Cama de Gato escrita por calivillas


Capítulo 32
O que está fazendo aqui?!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/761651/chapter/32

Letícia foi embora, deixando um monte de ideias confusas voando sobre a minha cabeça como moscas. Tudo levava a crer que Elias era o culpado, mas ele se defendia com tanta veemência, nem por um minuto titubeou ou admitiu alguma culpa. Assim, eu precisava conversar com ele, tirar algumas dúvidas, iluminar sombras. Então, mandei várias mensagens sem nenhuma resposta. Liguei, caía direto na caixa postal. Mas, não dava para esperar, não sei até quando, não teria paz.

Telefonei para a boate e tive a resposta positiva que Elias estava ali, mas não poderia atender naquele momento, porque estava muito ocupado, então, podia deixar recado, ou melhor, ir até lá e falar, pessoalmente, com ele. Assim, pedi um carro, o trânsito estava ótimo, cheguei lá  bem rapidinho, parecia tão determinada, tanto que ninguém teve coragem de barrar a minha entrada.

É muito estranho visitar um lugar tão luminoso e vivo à noite e, durante o dia, apagado e pacato.

— Cadê Elias? — quis saber, diante dos olhares de surpresa dos poucos empregados ali presente, naquele horário.

— No escritório dele — alguém me respondeu, meio hesitante, fui direto para lá, sem esperar ser anunciada, era só bater na porta, quando chegasse.

Ao me aproximar do meu destino, os sons já conhecidos ficavam mais nítidos e altos, eram flapes e flapes seguidos de suaves gemidos. Eu não acreditei, isso não podia estar acontecendo bem ali, naquele momento, devia ter algo errado.

Assim, devagarinho, girei a maçaneta, que cedeu, entreabri a porta e pude ver: Elias nu e de joelhos, com os braços abertos em cruz, sendo chicoteado por uma mulher, usando só calcinha e sutiã de couro preto. Eles não notaram a minha presença, fiquei parada ali por uns bons segundos, ainda sem acreditar nos meus olhos.

Mas, espera aí! Eu conheço aquela mulher! Como ela pode?!

Fiquei com tanta raiva que não consegui mais me conter, assim, com um movimento brusco, abri toda a porta e dei um passo à frente, eles se voltaram para mim, assustados, enquanto eu mantinha os meus olhos presos neles, dentro de mim, o fogo queimava, pronta para explodir.

— Elisa, o que você está fazendo com o meu namorado?! — gritei, transtornada.

— Sabrina! — Elisa exclamou, em pânico.

— Sabrina! O que está fazendo aqui?! — Elias se levantou em um pulo, surpreso.

— Assistindo a safadeza de vocês! — respondo.

— Não é nada disso que você está pensando — Elisa começa.

— Eu não estou pensando, estou vendo! — Dou mais um passo para frente, aproximando-me deles, Elisa se encolhe, assustada.

— Sabrina, por favor, deixa eu explicar! — Elias se adiantou, tentando me alcançar, mas escapo, não quero que ele me toque.

— Não tem nada para explicar! Mas, eu não estou aqui por isso, ouvir mais mentiras. Preciso falar com você, Elias — disse de modo duro para ele, em seguida, me voltei para Elisa. — E você fora daqui! — Ordenei. Ela ficou indecisa, olhou para Elias, talvez, esperando algum tipo de defesa, que não veio. — E já disse, fora! — Repeti com mais ênfase e, bem depressa, ela recolheu suas roupas e saiu correndo, porta a fora. Apontei para Elias — E você, coloque as roupas, não posso conversar com você assim! — Peguei as roupas no chão e joguei em cima dele.

— Sabrina...

— Vista-se, que temos que conversar — Nessa altura, estava meio anestesiada, todo aquele intenso ódio havia passado, só me restava um certo torpor, um imenso ressentimento, a raiva por ter sido tão burra.

Ele começou a se vestir, apressado.

— Sabrina...

Cruzo os braços diante do peito, ergo o queixo, estico a coluna, ele se retraí.

— Não quero ouvir mais suas mentiras, Elias! Então, só diga a verdade, houve outros vídeos de você com outras mulheres, que vazaram para a internet?

— Talvez, mas não que eu saiba.

— Aquele telefone que você disse que roubaram, foi aqui na boate?

— Eu não disse que foi roubado, ele foi mesmo roubado e sim, foi aqui — respondeu, impaciente.

— O tal empregado que você disse que colocou o nosso vídeo na rede, existe de verdade?

— Sim, existe, mas, também, disse que não foi ele, que o estão incriminando. Não vai dar para saber — ele dá de ombros

— Pode ser só uma desconfiança, mas eu acho que a mesma pessoa postou os dois vídeos.

— Por quê?

— Eu até entenderia o porquê, talvez, por vingança contra você.

— Como saberemos?

— Pode ser loucura, mas se fizéssemos uma armadilha?

— Uma armadilha?

— Sim, só que precisaríamos de mais gente na nossa equipe. Claro, se eles concordarem.

— E quanto a nós, Sabrina?

— Não tem mais nós, Elias. Eu só vou ajudar você, para pegar esse safado que fez isso contra mim e Letícia e sei lá com quem mais, não quero que saía impune.

Quando cheguei no prédio, fui direto para o apartamento de George, expliquei a ele e a Letícia as minhas suspeitas e o meu plano.

— Eu não posso acreditar nessa história — Letícia estava confusa, depois, de tanto tempo acreditando em outra verdade.

— Podemos tentar, porque se não pararmos esse cara, ele poderá fazer o mesmo com outras garotas como nós. Mas, só conseguiremos armar isso com a sua ajuda, George.

— Bem, eu acho que sei como fazer isso. Posso falar com umas pessoas.

— Então, combinado.

 Toda aquela empolgação de bancarmos os detetives, me fizeram esquecer da traição de Elias, por um breve momento. Mas, agora, sozinha na minha cama, relembrava aquela cena bizarra, muitas e muitas vezes, sentindo a dor da humilhação. O cheiro de Elias chegou as minhas narinas dos travesseiros e dos lençóis, que ele usou na noite anterior, não pude conter a minha irritação, me levantei, tirei toda a roupa de cama e joguei dentro da máquina de lavar. Não queria mais nada daquele homem na minha vida, nem mesmo o seu cheiro.

No dia seguinte, de volta a empresa, entrei de queixo erguido e ar impassível, agindo como se estivesse tudo bem. Elisa fugiu de mim o dia inteiro, mas eu não sabia se queria confrontá-la ou não, no entanto, o destino resolveu isso, ao nos depararmos bem na porta do banheiro, quando ela saía e eu esperava a minha vez. Ao me ver ali parada, Elisa tentou fugir, assustada, mas eu segurei seu braço e a levei de volta para o pequeno recinto e tranquei a porta.

— O que vai fazer, Sabrina? Por favor, não me bata — quis saber, cheia de pavor, encurralada junto a parede, com as mãos espalmadas na frente do rosto.

— Eu não vou bater em você, não vou me prejudicar no meu emprego, por causa de uma vadiazinha qualquer como você. Só não entendo, como pode fazer isso comigo, Elisa? Eu achei que era sua amiga.

— Eu sou, quer dizer, eu era. Mas, tudo foi tão inesperado, só liguei para Elias para agradecer os convites do meu aniversário, aí, começamos a conversar.  Sabe como é, Sabrina? Seu namorado é tão gato e gostoso, que não resisti.

— Não acredito! — Estou ao mesmo tempo, indignada e enojada, tanto que poderia enfiar a cabeça dela na privada.

— Juro que não queria, mas ele curte esse lance de sadomasoquismo e eu também. Ele me pediu para fazer isso, tipo como um favor, porque você não curtia isso, mas a gente não transou.

— Ah! Vocês não transaram, então está tudo bem! — rebato, com sarcasmo.

— Eu não sei o que dizer, estou arrependida. Desculpe-me, Sabrina — ela abaixou a cabeça, em penitência.

— Não quero saber das suas desculpas ou arrependimento, você acabou para mim, sua vadia.

O que eu poderia dizer mais, só abri a porta e fui embora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cama de Gato" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.