- Alice ?

- Presente. -os alunos de sempre respondiam, e mais uma vez, eu ficava olhando para a porta, para ver se Juliana entrava. já se passavam dias, quase 3 semanas, que ela não vinha á escola, não entrava na internet, e não atendia as minhas ligações. Eu estava realmente preocupado.

- Julia?

- Aqui.

- Juliana? - e ninguém respondia.

- Calma professora, deixa em branco, ela vai chegar até o final da aula, não dê falta a ela. - eu tentava fazer eu mesmo acreditar que ela não estava nem pensando em sair da escola, tentava me fazer acreditar que ela estava só com uma gripe.

- Pedro, eu acho que ela não vem mais a escola. - dizia Dani, com piedade no olhar, e um pouco de dor em seu rosto. Bom, se sua melhor amiga dizia isso, estava na hora de alguém acreditar que ela voltaria e nada de grave aconteceria, e ninguém precisava mais disso do que eu. 

- Boa tarde Sra. York. A Juliana está? - eu perguntava esperançoso, enquanto a mãe de Juliana me olhava com uma cara de interrogação.

- Pedro ! Como vai? Não, ela... bom, não está aqui há 2 semanas e não voltará por um bom tempo. - ela me dizia como quem lembrasse de uma morte que havia acontecido há 20 anos. Eu me assustei, de verdade. Como uma mãe falava de sua filha que havia ido embora como se dissesse "olhe, está chovendo"?

- E aonde ela está? Quando ela volta? - eu perguntava impaciente. Podia sentir algo se quebrando dentro de mim.

- Sinto muito, Pedro. Ela foi passar alguns meses na casa da minha irmã, no Brasil. Ela precisava de recuperação para sua doença, e não voltará enquanto tudo ficar bem com ela. -ela me contava com inesperada simplicidade. Doença? Como assim?

- Que doença? Ela está bem? Quanto tempo dura esse tratamento?

- Entre Pedro. Não dá pra continuar aqui fora. - ela dizia, como se tivesse uma platéia a observando. Não havia uma alma naquela rua.