiticeiro Mahou Maldvar, ele e seu servo Cadmandur conversavam, enquanto o último trazia para o salão do templo algumas especiarias sob pedido de seu mestre.

—Senhor, os preparativos para a cerimônia já estão prontos! - disse Cadmandur. Ele possuía uma estatura baixa, era um homem calvo e franzino.

—Obrigado, Cadmandur – respondeu Maldvar. Ele era um senhor de cabelos negros e encaracolados e uma expressão em seu rosto que transportava um ar de temor ao redor, estava usando uma túnica cor lilás de mangas compridas.

Desde que Cadmandur assassinou Tyrius, ele recebeu de Maldvar uma recompensa e se tornará seu servo pessoal e aprendiz. Para Cadmandur, Maldvar era como um mestre e senhor.

— O mestre acha que desta vez a cerimônia irá ter sucesso.

— Eu espero que sim – o feiticeiro pegou as especiarias para preparar o ritual, espalhou-as no chão, desenhando com elas um símbolo místico usado por muitos feiticeiros de magia negra. - Agora só é necessário mais um ingrediente...

— Pensava que todos os preparativos estavam aqui senhor_ indagou o servo ao mestre.

— Não, meu fiel servo, a magia negra se restringe a utilizar sempre uma troca equivalente há necessidade do feitiço desejado. _ respondeu, enquanto virava-se para o servo, apontando os dedos de sua mão na direção de um objeto atrás de Cadmandur.

Maldvar então proferiu algumas palavras de um idioma pouco conhecido, e o objeto flutuou, indo até ele.

— O ultimo ingrediente meu fiel servo, é um objeto pessoal da pessoa que desejo encontrar, para que esta cerimônia se conclua e a localização de Wery e seu filho sejam reveladas para mim._ Após terminar suas palavras, o objeto começou a desintegrar-se.

Cadmandur assustado correu para perto de seu mestre. Do pó criado pela desintegração do objeto saia uma fumaça sombria e arrepiante, que cobria todo o salão de escuridão, e do centro da fumaça, uma figura espectral se formava.

Esta figura se assemelhava a um mapa. O mapa de todo o continente. Mostrando todos os lugares do mundo. Uma fumaça vermelha estava localizada no mapa exatamente na região que Maldvar e Cadmandur se encontravam.

—Não se preocupe Cadmandur. Esta magia é importante e fundamental aos meus objetivos, porem inofensiva_ Dizendo isso Maldvar ergueu suas mãos e proferiu novamente algumas palavras em outro dialeto.

A fumaça vermelha então começou a se mover, atravessando lentamente o mapa, guiando para um destino: o local onde Wery e Eldritch se encontravam.

Maldvar ficou em silencio por um breve momento, olhando para o mapa, observando-o, imaginando seu destino sendo desenhado pelas fumaças a sua frente.

            _ Veja este mapa, Cadmandur. Nele está um presente. Nele está todos os meus sonhos se concretizando_ Maldvar parou por mais um momento,e da fumaça a sua volta, o ponto vermelho parou de se mover_ E este lugar é o local onde meu reinado terá inicio.

Cadmundur se empolga com o entusiasmo de seu mestre.

—Mestre, o senhor é mesmo impressionante_ Diz Cadmandur.

—Cadmandur , preciso que me faça um favor _ disse Maldvar, enquanto pegava um pergaminho e uma pena de escrever, e anotava a localização mostrada na cerimônia. Maldvar então enrola o pergaminho e o sela, dando-o a Cadmandur_ Vá até minha guarda pessoal, entregue este pergaminho ao comandante, e diga que é a localização de Wyre e seu filho.

Cadmandur pega honrado o papiro das mãos de seu senhor.

— O senhor deseja algo mais mestre?

— Não.

—Como quiser. _ Cadmandur então se retira do salão.

            Maldvar em seus pensamentos sabe que é só uma questão de tempo até que o único obstáculo que o afronta seja eliminado

*****

 

            Na entrada para a  capital de Arion a paisagem era de casas grandes e todas possuíam um estilo oriental com tons pasteis,o chão das ruas era coberto por blocos alinhados milimetricamente e as calçadas eram cimentadas havendo em quase todas as ruas estatuas em homenagem ao deus Bahamut, muito venerado naquela região.

Era grande o numero de pessoas que transitavam pelas ruas de Arion e todos andavam luxuosamente bem vestidos. A capital era o local mais importante da região norte do Continente. Homens bem-vestidos com cartolas, ternos e gravatas, Mulheres com vestidos exuberantes e bem confeccionados. Carruagens sendo puxadas por garanhões, indo pra lá e pra cá.

Conforme a carruagem de Wery adentrava na capital, a  paisagem de casas bonitas e pessoas luxuosas terminava e casas mais simples, e pessoas de classe social baixa, aparecia. Os vendedores ambulantes oferecendo seus produtos aos gritos em uma rua onde todas as lojas eram de madeira.

            Mas, apesar da aparência daquele bairro, Wyre ainda mantinha seu contentamento intacto. Para ela aquela região significava um capitulo novo em sua vida e não importava o quão ruim fosse aquele lugar, para ela e seu filho, seria excelente, desde que fosse seguro.

 Enfim chegaram a sua nova casa. Era uma casa simples de cor apática, mas de tamanho razoavelmente bom para eles morarem.

—Enfim chegamos. – Wery disse com um descanso em seu olhar, parando a carroça a frente da residência.

Wery segura a mão de Eldritch apertando com força.

—Aqui meu filho... Aqui é a nossa casa- disse a mãe Draconata com lagrimas em seus olhos_ Me ajude a descer nossas coisas filho.

Os dois começaram a descer as malas da carruagem e guardá-las dentro do imóvel. Wery encostou a carruagem, e colocou o cavalo que a puxava no pequeno coxo no quintal da residência.

O primeiro cômodo da casa era uma sala e logo após este, havia  a cozinha, com uma entrada para o quarto e outra para o banheiro.Na sala havia uma mesa de 2 cadeiras feitas de madeira de carvalho e uma poltrona um pouco velha. A cozinha era pequena só cabia um fogão á lenha e um armário que servia de despensa.

Wyre estava na cozinha preparando o jantar e Eldritch estava ajudando sua mãe pegando lenha para acender o fogão. Tiveram um longo percurso de viagem e não comiam há um bom tempo. Quando Wyre terminou de fazer a refeição, já era noite. Os dois já bem alimentados deitaram na cama em seu quarto e dormiram ate o amanhecer.

*****

Já era de manha e a quilômetros de distância de onde Wyre e Eldritch estavam dormindo. A luz do sol começava a iluminar um templo de Clérigos da Deusa Tanna-Toh. Tanna-Toh é a Deusa do Conhecimento, das Artes, dos Escribas, Bardos e Povos Civilizados, uma das vinte divindades maiores do mundo e uma das únicas criaturas presentes durante a criação do mesmo. No alto do templo havia o salão do Sumo-Sacerdote de Tanna-Toh, Maximilian Van Kurt. O sumo-sacerdote é o representante máximo do deus que ele serve. Maximilian perambulava por seu salão olhando suas estantes, a procura de alguns livros. O salão de Maximilian era rodeado por estantes , e continha em seu total cerca de milhares de livros. Os Sumo Sacerdotes da Deusa Tanna-Toh sempre são escolhidos por um critério: Seu Intelecto. Maximilian era considerado, o ser mais Sábio de todo o mundo, e mesmo com tamanho conhecimento, ele sempre que encontrava tempo livre, debruça-se nos livros em busca de mais e mais conhecimento.

Maximilian ouve batidas na porta.

—Pode entrar. _Maximilian ordena, e então a porta se abre, e dela aparece um clérigo servo da Deusa Tanna-Toh _ O que você deseja Droumur?

—Grande Sumo-Sacerdote, nós acabamos de descobrir o paradeiro do herdeiro dos clãs Mahou e Draconato._responde o clérigo_ E por ironia do destino, eles estão a apenas quilômetros daqui.

—Excelente! _Van Kurt exclama eufórico de entusiasmo, afinal uma descoberta que poucos tem conhecimento, é para ele uma realização. Maximilian então, olha para a janela do salão. _ Isso é Excelente. É uma oportunidade perfeita, pois esse garoto possui em seu sangue o destino de dois clãs, e deve ser instruído, deve ser guiado para fazer escolhas certas, pois quando se tornar líder dos clãs, suas decisões podem abalar o mundo.

Maximilian volta a olhar para o clérigo.

Droumur avise 3 clérigos para me acompanharem, vou fazer uma visita ao garoto, quero conhecê-lo o mais breve possível.

—Como desejar senhor _ Droumur responde, faz uma reverencia para Maximilian e se retira.

Maximilian guarda seu livros apressadamente e se retira do salão, indo se preparar para a visita que em breve faria.


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