Castle escrita por Romanoff Rogers


Capítulo 23
XXIII - Os brincos de Rupert


Notas iniciais do capítulo

Heyyy guerreiros hehehe

Eu gostei muito desse capítulo. De verdade, revelou coisas e nem eu sabia. O final é a melhor parte hehehrhehr

Comentem!!!!!!! Favoritem!!!!!!!! Recomendem!!!!!!!! Tá com poucas recomendações galera grrr

Siga @romanoff.rogers e boa leitura.



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Tudo o que passei

Você estava lá, ao meu lado

E agora você vai continuar comigo para o último passeio

Guarde todas as lembranças enquanto você vai

E qualquer estrada que você pegar

Sempre o levará para casa

 — See You Again

 

Natasha

Eu conheci Steve quando tínhamos três anos. Os reis de Romanoff tinham ido com os gêmeos mais velhos visitar Roger pela primeira vez desde que nasceram, e foi feito um banquete enorme. Mas eu não queria ir de jeito nenhum, tinha ouvido histórias horríveis sobre cavalos.

Sim, cavalos. Diziam que de noite os cavalos enormes de Roger se soltavam e comiam crianças. E assim que chegamos eu saí correndo e me escondi.

Sim, me escondi. E foram horas e horas os soldados de Rogers gritando meu nome e revistando todos os cômodos do castelo.

Fácil imaginar um montinho de carne gordinho e ruivo dormindo em seu esconderijo. Eu era um prodígio, tinha o dom de me esconder por horas e sumir. Todos me procuraram por horas, e quem me achou foi Steve. Ele sempre me achava.

— Ei! - pisquei devagar, abrindo os olhos. Vi um garoto me encarando com os olhos azuis como água. Ele era mais velho que eu, mas não parecia a vontade com uma garota ao seu lado. E eu gritei. - Shhhhhh!

— Os cavalos vão me achar, sai daqui!

— Que cavalos? - ele arqueou uma sobrancelha.

— Os cavalos comedores de crianças. - argumentei. Nossa, ele é uma criança! Não sabia que está em perigo?

— Tá doida? Não tem isso aqui.

— Hm. - disse, me sentando. Assumi uma pose de rainha que meu pai disse que eu devia fazer quando falasse com as pessoas, porque era isso que eu sou. Não entendia direito na época o que significava.

— Quem é você?

— Steve.

— Não conheço. - ele sorriu.

— Eu conheço você.

— Claro, sou a princesa.

— Meu pai disse que provavelmente vamos casar. - ele falou, inocente, e eu arregalei os olhos.

— O QUE??

Steve deu de ombros, me olhando curioso.

— Eu nunca me casaria, ainda mais com você.

— Ei! O que tem de errado comigo?!

— Hm, acho que não sei. - Ela cruzou os braços. - Mas não casaria.

— Você parece um bebê, eu não me casaria com você.

Eu nunca tinha ficado tão ofendida na vida, e parti pra cima dele. Agarrei sua orelha, puxando forte para baixo, e ele gritou.

— AI, MALUCA!

— NÃO SEI O QUE É, MAS MALUCA É VOCÊ!

— ME LARGAA!

— Eu pareço um bebê agora?

— Não!
Eu larguei Steve, que apertou a orelha, me encarando curioso. Sua raiva passou para isso, curiosidade, da água pro vinho.

— Ok, desculpe insultar vossa alteza.

— Assim é melhor. - Respondi, cruzando os braços.

— Sabia que eu sou príncipe?

— O que? Você? Bobo desse jeito?

— Ei! Quer parar de me insultar?

— Tá, desculpa, desculpa. Mas... Você vai ser rei?

— Sim. - cruzei os braços. De repente ele havia ficado interessante, como um desafio de quebra cabeça que eu tinha que resolver.

— Então posso pensar se deixo você casar comigo. - colocou as mãos na cintura, fazendo um biquinho que ele achou adorável.

— Okay. Vamos voltar pra lá? Estão te procurando.

— Ok. Mas e os cavalos?

— Eu te protejo. Segura minha mão. - disse, se levantando. Eu o segui, segurando bem forte sua mão.

— Steve. Não é um nome de bobos. - eu disse, sorrindo.

— Natasha é bonito igual a você. - ele respondeu, puxando-me para fora do esconderijo.

— Ok.

Ele me levou até os pais preocupados da garota na sala de estar. Lembro de observa-lo o caminho inteiro, o garoto de olhos de chafariz. Minha mãe tomava chá de camomila, coitada, sempre fora transtornada e eu pregava peças constantes que provavelmente pioraram sua situação.

— Céus! - Natália Romanoff gritou, se levantando, e me pegou no colo urgentemente. - Onde você estava?!

Olhei para Steve, temendo que ele revelasse que eu estava amedrontada em meu esconderijo.

— Brincando. - o loiro respondeu, omitindo o fato vergonhoso. Sorri, e gostei dele mais ainda. Ninguém faria aquilo por mim.

— Natasha, você assustou a todos nós! Não pode fazer isso! - a mãe me repreendeu, com o dedo em meu rosto. Nem liguei, estava curiosa demais para entender por que ele estava sendo tão incrível comigo.

— Isso é inadmissível. - Volo falou, cruzando os braços.

— Desculpe. - falei, sem culpa alguma.

— Que bom que encontramos você, princesa. - Sarah Rogers disse, se aproximando de minha mãe, ao lado de Joseph. Fui para o chão, fazendo uma reverência, que os dois responderam.

— Pudemos ver que é muito destemida. - Joseph disse, cruzando os braços com um sorrisinho.

— Sou sim, majestade.

— E que se deu bem com Steve. - Ele corou, escondendo o rosto no vestido da mãe.

— Para. - pediu, com vergonha.

— Que foi? - Ela sorriu, com a mão na cabeça do garoto.

Sara Rogers era uma pessoa extremamente bela, de olhos azuis impactantes, idênticos aos de Steve e cabelos loiros. Ficava mais bonita ainda quando olhava para Joseph, seu rosto se iluminava. Steve tinha os pais que mais se amavam no mundo inteiro. Eu lembro de me perguntar por que os meus não eram assim. Bevvan disse que eles não se amam. Entendi a muito pouco tempo atrás que eu também não. Acho que amor não era algo que pertencia aos Romanoff.

Já minha mãe era ruiva de olhos verdes, com uma beleza extraordinária. Diziam que somos uma cópia fiel, mas eu semore a vi muito mais linda que eu.

— Por que não vão brincar juntos? - Sarah disse, sorrindo, e eles se olharam, tímidos.

— Tá bom. - falei, lançando um olhar para ele.

E logo estávamos nos estábulos do castelo, Steve fez trazerem um cavalo até mim para perder o medo. Depois de muito choro me decidi vencer isso, e toquei no cavalo, maravilhada. Steve estava comigo. Eu me lembro dele comigo na maior parte das minhas memórias felizes. Porque tristes eu tinha muitas.

(...)

Anos depois

Eu e Bevvan éramos muito amigos. Ele era meu gêmeo, estivemos juntos desde o começo das nossas vidas, quando nós dois conseguimos espaço no útero da minha mãe. E depois de lá foram só risadas e muitas brincadeiras infantis.

Ele não era esse capeta de sempre. Era igual a mim. Talvez isso signifique que era ainda pior? Ok, mas ele era destemido, engraçado e justo. 

— Cavalinho! - subi nas costas de Bevvan, que era mais alto que eu, e ele correu comigo pelo quarto, rindo e rindo, me lançando na cama com força, e eu caí no chão num baque.

Abri o berreiro para chorar, meu joelho doía. Bevvan veio até mim, preocupado, e me abraçou.

— Desculpa! Olha, já passou, tá? - ele levantou meu vestido. - Nem está sangrando, uau! 

— Tá doendo!

— Sinto muito, Sestra. - Ele disse, antes de dar um beijinho para sarar. - Já vai parar de doer, você vai ver! Agora vamos continuar em busca do tesouro!

Sorri, me levantando para viver mais aventuras ao seu lado. E ambos sermos ruivos, uma peculiaridade nossa nos unia ainda mais, fazíamos tudo juntos. Mas tudo acabou num dia de sol. Tinhamos nove anos.

— Xeque-Mate! - comemorei, me levantando da cadeira, e iniciei uma dancinha animada que o fez abrir uma carranca.

— Foi sorte!

Começamos a discutir com tapas e risos, acabamos brincando novamente. Estávamos todos nós numa tenda do lado de fora do castelo, aproveitando o sol de verão que não era muito. Romanoff é um lugar frio, então tinhamos que aproveitar.

Minha mãe segurava Chharles bebê nos braços, ele havia nascido a um ano e tínhamos descoberto sua cegueira recentemente. Tthomas, que era pequeno, naquele momento teve como seu único passatempo tentar subir na cadeira sozinho, sem sucesso, e cair no colchão. Ninguém se preocupou em ajuda-lo. Mattheos era maior, estava agarrado a um livro ilustrado, rindo.

— Bevvan, você já ganhou da Natasha em alguma coisa? - de repente, a voz do meu pai ecoou pela tenda.

Bevvan parou, olhando para mim se questionando por que ele havia perguntado aquilo. Não entendi, é claro.

— Acho que sim. - falou, meio com vergonha, talvez começando a entender o pai.

— Sim, eu lembro. - cruzei os braços.

— Tipo em que?
Ficamos em silêncio. Eu pensei, tentei pensar em algo que ele havia conseguido ganhar de mim. Mas realmente não tinha.

— Viu? Bevvan, você é uma vergonha, garoto. Graças a sei lá quem que Natasha nasceu primeiro, ou o reino estaria perdido.

Os olhos de Bevvan se encheram de lágrimas. Meu pai puxou meu braço para ir até ele, e acariciou meu rosto.

— Você é forte, Natasha. Não deixe nunca ninguém tirar isso de você.

Sorri, assentindo. Olhei para Bevvan. Mesmo tão novo já havia entendido seu lugar, o que ele estava destinado a ser. O número dois.

Depois dali, ele finalmente percebeu. Sempre ficava a minha sombra. Nunca recebia atenção dos meus pais, que era toda pra mim. Só levava tapas. Não que eu não levasse, mas meus motivos eram mais que "você não consegue e por isso vai apanhar". E apartir dali, ele mudou. Crescemos diferentes, nos afastamos devagar até ele simplesmente me empurrar da escada, um ano depois.

Eu machuquei o braço, só não morri porque consegui me segurar. E deitada naquela escada chorando, com a dor de perder um irmão nos olhos, vi pela primeira vez em muito tempo meu pai parabenizar Bevvan. Foi a primeira vez que ele ganhou de mim.

(...)

Anos Depois

Puxei o ar com força, tossindo. Água caiu no chão e pude sentir completamente os pedaços de gelo contra minha pele como uma navalha. Meu queixo batia de frio, minha pele parecia em chamas.

Eu tinha onze anos, tinham nos feito mergulhar em banheiras cheias de gelo sem roupas. Eu tremia violentamente, novamente achei que iria morrer. Em três anos eu achei que iria morrer inúmeras vezes, não dava para contar nos dedos. E era assim, todo experimento tinha no mínimo uma morte. Nenhuma foi eu, a única garotinha ruiva que eu era se recusava a morrer. Tenho muito a agradece-la.

E a inspetora seria impalada numa lança de ferro maior que os muros do castelo se deixasse a herdeira do trono morrer. Eu recebia vantagens sempre, cuidados médicos melhores, era retirada dos testes quando estava no limite, mas não acho que foi isso que fez ela sobreviver. Ela era forte.

— De novo. - fui empurrada contra a água, afundando. Queria gritar, tudo que eu queria era sair dali, mais que tudo, e foi a única coisa que pensei. Os 15 segundos passaram como uma eternidade, e eu acabei engasgando com a água. Cuspi, tossindo descontroladamente enquanto abracei meu corpo, tremendo, morrendo, Deus, aquilo era uma das piores coisas que já haviam feito com a gente.

Narrador

— Agora vocês estão bem para suportar o frio. Saiam daqui. - Natasha se forçou e pulou da banheira, atravessando na frente de todas as meninas, lutando para sobreviver.

Viu uma menina cair no chão, imóvel e azul de frio, e assim que pôde agarrou duas toalhas meio a briga. Foi até a morena, certificando que ninguém prestava atenção e se enrolou, antes de cobri-la com a toalha.

— O-Obri..gada. - a menina disse, e saiu correndo.

Colcou a roupa mais quente que pôde arrumar e foi até o quarto frio, entrando debaixo das cobertas. Uma hora e meia depois ela ainda tremia.

Quando finalmente parou, abriu os olhos, vendo a mulher loira cruzando o quarto vazio para chegar até ela. Não se mexeu. O desespero a imobilizou, tudo que ela conseguiu fazer foi respirar fundo, com uma vontade imensa de chorar. Ela a arrastaria para fora do quarto pelos cabelos, diria que ela é fraca, e a levaria de volta para a banheira?

Ela parou, de frente para a menina.

— O rei está aqui. Seu pai.

Os olhos verdes da garota se ergueram, fitando a mulher estática. Estava completamente surpresa. Não teve esperança alguma, estava com raiva. Raiva pura, do pai, que três anos atrás havia largado-a naquele inferno e ido embora. Aquilo era a pior coisa que podia acontecer com alguém, aos sete anos, ainda. Ela não era mais uma criança, nunca mais foi a mesma.

Acompanhou a mulher pelos corredores, de cabelos molhados e abraçada ao corpo. A loira de olhos azuis andava na frente, sempre com os saltos batendo no chão. No fim do corredor, a mulher subiu uma escada que ela NUNCA havia subido, todas as meninas eram terminantemente proibidas de se aproximarem dali. Natasha parou. Aquilo era um teste? Se Natasha subisse, ela a mataria?

— Venha, garota. - disse, impaciente. Aliás, ela estava até paciente demais. Natasha tratou de a seguir. Não chegou a ter curiosidade, aprendeu a não ter isso ali dentro. Apenas a seguia. E quando a porta se abriu, ela viu Volo. O pai, que não via a três anos. Ficou apenas parada, fitando-o.

O rei estava sentado numa mesa de madeira, com uma pasta na mão. Tinha um carimbo em forma de Viuva negra na capa, com inscrições no antigo idioma de Romanoff, o russo, cujo ela falava muito bem.

A mulher loira cansou de segurar a porta e empurrou-a para dentro, sem ligar que seu pai estava ali. Natasha ficou parada, fitando-o sem expressão. Só tinha uma coisa que ela queria dele.

— Sete idiomas, hã? - ele falou, lendo a pasta. - Vinte tipos de artes marciais, jesus. Choques, afogamento, surras, gotsai, nem sei o que é isso.

Ele encarou a filha novamente, analisando-a.

— Você parece uma Romanoff.

Ela não disse nada.

— As mulheres Romanoff frequentam esse lugar a décadas, por isso há tão poucas. Várias morreram. Você não. Eu sabia que conseguiria.

Natasha não falou uma palavra sequer.

— Vejo que teve aulas particulares, né. Extras, deveres de auto confiança e como ser uma rainha.

— Enfia essa ficha no seu cu, seu desgraçado, vai me tirar daqui ou não? - Natasha esbravejou, batendo na mesa com força. Onze anos, Jesus!

— Que bom que não perdeu sua individualidade e gênio forte! Igualzinha sua mãe. Vamos embora.

Era a primeira vez que Natasha sentiu uma felicidade plena e arrebatadora. Sentiu-se tão feliz que o peito doeu, a muito tempo ela não sentia aquilo. Muito tempo. A pessoa que ela era estava tão distante, mal conseguiria se imaginar voltando para casa.

Ela seria tirada do inferno. Quase chorou. Quase.

(...)

Muitos anos depois

Não tenho palavras suficientes para descrever aquele dia. Eu perdi uma parte de mim que nunca mais voltaria. Não tinha como ir contra a morte.

Lembro de ter levado uma flechada no ombro e outra na perna. No momento em que bati as costas no chão eu soube que algo muito ruim aconteceria.

A dor avassaladora correu meu corpo inteiro, me contentei num segundo em apenas encarar o céu. Estava meio azul meio violeta. Escolheram o dia mais bonito para atacarem minha casa, o dia mais bonito para levarem ele.

Meu sangue inundava o pátio, enquanto reparei em vários Tytonianos gritando, dizendo que estavam sendo derrotados. Um a um morriam por algum soldado de Romanoff.

Eu não podia ficar ali deitada, droga. Tudo doía, mas não podia. Meus irmãos estavam ali, meu reino, eu tinha que salvar meu reino. Me arrastei devagar, respirando fundo e irregularmente, e arranquei as pontas afiadas de mim. Agarrei minha espada com força, me forçando a afastar a dor. Apoiei no banco para me levantar e vi a cena que ficaria em meus olhos pelo resto da vida.

O primeiro que avistei foi Clint. De armadura, sangue escorrendo na cabeça com um garoto nos braços. Ele estava cercado. Homens de Tyton se reuniram ali, a dezenas de metros de mim para matar Clint. Achei que ele iria morrer, achei que a criança em seus braços iria morrer.

O rei Tyton estava lá. Sorrindo, conversando com ele. Achou que iria ganhar. A coroa roxa em sua cabeça, combinando com as armaduras de todos os seus soldados. Roxo era a cor do seu reino de ametistas.

Todos os soldados que cercavam Clint seguravam bestas, prontas para lançar flechas. O grito ficou preso em minha garganta. Não consegui me mexer, minha mente gritava, corra, Natasha! Mas eu era incapaz.

Ocorreu em câmera lenta quando o rei levantou o braço, pronto para ordenar que matassem eles a sangue frio. Não entendi inicialmente porque Wanda corria até alguém distante do círculo de pessoas como se sua vida dependesse disso.

Mas quando o vi, eu soube. Vi seus cabelos platinados brilhando na neve espessa, correndo. Ele sempre foi um bom corredor, o melhor dos três reinos. Ninguém corria mais rápido que ele. E essa foi sua maldição.

As flechas perfuraram seu corpo uma por uma. Nesse momento ouvi o grito avassalador de Wanda. Ela gritou, estática no lugar, com lágrimas nos olhos. Os joelhos atingiram a neve e tudo que minha irmã pode fazer foi gritar.

Eu já tinha me mexido. Qualquer dor que eu tive antes não se comparava a essa. Meu coração estava em chamas, as lágrimas escorrendo de raiva. Acabei com os soldados um por um.

Matei sozinha todos eles, gritando de ódio. Gritei, gritei, berrei. Minha espada cheia de sangue cortava os ares e dilacerou a carne de qualquer um a minha frente.

Olhei para Pietro. Seu sangue vermelho, sangue Romanoff escorrendo na neve. Clint impediu Wanda de se aproximar, segurando sua cintura com força para mante-la no chão. 

— N-Não me viu chegando...? - seus lábios se mexeram, antes dos olhos congelarem. Meu irmão estava morto.

Ela se debatia, chorando e gritando, dizendo o nome dele. Os olhos não se desviaram um segundo, aquela cena ficaria em sua mente para sempre.

Olhei para frente, chorando descontroladamente, e vi o rei de Tyton que era um homem absolutamente enorme sorriu para mim, vindo em minha direção.

Eu estava ferida e prestes a matar um rei. Essa é a história mais contada pelos cavaleiros em campos de batalha assombrados. A história de como eu decaptei o rei de Tyton com uma espada.

Ele sorria do meu desespero, que para ele não significava nada. Uma dor lacinante corria por todo meu corpo e a raiva por ele te-lo matado me fez ataca-lo no mesmo instante.

Ele desviou por pouco, mas teve tempo apenas de colocar a espada contra a minha para se preoteger. Girei rápido, novamente investindo contra sua cabeça desprotegida, fazendo-o recuar para trás e conseguir apenas se proteger.

— VOCÊ MATOU ELE! - Berrei, e tudo ia aumentando a raiva. Eu nunca mair veria meu irmão correr, nunca mais contaria piadas e faria tranças no meu cabelo. Wanda nunca mais seria a mesma.

Um grito de dor cortou os ares, seguido por outro. Eu gritava arrebatadoramente, fazendo o homem se curvar de tantos ataques que recebia. Não me importei se pediu misericórdia, mas numa explosão de raiva joguei sua espada para longe de sua mão, e num giro assustadoramente rápido minha espada cortou seu pescoço em dois, me fazendo cair com um joelho no chão e o outro em pé. Minhas mãos seguravam a espada firme, e só naquele momento notei que era a espada do Pietro, com a rosa de prata adornando seu cabo.

Desabei em lágrimas, com a cabeça baixa e joelhos na neve. Não pude protege-lo. Eu fui fraca, fiquei impotente enquanto ele deu sua vida para salvar a criança. Fui fraca e ele pagou com a vida.

Me arrastei até seu corpo imóvel. Não dava nem para contar quantas flechas mortais haviam ali. Seus olhos azuis estavam completamente imóveis e sem vida, seu rosto, sujo de neve e sangue. Toquei seus cabelos devagar, antes de fechar os olhos para as lágrimas escorrerem livremente.

— Devia ter sido eu. - murmurei, soluçando. - Desculpa. 

Abri os olhos, vendo-o ainda imóvel olhando para mim. Continuei soluçando sem controle, ninguém ousou chegar perto de mim.

De um lado, o corpo sem cabeça do rei de Tyton. Do outro, o corpo sem vida do príncipe Romanoff. E eu, no meio, com uma rachadura na armadura.

(...)

Steve

Minhas mãos estavam unidas sob meu rosto. Lembro de ter rezado diversas vezes. Eu pedi tanto. Nunca quis tanto uma coisa na vida.

— Steve. - meu pai chamou e levantei a cabeça num impulso desesperado. Seus olhos tentavam esconder as lágrimas, mas elas desciam mesmo assim. - Venha ve-la.

Tremi completamente, me levantando devagar. Eu estava com tanto medo. Meus passos foram vacilantes até entrar em seu quarto, e mal consegui olhar de primeira.

Minha mãe estava imóvel na cama, de camisola e olhos grudados no teto. Algumas lágrimas escorriam e seus cabelos loiros estavam banhados de sangue. Assim como sua roupa e lençóis.
Assim que me viu minha mãe sorriu.

— Meu pequeno Príncipe. - ela disse, sem se mexer. Sua barriga estava envolta de muitas faixas, e por baixo dela tinham pontos inúteis. Ela continuava sangrando.

Tinha sido ferida gravemente e não tinham absolutamente nada do que fazer. Ela sangrava por dentro, por fora e seus órgãos foram danificados. O sangue inundava o colchão, escorrendo pro chão e para todo lugar. Seus olhos estavam perdidos, a pele completamente pálida. Ela iria sangrar até morrer, e era exatamente o que estava acontcendo.

— E-Eu vou embora agora. Vou deixar.. vocês, me desculpe. - não aguentei, desabei em lágrimas novamente, segurando sua mão de leve.

— Não, por favor, mamãe. Por favor. - eu nunca quis nada tão forte assim. Ninguém nunca desejou com mais fervor que alguém vivesse.

— Desculpe, Steve. Você... me desculpa?

— Mãe.

— Me responde, Steve. - ela pediu, com a voz doce.

— Sim. Eu desculpo, mamãe.

— Tudo.. bem. Você... precisa ter coragem, Steve... Por mim. Vai ficar tudo bem... Eu prometo.

— Promete mesmo? - falei, soluçando. Eu chorava descontroladamente, e doía como nunca doeu antes. Sentia meu corpo inteiro sendo esmagado por um peso maior que eu.

— Prometo. Deus nunca.. nos dá.. um fardo maior do que podemos aguentar... E você é tão... tão forte, meu garotinho. Eu te amo.

— Eu também te amo. - segurei sua mão mais forte, me ajoelhando, e deitei a cabeça na cama, apenas chorando e segurando sua mão. Meu pai cantou para ela, sentado ao seu lado. Cantou meio as lágrimas de dor de um amor mais forte que todas as guerras do mundo, mais real que o mundo em que vivemos.

Ela foi serena, sorrindo. Cercada de amor.

(...)

Bevvan

O nome dele era Rupert. Tinha olhos mel fortes, tão brilhantes como velas. Cabelos mais escuros que a noite. Seu maxilar me lembrava as pontas afiadas das montanhas de Romanoff, e a cicatriz em sua clavícula parecia uma linha imaginária que corta os mapas mais perfeitos.
No momento em que tiramos "férias" no litoral de Stark, por uma semana, eu vi ele sair de um navio com uma bandeira preta com ossos cruzados e piscar para mim. Inicialmente eu pensei, o que raios fez esse pirata nojento piscar para mim?

— Dá licença, seu abusado, tem algum problema com seu olho? - eu disse, cruzando os braços em cima do peito, parado na murada de pedra. Mais abaixo, no grande cais ele estava carregando uma caixa.

O indivíduo peculiar se virou, sorrindo, e me analisou de cima a baixo descaradamente. Tinha lápis de olho em seus olhos e brinco em suas orelhas. Suas roupas eram apertadas e escuras, todas de couro grosso. Ele era bem novo, desconstruiu todo o estereótipo que eu tinha sobre piratas.

— Imagina... - falou, ainda sorrindo descaradamente como um bobalhão.

— Você sabe quem eu sou? - falei, irritado com sua petulância, mas no fundo eu tentava não fraquejar na mira de seu olhar brilhante.

— Não faço ideia e nem me interesso no nome de burgueses gostosos. - Arregalei os olhos, ouvindo aquilo, completamente irritado por ter me deixado com vergonha. Fora isso, não tinha nenhum motivo para eu ter raiva dele.

— Quer perder a língua?! - exclamei, e ele riu.

— Vem pegar. - ele falou, sorrindo travesso e olhou para trás para dar língua pra mim.

Eu xinguei o caminho inteiro, não era justo um pirata impuro ser tão bonito daquele jeito. Não senti raiva dele, senti raiva de mim mesmo por que provavelmente nunca mais iria ve-lo.

Mais tarde entendi que foi amor a primeira vista.

Nunca me vi apaixonado, isso é fato. Sempre tive um objetivo na vida, que era ganhar de Natasha em tudo. Eu conseguia várias vezes, mas assim que ele chegou eu vi que isso era vazio e completamente inútil. Não gostava disso de verdade.

Ele viu em mim o que ninguém nunca jamais viu. Me entendeu de um jeito que jamais ninguém fez. As madrugadas inteiras conversando nas areias das praias debaixo das estrelas fizeram minha vida inteira perder o sentido, ganhando um novo muito mais bonito, tudo mudou.

Eu era adolescente, logo me tornaria adulto. Ele tinha minha idade, mas parecia saber muito mais sobre o mundo, mesmo não tendo tutores renomados. Ele representava tudo que eu não era, feliz, alegre, ambicioso, livre.

— Eu fugi de casa quando tinha quatorze anos. - disse, olhando para mim. A fogueira queimava forte entre mim e ele. De frente para o mar e deitados na areia aquela era a terceira noite consecutiva em que ocupavamos aquele lugar, só nós dois.

Eu estava facinado. Apaixonado. Ele óbvio descobriu quem eu era, mas não me tratou diferente. Me zoou.

— Não queria ser católico. Não queria me casar com uma garota melequenta. Queria parar de apanhar do meu pai.

— Eu queria isso também. - disse, e ele riu.

— Você não passa fome mas passa tristeza o tempo todo. - Disse, me encarando sob a luz do fogo.

— Não dá pra ter tudo. - falei, sem quebrar o contato visual com ele.

Eu não era nada parecido com o Bevvan que encarava Natasha, enfrentava Volo e batia no Chharles. Era alguém totalmente diferente que eu não conhecia e tinha medo. Não me importei em ser alguém diferente, era só uma semana de verão.

Mas logo virou mais. Nos apaixonamos, nos apegamos, fizemos coisas juntos e não queríamos perder um ao outro. Eu havia encontrado nele uma liberdade que nunca havia sentido antes. Aquele era quem eu era de verdade. Quem eu devia poder ser. Senti vergonha do jeito que agia com meus irmãos. Vergonha por ele, o que Rupert Murdoch iria achar se soubesse que não era verdade?

Me sentia exposto e protegido, amado e capaz de amar, me sentia livre e feliz, naquela semana um fogo incontrolável se arrastou em minha alma, eu estava brilhando e nunca mais queria ser o mesmo.

E quando chegou a hora de se despedir, me garantiu que não era um adeus. Disse que não suportaria. Me enviou uma carta dois dias depois que cheguei em Romanoff. E depois apareceu na corte.

Sim, foi como o Erikj Dimitrov, um comerciante que aparentemente fora até a capital para um convênio sobre navios e uma festa para conseguir navios. Usando todo o dinheiro que tinha ele comprou as melhores roupas, conseguiu roubar a identidade de um rico comerciante e me seguiu até o castelo. Seu quarto ficava perto do meu e ficávamos juntos a noite inteira sem ninguém perceber. Ele prometeu que ficaria tudo bem.

Depois de dois meses eu estava pronto para largar tudo e ir embora com ele. Mas Rupert não deixou. Disse que eu estragaria tudo por ele e que não podia fazer isso comigo.

Eu o amava plenamente. Era puro e verdadeiro. Acho que por isso deu errado. A maldição Romanoff tarda mas não falha.

Num dia frio eu abri as portas do seu quarto, procurando-o. Não o achei em nenhum lugar do castelo. Procurei-o que nem um doido, eu estava feliz, queria vê-lo. Mas ele não estava aqui.

Por um segundo pensei que ele havia ido embora e me largado, me abandonado. Eu não iria suportar perde-lo, meu coração se apertou só de imaginar. Ele deve estar em reunião, tentei me convencer.

Mas na porta do quarto estava meu pai, sério. Estava pronto para dar uma desculpa perfeita para o fato de eu estar no quarto de outro homem, mas ele impediu. Nem precisei.

— Desculpe. Tive que fazer isso. - ele me estendeu a mão, e, confuso e amedrontado, eu peguei o objeto em suas mãos.

Os brincos de Rupert.

Meu pai havia matado a única pessoa que amei na vida.

Meu coração se quebrou em vinte bilhões de pedaços e eles se perderam. Não havia mais nada no lugar, só um imenso vazio.

 


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Notas finais do capítulo

Foi muito triste.
O que acharam sobre o primeiro encontro Romanogers???
Mais sobre a sala vermelha!
A morte de Sarah Rogers :(
Gostaram do por que o Bevvan ser desse jeito?? Eu devo desculpas a ele, me apaixonei no Rupert e matei ele em alguns parágrafos :,(

COMENTEM!!!!!!



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