Ragnarok escrita por Terra Branford


Capítulo 3
Capítulo 3: De Thor Odinson a Steve Rogers




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***** Asgard *****

Thor Odinson era um homem fácil de se notar em qualquer ocasião, completamente o oposto de seus irmãos que sempre foram discretos. O segundo filho do rei Odin era do tipo que gostava de chamar a atenção onde quer que passasse.

Seu corpo definido em conjunto com seu belo rosto era algo que sempre chamava a atenção das mulheres, para seus amigos ele era um cara divertido e engraçado, já para seu irmão mais novo ele era apenas um idiota.

“Um idiota de proporções inimagináveis”, Loki concluiu ao analisar o homem alto e histérico a sua frente. Havia o encontrado fazia cerca de meia hora e já não aguentava mais ouvir a voz dele, nem mesmo a bebida que carregava em suas mãos facilitava aquela tarefa árdua.

Loki soltou um suspiro, olhando pelo canto dos olhos para Tyr, o culpando mentalmente por tê-lo levado até aquela tortura que se desenrolava pelos lábios de Thor.

Thor parecia viver em um mundo próprio, só dele, onde ficava isolado e alheio a tudo o que acontecia em Yggdrasil. E naquele momento o loiro narrava sua última visita as terras estrangeiras, uma visita que dada a atual situação de Asgard tinha tudo para ter algum cunho político, mas que pelo visto não passou de mais uma das aventuras do grande Thor. Um grande evento, aparentemente, para algumas das pessoas que o cercavam, seus irmãos e dois amigos de Midgard.

— Ai de repente ela apareceu, meus amigos! – Thor comentou animadamente com seu jeito único de ser – Ela estava deslumbrante! Era impossível não olhar para ela, a mulher tinha o sorriso mais belo dos nove reinos, quando percebi não conseguia parar de observar seus belos lábios, imaginando como seria desfrutar deles, daquela pele...

— Se bem me lembro. – Tyr, o irmão mais velho de Thor, o interrompeu com um sorriso divertido - Você havia me dito que não conseguia parar de olhar para outras partes dela.

— Meu caro irmão, não diga uma coisa dessas. – Thor se fingiu de ofendido – Temos uma senhora por aqui, quer que a jovem Danvers tenha uma má impressão de mim? – ele indicou com um amplo sorriso uma jovem midgardiana que os acompanhava.

— Oh! Não seria a primeira vez. – um homem que se identificou como Clint Barton completou rindo.

— Que culpa tenho, caros amigos, se aquela mulher é perfeita e tinha um belo par de pernas? – os tolos que ali estavam riram, Loki revirou os olhos – Não tive como resistir, me apaixonei por ela assim que a vi.

— Pensei que ainda estivesse com a Jane? – Clint comentou.

— Amigo, não se apegue aos detalhes, afinal vivemos em um mundo livre. – Thor riu.

— Então ela era de Vanaheim? – Clint perguntou ao se lembrar do local da viagem do amigo.

— Não, não. E isso certamente era uma das coisas que mais me impressionou nela, ela pertence ao reino de gelo, Jotunheim.

— E por que ficou tão impressionado? – Tyr perguntou confuso.

— Oras, porque ela era magra! Sempre pensei que as mulheres daquele lugar fossem gordinhas, imagina só viver naquele mundo de gelo sem nenhuma gordurinha para se aquecer? – os risos voltaram com a mesma força de antes – Não me entendam mal, nada contra as gordinhas, mas aquela mulher me surpreendeu.

“Mulherengo e idiota como sempre”, Loki refletiu.

— E para variar ela caiu em seus encantos? – o midgardiano voltou a rir.

— Infelizmente não, amigo Barton, aquela mulher era difícil, mas ainda não desisti, sou um homem muito determinado.

— Então ela te deu um fora?

— Na verdade acho que ela ameaçou cortar o braço dele. – Tyr comentou aos risos.

— Cortar o seu braço? – Clint parecia impressionado.

— Ela é uma mulher arisca e chego a arriscar que perigosa, o que só torna tudo mais interessante e guardem minhas palavras, meus amigos, ela ainda será minha.

Thor sorriu ao se lembrar do ocorrido, havia conhecido a mulher de longos cabelos negros em um evento organizado pelo regente de Vanaheim, era impossível não sorrir com a lembrança. A mulher que o apresentaram como Sif estava deslumbrante quando surgiu a sua frente trajando um belo vestido verde, seus cabelos negros estavam soltos e contrastavam com sua pele clara. Thor não resistiu em se apresentar a ela e ficou impressionado com o jeito agradável dela, o loiro era do tipo que se apaixonava com facilidade, e não foi difícil para ele se apaixonar novamente.

Direto como ele sempre fora, Thor não deixou de se insinuar para Sif que sempre cortava as indiretas dele de formas nem tão sutis assim, mas para a infelicidade da mulher, o homem não desistiu nem mesmo quando ela ergueu a mão esquerda e indicou a aliança dourada em seu dedo anelar.

“Não se preocupe, não sou ciumento”, Thor respondeu com indiferença, a ação dele a seguir a deixou transtornada. Thor depositou sua mão sobre o ombro dela, acariciando levemente a pele exposta, os olhos da mulher arderam em fúria. O que aconteceu a seguir foi apenas uma consequência, furiosa a mulher torceu a mão dele até que Thor soltasse um suspiro de dor.

"Nunca mais ouse tocar em mim, seu verme, ou da próxima vez juro que corto sua mão fora".

— Uma mulher arisca e muito forte. – Thor riu com a lembrança.

— E qual o nome de tal lady? – seu irmão Balder perguntou aos risos.

— Sif, o nome dela era Sif.

Ao ouvir aquele nome Loki arregalou seus olhos verdes, e por um momento ele pensou que fosse se engasgar com a bebida.

— Sif? Você disse Sif de Jotunheim? – ele perguntou incrédulo.

Thor observou o irmão com indiferença, seus amigos também pareciam tensos.

— Sim, por quê? Você a conhece?

Loki passou a mão pelo rosto, transtornado.

— Thor, você é um idiota mesmo! Faz ideia de quem seja essa mulher?

— Uma mulher linda? – o outro riu.

— Você é realmente inacreditável! Assediando a representante de Jotunheim em um tempo de crise, típico do grande Thor.

— Você está dizendo que aquela governadora que o pai tanto fala é ela? – Thor parecia descrente – A que invadiu uma das colonias de Midgard dias atrás?

— Em que mundo você vive, Thor? – Loki se irritou – Não vê televisão ou lê jornais?

Thor riu.

— Diferente de você, meu caro irmãozinho, não tenho tempo para esse tipo de coisa, e que diferença faz quem ela é? Ela continua sendo linda mesmo assim.

— Você é um idiota... – Loki resmungou.

— Está com inveja porque nunca conheceu uma mulher tão bela, se já a viu na televisão deve saber do que estou falando. – riu - Com todo o respeito a Glut, mas tenho certeza que não consegue pensar em uma mulher mais bela do que ela.

“Idiota”, Loki resmungou mentalmente, sua língua coçando para responder aquela provocação.

— Não seja tolo, conheço uma mulher muito mais interessante e bonita do que ela, Sig... – ela parou de falar quando se deu conta do nome que estava prestes a pronunciar.

Surpreso com seus próprios atos, por um momento ele ficou sem reação, era isso mesmo? Ele iria dizer o nome da Sigyn? Aquele pensamento o deixou meio tonto, e aquilo não tinha nada a ver com o Hidromel que ele carregava em suas mãos. Desde quando Sigyn passou a habitar seu subconsciente? Havia a conhecido naquela manhã e de repente como se fosse algum tipo de adolescente apaixonado se via encantado pela mulher de cabelos loiros e aquilo era algo completamente estranho e novo para alguém centrado e frio como ele.

Uma coisa nisso tudo era certa: Loki não era como Thor, ele não vivia se apaixonando a todo momento por aí. Mas o fato era que Sigyn estava habitando a sua mente desde aquela manhã, e ele não sabia ao certo o porquê, talvez fosse por ela ser uma mulher desinibida e inteligente, completamente diferente das mulheres fúteis e sem graça que o rodeavam, ela o lembrava Natasha Romanoff, uma jovem por quem um dia fora apaixonado, Sigyn aparentava ter o mesmo jeito petulante de ser. E por um momento Loki acreditou que aquele tipo de mulher sempre fosse o atrair ou talvez seu encanto por Sigyn fosse apenas uma reação momentânea  a sua atual situação conjugal, ou melhor a falta dela, a quanto tempo que ele e sua esposa não tinham relações mesmo?

Esposa... Aquela palavra reverberou em sua mente, e Loki se sentiu mal ao pensar em sua esposa Glut, por saber que não era aquela mulher que ocupava sua mente. Se Sigyn parecia interessante e agradável, Glut era fútil e irritante.

— Sig? – Tyr interrompeu os pensamentos de Loki com uma ruga de irritação surgindo em seu rosto – Quem é essa?

— Ninguém. – Loki respondeu com um sorriso dissimulado.

“Ninguém”, ele repetiu para si mesmo tentando se convencer daquilo, era o melhor a se fazer, ele não precisava de mais problemas com sua família, e se Tyr se quer suspeitasse de que Loki pensava em trair sua melhor amiga, Loki tinha certeza de que as coisas não terminariam bem para o seu lado.

— Mas o que importa amigos, é que verei aquela mulher novamente em breve! – Thor voltou a tagarelar – Já vislumbro no futuro uma união entre os dois reinos, Sif será uma esposa adorável.

Pela primeira vez Loki ficou feliz com Thor voltar a falar algo, era bom saber que aquela conversa estava tomando outros rumos, mesmo que Tyr ainda mantivesse seu olhar assassino sobre ele. O mais velho não iria esquecer daquele comentário e Loki tinha certeza sobre isso, temendo que surgisse uma enxurrada de perguntas sobre o assunto Loki resolveu se afastar do grupo assim que teve oportunidade.

 

***** Jotunheim *****

Lothur observava sua cobaia com atenção, seu cérebro estava agitado naquela manhã e uma necessidade estranha de comprovar sua mais nova descoberta dominava o seu ser. Ou mais precisamente a necessidade de se apressar em testar sua mais nova teoria antes que Sif voltasse para a casa deles.

“Antes que Sif voltasse”, aquele pensamento reverberou em sua mente e Lothur se sentiu mal ao lembrar da discussão que tivera com ela logo pela manhã. Ele odiava quando discutiam, ainda mais quando o motivo da discussão era o pai adotivo dele, motivo que vinha se repetindo com muita frequência nos últimos meses.

— Não quero vê-lo, ele me despreza. – o moreno havia desabafado quando Sif o intimou para irem visitar o pai dele naquele dia.

— Ele é o seu pai. - ela respondeu pacientemente.

— Heimdal nunca vê nada de bom nas coisas que eu faço, esta sempre criticando tudo. – ele suspirou - Não acredite nele, Sif. Ele quer deixa-la contra mim, vai enfiar coisas na sua cabeça.

— Ninguém vai enfiar nada na minha cabeça Lot, deixe de frescura e vamos vê-lo.

— Não tenho tempo para vê-lo. – fez pouco caso - Preciso testar minha nova criação.

— Ele esta doente! – ela havia se irritado com a indiferença dele – E você prefere ficar aqui e testar sei lá o que.

— Sim. – ele respondeu um pouco incomodado.

A expressão de fúria que Sif fez naquele momento o deixou assustado.

— Certo, Lothur. Fique com suas invenções.

Ele repetiu mentalmente o próprio nome, tentando assimilar o significado daquilo, tentando não pensar em quando fora a última vez que Sif o chamara assim. Parte de sua mente pedia para ele ir atrás da esposa que àquela altura já havia saído do quarto dos dois e dizer que iria acompanha-la na visita a Heimdal, mas a outra, a sua parte predominante que envolvia orgulho e teimosia o manteve parado sentado na cama enquanto Sif desaparecia de seu campo de visão.

Horas depois do ocorrido ele ainda se sentia desorientado, Lothur soltou um suspiro ao se lembrar da esposa e voltou a analisar a cobaia a sua frente, parecia tudo sobre controle, a cobaia apresentava respiração tranquila, batimentos cardíacos normais, tudo perfeito para seu experimento, a ânsia em preencher sua mente com algo que não fosse a discussão com o Sif o fez mais do que nunca ter pressa em praticar seus estudos. Visivelmente seu experimento, ou melhor, seu único amigo e cobaia, não compartilhava de sua pressa.

— Vai ficar aí mesmo? Me olhando como se eu fosse algum tipo de ratinho de laboratório? – a cobaia perguntou aos risos.

Lothur o ignorou e apenas continuou o observando com indiferença e irritação.

— E você, até quando vai ficar aí comendo toda a comida de minha casa? – Lothur perguntou impaciente, analisando o homem se fartando de sua comida em sua sala de estar.

Um sorriso discreto surgiu nos lábios do loiro a sua frente.

Lothur bufou.

— Por um acaso não tem comida na sua casa?

Por alguns instantes o homem desviou a atenção de seu prato e riu.

— Sabe que não. – ele respondeu displicentemente – Faz dias que não volto a minha casa, e a comida do quartel não é lá grande coisa. – comentou apontando para as vestes negras e verdes de seu uniforme militar.

— Steve você é um morto de fome, isso sim! – Lothur respondeu indignado – Desse jeito vai acabar com toda a comida de minha casa.

— Não seja mesquinho. – Steve riu – Você e Sif não seriam capazes de comer nem metade disso, e de toda forma você sabe que eu sinto mais fome do que o normal.

Lothur passou as mãos pelo rosto ao se lembrar daquele detalhe, daquela verdade, e se sentiu mal por não ter feito nada em relação aquele distúrbio alimentar, por dedicar seu tempo a outras coisas em vez da saúde do amigo.

— Sim, eu sei. – Lothur respondeu depois de um tempo – Sei que foi um efeito colateral, mas ainda resolverei isso, só preciso...

Steve começou a rir, o interrompendo.

— Não me importo com esses detalhes, sabe disso, sou muito grato pelo que fez, se não fosse por você eu nem estaria aqui.

Steve sofria de uma doença degenerativa dos órgãos, de causa ainda duvidosa para a medicina da época, deveria ser uma doença rara, mas infelizmente vinha tendo cada vez mais casos em Jotunheim, em especial nos últimos anos, os estudiosos acreditavam que algo relacionado a forma de viver do povo do norte tornava propício o aparecimento da doença na região. Existiam aqueles que acreditavam que aquela fosse uma maldição devido ao uso indevido da magia no passado, outros que os asgardianos eram de alguma forma responsável pelo aparecimento dela. Já Lothur procurou por uma solução para a doença, independente de sua causa, movido pela vontade de curar o amigo e o padrasto, que sofriam do mesmo mal, conseguiu retardar o avanço da doença e inibir os seus sintomas após inúmeros estudos, mas a doença ainda estava lá e poderia voltar a qualquer momento em seu hospedeiro, ele só não sabia o quando.

— E para que precisa de minha ajuda? – Steve interrompeu os pensamentos dele.

— Para algo arriscado. – Lothur começou receoso.

— E quando é que você não me chama para algo perigoso? – Steve começou a rir – Sabia que um muquirana como você não me daria comida de graça, então é isso? Essa pode ter sido a minha última refeição?

— Não seja dramático. – Lothur deu de ombros – Não arriscaria a vida de meu maior experimento, ainda pretendo ganhar uns prêmios no futuro, e preciso de você vivo para isso.

— É bom saber que ainda tenho algum valor para você, Lothur. – o outro foi irônico.

A ansiedade dominava o jovem cientista, ele estava prestes a explicar o seu experimento quando uma voz irritantemente familiar surgiu no lugar.

— Pelas norns! – um homem loiro chegou esbaforido dentro da sala – Que tipo de ser humano cria lobos de estimação em sua casa? Aquelas coisas quase me morderam!

Lothur observou o recém-chegado com irritação e frustração, a irritação vinha do fato de odiar aquela criatura loira, a frustração pelo fato dele não ter se tornado a refeição de seus adoráveis lobos de estimação.

— Fandral... – Lothur o cumprimentou com certo azedume.

O homem pareceu se recuperar do acidente com os lobos e sorriu, o sorriso que Lothur odiava.

— Lothur. Capitão Rogers. Estou aqui a pedido de Lady Sif, ela me disse que você tem novidades para nosso exército.

Lothur o observou com a testa franzida. Se havia alguém que ele odiava em Jotunheim, esse alguém era Fandral. Não suportava aquele loiro há anos, desde a época do colégio, e verdade seja dita ele não gostava de nenhum dos amigos de Sif, mas Fandral conseguia superar todos os outros. O moreno nunca admitiria, mas morria de ciúmes sempre que via aquele homem perto de sua esposa. A simples existência dele o irritava, e agora ele estava ali, bem diante de seus olhos, o atormentando, Sif havia feito aquilo de propósito para irritá-lo, ele tinha certeza.

“As coisas não ficarão assim, Sif”. Ele fez uma nota mental, sua mão vagando automaticamente para a primeira arma que viu a sua frente, uma faca de cozinha.

“Ninguém sentirá falta dele, e os lobos terão carne por dias”. Ele pensou momentos antes de sentir um tapa em sua mão que fez a pequena faca cair sobre a mesa.

— Será de grande ajuda a sua presença, tenente. – Steve comentou enquanto direcionava um olhar cúmplice ao amigo.

A contragosto Lothur entendeu o “nem pense nisso” estampado no rosto do capitão.


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