Quase Cinderela escrita por winxchender


Capítulo 1
Capítulo 1: Um louco invade meu quarto


Notas iniciais do capítulo

Hellou, chuchus! Titia winx está vindo com essa fanfic em uma forma clara de experiência. Porque? Pois bem, eu não costumo escrever fanfics em primeira pessoa e essa é a minha primeira. Originalmente, essa fic era para ser uma original, mas eu quis adaptar ela para drarry. Quase Cinderela também é postada no spirit e logo irá para o wattpad. Uso o mesmo user em todas as redes.

Anyway, espero que gostem e boa leitura.



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"Abre o teu coração
Ou eu arrombo a Janela."

— Chico Buarque


Você já sentiu isso?

Aquele frio na barriga e o coração batendo mais forte?

Já se sentiu idiota perto de alguém, como se colocassem uma trava em todas as partes do seu corpo e ele parasse de vez de trabalhar, trazendo a tona um pânico gigantesco? 

Você não sabe o que é, mas é inevitável. Sabe que quanto mais perto, mais assustador fica, mesmo que o horizonte se torne colorido apenas com a menção de um "oi", ou um "e aí?". Traz à tona um sorriso gigantesco, sabendo que aquele acontecimento seria tão raro quanto espaçonaves passearem no céu. Contudo, lá está você, travado e sem nenhum tipo de mecanismo ou tática para reverter a atual situação. Apenas sorrir e acenar, feito um bobão que é. 

E bem, se você nunca passou por isso ou já passou e superou, meus parabéns, pois eu ainda passo por situações parecidas todo o santo dia, sete dias por semana. Teria folgas nos feriados e finais de semana, contudo, é claro que a tal pessoa por quem eu sou um idiota não sai da minha cabeça e infelizmente, da casa ao lado. O quão azarado eu sou?

Eu não queria fazer uma apresentação, por quê ao longo da minha vida vocês vão saber quem é Harry Potter, mas deixe-me dar uma pequena ajudinha: sou a pessoa com óculos ridículos e que é afogado na privada da escola. Não foi difícil de imaginar, certo? Pois é, esse sou eu.

E para completar o clichê de filme adolescente americano, eu me apaixonei pela princesa da escola. Seu nome é Cho Chang, a garota popular e bonita que adora provocar os rapazes. Era gentil, amigável e fazia parte de clubes sobre caridade ou "Salve bebês golfinhos!", o que a tornava um paraíso para qualquer adolescente cheio de hormônios e cromossomos Y saltando feito pipocas.

Inclusive, eu faço parte desta categoria.

Ninguém é de ferro, certo?

Definir Cho Chang não é difícil, consigo fazer isso com uma palavra: perfeita. Cho é perfeita e o pior é que a mesma sabe disso, usando tal fator para seu benefício. Veja bem, ela tem cabelos sedosos e brilhantes, negros feito ébano; ela os usa soltos, para mostrá-los. Seus olhos são castanhos e, mesmo que precise usar óculos, a mesma faz questão de usar lentes de contato para manter as orbes amostras; a boca vermelha, nem ao menos precisaria de batom, por isso apenas usa manteiga de cacau para não deixar ressacar. E o corpo... ah, o corpo de Cho era a perdição da minha alma, com curvas bem feitas, mas escondidas em suas saias e blusas de botões. 

Eu sei disso tudo pois passo um tempo a observando. Okay, eu sei, eu sei, é assustador, porém, eu não posso simplesmente ir até ela e falar algo, pois certamente ela me daria um fora, e o pior que seria o fora mais educado do mundo, com pedidos de desculpas e sorrisos sem graça. Eu não queria sofrer o risco, por isso, apenas observava discretamente os movimentos dela e as vezes sonhando alto, imaginando como seria ter essa garota nos meus braços.

— Hey, Harry. 

— O que é, Theo? — perguntei irritado para o meu amigo ao lado, que havia jogado em mim um cheetos e agora me encarava por baixo da cabeleira colorida na cabeça.

— Está fazendo "aquilo" novamente. 

Eu encarei Theo e seu cabelo azul um pouco confuso. Ele não me encarou devolta, apenas voltou a comer seus salgadinhos, deixando os fios longos e azuis tamparem seu rosto. Theo — ou Theodoro, mas ele preferia Theo — era a pessoa mais esquisita que alguém poderia conhecer: ele tinha a mania de usar suéteres longos, mesmo estando calor e seu cabelo toda semana tinha uma cor nova. Essa semana estava azul, talvez para ajudá-lo nas provas, pois ele adora azul.

— Você acha que eu devo... sabe? Falar com ela? — perguntei e finalmente os fios azuis voaram para cima e deixaram que eu encarasse o rosto surpreso e desesperado do meu amigo. Ele abriu a boca um pouco chocado e pude ver um pedaço de cheetos cair no chão, notando que a cena se tornou nojenta demais. 

— Você enlouqueceu? — disse e então, me dei por vencido, querendo evitar o discurso do meu amigo-avatar (o cabelo azul, sabe). Contudo, ele não se deu por vencido. — Sabe o quanto todo esse plano daria errado e lhe arruinaria? Deixe-me lembrar de todas as regras de convivência na escola e de algumas teorias sobre espécies.

E lá estava o discurso. 

Theo me fez lembrar de todas as regras que ele, Rony e Blaise fizeram em uma tarde de sábado quando estávamos na sexta série. Começou a falar sobre o quão estranho seria uma lontra resolver chamar um tigre para um encontro. As metáforas do meu amigo eram tão estranhas quanto seu cabelo, porém, metáforas em geral são assim e eu simplesmente deixava passar. Quando ele terminou de falar, voltou ao seu cheetos e de vez em quando me lançava olhares por debaixo na cabeleira azul. Eu apenas abracei meus joelhos e encostei minhas costas no muro cinza enquanto observava Cho conversando com a galera popular.

E você deve imaginar por quais pessoas a "galera popular" era formada. Times de futebol, de natação, líderes de torcida, alguns sortudos do clube de artesanato, etc. Era surreal como aquelas pessoas riam e jogavam comida para o alto, me lembrando vagamento a selva, com animais ferozes e em pura adrenalina.

Eu deveria parar de assistir Meninas Malvadas com a Hermione.

Balancei a cabeça, deixando alguns fios negros caírem na minha testa. Os soprei e eles resolveram voltar para onde estavam, me obedecendo dessa vez, o que era raro. 

Mal Theo havia acabado com seu pacote de cheetos e o sinal tocou. Nosso "Banho de Sol" havia terminado e agora íamos para nossas celas modernas e enfeitadas. Fiquei indignado com o fato de Rony e Blaise terem faltado a escola hoje. Vai saber o que aqueles dois estavam fazendo juntos. Suspirando, peguei minha mochila e me levantei, batendo a minha calça jeans folgada para retirar qualquer sujeira que viesse do chão.

— Aula da Trewlaney. Aula da Trewlaney. Aula da Trewla... — meu amigo repetia como uma mantra seu castigo semanal. Sibila Trewlaney era uma professorinha maluca que adorava citar quotes da literatura mais antiga possível e era obcecada por mitologia e fadas. Felizmente, a Diretora nunca deixou Trewlaney fazer uma invocação de fadas protetoras ou coisa assim na escola. Havia sido uma grande confusão quando ela saiu correndo com a caixa de papelão cheio de coisas dentro; coisas que atraiam fadas, de acordo com a mesma. 

Obviamente, ela foi impedida pelos seguranças que a levaram. De acordo com o parecer médico, ela estava em sua total clareza mental e que a mulher apenas era obcecada por fadas.

— Bem vindos, minhas fadinhas! — ela dizia sonhadora e Theo olhou para a janela com os olhos brilhando em desejo. — Sentem-se! Hoje, iremos fazer algo um pouquinho diferente do habitual.

Eu puxei Nott pelo braço que murmurava diversos "socorro" para mim. Eu apenas ri e o coloquei na cadeira ao meu lado, colado na janela. Para qualquer emergência, do tipo, Trewlaney querer invocar fadas do fogo e tudo virar um incêndio, teríamos a janela para fugir.

A mulher de coque e saia colorida tinha na mesa uma caixa toda enfeitada com glitter. Me perguntei se aquilo era permitido e me lembrei que era a Professora Trewlaney, ou seja, nada do que ela fazia era permitido. As aulas dela eram grandes perdas de tempo — o certo era a professora ensinar os princípios da Filosofia, porém, ela preferia aproveitar a oportunidade para converter os alunos as suas maluquices com fadas e deuses.

— Aqui nessa caixa temos um talismã que pode atrair fadas. — disse o que seria o normal para as aulas dela. Os alunos presentes na sala rapidamente sacaram seus celulares, ignorando a mulher, que parecia não ligar. —  Fadas são seres...

— ...protetores e de grande magia. — ouvi Hermione dizer atrás de mim e logo em seguida, Theo gemer descontente. A professora não ouviu a castanha, apenas continuou seu discurso sobre fadas e talismãs.

Passou-se dez minutos de aula e então, cansada de explicar os princípios das fadas e não da Filosofia, resolveu chegar onde queria com a caixa brilhante.

— Eu tenho esse saco com o nome de cada aluno. — falou ela balançando o que seria uma sacola plástica do mercado no centro da cidade. — O nome que eu retirar ficará com a caixa e o talismã.

Ela havia explicado algo sobre o talismã, mas eu divaguei. Em tese, estava ali apenas pela presença, pois estudava em casa e conseguia notas altas na matéria. 

Trewlaney balançou a sacola e a turma pareceu atenta dessa vez. É claro que ninguém queria levar a caixa brilhante com a pedra azul celeste para casa. Mesmo assim, lá estava ela  sorteando o nome e eu pedi a qualquer divindade — até mesmo as divindades da professora, seja elas quais forem — para me livrar dessa roubada.

— Blaise Zabini. — ela disse e eu soltei um mumucho descontente.

— Ele está doente, professora. — alguém falou e o pânico me tomou quando Trewlaney amassou o papelzinho e jogou-o no lixo, indo sortear outro nome.

— Certo, segunda tentativa... — parecia que ela desamassava o papel em câmera lenta. Sentia como se ela fosse falar um nome e a pessoa fosse escolhida para o algum Torneio mortal ou para os Jogos Vorazes. E então, ela disse: — Harry Potter.

Eu afundei na cadeira quando me lançou um sorriso simpático, indo pegar a caixa. Os alunos riam discretamente do meu azar, enquanto Theo parecia querer se esconder dentro do cabelo azul e Hermione me deu um tapinha discreto nos ombros. Professora Trewlaney me entregou a caixa com glitter e falou:

— É uma grande honra ter esse talismã. Ele lhe trará fadas muito positivas. — falou e eu forcei um sorriso, assentindo e notando que meu óculos escorregou um pouco até a ponta do meu nariz. — Agora, vamos falar sobre Ética e Cidadania. Abram os livros e façam uma leitura.

E como sempre, ninguém abriu o livro e a professora apenas se sentou em seu lugar, indo costurar roupinhas bonecas. Eu nunca entendia muito bem para que servia aquilo, mas sabia que ela ficaria com sua agulha e seus panos até a aula terminar.

Repousei a caixa com o talismã na mesa e abri o livro. Theo parecia intrertido com um besouro que passeava na janela e o restante da turma preferia seus celulares, teclando loucamente como se a vida deles dependesse de uma curtida no facebook ou coisa assim. Hermione havia aberto discretamente um livro do Stephen King e eu fiquei encarando a caixa por toda a aula que se seguiu.

No final, joguei a caixa dentro da mochila e sai rapidamente com Theo atrás de mim. Era hora da saída e eu precisava ser rápido para evitar Montage e seus amigos. Felizmente, consegui chegar no portão a tempo e Crabbe, um garoto gótico que vivia com um cigarro na orelha, falou:

— Hoje é quinta, tem treino na quadra até as duas.

— Obrigado Vincent, havia me esquecido. — disse e ele apenas abriu um meio sorriso. Além de Theo, aquele cara era o mais próximo de um amigo que eu tinha. De acordo com muitos, Vincent Crabbe era drogado, suas notas eram horríveis e alguns diziam que ele foi um ex-presidiário, contudo, ele era bem legal e sempre ajudava eu e meus amigos a fugir de Montage e sua gangue. Teve até uma vez que ele mentiu para o Capitão do Time e mudou a rota deles para bem longe de nós dois. Serei eternamente grato pelos dias sem socos e afogamentos de privadas.

— Sempre as ordens, Potter. — falou e se desencostou do muro, colocando as mãos no bolso e saindo, caminhando na direção contrária da minha. 

Crabbe sempre foi muito misterioso e ninguém sabe onde ele mora ou se tem família. Ele apenas chegava na escola e se sentava no fundo da sala, ocupado demais olhando pela janela. Ninguém também nunca o viu fumar o cigarro que havia na orelha, o que sempre me foi estranho. Se ele tem um cigarro, porque não o acende? Era uns dos mistérios do rapaz gótico. 

— É uma metáfora. — Theo dizia e eu apenas fazia um pedido silencioso para ele não citar mais A Culpa é das Estrelas. — Me diga, cara: o que vai fazer com essa caixa que a Trewlaney te deu?

— Não sei, vou deixar no armário. — disse pensativo. — Será que minha avó gostaria disso? Quer dizer, avós adoram caixas e eu soube que avó da Luna tem obceções por pedras.

— Oh claro, eu adoraria receber uma pedra se fosse a sua avó. — disse irônico, jogando a franja para o lado e me olhando atentamente. — Joga a pedra na água, como aquele filme, Jumanji. A pedra vai afundar como o jogo.

— Não acho que seja uma ideia boa. E se Trewlaney quiser me fazer uma visita apenas para ver se a pedra está lá em segurança? — opiniei e Nott fez uma careta, porém, concordou.

Caminhamos por alguns minutos até a minha casa. Theo falava sobre maratonar Suits e eu apenas ouvia a animação do meu amigo. Estávamos quase chegando no meu portão quando o mesmo parou e fez um "psiu", apontando discretamente para frente.

Cho estava lá, com um vestido amarelo e parecia muito sorridente com Cedrico, o cara da Natação. Ele disse mais alguma coisa e Cho assentiu, então eu senti meu mundo cair: Ele havia dado um pequeno beijo no canto da boca da garota, que corou e riu envergonhada, dando-lhe as costas e entrando em casa rapidamente.

Eu e Theo resolvemos andar rápido para minha casa e ignorar a cena, consequentemente ignorando Diggory, que entrava em sua BMW e arrancava pelas ruas vazias do bairro. Entrei no meu quintal e vi Theo berrar um adeus, continuando a andar e sabendo que eu certamente não iria querer falar sobre aquilo.

Uma pequena apresentação sobre a minha família antes de conhecê-los: eu moro com o meu padrinho, o marido dele e seu filho. Meu padrinho é dublador, ele faz as vozes de diversos personagens de desenhos animados. Ele tenta ser descolado, o que dá certo com ele e não comigo. Seu nome é Sirius e bem, ele foi um dos populares na época da escola.

Seu marido, que consequentemente chamo de tio, se chama Remus e tem um diploma de Direito pendurado na sala. Ele é advogado e é muito bom no que faz. Além disso, é uma "super-mãe", como Sirius gosta de falar e sempre mantêm tudo em ordem dentro de casa, sendo totalmente organizado e nunca deixando de nos dar atenção. Remus perdeu a ex-esposa em um acidente de avião, ficando sozinho com o filho, que eu considero meu irmão mais novo.

Meu irmão, um pré-adolescente chamado Edward — nós o chamamos de Teddy. Ele está na fase de se ser extremamente irritante e ver Velozes e Furiosos o tempo todo. Remus diz apenas para ele não esquecer dos estudos e como um verdadeiro "Black-Lupin", ele tira notas explêndidas e ganha a cada A+ um gritinho do meu padrinho seguido de um "É o garotinho do papai"!


Eu os considero meus pais. Foram eles que me criaram ainda quando perdir meus pais biológicos muito cedo. 

— Harry, querido? O que aconteceu? — Remus perguntou assim que entrei em disparada dentro de casa. Meus pais estavam na sala, Remus mergulhado em papeladas sobre processos e julgamentos; Sirius, fazendo exercícios de voz, parecendo uma versão barbuda da Sharpay Evans com seus "MA! MA! MA"!

— Nada, eu vou apenas para o meu quarto. — disse e Remus apenas suspirou, abanando o ar por conta da poeira dos livros abertos que a acompanhavam em seu trabalho.

— Tem lasanha na geladeira.

— Eu vou comer mais tarde, prometo. — falei e segui para a escada, querendo apenas me trancar no quarto e me afogar em algum game-online ou na Netflix. A imagem de poucos minutos atrás ainda me artomentava e eu sentia que finalmente havia deixado a garota dos meus sonhos ir embora.

— Sua namorada arranjou outro namorado? — Teddy surgiu no corredor com um sorrisinho maldoso. A franja lisa cobria um pouco seus olhos o tornando adorável, mas ele não deixava de ser um garotinho maligno.

— Fica na sua, adotado. — disse e ele apenas riu, indo para o seu quarto que era de frente ao meu. Eu ignorei as farpas com meu irmão de doze anos e entrei no meu quarto, jogando minha mochila na cama e ouvindo algo dentro dela balançar.

A caixa.

Eu suspirei, não queria pensar naquela coisa agora. Apenas arranquei meus tênis e com os pés, apertei o botão para ligar o adaptador do meu computador. Liguei o ventilador de teto e simplesmente me joguei na cama, querendo morrer de maneira rápida e indolor.

O teto é algo muito profundo para se olhar quando está na famosa "bad" (e bem, bad na realidade é uma tristeza muito grande e avassaladora, muitas vezes pode ser apenas uma crise que o deixa triste. Adolescente em geral vivem tendo isso), eu apenas fitava o teto branco como se ele fosse resolver meus problemas, porém, eu sabia que nada resolveria meus problemas a não ser eu mesmo — o que estava fora de cogitação — ou algum tipo de milagre. Queria que a solução caísse do céu, na realidade, pois eu não sabia o que fazer.

Devo ter ficado muitos minutos ali, pois logo ouvir Remus berrando pelo meu nome e dizendo que eu tinha feito desfeita de sua lasanha. 

— Me desculpe, papa! Eu estava conversando com os garotos no computador. — falei e ele apenas fez um som com a língua, ainda chateado comigo e retirando a lasanha do microondas. Eu agradeci e minha barriga roncou, me informando que eu estava verdadeiramente com fome.

Devorei a lasanha em um piscar de olhos, fazendo Sirius gargalhar e dizer que se lembrava daquela fase e de como ele comia feito louco. Remus brincou, dizendo que era por isso que ele estava com aquela barriga e papai apenas disse que aquele era o tanquinho dele e que sabia que o marido o amava de qualquer forma. 

Eles são loucos, eu os amo.

Larguei o prato na cozinha com a promessa de voltar e lavar tudo depois e simplesmente subir as escadas, agora alimentado, menos triste e com vontade de me afogar em filmes dos anos 80. Abri a porta do meu quarto e, na janela, vi algo estranho. Um pé vestindo um all star preto surrado. Havia uma pessoa pulando minha janela sem motivo algum e eu apenas travei, como sempre faço.

O garoto de estatura mediana e roupas coloridas entrou totalmente no meu quarto. Ele usava uma blusa azul e um casaco laranja, além de uma calça jeans rosa um pouco rasgada. Era um look brega e totalmente desconforme, com muita coisa para assimilar. Ele balançou os cabelos loiros platinados e deles saíram o que parecia ser porpurina verde. Logo em seguida ele ergueu os olhos azuis acinzentados para mim e perguntou:

— Esse é o quarto de Harry Potter? — eu abri a boca para responder, ainda chocado e tentando entender como ele havia conseguido escalar a janela. Quero dizer, meu quarto ficava no segundo andar! — Hey, garoto! Você é o Harry?

— Eu-eu-... o que faz no meu quarto?! — soltei e logo corei, sabendo que minha voz saiu esganiçada e meu óculos ficou torto. O garoto esquisito apenas se aproximou, apontando o dedo de maneira ameaçadora, mesmo que fosse um pouco mais baixo.

— Eu faço as perguntas aqui, rapaz. — disse e eu assenti, um pouco apavorado com o garoto do cabelo platinado. — Onde está Harry Potter?

— Eu-eu sou Harry Potter. — gaguejei.

E então, ele abaixou o dedo e me estudou, sorrindo alegremente em seguida e eu pude vê-lo relaxar os ombros. Olhou a minha volta e parou na minha mochila, andando até ela. Eu, obviamente, me desesperei. 

— Ahá! — ele gritou e tirou de lá a caixa brilhante que Trewlaney me deu. — Eu sabia que era você. Apenas quis ter certeza, sabe.

E abriu a caixa, retirando a pedra de dentro dela e a olhando atentamente, como se fosse algum tipo de diamante raro. Eu apenas encarava toda a cena confuso, querendo saber o que diabos aquele garoto estava fazendo no meu quarto.

— Eu sou Draco, é um prazer. — falou enquanto repousava a pedra em cima da estante. — Serei sua fada madrinha por tempo indeterminado. Agora me conte, o que o fez me invocar? Quer que eu traga positividade e dinheiro? Ou quer que eu te ajude com o amor? Eu tenho técnicas infalíveis para isso, a gente só precisa de canela e uma rou...

— Hey! O que? Você é doido? — eu disse em desespero e Draco apenas fez um bico, indo vasculhar meu quarto de cima à baixo. Seu all star fazia um barulho irritante no chão, porém, ninguém na casa parecia notar. — Larga isso!

Ele havia pego minha miniatura em lego do Tony Stark. Draco largou rapidamente e se virou assustado pra mim, um tanto quanto desesperado pelo meu desespero.

— Certo, não devo tocar nos seus bonequinhos. — disse e eu bufei indignado. Bonequinhos! Como ele ousava?

O garoto esquisito seguiu com sua tour pelo meu quarto e parou, se sentando na minha cama e cruzando as pernas, sorrindo alegremente para mim como se esperasse eu falar algo. Não sabia se ele era doido ou um farçante, contudo, isso poderia ser apenas uma brincadeirinha sem graça dos idiotas da escola. 

— E então? Quando começamos? — a voz de Draco soou, me trazendo devolta a realidade (ou parte dela).

Tinha um garoto louco que achava ser uma fada na minha cama! Certo, eu saberia lidar com isso.


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Notas finais do capítulo

Espero que tebham gostado. Logo irei atualizar ♥
Beijos, beijos!



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