Eu já sabia que estava chovendo, mas fui para a saída do trabalho. A chuva estava muito forte e ventava bastante. Resolvi esperar mais cinco minutos e fiquei ali.

— Está esperando um uber? — Ouvi Nathaniel ao meu lado, de repente.

— Não, esperando a chuva passar. Ainda preciso ir ao mercado.

— Ah é? Eu também. Quer ir comigo?

— Sério?

— Sim. Meu carro está no estacionamento. Vamos lá. — Foi para fora e eu o segui.

Ficamos no espaço coberto, até chegar no portão do estacionamento do trabalho. Nathaniel foi até seu carro preto e liberou o alarme, fazendo o automóvel destrancar. Entramos ao mesmo tempo nos bancos da frente, e ele ligou o motor.

— Qual mercado você costuma ir? — perguntou, dando ré.

— Aquele no final da rua.

— Ah, ok, eu também vou nele.

Saímos para a rua. Dei uma olhada na forma que ele segurava o volante e trocava de marcha. Posso dizer que tinha charme até nisso.

— Então, como foi seu dia? — questionou, descontraído, de olho no trajeto.

— Cansativo, mas produtivo. E o seu?

— A mesma coisa. — Sorriu.

Poucos segundos depois chegamos ao mercado. Pelo menos tinha estacionamento coberto. Pegamos dois carrinhos e entramos.

— Então... — Nathaniel tirou um papel dobrado do bolso e o desdobrou, o olhando. — Você também tem uma lista?

— Hm, não. Eu nunca lembro de fazer.

— E lembra o que precisa pegar?

— Da maioria das coisas, sim.

— Bom... precisa de macarrão? — Afirmei e seguimos para o corredor de massas.

Continuamos com a compra, pegando suprimentos e conversando sobre a qualidade de cada um conforme os pegávamos. Isso que eu considerava uma conversa de adultos.

No final, ele pegou bem mais coisas do que eu. Fomos para caixas um do lado do outro, e enquanto as coisas eram registradas, ficávamos trocando algumas palavras e olhares. Paguei primeiro que ele, e esperei com o carrinho na frente de seu caixa. Assim que ele terminou, ajudei a colocar as compras em seu carrinho.

— Obrigado pela ajuda — agradeceu, colocando o troco em sua carteira. Me olhou. — Você... está com pressa? — Neguei. — Quer tomar um café antes de ir?

— Tudo bem. — Senti meu estômago se retrair.

Saímos da área do supermercado e fomos para a praça de alimentação, que pelo horário, estava bem vazia. Pegamos uma mesa redonda e deixamos os carrinhos ali, e fomos comprar algo na cafeteria ali em frente.

Pedi um cappuccino e ele um expresso. Voltamos à mesa.

— Mora sozinha, né? — Ele começou. — Acho que chegou a comentar, uma vez.

— Sim, moro.

— E você costuma fazer compras por semana? Já que você comprou pouca coisa.

— Sim, é mais fácil para mim. Já que eu não tenho carro, ficar levando compra de mês é meio impossível. — Dei risada.

— Isso é. Eu não tenho muita paciência para ficar fazendo compras, então conforme uso as coisas em casa, vou anotando na lista e compro tudo no final do mês.

— É uma boa tática. Acho que vou começar a anotar também. — Dei um gole da minha bebida.

Ficamos mais um tempinho por lá, conversando, e Nathaniel quis me levar para casa. O guiei pelo caminho, não que fosse muito longe, e chegamos no meu prédio.

— Obrigada pela saída — brinquei.

— Por nada, espero que possamos sair de novo qualquer dia desses.

Minhas bochechas esquentaram. — Claro, seria legal.

Ajeitei as sacolas nas mãos e o olhei. — Até mais. — Me aproximei. Trocamos um beijo no rosto e meu coração acelerou com o contato.

— Até. — Ele disse baixo, ainda perto.

Me distanciei e abri a porta, tentando esconder meu rosto corado. Saí e andei para a portaria, e só naquele momento reparei que não estava mais chovendo.