Estava deitado na cama, pensando em como poderia animá-la. Havia cruzado com Yaoyorozu Momo nos corredores da U.A., momento em que sentiu uma aura triste ao redor dela. Tal sensação foi comprovada quando ela o cumprimentou, com um leve aceno de cabeça, acompanhado de uma voz baixa e até mesmo melancólica. Aquilo preocupou Todoroki.

Queria ajudá-la de alguma maneira, ainda que não soubesse por qual razão Momo se encontrava chateada. Sabia, inclusive, que poderia fazer muito pouco por ela. Quase nada. Primeiro que Shouto não tinha certeza de como iniciar uma conversa – e, ao mesmo tempo, sentia como se pudesse estragar tudo, de modo a piorar a situação.

Em segundo lugar, Todoroki tinha noção de que, em algumas vezes, conseguia ser incrivelmente ótimo em dizer a primeira coisa que vinha a mente, sendo boa ou ruim. Talvez, então, acabasse deixando Momo mais triste.

Fechou os olhos. Tentou focar no mais importante: ajudá-la. Salvá-la de fosse lá o que estivesse acontecendo. Era isso que heróis faziam, certo? Então não havia razão para pensar no que poderia dar errado, e sim no que ele tinha condições de fazer para alcança-la.

Repentinamente, a ideia surgiu. O primeiro passo. Assim, após tê-lo colocado em prática, procurou por Yaoyorozu, não tendo demorado muito para encontrá-la: estava na sala de estar compartilhada do dormitório da Yuuei, sozinha. Aparentemente, refletindo.

— Posso me juntar a você? — Um olhar de surpresa fora lançado para ele, seguido de um sinal de concordância com a cabeça. — Preparei para você. — Depositou uma xícara de chá sobre a mesa de centro, localizada em frente aos dois. — Não deve estar igual ao que você prepara, mas me sinto bem quando tomo os que você faz. Espero que te ajude também. — Esboçou um breve sorriso, tentando confortá-la. Saiu um pouco desajeitado, considerando que por dentro se sentia como se não soubesse o que estava dizendo ou fazendo.

— Todoroki-san... — Colocou as duas mãos sobre a boca, demonstrando certa incredulidade, somente em razão de ter sido completamente inesperado. Além disso, como foi surpreendida, não teve tempo para assimilar como agir, de modo que, atualmente, só tentava disfarçar o ardor que teimava em surgir no rosto dela, trazendo um tom avermelhado em sua pele, principalmente nas bochechas. — Obrigada! Tenho certeza... que o chá ficou ótimo. — Pegou a xícara com cuidado, levando-a até sua boca, onde permitiu que a bebida chegasse, por meio de um rápido gole, sem ter medido, no entanto, as possíveis consequências daquele ato.

— Oh, Yaoyorozu! — Levantou-se rapidamente do sofá, procurando por um papel para secá-la. — Desculpe, esqueci de avisar que estava quente. — Ela enxugou os pingos ao redor da boca com uma das mãos, delicadamente, enquanto com a outra aceitou o papel oferecido por Todoroki, limpando o pouco que havia caído em seu peito.

— Está tudo bem, eu que fui descuidada. — As pernas dela estavam inquietas, manifestando seu nervosismo. — Fiquei ansiosa para experimentar. Quero dizer, não estava esperando por isso... — Desviou o olhar do rosto dele, direcionando-o para o chão. —Fiquei feliz. Obrigada, Todoroki-san, mesmo.

— Não precisa agradecer. — Com o polegar apoiado no queixo de Momo, ergueu o rosto dela novamente, suave e gentilmente, ocasião em que passou a fitá-la. — Estava preocupado. — Notou então, pela feição de Momo, que tinha realizado um gesto estranho ao tocá-la tão inapropriadamente, de modo que se afastou rapidamente, constrangido. Também aproveitou para se levantar. — Conte comigo. Acho que é isso que quis dizer.

— Eu entendi. — Um enorme sorriso iluminou o rosto de Yaoyorozu Momo, tranquilizando Todoroki. No entanto, este não deixou de pensar que agora deveria se preocupar com ele, considerando que, nesse exato momento, o coração dele parecia estar batendo bem mais rápido que o normal, e o garoto não sabia ao certo quais eram os motivos para essa abrupta, e ao mesmo tempo calorosa, sensação.

Com tudo isso, Momo deixou de se sentir sozinha, tendo a certeza de que poderia confiar em Todoroki Shouto. Por fim, tomou mais um pouco do chá preparado pelo rapaz, o qual tinha sabor de paz e conforto. Sorriu. Era igualzinho ao que ela sentia quando estava na presença dele.