Hinata entrou pela janela e se jogou na cama dele.

“O que? Mas já voltou? Você não ia dormir no perdedor hoje?”

Ele não divergiu o foco do videogame para perguntar aquilo a ela, mas Hinata podia pelo canto do olho que a atenção dele estava mais nela do que no jogo.

“Não chame ele assim.” Ela disse no tom cansado de quem estava cansada de perder a mesma batalha. ”Eu ia, mas Sasuke-san está na vila.”

O jogo gritou “Game Over” numa profunda voz metálica e, levantando a cabeça um pouquinho, Hinata viu a personagem de busto avantajado, usando algo que estava mais para um biquíni metálico que armadura, caída morta na tela.

Ele virou a cabeça par ela fazendo contato visual, em seu rosto um misto de incredulidade e raiva.

“E ele mandou você meter o pé?”

Hinata reprimiu a vontade de revirar os olhos. Não era algo digno.

“Claro que não... Na verdade, ele me pediu para ficar, mas eu disse que tinha uma reunião do clã de manhã.”

Ele franziu o cenho.

“E pra quê você está aqui às onze da noite, então?”

Ela sentiu o rosto esquentar um pouco e desviou o olhar.

“Eu tinha dito para Hanabi que não dormiria em casa hoje...” Hinata confessou timidamente, num tom ainda mais baixo que o seu usual.

Kiba ergueu as sobrancelhas e Hinata realmente não queria ver o olhar de pena que ele deveria estar exibindo.

“Oh céus, Hinata.”

Eles fizeram silêncio por um momento, mas ele não recomeçou o jogo.

“Onde está Shino-kun?” Ela finalmente perguntou, olhando em volta como se Shino fosse se materializar como mágica.

“Ele foi embora cedo porque realmente tinha coisa do clã pra fazer de manhã.”

“Só nós dois, então.” Ela respondeu fingindo não notar o tom de provocação dele, Hinata sabia que a raiva não tinha ela como alvo e não estava exatamente com vontade de defender a pessoal para qual ela era, de fato, direcionada.

“Bem, eu entendo porque você está brocoxô, mas eu não estava até você chegar, tinha planos também e agora eles estão arruinados por causa de você.”

Ela mordeu os lábios para não rir.

“Planos? Sozinho?” Hinata sabia que estava o irritando ao agir tão calma em vez de morder as iscas das provocações dele, mas a raiva alheia que ele estava sentindo ela um tanto engraçada.

“O quê que tem?” Ele a desafiou.

“Você odeia ficar sozinho, Kiba-kun.”

Ele inspirou profundamente e se levantou, Hinata fez uma careta. Ela não deveria tê-lo provocado tanto assim, agora ele estava totalmente em seu modo “porque você não está se defendendo, Hinata?”.

“Porque você deixa ele fazer essas coisas? Semana passada ele te deu um pé na bunda pra ficar com o Gaara, agora é o Sasuke, sempre tem outra pessoa, isso não te incomoda?”

“E o que você acha que eu deveria fazer?” De repente, ela estava com raiva também, não tão exuberantemente quanto ele, mas o bastante para finalmente responder em vez de mudar de assunto. “Fazer uma cena? Exigir que ele escolha entre eles ou eu?”

Ele não esperava aquilo, sua boca escancarou por alguns segundos antes dele responder com uma voz estrangulada:

“Bem... sim!”

“Kiba-kun...” Tão rápido a raiva surgiu, desapareceu, se tornando a tristeza bem conhecida de Hinata. “Eu não posso fazer isso.”

“Porque não? Ele é seu noivo, ele não deveria estar com outras pessoas! Quero dizer, você sabe que ele não quer dizer ser amigo desses caras tipo, sei lá, eu e o Shino” Hinata ergueu uma sobrancelha para aquilo, se ela sabia de uma coisa era que a tal amizade de seus colegas de time era de todas as cores do arco-íris, mas ele a ignorou “ quando ele diz que é. E eu tenho certeza que tem um monte de troca de favores nessa ‘amizade’, se você sabe o que eu quero dizer.”

“Não, eu não sei. Você tem uma mente muito poluída, Kiba-kun.”

“Você realmente não se importa, então? Nem um pouquinho assim de ciúmes? Você é boazinha demais, Hinata.” Ele disse a última frase num tom seríssimo e Hinata sentiu o coração inflar de amor por ele.

“Não, eu não sou. Eu estou com ciúmes. Quem não estaria? Mas, falando sério, o que eu posso fazer? Ele me disse uma vez, disse que se eu pedisse, ele não faria mais. Naruto-kun... ele nunca quis me machucar, nunca. E eu o amo tanto por isso, mas porque eu o amo, porque eu entendo o que é amá-lo e precisar dele, como eu poderia? Como eu poderia pedir que ele fosse somente meu? Aqueles outros dois precisam dele, e eu entendo, porque isso é bem ‘eu’.”

Ela se sentiu exausta depois de dizer aquilo e Kiba pareceu notar.

“Vem cá.”

Ela meio que correu para os braços abertos dele.

“Ele não te merece.”

Ela inspirou o calor proveniente dele, tão satisfeita em ter aqueles braços a envolvendo firmemente.

“Sorte minha ter você, então.”

“Bota sorte nisso!”