Cama de Gato escrita por calivillas


Capítulo 10
Que se dane as regras




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Demorei a dormir pensando em Elias, tinha que reconhecer que aqueles beijos quentes me deixaram bem acesa, não sabia por quanto tempo poderia segurar aquela situação com ele, no entanto, não queria me envolver assim tão rapidamente.

Pareceu que eu havia acabado de fechar os olhos, quando o despertador tocou e, a muito custo, caí para fora da cama, tomei um banho na vã tentativa de me animar, corri para a empresa, contudo, cheguei em cima da hora, nem tive tempo de comprar o copo jumbo de café que pretendia, não sabia como conseguiria sobreviver desprovida de cafeína. Foi quando encontrei Elisa, uma das assistentes, no meio do caminho, e que trazia um desejável e cheiroso copo de café, devo ter dado um olhar tão desesperado, que ela me entregou o copo.

— Tome! Acho que você está precisando mais disso do que eu.

Não pude acreditar, tanto que demorei a segurar o meu objeto de desejo e tirar da mão estendida dela.

— Obrigada! — sussurro, com a mais pura gratidão, e quase caiu de joelhos aos pés dela.

— A noite foi boa — ela comentou em tom divertido, enquanto andávamos em direção ao estúdio, e eu sugava o líquido reconfortante, sabendo que em pouco minutos, impregnaria o meu sangue e ativando o meu cérebro entorpecido.

— Está tão na cara assim? — Ela sacode a cabeça, afirmativamente. —Fui à uma festa com meu namorado.

Paramos de conversar, assim que entramos na sala, pois Ícaro estava de muito mau humor, soltando suas farpas sobre todo mundo.

— Hoje, vai ser dureza — Elisa comentou e, imediatamente, pensei em como poderia sobreviver.

Durante o resto do dia, fiquei tão ocupada que nem percebi que Elias não me mandou nenhuma mensagem, nenhum simples sinal de vida.

Ao voltar para casa, mal conseguia ficar em pé, assim, eu me encostei a parede do hall, esperando o elevador, de olhos fechados, literalmente, dormindo em pé.

— O dia foi tão ruim assim? — Ouço a voz de George, dou um pulo e arregalou os olhos. — Desculpe, não queria assustar você

— Oi, George. Hoje, foi realmente uma dureza, Ícaro estava com um tremendo mau humor, mas, na verdade, estou cansada porque fui uma festa com Elias, ontem à noite.

— Pelo visto, Elias não mudou nada, nesses últimos tempos. Não me leve a mal, Elias é um cara legal, mas parou de crescer na adolescência.

O elevador chegou e nós dois entramos.

— Eu perguntei isso a ele, como vocês dois poderiam ser tão amigos, se são tão diferentes.

— No passado, não éramos tão diferentes assim, gostava de coisas parecidas, sabe como é? Mas, eu cresci e mudei.

— Ele disse que ainda gostam das mesmas coisas.

— Nem todas, só algumas. Inclusive, conversei sobre isso com Letícia, ontem à noite.

— Você sempre fala com ela?

— Sim, quase todos dias.

— E falam sobre Elias?

— Sim, de vez em quando, por que não?

— Porque é estranho, sendo ele um ex dela. Acho que eu não me sentirei muito confortável, falando sobre isso.

— Somos pessoas civilizadas, podemos conversar sobre qualquer assunto. Você não aceitaria jantar hoje, lá em casa, aceitaria, Sabrina?

— Desculpe, George, mas estou muito cansada, só pretendo tomar um banho e cair na cama — digo, de fato, penalizada, pois gosto muito da companhia dele.

Quando entro em casa, vou direto para o banheiro, tomo um bom banho, dispenso o jantar, mas, olhando em volta e não encontro Sabbath, fico um tanto decepcionada, estou me acostumado com a presença daquele gato, apesar de saber que não posso fazer isso, pois, ele irá embora, quando a sua dona regressar. Perderei Sabbath e a companhia de George, isso me deixa bem triste, não quero pensar nisso, agora. Assim, eu me preparo para dormir, mas, antes dou uma última olhada no meu telefone, não há nenhuma mensagem de Elias. Então, mandei uma mensagem para ele e caí no sono.

Sexta-feira, teremos o fim de semana livre, não haverá trabalho extra, o pessoal saiu para comemorar, estamos todo animados, até o humor de Ícaro melhorou. Tomei umas duas doses antes de voltar para casa, checo meu telefone e nada de Elias, por isso, combinei sair mais tarde, com minhas colegas, não vou ficar trancada no meu apartamento, esperando.

Voltei para casa, a fim de me produzir, quero me divertir essa noite, esquecer de Elias, pois, acho que não temos futuro. No entanto, para a minha completa surpresa, eu o encontro, parado, bem na frente do meu edifício, encostado no carro, com a cara mais inocente, ele sorri.

— E aí? — Ele diz, dá um passo na minha direção, segura o meu quadril e me beija, como se tudo estivesse bem. Perplexa, eu o afasto para encará-lo.

— O que está fazendo aqui?

— Eu vim ver a minha garota — Dá de ombros indiferente. Reviro os olhos e solto o ar com força.

— Você não respondeu as minhas mensagens e aparece aqui, sem me avisar!

— É. Resolvi e vim direto, mas nem você nem George estavam em casa. Podemos subir? Já estou aqui, há um tempão.

Tenho vontade de dizer que não, mas concordo com a cabeça. Ele passa o braço na minha cintura e caminhamos para a portaria. Estamos sozinhos, no elevador, ele me estreita ainda mais, beija o meu pescoço.

— O que vamos fazer, hoje? — ele murmura junto a minha pele.

— Vou sair com umas amigas. Você pode ir junto, se quiser.

— Pensei em ficar vocês, só nós dois.

— Eu já fiz planos, porque você não me deu notícias, e não estava a fim de ficar em casa, sozinha — digo, tentar manter minha postura firme, no entanto, Elias parece não ligar, ele continua com o braço a minha volta e a sua boca no meu pescoço.

— Mas, eu queria tanto ficar com você — ele sussurra no meu ouvido, enquanto abro minha porta e entramos.  — Senti saudades suas.

— Pois não parece – rebati, jogando a bolsa sobre a mesa.

— Você pode não acreditar, mas é verdade, só que sou assim mesmo, um tanto desligado para essas coisas.

— Que coisas?

— Mensagens, sabe como é, não gosto muito disso. Mas, venha cá — Ele me puxa contra o seu corpo. — Acredite em mim, quando digo que senti muito a sua falta.

Não sei o que pensar, ele tem aquele olhar quente e não resisto, quando me beija, retribuo, com a mesma intensidade. Que se dane as regras de não me envolver!

— Acho melhor avisar as minhas amigas que não vou — falo, assim que nossas bocas se separam.

— Depois. Bem, depois — diz com a voz rouca, na minha orelha, fico toda arrepiada.


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