The Way Back Home escrita por isnotme


Capítulo 8
The Collision


Notas iniciais do capítulo

Olá! A história está se aproximando do fim... Espero que gostem! Nesse capitulo finalmente tem o mais que necessário confronto entre eles.



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Point Place 

14 de janeiro de 1984 

Manhã 

Ela poderia estar no hotel. Certamente era o que fazia mais sentido. Então Steven sentou na poltrona verde de Red e esperou. Ele apareceria. A manhã passou lenta e ele pensava se não deveria ir até o hospital ver como estava a situação.  

Fez chegou no meio da manhã e o encarou com aqueles olhos expressivos. 

—Quê? - Hyde perguntou de mau humor. 

—Nada. - Ele respondeu muito rápido. - Sabe... 

—Fez, desembucha!  

—Bem. - O amigo torceu os dedos sobre o colo. -  Jackie ficou no meu apartamento está noite.  

—O quê? - Hyde inclinou o corpo para frente. 

—Ela foi embora antes de amanhecer. 

—Eu não acredito nisso, cara! - O homem levantou, sentindo uma corrente de irritação em seu corpo. - Ela te falou algo? 

Fez deu de ombros. 

—Qual é, Fez!? 

—Ela me contou sobre o beijo e... que ficou confusa. Ela está com medo, Hyde.  

E ele sabia disso. Mas por que ela não podia ficar? Ao menos uma vez. Por que ela não podia ficar e encarar aquilo com ele? 

—Dane–se ela! 

— Hyde?  - Fez choramingou, mas o homem já estava longe o bastante.  

 

Ele não era mais um adolescente e isso significava que ele não podia apagar tudo com uma noite de bebedeira. Então ele dirigiu pela cidade. Passou pela sua antiga casa, totalmente deteriorada, e também pela casa de Jackie. Grande e bonita, mesmo depois dos anos vazia. Ele dirigiu pela rua da escola e do hotel, passou por tantas ruas e lugares carregados de tantas memórias.  

Aquilo esvaziou sua mente por um tempo, mas não tempo o bastante. Quando pensar ficou pesado demais, ele foi até o hospital. Kitty estava sentada na beira da cama de Red e os dois sorriam. Um sentimento de alivio o invadiu.  

—Hey, Sr. Forman. Como está indo? - Ele questionou ao entrar. 

—Melhor que nunca. - Red sorriu e Kitty abafou uma risada.  

—Você assustou todos nós. - Hyde sentou no pequeno sofá ao lado da cama.  

—Yeah... Desculpe por isso. – O homem mais velho respondeu. 

—Bem, vou procurar o médico e pegar sua nova dieta. - Kitty deu dois tapinhas na perna do marido. - E deus me ajude, Red, se eu pegar você comendo porcaria. - Ameaçou.  

Antes de sair, Kitty puxou Hyde para um longo abraço. Geralmente, ele não ficava confortável com contatos tão longos, mesmo quando se tratando da Sra. Formam. Desta vez, porém, ele a abraçou de volta e se deixou aproveitar o carinho.  

—Obrigada, querido. - Hyde apenas sorriu fracamente para ela. - Agora, meninos, vocês deviam conversar. - Ela acenou com a cabeça diversas vezes e Hyde fingiu não ter percebido o olhar nada discreto que ela lançou para o marido.  

Droga.  

Red limpou a garganta. - Então, Steven. Eu acho que tenho que te dizer algumas coisas. 

—Sr. Forman, realmente não há... 

—Veja, filho. Em algum momento, na Coréia, eu parei de receber cartas de Kitty. Eu pensei que ela tivesse desistido de esperar. Então quando voltei, eu não a procurei e levou três meses para que eu a encontrasse por acaso na cidade. Ela fingiu que não me conhecia e eu fiquei muito irritado. Então naquela noite, eu fui até a casa dos pais dela pronto pra exigir algum tipo de explicação e dizer que eu não aceitava ser tratado daquela maneira porque tinha ido lutar pelo país.  

Ele fez uma pausa. E depois sorriu.  

—Ela estava chorando porque achou que eu estava a evitando. Ela parou de receber minhas cartas também. Nos casamos uns meses depois.  

—Isso é... - Hyde tentou encontrar algo pra dizer, mas não havia nada em sua mente. Ele se remexeu no sofá, desconfortável.  

—A vida tem esses desencontros, filho. E nós queremos que você seja feliz. Você é um homem adulto agora, então seja um homem, ponha esse traseiro lá fora e lute pelo que quer. Concerte as coisas.  

** 

Chicago 

Tarde  

Jessica era a coisinha mais linda e Jackie chorou ao se despedir de Michael e Brooke. Um choro profundo, tão forte que ela teve que conter-se para não assustar ninguém. Betsy lhe acariciou com as mãozinhas pequeninas e lhe disse que chorar era coisa de meninas bobas. Jackie riu disso. Ela sempre fora uma menina boba. Mas agora não havia mais espaço para ser menina, ela teria que ser uma mulher e enfrentar a nova vida a sua frente – e deixar o passado no passado. Ter uma família como a que Michael e Brooke tinham ainda era o sonho de Jackie. Ir para Detroit era dar um passo em direção a isso, não é? Tinha que ser.  

—Detroit não é tão longe. - Andrew disse enquanto eles dirigiam de volta para o seu apartamento.  

—Eu sei. - Ela sorriu, fraco.  

—E nós podemos vir sempre que você quiser. Inclusive para PointVille. - Continuou. 

—Point Place. - Ela o corrigiu com um pouco de irritação.  

—Desculpe, linda. - Ele acariciou sua perna e ela o olhou.  

Aquele era o homem que ela iria se casar. E ele era perfeito.  

Por que ela não conseguia estar feliz? 

—Tudo bem, desculpe. Nós vamos ficar bem. 

—Claro que vamos. - Ele sorriu aberto.  

 

Eles passaram o resto do tempo encaixotando suas coisas e quando a noite caiu, ela se serviu uma taça de vinho enquanto Andrew estava no banho. O beijo retornando a sua mente de tempo em tempo. Ela passou sua última noite em Point Place no apartamento de Fez, em seu antigo quarto. Como sempre ele tinha sido um perfeito amigo e lhe dado abrigo e conforto. Antes de raiar o sol, ela recolheu suas coisas na casa dos Forman e partiu sem se despedir de ninguém.  

Antes que ela pudesse terminar a taça, o telefone do seu apartamento tocou na sala vazia.  

—Alô? 

Ninguém respondeu, do outro lado apenas a estática e seu coração acelerou no mesmo instante.  

—Alô?! - Ela repetiu, um tanto aflita.  

—É o Hyde.  

Jackie prendeu a respiração. 

—Podemos conversar? - Ele perguntou já que ela não havia dito mais nada.  

—Steven, eu... - Ela começou sussurrando, mas foi interrompida. 

—Eu estou aqui. 

—Quê? Aqui onde? — Sua voz soou baixa e apavorada.  

—Na sua esquina, eu não sei, na porra de uma lanchonete.  

—Steven vai pra casa!  

—Não posso.  

—Eu não vou descer, Steven.  

—Você vai. Você vai por que eu não vou embora, Jackie.  

Ela suspirou pesadamente e desejou ter onde se sentar, pois suas pernas tremiam em demasia.  

—O que você quer? 

—Convers...Jackie! Não me faça implorar, qual é?  

Por um momento só se ouviu o som das respirações alteradas.  

—Merda, Steven!  

Ela precisou de uns segundo depois de desligar pra se recompor. Foi inútil, claro. Mas mesmo assim ela caminhou devagar até seu banheiro e bateu na porta.  

—Sim? – Andrew respondeu sobre o barulho do chuveiro.  

—Er, Andy, Fiona ligou. Ela... Precisa... De mim.  

—Ela está bem?  

—Quem?  

—Fiona. – Oh Jesus, Jackie. Foco.  

—Eu não sei, eu... Eu já volto, ok?  

—Ok.  

—Eu prometo, Andy.  

—Ok, linda. - Ele riu.  

Seu sangue fervia enquanto ela descia os dois lances de escada entre seu apartamento e a rua. Quando o viu, ele estava fumando um cigarro na esquina, em frente a uma lanchonete onde muitas vezes ela jantou. Fazia muito frio naquela noite, então ela prensou seu casado contra o corpo e foi até ele. Steven andava de um lado para o outro, agitado. Às vezes gesticulava com as mãos, como se estivesse ensaiando o que dizer.  

—Você perdeu a noção? - Ela foi dizendo conforme se aproximava dele. - O que você está fazendo aqui, Steven? Por que se for sobre aquele beijo, eu juro... 

—Você não cansa de ir embora? - Ele a interrompeu. - Toda porra da vez. 

—Steven... - O nome dele saiu como um suspiro exausto e ela massageou as têmporas com seus dedos.  

—Você me abandonou, Jackie. E que merda, você prometeu que nunca iria me abandonar. 

—Aquele beijo foi um erro... 

—Esquece a porra do beijo, ok!? - Hyde se exaltou e Jackie abraçou o próprio corpo. - Você disse "até meio dia"! Você disse! Mas você foi embora antes.  

Então ele queria voltar bem mais atrás do que o beijo.  

—Você ia terminar comigo! - A mulher começava a se exaltar também e os dois já ganhavam os olhares das pessoas.  

—Não, eu não ia, sua louca! Você é louca! Você sabia que eu não conseguiria.  

—Eu não sabia de nada, Steven. Você nunca me deixava saber de nada! 

—Você sabia que eu te amava! 

—E isso era suficiente? Era suficiente pra você? 

—Era, porra! Eu pedir pra você se casar comigo, droga! 

Jackie levou uns segundos olhando pra ele. Ela nunca soube disso. E saber disso mudava tudo e ao mesmo tempo nada.  

—Mas você se casou com ela ao invés? Ou você esqueceu disso? - Steven fechou os olhos e negou com a cabeça algumas vezes.  – Por que você se casou com ela?  

—Eu não sei! Eu estava bêbado!  

—Mas por que você a manteve por perto? Em PointPlace? 

—Eu não era eu mesmo, eu não sei! Eu queria fazer você pagar.  

—Pagar? - Jackie recuou um passo. 

—Por ter me abandonado e deixado a porra de um bilhete exatamente como Edna fez. E você sabia disso, você sabia o quanto estava me machucando. Mas mesmo assim eu fui, eu fui atrás de você e Michael... – Ele suspirou pesadamente e parou.  

Olhando o rosto cansado, ela percebeu pequenos flocos de neve se aglomerando ali. A coisa toda parecia um tanto surreal, dolorosa demais  

— Nós não temos conserto, não é?  

Jackie negou devagar, sentindo duas gotas geladas descerem dos seus olhos até seu queixo.  

—Então por que você me beijou? - Steven perguntou com um tom de desespero, deixando-a confusa.  

Você me beijou! - Ela apontou o peito dele com a ponta do dedo.  

—Não, Jackie. Você me beijou no casamento do Forman. Você começou toda essa loucura na minha cabeça. - Ele cutucou a própria testa.  

—Eu... – Ela hesitou. Jackie não lembrava de nada daquilo. - Eu estava bêbada, me desculpe. 

—Eu sei disso, ok? Mas você disse que ainda... - Hyde deu um passo para frente.  

—Ainda o quê? - Ela se afastou outro passo, com medo de obter a resposta. 

—Eu não sei, você nunca disse.  - Ele deixou os braços pesaram ao lado do corpo. - Me diz agora, Jackie! Você ainda o quê? 

—Steven, eu... 

—Por que se você ia dizer que ainda sente algo por mim... Não se case com ele.  

—Eu vou me casar com ele, Steven. - Ela disse, com o rosto erguido, cheia de uma certeza vazia. Talvez até mentirosa. 

—Você não o ama. - Afirmou, olhando tão fundo nos olhos dela, que Jackie se sentiu nua.  

—Você não sabe merda nenhuma sobre mim! - Ela elevou a voz, ficando na defensiva.  

—Eu sei tudo sobre você. - Os olhos azuis pareciam queimá-la. - Eu sei que quando você fala demais é por que está eufórica ou insegura. Sei que você passou a odiar o time de torcida por causa das coisas que elas diziam sobre mim. Eu sei o quanto ainda te dói que sua mãe tenha ido pro México naquele ano e sei que você adora o natal por que era o único dia que seu pai brincava com você o dia inteiro. Eu sei que você é forte, mas eu também sei que você usa isso como uma máscara porque na maior parte do tempo você só está assustada. E eu sei que você quer desesperadamente ser amada, que você precisa de alguém pra te amar por que você sempre quis uma família melhor que a sua própria. E eu amo você! Toda você! Droga! 

Ele parou e Jackie estava chorando, parada no frio no meio da rua, chorando na frente do homem que ela ainda amava. Ela estava destruída, seu coração acelerado doía tanto que ela mal conseguia respirar. E Steven estava esperando por uma resposta sua. Ela se virou de lado e curvou os ombros, secando o rosto. O olhar dele exercia tanto peso sobre ela que era difícil manter-se em pé.  

—Jackie...? - Diferente de antes, a voz do homem era um suave e baixo lamento.  

—O que você quer de mim, Steven? - Ela explodiu. 

—Eu quero você! - Ele gritou, atraindo toda a atenção para os dois.  

—Eu... não posso... - A mulher voltou seus olhos para a janela acesa em seu apartamento.  

—Foda-se ele!  

Então Hyde agarrou seus braços a trouxe pra perto e o beijo que ele lhe deu fez seu coração pular de maneira absurda, inumana. Parecia certo, parecia que o mundo todo se encaixava quando seus lábios e os dele se encaixavam. Era tipo destino. E fazia sua cabeça sair de órbita.  

Mas apesar de tudo isso, ela o empurrou.  

— Você não tem o direito de fazer isso comigo! - Seus olhos estavam marejados novamente e sua voz saiu tremula, insegura. 

—Jackie, se você partir de novo... Eu juro por deus, é a última vez. E eu posso te amar até o fim, mas esta é minha última tentativa.  

Ela congelou, incapaz de ir ou de ficar. Sua voz também travou.  

O que ela podia dizer? 

Qual era o preço de cada escolha? 

Quanto ela podia pagar?  

Steven continuou aguardando por ela. Por quanto tempo ele aguardaria? 

Não muito.  

—Foda-se! - Ele gesticulou com os braços, dando-lhe as costas.  

Ela quis gritar, chamar por ele. Mas seu nome ficou preso em sua garganta, até que o bolo se tornasse muito grande.  

E aquela era Jackie Burkhart. Uma pequena criatura chorando na calçada, abaixo da neve.  

 


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