Heart in Flames escrita por Vingadora


Capítulo 2
Only three months...


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo começa exatamente onde parou o último capítulo de Our Imortality (desconsiderando o epílogo que pertenceu ao Tony).
É quase como se houvesse um encaixe perfeito, mas com um diferencial essencial: Agora Ellie está na Terra. O que será que isso vai significar?

Ser Ellie em Asgard parecia ser fácil, mas e na Terra? Será que ela esqueceu que haviam pessoas esperando pela antiga Ellizabeth?

Bom... é o que veremos nesta temporada.



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Os raios multicoloridos da ponte Bifröst eram quentes e, portanto, eu não esperava me deparar com um local brutamente gelado após pousar com perfeição em terra firme... ou melhor dizendo: neve nem tão firme assim.

Meus saltos afundaram imediatamente na neve fofinha e o frio não demorou a querer tomar conta de meu corpo. Obviamente agi rápido ao projetar uma camada de calor entorno de minha pele, pois agora eu facilmente era capaz de emanar poder de minha alma fênix, graças ao controle completo que recebi depois de minha batalha final com a alma negra de Ignis Surtson, quando eu ainda estava no lago da lembrança, dias atrás.

 A primeira ideia que passou pela minha cabeça era que seria uma baita ironia de Haimdall deixar-me aqui, num local repleto de neve, bem como ocorreu 24 anos atrás, quando uma curta versão minha pousou na terra e, horas depois faleceu por conta da hipotermia.  Claro que, agora, nesta situação, morte nem mesmo passaria perto de mim, mas... vamos lá! Até que foi bem engraçado.

Eu comecei a projetar a ideia de que Haimdall fez aquilo, para fazer-me entender que não havia ninguém na Terra precisando de mim, porém meu pensamento morreu no momento em que uma voz ofegante, falha e rude soou logo atrás de mim.

ㄧMerda.

Virei-me totalmente em direção ao dono daquela fala ofega, até me deparar com ninguém mais, ninguém menos que o homem que jamais imaginaria encontrar em condições tão precárias.

Eu poderia ser inocente e dizer que nos primeiros trinta milésimos de segundos realmente foi impossível de identificar que espécie de ser vestindo um ponche e arrastando uma armadura de ferro pela neve gelada era. Contudo, sejamos francos. Quem mais seria, se não Tony Stark?

ㄧMeu Deus, Tony! Que merda aconteceu com você?

Era fácil me desligar do fato de que eu estava desaparecida deste mundo já há 3 meses e, portanto, aproximei-me às pressas, já imaginando o tipo de frio que o homem estaria sentindo, visto que não possuía nada além daquele poncho ridículo para protege-lo.

ㄧAfaste-se! ㄧ ele logo gritou e ergueu as duas mãos, como quem gostaria de afastar uma assombração. ㄧ Eu não estou pronto para morrer agora, ouviu só?

A única reação que eu poderia ter naquele momento foi dividida em três etapas: a primeira foi desafundar meus saltos da neve e dar uns passos para aproximar-me dele na tentativa de usar meu calor para aquecê-lo. Como ele deu um passo para trás, automaticamente paralisei e o olhei perplexa, por finalmente perceber que ele não estava mesmo acreditando que era eu, apesar das queimaduras profundas na neve, indicando que aquele transporte de Asgard à Terra era realmente real. E, por fim, como única opção, precisei colocar as mãos na cintura e soltar uma longa e exausta risada.

Não parei. Não consegui parar. Ri incansavelmente, até sentir gotículas de lágrimas se formarem em meus olhos e escaparem, evaporando logo em sequência por conta do alto calor que minha pele se encontrava. E aí, como um raio forte de mudanças, comecei a chorar. E chorei mesmo, de verdade! Precisei colocar as mãos em minha face para tentar controlar os soluços absurdos que começaram logo em sequência.

Eu chorava.

Chorava de tristeza, porque eu havia mesmo deixado pessoas importantes para trás. De alívio, porque não morri durante a travessia ou talvez porque eu realmente estivesse na Terra. De alegria, porque, diante de todas as possibilidades, eu realmente fui enviada à um lugar que precisava de mim, o que significava que eu tinha realmente um trabalho, um papel a desempenhar na Terra, assim como eu esperava ansiosamente. Eu tinha utilidade, afinal. E, de frustração, pois aquele pensamento era inteiramente egoísta. Olhe só como Tony está mal! Ele realmente está mal, ferido, alguém o machucou de verdade! E, por fim, a ira tomou conta de mim, como um instinto paternal e as lágrimas cessaram instantaneamente.

ㄧQuem fez isso à você? ㄧnão queria perder tempo. Eu sabia do meu poder, da minha força e de tudo o que eu era capaz agora, apesar de Ignis sequer usar nem 1% de toda a força de uma fênix, já que nunca foi necessário. Contudo, aquela era um momento perfeito para pôr em prática tudo o que eu tinha para vingar o rosto ferido de Tony e sabe-se lá mais o quê.

ㄧÉ você mesmo? ㄧfoi o que ele respondeu de volta, deixando suas mãos caírem enquanto me olhava meticulosamente a distância. ㄧAh, que merda. É você, não é? Ou você é a outra... a tal da Igina.

ㄧIgnis. ㄧ corrigi e voltei a indagar ㄧQuem fez isso, Tony? Quem machucou você tanto assim? E... onde estão os outros? Clint, Natasha, Bruce, Steve...

ㄧLonga história, garota. Você ficou muito tempo fora, que chegamos a imaginar o pior. Fizemos um velório para você há algumas semanas. Todos acham que está morta e que foi consumida pelo fogo que saia de você.

Revirei os olhos e relaxei um pouco meu corpo, pois já estava mais tranquila só pelo falo de Tony me tratar com mais naturalidade do que antes.

ㄧCerto, certo... ㄧfunguei enquanto me aproximava dele, já ciente de que ele não correria ou cometeria qualquer outra atrocidade. ㄧVamos para um lugar seguro, longe desse frio, e podemos conversar melhor, o que acha?

Quando estava prestes a puxar a corda que ele usava para arrastar o traje, pois era óbvio que eu tinha mais forças e seria muito mais fácil para mim carrega-la, ele me empurrou com uma das mãos e se afastou uns passos.

ㄧO que você pensa que está fazendo?

ㄧTe ajudando, é claro. ㄧrespondi o óbvio ㄧAgora me passa pra cá essas faixas, porque eu vou carregar pra você.

ㄧNão mesmo, pode tirando suas mãos de perto de mim, Ellizabeth. ㄧaquela era uma das raras vezes que Tony me chamava pelo nome completo e agia de forma séria e rude comigo ㄧIsso é coisa minha, é fardo meu. Então, eu carrego.

Foi ali que percebi que algo realmente havia acontecido com Stark, pois seu timbre era até um pouco assustador e rude demais para meu gosto. Além, claro, do fato dele ter começado a andar, sem nem esperar por uma resposta minha ou mais uma investida, como quem finalizava uma discussão de forma cortante e ab-rupta.

ㄧÉ... nós precisamos mesmo conversar. ㄧ soltei enquanto forçava meus pés a não afundarem novamente na neve enquanto o seguia caminho a frente sabe-se lá para onde.

✤✤✤

O som das correntes derretendo pareceu assustar Tony um pouco, ou, pelo menos, era o que seus olhos arregalados expressavam enquanto minhas mãos pressionadas contra as firmes correntes que nos separavam de um local “seguro” eram queimadas pelo calor emanado de meus dedos.

Ele queria ter feito o trabalho, usando um pé de cabra que considerou ser o suficiente para derrubar a porta pela dobradiça, porém, quando empurrei-o para o lado e simplesmente tomei as correntes em mãos, ele nada falou para contestar.

O fato é que eu simplesmente poderia puxá-la, fazendo um imenso arrombo na porta, pois eu tinha forças para isso. Contudo, precisei pensar melhor e, como aquele seria um local seguro, uma corrente derretida chamava menos atenção do que um buraco na porta. Definitivamente, se eu tivesse essas vantagens quando ainda era uma renegada da S.H.I.E.L.D., daria muito trabalho para todo mundo... ou simplesmente teria morrido como um rato de laboratório sei lá quantas vezes.

Ele arrastou seu traje para dentro, enquanto eu fechava a porta atrás de nós novamente com segurança e sem deixar muitos vestígios.

Era uma espécie de um celeiro nos fundos de uma casa que tinha aspecto abandonado, que tornou-se um quarto de bagunças para a família que deveria morar ali alguns anos atrás e parecia perfeita para ser nosso QG.

ㄧE então, o que faremos agora? ㄧindaguei, enquanto olhava a minha volta, avaliando melhor o local.

ㄧEu não sei você, mas... arghh ㄧfez uma força maior para erguer a armadura o suficiente até que ela estivesse acomodada num sofá ali perto e, em seguida, sentou-se ao lado dela, cobrindo-os com o poncho que antes estava em volta de seus ombros ㄧ, mas eu estou indo dormir, pois passei por coisas além do permitido.

ㄧE o que eu faço enquanto você tem seu sono de beleza? ㄧindaguei, sentando-me numa mesa de madeira velha próxima à Tony.

ㄧ Sei lá... fica de vigia, conta carneirinhos, canta uma música na sua mente. Ou qualquer coisa que não faça movimentos bruscos para não me acordar. Talvez seja melhor remover toda essa imensa quantidade de joias que está carregando... Já te falaram que você está usando uma tiara de princesa?ㄧele rebateu enquanto acomodava sua cabeça no ombro da armadura ㄧBom, enfim. Boa noite, Ellizabeth.

E ficou em silêncio.

ㄧSeria legal da sua parte parar de agir como se eu tivesse ficado fora mais do que três meses. ㄧresolvi quebrar o silêncio que ele criara ali para conversar sobre coisas que realmente importavam. Aproveitei para remover o colar, o par de brincos e a tiara que nem pesara em minha cabeça esse tempo todo, fazendo até com que eu me esquecesse dos adereços surtinianos que eu carregava comigo.

ㄧTrês meses? ㄧele rebateu, agora abrindo seus olhos e olhando-me como se não acreditasse no que estava ouvindo ㄧAcha mesmo que ficou longe só por três meses, Ellizabeth? HÁ! Essa é engraçada agora. ㄧ seu tom de voz era seco e muito severo. Tirou o poncho de perto de seu corpo, jogando-o inteiramente para o colo do traje e olhou-me diretamente e de forma fria e calculista ㄧ Você ficou fora por mais de um maldito ano. Na verdade, ficou fora por quase dois anos! Dois anos, Ellizabeth, que não temos uma única notícia sua. Dois anos que fiquei enfurnado no laboratório, vigiando todo micro ponto da Terra, esperando uma mudança climática que indicasse seu retorno. Fury vasculhou todos os possíveis locais de sua volta, colocando câmeras em todas as áreas possíveis! Bruce criou novos aparelhos para medir as voltagens exatas de uma carga da tal ponte Bifröst. Ficamos malditos meses aguardando sua volta, Ellizabeth. Ficamos um ano inteiro esperando e, claro, meses até além disso! Deixei de viver minha vida na expectativa de que minha maldita melhor amiga voltasse sã e salva para a Terra. E você vem me dizer agora que eram só 3 meses?

Aquilo tudo não fazia sentido para mim, pois realmente havia se passado apenas três meses asgardiano desde que chegara lá, contudo o tempo não era contado da mesma maneira na Terra e, evidentemente, Tony devia estar certo. Isso significava que a história do velório poderia ser real e que todos haviam desistidos de esperar por mim... Todos, até mesmo...

Talvez, a próxima pergunta que eu faria, seria um tanto quanto egoísta, mas, devida as circunstâncias e todos os sentimentos tumultuados ali, fui incapaz de me segurar e acabei soltando as palavras:

ㄧE o Steve? Ele... esperou por mim?

ㄧTanto quanto os outros. ㄧsua resposta foi cortante. Ele levantou-se do sofá, demonstrando que já havia perdido o sono e rodopiando seu pulso, pude ver que havia algo de errado em seu antebraço direito.

Não tive tempo para tirar dúvidas verbalmente ou prosseguir com o assunto anterior, pois ele resolveu sentar-se na cadeira em frente à mesa onde eu estava acomodada e deixou o pulso sobre a base da mesa, iluminando os ferimentos com o abajur já ligado. Foi aí que pegou o alicate jogado em cima da mesa para mexer nas fraturas causadas pela armadura... espera! Abajur ligado?

ㄧParados! ㄧ ouvi um grito firme atrás de nós e sobressaltei-me ainda na mesa.

Puta merda! Como não percebemos que aquele não era realmente um local abandonado?


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