I'm Not Okay escrita por Lyes


Capítulo 8
Foto Três - Um bom dia para se montar num dragão (Parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Oi. Gente. Bonita. Eu nem sei quando foi a última vez que eu postei um capítulo, nossa... Ok, acabei de ver. Amanhã faz exatamente oito meses. Não me odeiem hehehe
Mas agora eu tô aqui, por um milagre divino.
Gente, eu tava meio triste e ouvindo RBD, super sentimental. E aí eu pensei: bora escrever e postar esse capítulo. Juro pra vocês, eu não demorei cinco meses pra escrever, saiu em menos de 10 dias, acredita??? Maravilhoso!
Eu só consigo escrever quando tô muito cheia de alguma emoção. Não importa qual seja (menos raiva, que quando eu tô com raiva eu vou reclamar até passar).
Tá meio curto, masssssss
Espero mesmo, de todo meu coraçãozinho, que vocês gostem :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/761316/chapter/8

Eu odeio tirar fotos. Mas… odeio um pouco menos quando você tira fotos minhas. No começo era chato, estranho, invasivo e muito irritante, não nego. Mas com o tempo eu comecei a entender que aquilo era importante pra você.

Mas acho que o mais estranho dessa história foi que, com o tempo, eu percebi que aquilo também era importante pra mim.

xx

Depois de calçar meu tênis na maior pressa do mundo, pegar todas as coisas do chão e verificar se não tinha deixado mais nada pra trás além da minha dignidade, segurei meus patins em uma das mãos, enquanto verificava se tudo estava no lugar (tanto em mim quanto na minha câmera, óbvio).

E mais uma vez, Castiel estava a muitos passos na minha frente, com seu monstro de estimação trotando feliz ao seu lado. A roupa despojada, mais uma vez preta e vermelha, combinava bem com o rabo de cavalo desleixado que deixava alguns fios soltos tanto na nuca quanto na lateral do rosto. Aquele era o Castiel de sábado de manhã? Sem todas as peças da armadura de sarcasmo, palavrões, teimosia, malcriação, chatice, ousadia, uma dose de preguiça misturada com malícia e todas as outras coisas fortes que faziam aquela peça ser… hm… daquele jeito?

O sol o deixava bonito. Não sei dizer se era mais bonito do que era na sombra, mas ainda assim era uma visão muito agradável. Os cabelos cor de fogo contrastavam com a nuca clara e bonita, o sol fazia com que eles ficassem muito mais acesos e convidativos, diferente do brilho quase sobrenatural que eles tinham quando iluminados pela lua. Os ombros largos e os braços delgados não diziam muito sobre toda aquela personalidade horrível, muito pelo contrário. Ele parecia só um adolescente normal, num sábado normal, passeando com o seu cachorro normal. Por mais que isso seja meio distante da realidade, é claro.

Ou talvez nem tanto. Acho que eu estava só exagerando um pouco em certas observações. 

Tá bom, eu estava exagerando e muito. Castiel era sim só um adolescente normal, num sábado normal, passeando com o seu cachorro normal. Tirando o fato de que ele era um adolescente normal e muito bonito, do tipo que fazia mulheres de todas as idades suspirarem por aquele sopro de energia flamejante e jovial que vinha daquela criatura.

Com toda certeza ele não ligava se eu estava logo atrás dele ou não, se eu estava perto ou se eu estava longe, se o mundo estava desabando ou se chovia algodão doce. A guarda dele estava baixa. E isso não era o tipo de coisa que eu sempre teria oportunidade de ver. 

Com toda a destreza que ainda me sobrava depois daquelas manobras arriscadas, juntei os cadarços dos patins e os coloquei nos meus ombros, saquei a câmera e estava pronta pra atacar.

 — Castiel! — chamei, forçando um tom meio desesperado, porque sabia que ele não olharia se eu só o chamasse por chamar.

— Hm? 

Por mais que aquilo fosse só um grunhido impaciente, eu sabia que ele estava se esforçando de verdade pra me olhar e lidar com seja lá o que eu precisasse ou fosse pedir. Uma pena que eu nunca chegaria a pedir nada, não usando palavras.

Quando ele virou o corpo pra me olhar, bem depressa porque meu tom era bastante urgente, tirei a foto perfeita: os fios soltos se misturavam com os que descansavam atrás da orelha, os lábios cerrados e as sobrancelhas franzidas, mas não de preocupação, o nariz anguloso e o maxilar forte e bonito eram o que compunham o Castiel de guarda baixa. Não tinha muito o que dizer, só o que admirar. Aquela era a foto perfeita, do tipo que só conseguíamos uma vez na vida e é por isso que eu gostava de fotografias. Elas capturavam momentos que talvez nunca mais fossem acontecer de novo, os transformava num pedacinho daquilo que podemos chamar de quase eterno, daquilo que podemos fazer durar. Nossos sentimentos se uniram por alguns poucos instantes, numa evidência que vai durar pro resto da vida. 

Aquela era a prova de que de fato Castiel era um adolescente normal. 

Um adolescente normal que corava, inclusive.

— Você é estranha — ele resmungou, virando pra frente antes que eu tivesse a oportunidade de tirar outra foto, mas dessa vez uma foto que arruinaria a sua reputação.

— Eu sei. Você não é o primeiro a me dizer isso. — Sorri, ainda muito feliz pela minha pequena travessura.

— Por que tirou a foto? — questionou, ainda sem me olhar.

— Não sei. — Menti. — Talvez porque você seja bonito, talvez porque eu quisesse provar alguma coisa pra mim mesma, ou talvez só quisesse ver se a minha câmera estava funcionando mesmo depois da queda. Quem sabe?

Castiel não me perguntou mais nada. Talvez porque aquela não fosse a resposta que ele queria, ou talvez porque ele não quisesse perder tempo discutindo. Mais uma vez, quem sabe?

E assim seguimos, no meio daquele silêncio parte constrangedor, parte revelador. Constrangedor porque, bem, não nos conhecíamos o bastante pra ter um silêncio confortável e revelador porque aquilo provava que a foto acabou fazendo algum efeito. Por mais que não fosse o que eu esperava que acontecesse, confesso.

Quando estávamos perto da saída, Castiel tirou a guia do bolso e finalmente resolveu prendê-la na guia/arnês/camisa de força do Dragon, o que teria evitado certos problemas de antes, se pararmos pra pensar, sabe? Mas não adianta chorar pelo leite derramado, nem pelos bolinhos que foram pra sei-lá-onde ou por mim, que acabei estatelada no meio do mato. Triste.

Sem questionar, continuei seguindo o Castiel pelo mesmo caminho que fizemos a duas semanas atrás quando ele me levou pra casa. Mas continuei seguindo sem nem questionar quando passamos da rua em que eu virava pra chegar em casa. Seguimos por mais umas duas ruas e Castiel parou em frente a um prédio chique, porém fofo. Então ele saiu do próprio caminho pra me deixar em casa? Que informação interessante...

Castiel abriu o portão e soltou a coleira de Dragon, que desapareceu dentro do prédio. Ninguém mais tinha medo daquele monstro? Como ele podia soltá-lo com tanta tranquilidade? Sério, onde está o bom senso das pessoas? 

— Sei que o portão é bonito, mas… será que você pode parar de babar e entrar logo? Eu não tenho o dia todo. 

Pigarreei para disfarçar a vergonha e passei pelo portão e me afastei o suficiente para perceber que não sabia em qual andar era o apartamento dele.

— Décimo segundo andar, pode chamar o elevador. 

Chamei o elevador. Entramos. Olhei pra baixo enquanto subíamos, embalada pela atmosfera constrangedora e a música irritante. Assim que chegamos, Castiel seguiu em direção a uma porta totalmente escancarada, o que me deixou pensativa mais uma vez. 

— Ok… Você tem algum fetiche em portas ou coisa assim?

— Mas que porr... ? — Castiel me arrancou de dentro dos meus pensamentos com a pergunta mais esquisita que eu já ouvi na vida.

— Sempre que estamos perto de uma porta, você para e fica olhando igual besta, então essa é uma das opções. 

— Uma das? Eu com certeza não quero ouvir as outras… Já parou pra pensar que talvez eu seja fotógrafa de uma revista sobre portas? — Essa foi uma das coisas mais ridículas que eu já disse na minha vida.

— Essa foi uma das coisas mais ridículas que eu já ouvi na minha vida.

Argh.

— Enfim, esquece isso… Por que a porta tava, hm… Você sabe, aberta? — Mordi os lábios enquanto tentava formular uma frase tão simples, por que nada podia ser normal quando eu estava com ele?

— Óbvio que o Dragon subiu até aqui e abriu a porta, acha que o meu garoto não tem a chave da própria casa?

— Mas… — Antes que eu pudesse continuar com as perguntas, Castiel seguiu pelo corredor e finalmente entrou no apartamento, deixando a porta aberta atrás de si. Não questionei e muito menos esperei o convite que não viria nem daqui a um milhão de anos. Entrei e fechei a porta, finalmente voltando a me lembrar um pouco melhor sobre como formar frases sem parecer idiota. — Você faz ideia do quão perigoso é deixar a porta destrancada? Pode ter alguma pessoa mal intencionada, um ladrão, ou uma pessoa realmente perigosa por aqui!

— Oh, não… é sério? Agora que você disse, eu parei pra pensar… O meu vizinho estava assistindo O Poderoso Chefão dia desses, é claro que ele é da máfia, que outra explicação isso teria? E com certeza a Petúnia, minha vizinha aqui do lado, é uma serial killer. Sim, sim, ela deve estar me envenenando aos poucos com cianeto sempre que cozinha pra mim, como eu não pude perceber. — Castiel desdenhou, franzindo as sobrancelhas pra mim pela décima quinta vez no dia. Ele não tem medo de ter rugas ou coisa do tipo? — Fala sério, eu sou a pessoa mais perigosa desse lugar. Olha o tamanho do meu cachorro.

Castiel apontou para Dragon, que olhou meio confuso para o dono. O monstro estava deitado com a cabeça em cima de uma almofada, aninhado num bichinho de pelúcia. Certo, parece que ele é uma ameaça real… Para bolinhos de milho.

— Ei! Acha mesmo que ele te contaria se fosse da Máfia? E outra coisa, várias serial killers fizeram suas vítimas por envenenamento por cianeto, arsênico e veneno de rato, sabia? Não subestime idosas com cara de boazinhas, a Nannie Doss parecia ser uma fofura! Vai que o perfil dela é escolher caras de cabelo pintado de vermelho?

— Fotos em momentos estranhos, fetiche em portas e conhecimento sobre serial killers… Retiro o que eu disse, você é a pessoa mais perigosa desse prédio. — Castiel presenteou o mundo com mais um daqueles sorrisos que não eram sorrisos, enquanto parecia interessado na conversa, pela primeira vez no dia. 

Ponto pra mim? Ponto pra mim!

— Talvez… Diz a lenda que o meu modus operandi é o seguinte: primeiro eu fotografo as minhas vítimas sem que elas percebam. Depois, sequestro e esmago a cabeça delas na porta. Por último, deixo as fotos perto do cadáver para que as pessoas possam ver o antes e depois da transformação. Se não tiver entendido, posso te mostrar na prática, porque você já satisfaz a primeira condição! 

Castiel gargalhou e eu, me deixando levar pelo momento, acabei fazendo companhia a ele. — Você me dá arrepios, sabia? 

— Sim. Essa é a minha segunda missão de vida, sabe?

Ele balançou a cabeça e saiu andando, sumindo dentro de um corredor poucos segundos depois. Ahn?

Tentei olhar em volta para procurar uma pista sobre onde ele poderia ter ido, mas aquele apartamento era bem, mas bem grande. Dois sofás que pareciam extremamente confortáveis, um tapete entre eles e uma tv gigante que ocupava boa parte da parede. Uma mesa de jantar, um lustre, o balcão que dividia o espaço entre a sala e uma cozinha bem equipada… mas a casa não tinha nenhuma foto. Onde estavam os pais dele, afinal de contas?

— Eles só aparecem quando eu tenho muito, mas muito azar. 

Eu estava falando em voz alta? Desde quando ele voltou?? Bem, isso não importa, porque a cara de impaciência dele me fez perceber que eu acabei de estragar a atmosfera boa… Menos um ponto pra mim.

— Ahn, eu… 

— Tanto faz. Senta logo. — Castiel carregava, além de sua bipolaridade explosiva, uma caixinha branca que parecia ser de Primeiros Socorros. Assim que eu me sentei na poltrona mais próxima, elle se ajoelhou na frente das minhas pernas e retirou da caixinha alguns band-aids, algodão e um potinho com antiséptico. Era estranho dizer isso, mas… Castiel até que consegue ser cuidadoso. Seus movimentos eram calculados e tranquilos, o total oposto daquela personalidade horrível. — Pronto, consertei o estrago que eu podia consertar. O resto é com você.

Resto? Que resto? Eu tinha me machucado em mais algum lugar? Era o que eu me perguntava enquanto olhava e tateava todo o resto do meu corpo. Mas parei assim que percebi aquele maldito sorrisinho zombeteiro, porque ele me deu a resposta: nada. Não tinha nada de errado comigo, Castiel estava só sendo ridículo, mais uma vez.

Suspirei e me levantei em um pulo, sabendo que agora eu finalmente poderia ir. Mas… ir pra onde? Que horas eram? Onde exatamente eu estava e por que eu estava? Digo, o que eu tinha mesmo que fazer? Quais eram as minhas tarefas antes do Dragon quase me matar e eu acabar na casa do Castiel? Quais eram as minhas preocupações, mesmo? Seria muito estranho se eu dissesse que a companhia dele era pelo menos um pouco agradável?

Castiel, ainda de joelhos, me olhou com aquela cara de interrogação e eu fiz tudo o que eu podia fazer em um momento como aquele.

Sorrir. Eu comecei a rir, como sempre fazia quando muitos pensamentos inundavam a minha cabeça. Foi divertido ter meus bolinhos roubado por um cachorro, acabar no meio do mato e terminar na casa de um colega de classe que aparentemente não me suportava? Sim!

Castiel se levantou às pressas e agarrou meus ombros. — Garota, você tá bem?! Bateu a cabeça na queda ou algo assim?

— Estou ótima. — Respirei fundo e parei de rir, apesar de ainda estar naquele estado crucial entre parar de rir de uma vez ou gargalhar até cair de joelhos. — Quando eu começo a pensar demais, acabo gargalhando por motivos desconhecidos, mas… muito obrigada.

Como Castiel não tinha soltado meus ombros, ainda tentando entender se eu estava bem ou não, toquei seu ombros com delicadeza, passando minha mãos por trás de seus braços. Fiz isso para dizer que eu ainda estava sã, ou quase isso. 

Ele não me afastou.

— Está me agradecendo por…? — Ele me olhou com aquela cara sutil de interrogação, aquela que me fazia querer entregar todas as bobagens que corriam pela minha cabeça. E olha que eram muitas.

Vejamos… agradecer pelo seu cachorro ter me jogado na grama? Por se preocupar comigo? Por abaixar a guarda e ter uma conversa decente comigo? Pela foto? Pela companhia? Pelo curativo? Por estarmos parcialmente agarrados no meio da sua sala? Por finalmente me deixar matar a curiosidade de se a sua pele é tão quente quanto seus cabelos? 

Sim, definitivamente era por um pouco de tudo isso.

— Pelo curativo, pelo que mais seria? — Castiel sorriu de lado e soltou os meus braços. 

— Você é estranha, Parish.

— E você é um porre, Castiel.

Olhei mais uma vez para os braços cruzados, as sobrancelhas franzidas e os lábios semicerrados transbordando o sarcasmo de sempre. Acho que posso me acostumar com isso, também.

xx

Sim, eu sou um porre, Parish.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sim, Gabi, o Castiel é um porre ~~

gENT, eu tava escrevendo o nome da Parish errado, bom dia?????? ha hahaha hahahahaha (tô bem não sdihsjaksakoas)
Sigo ouvindo RBD enquanto bato papo com a minha professora (são 2:18 da madrugada).
Entãoooooo, o que vocês acharam??? Heheheheh
Espero ver vocês nos comentários, viu -q
Beijos na bunda e espero voltar logo, mas antes leiam The Sound, minha fic nova que nem é tão nova assim -q é isto ♥