Data Terrestre: 31 de Maio.

Claire olhou ao redor da entrada do Instituto ainda pensando no “por que” havia ido até ali.

Havia ao menos uma dúzia de bons motivos, alguns muito bons, mas também sabia que qualquer um deles seria apenas chamar Christine e Alexis que ambas iriam até ela levando James junto.

A garota continuou encarando o portão de aço quando o mesmo abriu e a voz chiada saiu pelo viva voz.

—Claire querida, eu sei que muitas pessoas adorariam passar por essa estrada e admirar seus cabelos loiros e olhos azuis, mas como sua madrinha estou mandando você colocar essa moto para dentro. –A garota suspirou vencida, afinal ela não ganharia uma discussão com Emma Frost nem no seu melhor dia.

—Estou entrando tia. –Ela ligou a moto e acelerou na direção da entrada do prédio passando por alguns estudantes que a encaram parecendo admirados, algo que a irritava.

Claire deixou a moto no lugar que sempre usava quando não sabia quanto tempo iria demorar ali, uma parte coberta próxima a porta principal, e entrou na mansão escola em que nasceu.

Gostava de estar ali.

Sua madrinha era a vice diretora, seu melhor amigo agora era instrutor de lutas e sua melhor amiga, aquela que era sua irmã de alma, havia se tornado professora no começo do último ano letivo.

A loira deixou uma risada escapar.

Sabia que poderia estar no mesmo estágio que James e Christine, mas iria viver tanto, ser jovem por tanto tempo depois de tantos que conhecia.

Suspirou um pouco triste com o pensamento e sacudiu a cabeça afastando aquela realidade.

Ainda estava distraída quando virou o corredor que levaria até a sala de Emma e bateu de frente com alguém.

Estranhou por um momento a falta de reclamação da pessoa.

Seu corpo era conhecido por ser quase uma rocha devido aos poderes com que nasceu e poucos conseguiam se quer a carregar no colo atualmente.

A segunda coisa que estranhou foi o peso inesperado que sentiu ao segurar o corpo da outra pessoa antes que ela fosse ao chão. Conhecia todas as pessoas com corpos mais densos que o normal, mas não reconheceu o cheiro dela.

Encarou a pessoa em seus braços ainda surpresa e a primeira coisas que reparou foram nos olhos azuis quase selvagens da garota morena que ainda segurava. Isso e o fato de que aquela garota era realmente bonita.

—Hum... Você já pode me soltar.

Ouvir a garota morena falar aquilo fez Claire reparar que ainda segurava o corpo dela contra o seu.

Não, ela não estava apenas segurando, estava pressionando mesmo.

Ainda sem entender como ou quando passou de impedir a garota de cair para pressionar-se contra ela, Claire afrouxou o aperto permitindo que a morena se afastar um pouco.

—Desculpe por isso, me distraí um pouco. –Claire sorriu para a outra garota. –Claire Carter Rogers, prazer. –Estendeu a mão que a outra garota parecendo segurou um pouco desconfiada.

—Laura Sarah Howlett.

—Howlett como o Logan e o James?

—Sim, até onde sei eles são meu pai e meu meio-irmão. Conhece os dois?

—Com certeza. Seu pai foi e ainda é meu professor de luta e seu meio-irmão é meu melhor amigo homem. –Laura pareceu desconfortável. –Falei algo errado?

A morena pareceu pensar.

—Desculpa, não sou muito sociável. –Laura suspirou cansada, seu pai e irmão pediram para ela tentar ser simpática. –Rogers? Conheço um Rogers que é amigo do meu pai. –A loira sorriu um pouco mais animada do que ela esperava.

—Ah, deve ser o meu pai. Capitão Steve Rogers, mas todo mundo só conhece ele como Capitão América.

Laura deu um sorriso fraco, Claire notou uma mecha de cabelo ficar na frente do rosto da morena e esticou a mão colocando os fios atrás da orelha da outra garota.

—Você é bonita.

—Com... Christine!

Laura recuou dois passos ao dizer o nome da melhor amiga de Claire e a garota finalmente percebeu o cheiro de Christine atrás da parede de onde vinha.

—Oi Chris, a quanto tempo está ai?

—Algum, eu vim do outro lado do corredor. –A garota loira era um pouco mais baixa que Claire e mais alta que Laura, tinha os olhos azuis brilhantes, bem diferente dos olhos verdes da mãe. –Mas acho que não perceberam quando passei atrás de vocês, não é Claire?

A garota riu diante do sorriso de Christine, algo que aprendeu a ler como “eu já sei tudo e muito mais do que você imagina”.

—Vamos para o refeitório? Quero comer alguma coisa. –Claire comentou como se nada tivesse acontecido e depois se virou para Laura. –Nos vemos por ai.

Christine seguiu a amiga em silêncio por metade do caminho para só então começar a rir.

—Você é impossível, sabia? –Mas tudo que Claire fez foi dar de ombros dizendo claramente que não entendia bem o que a mais velha dizia. –Você está gostando de Laura Howlett, a garota nômade que normalmente vive em um apartamento longe daqui e que nunca cruzou seu caminho.

Dessa vez Claire deu um sorriso curto.

—Não diria que estou gostando dela, mas ela é realmente muito bonita.

—É, bonita o suficiente para te fazer agir como a idiota apaixonada que é. –Claire arqueou a sobrancelha. –Por favor, você pode ser afilhada da minha mãe e do Tony, uma pervertida de marca maior que não fica sem sexo por mais de duas semanas sem um excelente motivo, mas você ainda é filha dos seus pais e uma romântica incorrigível, é claro que quando gosta de alguém fica parecendo uma idiota.

Claire parou de andar e encarou a amiga.

—Acha que James ficaria bravo se eu tentar algo com a irmã dele?

—Não sei se ele vai ser o seu maior problema.

—Por que?

—Até onde sei Laura é heterossexual.

—Nenhum relacionamento rápido com mulheres?

—Não, mas acho que você pode tentar pelo menos se aproximar.

—Ela não gosta de mulheres.

—Até onde eu sei sim, mas isso não é certeza, afinal você gosta de homens e mulheres.

—O que isso tem a ver com essa possibilidade?

—Que até onde sei tudo é possível de acontecer.

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Laura voltou para o mesmo lugar do qual havia saído antes de esbarrar com Claire o mais rápido que conseguiu e deu de cara com seu irmão arrumando os livros de anatomia na estante.

—O que houve Laura? Você disse que ia mexer na sua moto para poder ver um novo lugar para ir.

—Eu esbarrei em uma pessoa.

—Algum imbecil?

—Não, em uma garota.

James encarou Laura que não o olhava e notou que as mãos dela tremiam como nas raras vezes em que viu assustada, assim como a respiração levemente irregular da irmã.

—Alguém se machucou?

—Não, eu pensei que ela fosse de pedra quando esbarramos, mas ela me segurou antes de cair.

Aquilo deixou James mais preocupado.

—Em quem você esbarrou Laura?

A garota levou a mão até a orelha onde Claire havia colocado a mecha do seu cabelo sentindo seu coração disparar de uma forma estranha, o que fez um sorriso nervoso se formar em seu rosto por um segundo antes de respirar fundo e responder a James ainda sem olha-lo.

—Claire, o nome dela é Claire Carter.

James suspirou vencido.

Só esperava que aquilo não terminasse em problemas para ele, por que seria uma droga escolher entre a irmã e a melhor amiga.

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Continua...