Helium escrita por Lady Mataresio


Capítulo 3
3 — Brigadeiro


Notas iniciais do capítulo

OI GENTE LINDA! sz

Tudo bem?

Eu quero agradecer pelo feedback de vocês até aqui, fico muito feliz que pelo menos algumas pessoas nessa plataforma gostem do Bruce tanto quanto eu. No capítulo anterior, nós vimos um casal criando um laço ainda maior quando saíram juntos pela primeira vez — e agora, veremos esse laço se fortificar ainda mais na primeira vez em que cozinharam juntos!
A história da família do Bruce Banner, aqui na fic, foi criada por mim. A mãe dele é brasileira pq eu quero e pq sim, vem hexa

Espero que desfrutem da leitura tanto quanto eu venho me apaixonando por esse casal apaixonante.

NOVIDADE: O spinoff terá seis capítulos, porém não vou colocar hentai. Vai servir para dar um final introdutivo à Run This Town, fanfiction de onde essa saiu.

Nos vemos lá embaixo!



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Dezembro de 1990.

Encarar aquela pintura era, de alguma forma, instigante para Moira Laviscount.

Não era como se fosse exibida com suas pinturas, porém não podia negar a tamanha beleza que suas mãos pintaram naquela madrugada; Loki, o filho rejeitado de Odin, com seus intensos e profundos olhos fixados diretamente nela. Traços quase perfeitos que se assemelhavam com uma figura familiar, mas que a ruiva não sabia reconhecer e muito menos tentava compreender. Tudo o que provinha de suas mãos no meio artístico nunca era planejado, apenas sentido — não importava a hora, os picos de inspiração de Moira pareciam ser impulsos mais fortes do que qualquer tentativa de dizer não as tintas no chão do quarto.

Parecia magia.

Os cabelos ruivos da jovem estavam amarrados em um rabo de cavalo e seu pincel se equilibrava no canto de seu ouvido, sujo com tinta verde de maneira similar as manchas nas suas bochechas — mas o sorriso em seu rosto, ao contemplar tamanha beleza na própria obra de arte, valia mais do que qualquer perfeccionismo com a aparência. Um espaço vazio dentro da capa musgo do deus da trapaça já era mentalizado por Moira, que separava alguns potes de tinta amarelos e dourados. Lady Frigga, mãe adotiva de Loki, representando a única coisa que despertava o lado humano do deus da mentira: o amor de uma mãe, pensava a artista.

O vestido dourado da rainha de Asgard logo começava a surgir na parede, sendo criado a partir de movimentos calmos vindos da pintora. A Laviscount não sabia exatamente de onde vinham seus picos de inspiração e muito menos como conseguia pintar rostos tão humanos, mas executar tais artes era uma parte dela que precisava. Charlotte Niágara, a portuguesa loira de 21 anos que dividia quarto com Moira, achava a estudante louca; mas quem ligava?

Se ela contasse as estranhas sensações de ter alguém guiando suas mãos, Charlie já teria pedido para que a internassem em um manicômio.

Sabia que, de fato, deveria ser apenas um devaneio de sua cabeça..., mas não podia refutar a pressão que sentia nas próprias mãos enquanto mexia o pincel, como se alguém as conduzisse para os locais certos e auxiliasse na criação de traços tão exuberantes. Sem contar o arrepio que às vezes percorria seu pescoço, um deles atravessando sua espinha ao terminar de pintar os lábios rosados de Frigga.

Prestes a concluir os últimos detalhes da mais nova pintura, Moira escutou batidas em sua porta e subitamente sorriu.

Bruce.

Fora do quarto, o estudante de ciências estava ansioso de uma maneira boa. Vestido com um de seus melhores trajes — uma calça jeans preta, sapatos marrons e uma camisa vinho que ainda cheirava a nova —, os olhos de Bruce Banner estavam mais brilhantes do que em todas as outras vésperas de Natal. Segurando um buquê de tulipas vermelhas atrás das costas, o coração do jovem sorriu ao escutar o som da porta se abrindo, revelando a tão adorável Moira.

— Oi, entra! — Cumprimentou animada.

— Oi! — Sorrindo de orelha a orelha, Bruce adentrou o local e logo ganhou um beijo em sua bochecha, seguido de um abraço rápido. Os fios ruivos nas laterais do rosto dela davam um toque ainda mais belo para o rabo de cavalo. — Tem... Tinta no seu rosto.

O dormitório dela estava um pouco bagunçado, ainda mais pelas tinturas douradas espalhadas pelo chão. Bruce fitou as novas pinturas na parede e pensou no quão talentosa a mulher à sua frente era.

— Ah meu Deus! — A garota riu sem-graça. — Vou me limpar e pegar um casaco.

— Espere! Eu... — O homem se desajeitou, quase esquecendo do presente em suas mãos. — Comprei esse buquê pra você. Não sabia quais eram suas flores favoritas, então comprei as mesmas que minha mãe ganhava do meu pai.

A Laviscount fitou o buquê de tulipas vermelhas com encanto. Por mais que preferisse lírios, a cor vibrante das pétalas escarlate fazia a moça se alegrar.

— São lindas! — Ela pegou as flores sem cessar seu sorriso. — Muito obrigada, Bruce. Vou deixa-las em um vaso e daqui uns cinco minutinhos já partimos, ok?

— Claro! — Concordou ele.

A ruiva deixou as tulipas em um vaso ao lado de sua cama e caminhou até o banheiro, — não sem antes lançar um belo sorriso para o moreno — para arrumar os últimos detalhes antes que partissem, deixando Bruce à espera. Depois de diversas ideias, o casal havia optado por passar aquela data no antigo apartamento do estudante em Rhode Island, onde teriam uma bela visão dos fogos de artifício e paz. Voltando a fitar as pinturas da jovem, o futuro cientista prendeu seus olhos nos de Loki, filho de Odin; por um segundo, ele pôde sentir toda a ira que o deus da mentira carregava em sua alma. Lady Frigga, no entanto, mantinha um sorriso orgulhoso nos lábios. Bruce não entendia muito de mitologia nórdica, mas sabia que a rainha de Asgard era uma das únicas que demonstravam amor pelo tão conturbado espírito do trapaceiro.

Como Moira conseguia pintar traços tão realistas sem nunca ter visto aquelas divindades?

— Pronto, podemos ir. — A moça chamou a atenção do rapaz.

Usando um delicado vestido verde claro e uma jaqueta marrom, além das sapatilhas pretas, Moira Laviscount mantinha o cabelo preso com fios pendurados nas laterais do rosto — mas, dessa vez, sem manchas de coloração verde nas bochechas.

— Você está linda. — Disse finalmente, estendendo o braço para ela.

— Você também! — Respondeu Moira com o tom carregado de animação, pegando sua bolsa e logo entrelaçando seu braço ao de Banner.

X

Longe do campus da Harvard, Bruce Banner estacionou seu carro em frente ao pequeno edifício em um dos bairros de Rhode Island. Mesmo que soubesse da total aprovação de Moira Laviscount ao visitar o apartamento dele pela primeira vez, o jovem carregava grande nervosismo ao saber que estavam dando passos cada vez mais íntimos. Depois de sugerir que eles passassem a noite de Natal no apartamento dele em RI, para que pudesse cozinhar algo significativo para ela, a empolgação da ruiva pareceu aumentar ainda mais.

Após subirem as escadarias, Bruce destrancou a porta e sorriu:

— Chegamos.

Moira, por sua vez, permanecia encantada com todo aquele momento — e ainda mais com a bela simplicidade do apartamento de Bruce Banner. Sabia que ele não costumava frequentar o local, já que vivia no campus universitário, porém era tudo tão arrumado que chegou a despertar certa curiosidade.

— Como você consegue ser tão organizado? — A mulher perguntou enquanto entrava atrás dele. — Estou no meu dormitório todos os dias e sequer consigo deixar alguns potes de tinta alinhados.

— As vezes eu não acredito que você é da área científica! — O homem brincou, deixando sua carteira e chaves no balcão.

— Eu amo o que faço, ‘tá? — Devolveu ela. — Apenas tenho uma certa paixão por arte e não sou muito organizada. Mas dizem que as pessoas mais preguiçosas tendem a ser as mais inteligentes!

— Sei. — Legal, Bruce, ‘tá ficando irônico agora, o Banner pensou.

As horas daquela tarde correram de forma veloz enquanto os dois arrumavam os preparativos para a noite de Natal. Após muita insistência da ruiva, Bruce encontrou uma árvore antiga em meio as suas caixas velhas e ajudou-a a montar, além de consentir que ela espalhasse algumas luzes pelas janelas do apartamento. Com a noite decorando o céu, Moira estava sentada no sofá bege quando escutou barulhos na cozinha.

— Bruce? — Questionou ela, se levantando para encarar a bagunça que o desajeitado fazia no armário.

— ‘Tá tudo bem, eu só não consigo encontrar o chocolate. — C0mentou o Banner, revirando algumas gavetas em busca de um vidro que continha chocolate em pó. — Eu jurava ter guardado um pouco e... Achei!

Organizando vários ingredientes acima do balcão da pequena cozinha, o cientista mantinha um olhar focado na receita que queria preparar; Moira, porém, abriu um travesso e grande sorriso.

— Como foi que você disse? Ah é! “As vezes eu não acredito que você é da área científica” — A ruiva imitou a voz de Bruce e fez uma careta engraçada, roubando algumas boas risadas do mesmo. — Tem ingrediente aí que eu nem conheço. O que pretende fazer?

— Brigadeiro! — Banner falou empolgado, já esperando que a mulher à sua frente fosse fazer uma cara confusa. — Minha mãe morava no Brasil antes de conhecer meu pai, então acabei aprendendo algumas receitas de lá.

A ruiva não abriu mão de uma risada contagiante, imaginando quais outras qualidades o homem ainda escondia. Depois de vê-lo cozinhar vários pratos que iriam compor a simples ceia do casal — macarrão com queijo, frango assado e um manjar dos deuses para a sobremesa —, ela decidiu que iria ajudar a fazer o tal brigadeiro independente das insistências de Bruce, que alegava que ela era uma visita e, portanto, não deveria se preocupar.

— Certo, me ensine a fazer isso. — A jovem caminhou até ele, ficando lado a lado com o sujeito. — Gosto de aprender coisas novas.

— Mas Moira... — Ele tentou refutar.

Levando o indicador até os lábios do Banner, a mulher fez sinal para que ele se calasse e deu uma piscadela com o olho direito. Sentindo suas bochechas corarem, o jovem sorriu e empurrou uma vasilha e o chocolate em pó para ela.

— Bom, se você quer assim...

Instruindo-a com paciência, o futuro cientista ensinava a garota a preparar o simples — porém não menos especial — doce que costumava comer na infância, ainda ao lado da mãe. Vendo que ainda faltava uma hora e meia para a tão esperada meia-noite, o homem decidiu fazer uma das especiarias brasileiras que a mãe tanto gostava, na esperança de que a apaixonante Moira também aprovasse. Enquanto mexia o conteúdo preparado por eles na panela, a travessa jovem colocou os polegares no chocolate e pincelou as bochechas de Bruce com o pó, rindo alto ao ver a repentina reação de surpresa vinda do rapaz.

Deixando a receita de lado por um instante, ele lambuzou o indicador no leite condensado e foi na direção da ruiva, que corria pelo apartamento na tentativa de fugir do amigo. Quando finalmente a alcançou, Banner abraçou-a pela cintura e pintou o nariz dela com o doce, as risadas dos dois ecoando por todo o lugar.

A felicidade no rosto da Laviscount era mais do que visível, o que fazia o estudante ser mais do que grato ao dividir aquele importante momento com ela. Ali, abraçados e se encarando enquanto compartilhavam risos, a ficha de Bruce foi pelos ares e ele finalmente se deu conta: mesmo diante de tantos cálculos que sabia de cor, Moira tinha chegado em sua vida para lhe ensinar a fórmula do amor.

Banner queria beijá-la, e estava prestes a fazer isso quando sentiu o cheiro do brigadeiro quase queimando na panela.

— Meu Deus! — O homem se separou dela e correu até o fogão, fazendo a barriga de Moira doer com tantas gargalhadas. Ainda salvando o conteúdo da panela, ele suspirou aliviado. — Salvo por um triz.

Depois de todos os momentos que compartilharam na cozinha, o casal sentou-se no tapete peludo da sala bem em frente da janela; com colheres nas mãos e a panela apoiada em uma almofada, os dois desfrutavam do doce feito com chocolate e conversavam sobre a universidade, os planos e todos os desejos que carregavam em seus corações para o ano que em breve viria.

— ...e eu também quero comer muito, mais muito brigadeiro mesmo em 1991. — A garota confessou enquanto dava mais uma colherada. — Isso é muito bom!

— Eu também sou fascinado por brigadeiro. — Bruce respondeu. — Mas meu 1991 só vai ser bom se você estiver nele.

Ambos estavam levemente corados, mas ele não conseguia desviar seu olhar dos verdes olhos dela; não mais. Moira o instigava, o fazia ter vontade de viver sem limitações, o cativava de forma inimaginável — e, por mais que tentasse não admitir para si mesma, o sentimento era mútuo. Banner segurou firme uma das mãos dela, ali depositando um beijo lento e suave, sem tirar suas íris castanho-claro do olhar hipnotizante dela.

Com cuidado, o futuro cientista começou a se aproximar do rosto enrubescido da jovem à sua frente. Já não podia negar o que sentia, e muito menos resistir aos tamanhos encantos daquela que havia roubado seu coração e seus pensamentos. Ela, com o coração quase saltando pela boca, sentia borboletas voando por todo o seu estômago ao vê-lo chegar cada vez mais perto de sua face.

Ela, pensava no futuro; ele, pensava no agora.

Encostando suas testas, Bruce repousou a mão esquerda na nuca de Moira e lhe roubou um arrepio; seu polegar acariciou a bochecha dela, e o jovem rapaz viu a moça fechar os olhos.

Quando os fogos começaram a estourar no céu, indicando que o relógio já batia a meia-noite e que o Natal finalmente havia chegado, ele sorriu.

— Feliz Natal, Moira.


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Notas finais do capítulo

E foi isso! Esses dois não são uns lindos juntos?
No próximo capítulo, teremos a tão esperada primeira vez em que eles se beijaram! Vai ser um momento bem especial, eu garanto. Até pq, é Natal! sz
Comentários?

Beijos!