Instantes escrita por Lari


Capítulo 1
Hortelã


Notas iniciais do capítulo

Eeee ai?
Faz tempo que não posto nada aqui, tinha parado de escrever fics. Mas o meu amor e admiração por Scorose sempre me fazem voltar à esse casal de alguma forma, não tem jeito.
Espero que gostem!



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Rose estava fugindo de Lily quando tudo aconteceu. Sua prima estava tentando fazê-la falar sobre algo que supostamente a estava incomodando. Algo sobre o Malfoy. Algo que não existia e que Lily havia colocado na cabeça e agora a estava perturbando. E Rose definitivamente não queria saber do Malfoy aquele dia.

As provas finais estavam chegando, assim como os N.I.E.M.s no próximo ano. Ela não tinha tempo para bobagens sobre alguém que ela nem ao menos suportava. Então ela se misturou à multidão quando conseguiu se distanciar de Lily. Esbarrou em Alvo no caminho, mas ele não pareceu se importar em para-la.

Rose tentou continuar passando pela multidão de alunos à sua frente, mas se viu encurralada quando a voz de sua prima gritando por ela chegava cada vez mais perto, as pessoas à sua frente pareciam ter parado de se movimentar. Ela olhou para o lado e viu, à sua direita, uma porta que poderia ser sua salvação. Se encolhendo em meio aos outros para que Lily não visse para onde estava indo, ela abriu a porta e se escondeu rapidamente dentro do que descobriu ser um armário de vassouras.

O lugar era apertado, mas Rose só precisava ficar ali por um tempo, até que tivesse certeza de que Lily havia desistido e ido para a aula. Ela respirou fundo e se encostou na parede de frente à porta, seus pensamentos rumando para um lugar onde não deveriam. Ela não queria e não se permitiria pensar naquilo que haviam dito a ela, seus primos e seus amigos... naquilo que ela mesma já havia quase cogitado, mas que não se deixou refletir sobre, com medo do que significaria.

Não significava nada. Não havia nada para pensar. Nada para refletir e se concentrar além dos exames que estavam chegando. Era a única coisa com a qual ela deveria se preocupar, e nada mais.

A ruiva apertou os olhos, tentando afastar qualquer coisa que não tivesse a ver com veneno de acromântula, feitiços de proteção ou as Rebeliões dos Duendes, mas foi forçada a abri-los em um ímpeto de surpresa, quando a porta do armário em que estava se abriu e ela achou que não teria mais como fugir da prima.

Não era com Lily que era teria que se preocupar mais. Não ali, não naquela hora. Não quando os fios loiros e os olhos acinzentados que eram a fonte do seu maior problema estavam parados em sua frente, encarando-a com a mesma expressão de surpresa que ela tinha estampada no rosto.

— Não sabia que passava o seu tempo livre no armário de vassouras, Weasley. – Malfoy disse, irritante e com seu ar prepotente usual. Rose não respondeu, simplesmente esperou que ele saísse o mais rápido possível. – Não sabia que estava ocupado, vou ter que encontrar outro para mim, aparentemente. Foi mal, Weasley.

Rose engoliu em seco enquanto observava Scorpius se virar e puxar a maçaneta. Não era do seu feitio ser tão quieta em frente às grosserias do loiro, mas há um tempo ela percebeu o quanto não se sentia mais como ela mesma perto dele, e não conseguiu confrontá-lo. Não ali, não naquele instante.

O instante em que tudo pareceu perdido quando a maçaneta da porta não girou quando precisava. E o instante depois, quando Scorpius percebeu que um alohomora não resolveu a situação. E o instante em que Rose sentiu o ar esvaindo-se de si mesma, presa a poucos centímetros da pessoa que mais estava tentando evitar.

Ela entrara no armário para evitar falar sobre a pessoa que acabou presa dentro dele com ela. O carma devia ser real, e como devia.

—O que você fez, Malfoy? – Ela se recuperou daquele instante. Tinha que se recuperar e resolver a situação. Scorpius arqueou as sobrancelhas na direção dela e Rose manteve a pose de durona.

—Eu não fiz nada, Weasley. Se quiser, tente você mesma abrir a porta. – Ele se afastou da saída, e Rose pôde sentir o cheiro de hortelã que ele emanava quando o passo que Scorpius deu o aproximou de uma vez para perto dela.

Ela pigarreou e lançou um olhar de ódio em sua direção, ou pelo menos foi isso o que tentou fazer, enquanto se aproximava da porta. Ao dizer o feitiço de abertura, viu que ele não surtiu efeito algum na maçaneta, que parecia estar emperrada. Mas emperrado não era algo que acontecia quando se possuía magia. Ou, pelo menos, não sem algum outro tipo de magia mais forte impedindo.

Um suspiro escapou dos lábios da garota quando percebeu que provavelmente não sairiam dali tão cedo.

—Por acaso sabe se alguém estava atrás de você para te pregar uma peça, quando você magicamente decidiu entrar dentro do mesmo armário em que eu estava, Malfoy?

—Não sabia que você estava aqui dentro, Weasley. Entrei aqui porque estava tentando evitar uma pessoa, e isso nem é da sua conta, na verdade.

Não era mesmo da conta dela, mas por que então ela queria tanto saber quem era essa pessoa e por que ele estava fugindo dela?

—A porta está trancada com um feitiço, por isso o alohomora não está funcionando.

Ele cruzou os braços e encostou seu corpo na parede onde antes se encontrava a ruiva.

 -E não dá para fazer nada com relação a isso?

Ela balançou a cabeça, indicando negação e absorvendo o que aquilo significava. Um tempo indeterminado com Malfoy dentro de um armário minúsculo, onde um passo já os deixava grudados um no outro, quase respirando o mesmo ar.

—Achei que era a sabe-tudo, Weasley. – A risadinha que apareceu no canto da boca dele fez com que Rose quisesse socar aqueles dentes incrivelmente brancos. Pelo menos a raiva que sentia por ele havia retornado, algo bom retirado de uma situação péssima.

—Achei que era corajoso, Malfoy. Se fosse, por que se esconderia de alguém? – Ela queria responde-lo a altura, mas também queria saber. Queria tanto saber que não gostava desse sentimento e de não conseguir afastá-lo. – Não é da minha conta, eu já sei. – Ela sorriu ironicamente. Não ia deixar que ele a respondesse daquela forma novamente, tendo a ultima palavra.

Aquela risadinha irônica que não deixava os lábios dele. Aquele ar de superioridade que deixava Rose literalmente enlouquecida – do ódio que a corroía por dentro.  

Em um movimento repentino, Scorpius se aproximou dela, fazendo com que Rose precisasse se encostar à porta para que eles não se tocassem. O loiro não parecia estar preocupado com isso.

As duas mãos dele foram parar uma em cada lado de sua cabeça, enquanto o corpo dele estava tão próximo do dela que Rose sentiu suas vestes se colidindo com as suas. Os olhos cinza olhavam-na, encaravam as duas pedras preciosas de um verde azulado que ela possuía, mas olhavam também para dentro do seu coração.

Ele desnudou a alma dela com apenas um olhar. Ele a fez se derreter e não precisou nem ao menos tocá-la para isso. E Rose se odiava por isso, por algo que não era capaz de controlar. Se odiava por todos estarem certos, por ela não poder dizer não para os sentimentos que a inundavam naquele momento como um rio que, por muito tempo preso, finalmente se liberta e alcança tudo, todo o seu corpo, de dentro para fora.

Ele sorriu quando percebeu as reações que causou nela. Ele sorriu porque também se sentia daquela forma. Ele sorriu porque o rio dentro dele também começara sua inundação.

Scorpius aproximou seu rosto do dela, e seus lábios quase tocaram a orelha de Rose quando ele os precipitou para esta, as palavras em sua mente que já não podiam mais permanecer apenas nela.

—Rose. – Foi a primeira vez que ele a chamou pelo primeiro nome. A primeira vez que viu e sentiu a respiração dela se desregular. A primeira vez que sorriu e foi sincero com seus sentimentos por ela. – O que você está sentindo agora, eu também sinto.

Ela não queria. Não podia. Lutara tanto contra esse sentimento irreal e insano só para se entregar agora nas mãos de quem ela nunca pensara estar. Não de verdade, não fora de alguns sonhos interrompidos por si mesma.

Ele voltou a observá-la. Foi nesse momento que Rose parou de batalhar consigo mesma. Foi nesse instante, para o bem ou para o mal, que ela decidiu que não suportava mais, que precisava daquele veneno que, ironicamente, a manteria viva.

Segundos depois, suas mãos estavam no pescoço dele, acariciando o cabelo loiro, correndo os dedos entre ele enquanto a sensação fez com que Scorpius fechasse os olhos e respirasse fundo. Ele precisava sentir que aquilo era mesmo real. Ela também.

Ele a beijou, então, e Rose não resistiu. Ela se entregou aos lábios que, como imaginara, tinham gosto de hortelã, assim como o odor que ele emanava. Um suspiro soltou-se de sua boca quando ele a puxou para si pela cintura, seus dedos fortemente enlaçados nela.

Quando precisaram parar para respirar, esse não era o desejo de nenhum deles. Mas quando Scorpius olhou novamente para as sardas esculpidas no rosto dela e para os lábios vermelhos que ele havia possuído, por longos e, ao mesmo tempo, muito breves, minutos, ele se lembrou de que olhar para ela era e admirá-la também era algo que ele queria muito fazer. Pelo resto da vida, se fosse possível.

—Estava fugindo do Alvo. – Ele disse, quase sem fôlego. – Estava fugindo dele porque tudo sobre o que ele tem falado é sobre você, e sobre como ele sabia que eu tinha sentimentos por você e não queria admitir. E eu sabia que ele estava certo, mas não queria... não queria me abrir e descobrir que você também não sentia o mesmo.

Rose sorriu, um sorriso sincero e um sorriso de alivio. Ela não sabia identificar exatamente porque estava fugindo do assunto também, mas esse tinha que ser o principal motivo, sempre fora. Eles se odiavam, sempre foi assim. Scorpius nunca a amaria. Era o que ela pensara secretamente.

—Scorpius. – Ela sussurrou e ele sentiu seu corpo se arrepiar ao ouvir sua voz tão perto de si. – Você é um idiota, Malfoy.

Ela riu com doçura, assim como pronunciou seu sobrenome daquela vez. Era diferente de todas as outras, porque tinha gentileza e tinha sentimento e tinha amor.

—E eu também. Eu também sou a mesma idiota.

Ele beijou-a novamente. Um beijo doce e calmo.

—É, você é, Weasley. – Ele sorriu. – E acho que sei quem nos trancou aqui.

A porta se abriu quando Scorpius girou a maçaneta daquela vez. Não havia ninguém ali, mas ele sabia que Alvo e Lily deviam ter desfeito o feitiço quando ouviram o que estava acontecendo ali dentro. Quando o plano deles dera certo. Muito, muito certo.

Rose fechou a porta novamente, puxando Scorpius de volta para dentro. Pouco lhe importava a aula que já havia perdido, os estudos podiam esperar até mais tarde.

Mas ela o abraçou primeiro dessa vez. Queria sentir como era estar em seus braços, e o que descobriu era que a sensação era como estar finalmente onde se deve estar, ter encontrado o que sempre procurou. Cheirava a hortelã.


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Notas finais do capítulo

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Obrigada por lerem até aqui, espero que tenham gostado ♥



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