Felicidade a beira do leito escrita por Bulina


Capítulo 1
Oneshot




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“É o fim, kunoichi.” A voz grossa e indiferente do antigo Edo Tensei foi percebida de forma distante na mente impossibilitada da garota, entorpecimento e  dificuldade de digerir a realidade faziam a frase cair em ouvidos surdos.

A pressão em seus joelhos trêmulos era  forte  da exaustão, seu corpo cedendo ao cansaço caiu de joelhos no frio chão do campo de batalha. Ela sentiu um arrepio subindo em sua espinha quando notou o Uchiha andando em sua direção e entendera que isso não estava relacionado ao toque de seu corpo no chão gelado.

Sakura não tinha a falsa esperança de que pudesse ajudar a si mesmo, as sensações nesse momento pareciam intensificadas, sentiu seu rosto molhado porém não aliviavam sua dor embargada as lágrimas que escorriam e o medo aumentava a cada lento passo do homem em sua direção.

 O que restava a garota de cabelos rosa? A paz que seus ancestrais shinobis e seus companheiros lutaram por anos e anos  agora extinta diante de seus olhos? Seu amor que esteve longe por tanto tempo e não mais poderia respondê-la com suas palavras pequenas e objetivas porque se encontrava sem vida a poucos passos ao lado? Os corpos de seus amigos agora estendidos no chão, ensanguentados, irreconhecíveis?

Sua visão turva em consequência das lágrimas que caiam a privava como por misericórdia de ver de forma nítida o monstro vindo em sua direção. Preto e vermelho, tanto do Sharingan, da armadura de Madara e do sangue fresco e já seco de seus aliados se misturavam no embaço ante o contraste de bege do chão.

O homem agora estava em sua frente,  Sakura ainda não conseguia o ver mas o ouviu quando disse “Não importa que você tenha o jutsu de cura da descendente Senju e que ele faça algo similar ao que Hashirama conseguia fazer sem selo, você é patética. A vi lutar ao lado daquele garoto com a Kyuubi  e o outro que se parecia com o meu irmão mais novo utilizando o Rinnegan no olho esquerdo. Você, Kunoichi, não chegou se quer perto de me atingir ao contrário da sua Hokage e o único momento que poderia fazer a diferença nesse campo de batalha você hesitou, deveria ter matado o Obito quando ele pediu e destruído seu Rinnegan mas em vez disso tremeu, como treme agora diante a mim. Olhe a sua volta, criança, você é a única que ainda se mantem viva, cumpriu a terceira regra  dos Iryo-nin que a Senju me disse  mas falhou em salvar seus companheiros e terá uma morte insignificante como você mesmo é”.

— Por favor – Ela implorou olhando para o que ela achava que era seus olhos– Só me dê um único pedido final.

Sakura tremia, soluçava e repetia “Por favor”,  ainda não conseguia suportar mas a garota sabia que Naruto estava morto em algum lugar, tinha visto o corpo de Sasuke ao lado de sua espada sem seu olho esquerdo, tinha visto a parte de cima do corpo de Sai aberta com suas entranhas para fora, teve um deslumbre da cabeça de Ino decepada e antes das lágrimas ofuscarem sua visão, tinha visto o banho de sangue deixado para trás da chacina de Uchiha Madara.

Queria apenas um último desejo, uma última coisa bonita em sua vida. Sabia que sua morte não seria poética, tão pouco seria lembrada pelas próximas gerações Shinobi, entretanto, queria que pelo menos nos últimos suspiros pudesse ver o sorriso daqueles que mais amou além da família de sangue.

— Por favor, eu sou a última pessoa viva aqui além de você, um último pedido. – Ela implorou novamente.

— E por que eu faria isso? – Questionou friamente o Uchiha.

— Porque foi por isso que você lutou. Para que todos fossem felizes, mesmo  tendo falhado você pode resgatar isso pelo menos uma última vez. Um único mísero pedido, por favor, me coloque em um genjutsu – Ela tossiu várias vezes raspando a garganta rouca há muito tempo sem água – no Tsukuyomi, não por mim mas por aquilo que você acreditou  e lutou contra tantas pessoas aqui hoje.

Madara refletiu por um momento, tudo o que ele havia feito tinha sido em vão, sentiu tanto ódio, foi enganado de forma tão humilhante, tudo em segundos se desabou e ele jurou quando fez o jutsu proibido que iria se levantar e acabar com todos eles,  incluindo Zetsu. Agora pensando, a garota parecia uma  forma de redenção as suas próprias convicções esmagadas por Hashirama quando menor e esmagadas novamente por Zetsu e Kaguya agora.

Os olhos vermelhos de Madara giraram e o carmesim para Sakura se transformou em seu quarto.  Se ela fosse ser sincera, um genjutsu baseado na perfeição iria mostrar ela nos braços de Sasuke sorrindo e brincando com Naruto e Kakashi, todavia, Sakura sabia que assim como a vida não fora perfeita sua ilusão no genjutsu também não poderia ser, isso é o que fazia ser tão fiel a realidade e ideal a sua maneira.

Viu um vislumbre atrás de si e constatou que Madara estava ali. Sakura não precisava de muito naquele momento, a única coisa que fez foi se esticar e pegar da cômoda ao lado da cama sua fotografia do time 7. Todos estavam sorrindo, isso era parte do genjutsu também, Naruto e Sasuke nessa foto não estavam sorrindo na vida real, apenas ela e Kakashi que sorria com seus olhos.

Ainda permanecia de joelhos e com a fotografia na mão, se lembrou vagamente do que Madara disse quando se prostrou pela primeira vez em sua frente, “É o fim, kunoichi” e sabia que realmente era. Olhava para a foto de seus dois meninos e Kakashi, agora embaçada com o vidro da moldura totalmente molhado de suas lágrimas, ouviu um movimento vindo de trás e sentiu a dor aguda da lâmina da espada atravessando  suas costas e perfurando seu abdômen, sentiu por dentro seu grito surdo.

Estava morrendo e não se importava, em sua mente repassava cada momento marcante de sua vida, toda a sua história estava naquela casa, naquele quarto, em suas mãos, nela. A garota de cabelos rosas já não temia, estava em seu lar. Passado alguns segundos  a  dor intensa  foi anestesiada pela exaustão, sentindo-se fraca continuava a  olhar para a foto desfoque pelo choro. Fechando os olhos pela última vez, imaginou estar com eles quando pequenos em dias melhores.

Era o último dia da primavera dentro do genjutsu, as Sakuras que sempre foram as primeiras flores a caírem se espalhavam pelo  chão, palidas, bonitas e sem vida,  assim como seu homônimo. 


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