“Traveling in river back to You”

“To a Land so far way”

“I feel the distance in between”

O despertador toca. Mas, Marcus já não estava dormindo. Ele havia acordado momentos antes. Era domingo, 07:00hrs.

— Que sensação estranha. – Ele diz saindo do quarto.

Minutos depois, ele estava na rua indo em direção a padaria. O que ele sentia era quase ansiedade com misto de nostalgia. E ficou ainda mais forte quando ele olhou para a porta da padaria e imaginou uma mãe de cabelos negros e compridos junto com dois filhos. Segundos depois, isso realmente aconteceu.

— Dejavú... – Ele disse acompanhando a família com o olhar.

De um segundo para o outro, tudo ficou estático e silencioso.

— Mas o que...? - As palavras escaparam da boca de Marcus.

Marcus caminha até uma mulher que estava próxima a ele. Os cabelos dela ficaram congelados no ar. Ele os toca e sente que são duros como rocha. Ele tenta empurrar a mulher mas não teve sucesso.

— É um sonho... Algum tipo de sonho bizarro... Por isso eu me sinto estranho.

De repente, o mundo de Marcus começou a perder, a cada segundo um, pouco de seu contraste, ficando transparente. Sumindo aos poucos até tudo ficar branco.

Uma garota negra surgiu diante de seus olhos. Como se sempre estivesse ali. Seus cabelos eram curtos e prateados e tinham aspecto metálico. Ela usava um chapéu coco, capa, um conjunto de camisa branca com calça social cor de caqui e botas. Claramente um figurino da Europa pré-revolução industrial. Seus olhos eram azuis e faiscavam. Literalmente.

— Oi... – Marcus disse notando que um universo parecia se mover por dentro da capa da moça.

— Parabéns, Marcus Oliveira. – Ela diz sem alterar a expressão apática. - Você acaba de se tornar um ser atemporal.

— Como assim? O que foi que eu fiz?

— Hoje foi seu dia "D". Um dia que aconteceu algo tão horrível que o motivou a busca pela viajem no tempo. E você conseguiu!

— Não entendi. Por que eu me tornei "atemporal"?

“Na verdade, por que estou perdendo meu tempo? Quando eu vou acordar?”

— Ao voltar no tempo para evitar algo que o motivou a voltar no tempo, você acabou criando um paradoxo. Sem a motivação, você nunca teria voltado no tempo. Porém, se você nunca voltou no tempo para impedir algo, você ainda teria a motivação.

— Paradoxos...

— Tendo feito isso, você se tornou um ser atemporal. Você não existe mais nem no passado e nem no futuro. Apenas no seu presente.

— Mas, por que isso?

— Deus Ex Machina criou essa condição para que não haja mais paradoxos todas às vezes que alguém mover a linha do tempo. Dessa maneira, mesmo que às condições de seu nascimento sejam afetadas, sua existência não será apagada.

“Legal, agora tem um ‘deus’ na história”

— Eu posso viajar no tempo?

— Sim, esse poder agora é seu. Porém, tem uma condição.

— Hum...

— Eu serei sua acompanhante.

— Algum motivo especial?

— Como o tecido temporal estará sempre se alterando, fica difícil localiza-lo. Eu sou a maneira mais fácil de Deus Ex Machina  ficar de olho em você.

Marcus começou a analisar cada palavra daquela conversa. Para ele, não fazia tanta diferença. Afinal, aquilo era um sonho. Mas, algo chamou sua atenção o suficiente para que ele fizesse uma pergunta.

— Como assim “toda vez que alguém mover a linha do tempo”?

Pela primeira vez, a moça sorri.