Katsuya sabia que Mikaru havia ficado envergonhado com a conversa durante o lanche, mas sentia também que ele havia gostado do que ouviu. O sorriso que ele mantinha era pequeno, mas perceptível e o silêncio que se manteve entre eles era confortável.

Após terminarem de comer, Katsuya depositou a louça na pia e chamou-o para se deitarem novamente, cada um tomando seu lugar na cama; Katsuya apoiando contra o travesseiro e Mikaru deitado contra seu peito.

— Ainda quer continuar o jogo? – Mikaru questionou baixinho, ainda pensando na confissão que ouviu instantes atrás. Se achou que Katsuya não podia ser mais doce, estava enganado – Você perdeu sua chance de perguntar, já que ficou me enrolando.

— Quero. Vamos mais uma rodada cada um. É sua vez. – ele não se importava de ter perdido a rodada. Foi por uma boa causa e teve em troca uma reação que gostou de ver.

— Vamos continuar sobre as primeiras vezes? – um resmungo veio como resposta, atraindo o olhar de Mikaru para conferir se o namorado estava acordado – O primeiro beijo então.

— Hm… foi depois daquele almoço bizarro. – Katsuya riu baixinho com a lembrança. Por mais que o encontro tenha sido um fiasco, ele conseguiu coragem para roubar um selinho – Eu pedi o número do seu telefone e aproveitei quando você se distraiu anotando o meu.

— Que surpresa, sua memória não é tão ruim quanto parece. – Mikaru encarou-o satisfeito, se aproximando para dar-lhe um selinho – Seu prêmio por ter acertado.

— Se eu soubesse que tinha brindes teria me esforçado mais!

— Se eu contasse não teria graça. E jogos precisam de prêmios no final, não é?

— Ah… isso quer dizer que eu estou devendo um?

— Sim. Isso me dá direito a uma pergunta extra. – Mikaru virou-se de frente, puxando-lhe uma longa mecha do cabelo – Me conta do seu primeiro beijo.

— Você sabe como foi, já que foi com você.

— E com aquela menina com quem você saiu um tempo? Não teve nada?

— Não, nada. A gente mal pegava na mão e nem saímos por muito tempo. E isso foi depois que você me chutou. Eu já tinha te beijado na época.

— Hmm… verdade. E antes disso? Nem um selinho no fundamental, quando era criança?

— Não que eu me lembre. – Katsuya deu de ombros, envolvendo Mikaru num abraço quando ele voltou a se acomodar contra seu corpo.

— Você sempre foi comportado. Era de se esperar… Isso me faz ser o seu primeiro em quase tudo com relação à vida amorosa, não é?

— Você parece satisfeito com isso. – Katsuya riu baixinho, acariciando-lhe as costas – E o seu primeiro beijo, foi com o Takeo?

— Foi…

— A primeira vez também? Dormindo com outro cara?

— … não. – a resposta veio tão baixa que, se não estivessem deitados próximos, Katsuya não teria certeza do que ouviu. E o tom usado na resposta também deixava claro que Mikaru não queria continuar no assunto.

— Tudo bem, você não precisa falar disso se não quiser.

— Outro dia… não quero estragar a noite.

Katsuya se surpreendeu com a resposta. Mikaru não contou como foi, mas também não negou uma explicação, apenas afirmando que ela viria em outro momento. Ele andava tão acessível ultimamente, conversando sobre tudo, falando de si mesmo, respondendo a toda e qualquer pergunta. No máximo, quando se sentia desconfortável, ele fazia como agora a pouco: dizia que não era o momento ideal, mas não negava uma resposta no futuro.

Apertou mais o abraço, mostrando seu apoio à decisão de Mikaru, pensando no que questionar a seguir. Seria a última rodada e Katsuya queria perguntar algo realmente significativo.