King's Fall escrita por Nanquim


Capítulo 1
King's Fall


Notas iniciais do capítulo

Às vezes as pessoas não leem as notas da história, então...
AVISO DE GATILHO!
Essa fic contém cenas de violência física e homofobia, então, se você já sofreu esse tipo de situação e/ou é sensível a isso, talvez seja melhor você não ler.

Mas de qualquer forma, espero que gostem.



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Seu peito doía.

Nico mordeu o lábio, tentando impedir-se de emitir qualquer som que evidenciasse o fato. Apoiou ambas as mãos no chão sujo e tentou erguer o corpo com dificuldade. Alguém riu, e o chute de um coturno pesado em seu estômago o fez cair mais uma vez, gerando gargalhadas de todos os lados.

— Qual é o problema, bichinha? – a voz era ácida e carregada de divertimento – Perdeu o fôlego, é?

Di Angelo tremia. Mais uma vez, tentou apoiar os braços para se erguer. Seu nariz sangrava, ele sentia o sangue escorrendo em direção à sua boca, tinha um gosto metálico. Pensou no que os campistas teriam a dizer se vissem aquela cena: o poderoso filho de Hades, Embaixador de Plutão, o “Rei Fantasma”, caído em um banheiro sujo, cheirando a sêmen e urina, espancado por um bando de garotos mortais que não tinham ido com a sua cara.

Bela posição para um “rei”.

— Qual é a pressa, viadinho? – o que aparentemente era o líder provocou novamente – Tem que ir chupar um pau?

Mais uma vez, o bando explodiu em gargalhadas. O garoto conseguiu erguer o tronco, e agora apoiava-se nos braços trêmulos. Os valentões pareceram se divertir ainda mais com sua patética tentativa de se levantar. Todo o seu corpo doía, sua barriga ardia, sua boca estava cheia de sangue – mais sangue do que ele dava conta de engolir.

Momentaneamente, perguntou-se onde estava Will. Ele já havia chego? Talvez estivesse parado na pista de dança do lado de fora, perguntando-se onde ele estava e pensando que tinha levado um bolo. Silenciosamente, rezou para que já tivesse desistido e ido embora. Se o filho de Apolo tentasse procurá-lo, ia tentar defendê-lo, e então os garotos iriam machucá-lo também.

O filho de Hades prometeu que não ia deixar isso acontecer.

Sentiu mais um chute, dessa vez no peito, e caiu de lado no chão. Achou-se patético. O Rei Fantasma, que lutara em duas guerras, matara milhares de monstros, sobrevivera ao Tártaro e ao cativeiro na mão dos gigantes gêmeos... Levando uma puta surra no banheiro de uma boate de alguns valentões mortais. Stynx pulsou em sua mão, ansiosa para deixar a forma de anel, mas não adiantaria. O ferro estígio não machucava mortais.

As gargalhadas ecoavam no banheiro sujo e apertado. Sua garganta estava cheia de sangue; era difícil respirar. Suas costelas doíam de modo quase insuportável. Quebradas, sem dúvidas. As pontas firmes de coturnos ainda o atingiam em diversos pontos do corpo, doloridos.

Sua mente afastou-se, talvez demasiadamente embebida em dor.

Pensou em Will, e em como ele ficaria desapontado por Nico não ter aparecido. Pensou em Hazel, que com certeza se manteria acordada até ele voltar, para ouvir tudo. Em Jason, satisfeito que o garoto finalmente estivesse saindo com Solace. Em – a dor em seu peito pareceu não ter nada a ver com a surra – Percy, seus olhos verdes brilhando, ele lutando com a espada, rindo com Grover, estendendo-lhe a mão... Na época, Nico retribuíra com traição. Agora, arrependia-se de nunca ter lhe dito a verdade, de ter usado Will para esquecê-lo.

Finalmente, pensou em sua mãe, em um rosto calmo e bondoso do qual ele mal se lembrava. Pensou em Bianca, em como ela sempre estivera lá quando ele precisava, e em como ele falhara em retribuir o favor. Pensou em suas reações se soubessem a verdade, se soubessem o que ele era.

Mas ali estavam elas. E elas não pareciam se importar. Estavam paradas bem à sua frente, sorrindo como se ele nunca as tivesse decepcionado; como se ele não fosse extremamente patético.

As gargalhadas pareciam distantes, agora.

Mais um chute; na nuca. O estalo ecoou pelo banheiro. E Nico caiu.

Dissolveu-se na escuridão, como em uma viagem nas sombras, e viu-se parado na areia de cascalhos às margens de um rio poluído por diplomas, fotos, buquês, vestidos. Uma bandeira de arco-íris que rapidamente se encharcou e foi levada pela correnteza. O barco de madeira parou à sua frente, guiado por um vulto alto e magro vestindo um manto.

Caronte curvou-se respeitosamente e falou com um pouco de desdém:

— Meu senhor.

Nico não tinha o pagamento, mas pensou que, quando se é filho do rei do Mundo Inferior, você já tem tudo pago. Sem olhar para o barqueiro, subiu na embarcação e deixou-se conduzir para os domínios de seu pai.


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Notas finais do capítulo

Um pouco cruel, talvez?
Mas não conseguia tirar essa ideia da minha cabeça...
Podem me xingar de monstro sem-coração nos comentários, eu deixo.



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