Mais um dia normal na Torre Titã estava começando e... mentira, o poderoso pai de Ravena (demônio – ex-mecânico –), Trigon, estava ali para visitar sua filha. Mas não era uma visita convencional, ele foi para dar o troco do feitiço da bondade que ela pôs sobre ele depois que ele havia colocado nela.

Trigon não é bom, foram momentos angustiantes que ele viveu sob o feitiço e queria ver se sua filha via agora que ela deveria ir para o caminho do mal e tomar seu lugar de direito.

Ele entrou na Torre Titã o mais silencioso que conseguiu e viu ela assistindo um programa com pôneis. Isso é coisa que uma filha de Trigon faça? Ele lançou o feitiço furtivamente e foi embora para seu reino, esperando o momento para retirar o feitiço.

(...)

Ravena sentiu algo diferente, era familiar mas ela não conseguiu se lembrar do que era, então ela resolveu deixar para lá e continuou a assistir Pégasos é Fofo Demais. Ela percebeu o que tinha acontecido assim que Cyborg derrubou um balde de água em cima dela, ao invés de socá-lo ela começou a rir e disse:

— Essa foi muito boa, Cyborg. — Ela falou, dando uma risadinha.

— Sério? — Ele perguntou, confuso pela aceitação.

— Foi demais. — Ela falou, com sua animação forçada.

— Então tá. — Ele falou, recomeçando a rir.

Trigon, ela tinha certeza de que ele havia lançado o feitiço da bondade nela novamente, na outra vez ela teve tanto trabalho para desfazer e agora ia ter que fazer de novo, uma droga.

Ela levantou-se para ir ao seu quarto desfazer o feitiço e tropeçou em Mutano, que ostentava um sorriso malicioso.

— E aí, Gatinha? Dá um sorriso. — Ele falou, sorrindo.

Ela se esforçou muito, mas deu um sorriso.

— Claro, sorrir é ótimo para elevar o humor. — Ela falou, piscando.

— Isso aí, Gatinha! — Ele falou, indo para o quarto do Cyborg.

Ravena rolou os olhos, ficando com mais raiva de Trigon pelo feitiço. Apesar dela se sentir bem em fazer o bem, às vezes se sentia meio idiota pelo o que fazia.

Ao passar em frente à porta de Robin ela ouviu uns fungados vindo de lá, ela iria passar direto, mas ela foi dominada pela bondade e entrou no quarto.

— Robin, você está bem? — Ela perguntou.

— Estou... snif... bem. — Ele respondeu, esfregando o rosto.

— Tem certeza? Eu sou sua amiga, pode desabafar. — Ela falou, piscando os olhos.

Ela definitivamente odiava isso.

— É que quando eu finalmente tive a oportunidade de roubar um beijo da Estelar eu não pude aceitar porque ela ia perder a personalidade dela. Por quê? Isso só acontece comigo. — Ele falou, pondo o rosto nas mãos e chorando novamente.

— Não fica assim, tenho certeza que vai conseguir, não fique chateado. — Ela falou, sentando ao seu lado e dando um abraço reconfortante.

— Mas até hoje não vi ninguém que ficou interessada em mim. A Estelar nem liga para mim! Eu só queria um beijinho. — Ele lamentou.

— Não fica assim, Robin. — Ela falou e fez algo que pegou ambos de surpresa, ela deu um beijo nele.

Robin arregalou os olhos, bastante surpreso com a atitude dela. Já ela usou toda a força que conseguiu para se teletransportar para seu quarto a fim de tirar o feitiço a todo custo.

Ela não conseguia acreditar que tinha feito aquilo, ela beijou o Robin! Maldito feitiço, ela estava procurando um feitiço para revidar em seu pai quando o visse. Como ela ia olhar na cara do Robin? 

Claro, ela ia explicar para ele o por quê de ter feito aquilo, mas por que não parava de pensar nisso?

Ela terminou de desfazer o feitiço e se sentiu como ela mesma novamente. Ela suspirou e ouviu uma batida na porta.

— Posso entrar? — Robin perguntou, receoso.

Ravena pensou um pouco, mas permitiu que ele entrasse.

— Ravena, o que aconteceu mais cedo? — Ele perguntou, realmente confuso.

Ele ficou tão chocado que até esqueceu sua chateação, o que deu na Ravena afinal?

— Meu pai pôs um feitiço de bondade em mim, então eu estava agindo meio estranho durante a última hora.

— Então o que aconteceu não significou nada? — Ele perguntou, ficando triste, mesmo sem entender por quê.

— Não, Robin. Pode ficar tranquilo. — Ela respondeu.

Ele assentiu e saiu do quarto dela, ela se jogou em sua cama passando a mão no rosto.

Como aquilo acabou acontecendo?

(...)

A madrugada já havia chegado, mas Ravena ainda não tinha conseguido dormir, sua cabeça estava cheia demais para que ela pudesse sequer fechar os olhos. O beijo, apesar de breve, vinha sempre à sua mente quando fechava os olhos. Ela lembrava também de outras coisas, como nas vezes que Robin a ajudou, o modo como ele agia às vezes era fofo, mas e daí? Foi só um efeito do feitiço mesmo.

Cansada de ficar ali rolando de um lado para outro ela foi para o terraço da Torre Titã pegar um pouco de vento, quem sabe o sono não vinha? Mas ao chegar lá se surpreendeu ao ver quem menos precisava no momento, Robin.

— Hey. — Ela cumprimentou, sentando-se ao seu lado.

— Oi, não consegue dormir também? — Ele perguntou, olhando para ela de relance.

— Yeah.

— Bem vinda ao clube. — Ele falou, voltando sua atenção para o céu estrelado.

— Olha, sobre mais cedo...

— Eu sei, Ravena, não aconteceu nada, tudo bem. — Ele interrompeu, ficando chateado.

— Ainda o lance da Estelar?

— Que lan... Ah, não. Nada. — Ele falou, dando de ombros.

— Ficou chateado com mais cedo? Sei que gosta da Estelar e tudo mais...

— Eu não sei, tá legal? Eu só fico pensando naquilo. Eu até mesmo esqueci o lance com a Estelar! Claro, para você não significou nada, mas aparentemente algo mudou em mim, okay? — Ele falou energeticamente, frustrado pelo fracasso constante da sua vida amorosa. Uma garota só beijou ele por causa de um feitiço! Se não fosse isso ele ia morrer sem beijar?

— Olha, Robin, eu também fiquei pensando nisso durante a noite toda. Eu não sei por quê! Eu só fico pensando.

— Você disse que não significou nada. — Robin comentou, deitando-se para ver o céu melhor.

— Sim, eu disse. Mas eu não sei, fico me perguntando se foi só isso. — Ela falou, deitando-se também.

Eles ficaram em silêncio, escutando o barulho distante da água batendo na terra lá embaixo. Então Robin se voltou para Ravena, falando baixo:

— Eu sei um jeito para testarmos.

— Que jeito? — Ela perguntou, também virando-se para olhá-lo.

Não foi preciso mais palavras, ele se aproximou dela e fez a tentativa de beijá-la, que ela aceitou mesmo que um pouco relutante. Foi apenas um teste para ambos, para testarem o que poderia acontecer a seguir, e um teste que deu certo, pois logo eles se aproximaram mais e aprofundaram o beijo, que ficava cada vez mais intenso. Quando o ar foi preciso eles se separaram ofegantes e ficaram um olhando para o outro.

— Sabe, talvez seja preciso mais alguns desses para eu decidir se algo mudou. — Robin falou, dando um sorriso de canto.

— Eu concordo, preciso entender se eu realmente gostei disso, sabe? — Ravena perguntou, zombeteira.

Eles soltaram uma risada e se aproximaram mais, retomando o que estavam fazendo antes.

(...)

Trigon estava furioso, ao invés de trazer sua filha para perto e vê-la pegar seu lugar de direito ele aproximou ela daquele humano inútil que não vai ajudá-lo em absolutamente nada.

Ele só iria atrapalhar seus planos para a futura rainha e metade demônio que deveria estar em seu lugar comandando tudo ali ao lado do seu pai.

Mas e se ele fizesse...