Cama de Gato escrita por calivillas


Capítulo 26
O que que eu faço?




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De tudo que podia acontecer naquele momento, o pior foi encontrar, assim que cheguei, com George esperando o elevador, no hall do nosso edifício.

— Oi! Chegou cedo — ele falou, sorrindo.

— E você, chegou tarde — digo, em um tom quase acusador.

— Fui beber com uns amigos. Mas, que cara é essa?

— Que cara?

— Sei lá, você parece chateada.

Ah! Ele notou! E agora, devo falar a verdade ou não?

— Eu e Elias brigamos.

— Que chato! Quer conversar sobre isso?

Por que ele tem que ser tão fofo?

— Eu não sei...

— Podemos ir até o meu apartamento, acho que ainda tem o vinho do último jantar.

Não, eu não devo!

— Ok — sacudo a cabeça confirmando.

George abre a porta e entramos no apartamento dele, mergulhado na penumbra, ele acende as luzes.

— Está com fome, deve ter algo na geladeira.

— Não, só o vinho, por favor.

— Sente-se, que eu já volto — disse, sumindo pela porta da cozinha, enquanto, me acomodo no sofá.

De algum lugar, Sabbath surge e se aconchega ao meu lado, como se soubesse que estou chateada e preciso de conforto, eu o acaricio, quando George retorna e me entrega uma taça cheia de vinho branco.

— Aí está você, seu malandro! — Ele acaricia a cabeça do gato.

— Eu não sei o que vou fazer, quando levarem ele embora! — Não me contenho, depois de tantas emoções, e começo a chorar.

George me olha por um tempo, sem saber o que fazer, em seguida, senta-se ao meu lado e passa o braço, carinhosamente, sobre os meus ombros.

— Calma! Sabbath não vai embora agora, ainda vai demorar um pouco mais.

O contato com ele me acalma, percebo o papel de boba que estou fazendo e limpo as lágrimas com a mão.

— Desculpe, não estou bem, depois do que houve hoje, à noite.

— Quer falar a respeito? Foi Elias?

Não, não devo! Isso é muito íntimo!

— Sim, foi. Hoje, ele passou dos limites.

— Já havia dito a você, que Elias não conhece limites.

— Eu sabia e estava levando numa boa, mas, hoje, ele me envolveu em algo sem me consultar.

Senti o corpo de George ficar tenso.

— O quê? — perguntou, com um tom sombrio.

— É um tanto constrangedor...— Era bom que não estive vendo o rosto dele, assim ficou mais fácil falar. — Elias me levou até a casa dos seus pais e transamos na cama deles. Ele havia planejado tudo e não me contou.

Tomo um gole do vinho para aliviar a minha boca seca, percebo que o corpo de George relaxou, o que ele estaria esperando?

— Isso?

— Não é sério o bastante?

— Sim, é bem sério. Os pais dele estavam lá?

— Não, eles estão viajando.

— Menos mal. Eles não precisarão saber o que aconteceu. Ninguém se feriu e, talvez, tenha feito bem ao Elias. Uma espécie de vingança, mesmo às escondidas.

— Foi isso que ele me disse. Puxa! Ele deve odiar o pai.

— Eu não sei se devia contar isso para você... Mas, uma vez, estávamos aqui em casa, bebendo e, lá pelas tantas, já um pouco altos, começamos a contar sobre as nossas vidas, falar da nossas infâncias, coisas de famílias. Então, Elias me revelou que o pai dele costumava bater nele, com chicote, quando fazia algo errado, dizendo que estava fazendo isso por que o amava. — Estremeci, relembrando a noite no apartamento dele. — Mas, por favor, não diga a ele que eu contei isso para você.

— Pode deixar.

O braço dele ainda estava sobre os meus ombros, relaxada, encostei a cabeça no ombro dele, George me espreitou ainda mais, podia sentir o cheiro cítrico da sua colônia e da cerveja, que tomou mais cedo, o calor do seu corpo era reconfortante. Olhei para cima, a procura dos seus olhos e a sua boca desceu sobre a minha em um beijo ardente, torci o meu corpo e minha mão procurou o peito dele, pensando em me afastar, porém, ao invés disso, segurei a sua camisa para mantê-lo perto de mim. Não sei quando tempo durou, mas para mim, foi só um breve instante, podia ficar assim a noite toda, apenas, nos beijando.

Não! Eu acabei de fazer sexo com um outro homem, meu namorado, já que ainda não terminamos!

 Nossas bocas se afastaram, nos fitamos espantados, por termos feito aquilo, mesmo que eu desejasse há algum tempo.

— Preciso ir! — Levantei em um pulo.

— Por favor, Sabrina, me desculpa, eu não devia, foi o calor do momento.

— Nós não devíamos, eu entendo, todas essas emoções. Foi uma bobagem. Obrigada pela conversa e pelo vinho.

Sai correndo pela porta, desci as escadas, entrei no meu apartamento e me encostei atrás da porta.

Não! Não vou entrar nessa de jeito nenhum, pois, logo Letícia estará de volta e George se lembrará como gosta dela.

Abri minha bolsa e peguei meu telefone, mandei uma mensagem.

“Elias, precisamos conversar”.

Mais tarde, Elias apareceu na minha porta, cabisbaixo, com um jeito de culpado, queria ser dura, não ceder, facilmente.

— Entre! — eu o convidei, de maneira seca.

Ele entrou com cuidado, parou diante de mim, nós nos encaramos por alguns segundos, cruzei os braços na frente do peito e ergui o queixo. Em seguida, ele meteu a mão dentro da jaqueta e tirou de lá, o chicote que eu usei na sua casa.

— Você quer me punir? — Ofereceu o chicote a mim.

Eu bufo com raiva, o arranco da mão dele e atiro com força no chão.

— Você é um adulto, agora, e adultos devem conversar. É errado, bater em alguém.

— Mas, eu mereço ser punido.

— Não, não merece. Ninguém merece ser espancando.

Ele me olha aturdido, não resisto e acaricio o rosto dele, imaginando o menino Elias, sendo surrado pelo pai, dizendo que o amava.

— Elias, sei que você gosta de fazer coisas pouco convencionais, mas, e daí, se ninguém se machucar? Eu só quero que da próxima vez que tiver uma ideia dessas me conte, está bem? Assim não me sentirei tão enganada.

— Então, estamos numa boa?

— Sim, acho que sim. Mas, por favor, nada de surras, eu não gosto disso.

— Então, o que posso fazer para compensá-la?

— Você não precisa me compensar, só quero que converse comigo.

— Não, eu preciso, assim vou me sentir melhor.

Ele cai de joelhos e rasteja até a mim, entra debaixo do meu vestido, segura a minha bunda, beija o meu sexo com intensidade.

Enfim, se ele quer me compensar dessa maneira, o que que tem?


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