Cinderella escrita por Mitsuki Hayashi


Capítulo 8
A cara de homem de negócios não é suficiente




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/761117/chapter/8

— Mamis?- apoiando na parede, Momoi chamou a mãe sentada no sofá, assistindo TV. - Mama?- numa tentativa de fazê-la prestar atenção em si, usou todas as maneiras carinhosas que se lembrava. - Mamãe? Mamãezita? Mamãezinha que eu amo tanto? Mãe!!- gritou por fim.

A mais velha deu um salto pelo susto e virou o rosto irritada. Satsuki se encolheu no lugar e soltou uma risada sem graça.

— O que foi?- a pergunta ríspida fez com que a rosada afastasse.

— Bem… é que..você sabe….- começou a gaguejar, buscando as palavras certas. E quem não gaguejaria sob o olhar afiado da mãe? Tinha certeza de que se errasse, nem que fosse uma palavra, em transmitir o que realmente queria falar, a mais velha viraria a mesa e argumentaria contra. Essa era uma habilidade que Momoi acreditava que Akashi possuía, só um pouco, e esperava ganhar quando fosse mãe.

Suspirou fundo, ainda sendo observada. Focando o máximo possível, se lembrou da fala de Seijuro mais cedo:

Em último caso, faça cara de homem de negócio.”

Não era a última opção, mas amolecer o coração da mãe também não havia funcionado. E sem sombra de dúvida não ia usar a ‘ideia’ de Daiki, “colocamos algum remédio para ela dormir na bebida no dia da peça.” Sem que percebesse, revirou os olhos, a irritação que sentiu ao ouvir isso voltando.

— Satsuki.- a mais velha a chamou. A rosada saiu das ameaças dirigidas a Aomine e fez a ‘cara de homem de negócios’, olhando para a mãe. Com uma tosse falsa para limpar a garganta, engrossou a voz e começou:

— A senhora tem conhecimento que a instituição a qual estudo sempre proporciona aos alunos formas de seguirem e/ou descobrirem em qual área querem atuar no mercado de trabalho.- não sabia o que dizia, apenas repetia o que ouvia dos professores toda vez que estes xingassem a turma. E poderia até estar errado, mas parecia convencer a mulher no sofá. - Para isso, buscam nos enfiar em atividades que nos impulsionaram para o futuro…

— Não.- antes mesmo de ouvir o final, a mais velha negou e se voltou para a TV, ignorando a filha.

A máscara de ‘homem de negócios’ de Momoi caiu. - Mas mãe! Você ao menos terminou de me ouvir!- encostando na poltrona ao lado, começou a reclamar.

— Vale ponto em alguma matéria?

— Não, mas…

— Então não. Castigo é castigo, caso fosse algo importante como o festival de fim de ano da sua turma tudo bem, estaria livre somente no dia.- Momoi abriu a boca pra retrucar. - E fim de assunto!- e aumentou o volume da novela.

A rosada saiu da sala e começou a subir as escadas. - Mas que merda.- sussurrou e entro no quarto, trancando a porta e ligando o computador. - O plano A do Akashi-kun não funcionou.- abriu o e-mail e começou a escrever para os amigos, estranhando a frase. ‘Akashi’ e ‘não’ estavam juntos, e pior, indicando um erro. - A culpa é minha.- reconheceu.-, mas ele vai ter que se virar ao cubo pra me tirar dessa.

~.~.~

Sempre que Shintarou tinha que buscar a irmã na escola, por morar quase no mesmo bairro que a menor estudava, Daiki acompanhava o esverdeado no caminho de volta.

Era sempre igual, ou o silêncio permanecia ou conversavam sobre coisas aleatórias. Dessa vez, quem abriu a boca pra falar foi o moreno.

— Ei.- chamou Midorima, que apenas o olhou pelo canto dos olhos enquanto arrumava os óculos que ameaçavam cair do rosto. - Isso não está indo longe demais? Você sabe, a peça. Logo no início, antes mesmo de tudo, você disse que se percebesse que as coisas estavam passando do limite sairia

— E você que nem ia participar.- o esverdeado o lembrou, diminuindo a velocidade dos passos. - Aonde quer chegar com isso?- perguntou de uma vez ao notar que se aproximavam da escola.

— Estamos exagerando.- Aomine falou.- Talvez seja melhor parar, ainda mais depois dessa. Só está acontecendo problema atrás de problema, e eu tenho a sensação que de novo eu vou ter que ajudar a resolver esse, afinal a Satsuki é minha amiga de infância.

— Também a conhecemos desde crianças, e de que problemas está falando?- avistou de longe a menina de cabelo verde conversando com uma amiga, antes dessa ir embora.

— Tivemos muitos problemas! Como não percebeu!? - Daiki sentia como se estivesse falando sozinho, o que em parte estava correto. Midorima estava mais focado em sua função de irmão mais velho, principalmente ao ver um menino se aproximar da esverdeada. Com isso ele aumentou os passos. - Primeiro a roupa, depois a data e a falta de treino nossa, semana passada teve a questão de que o Kise fez alguma merda e conseguiu jogar o cenário fora, agora o castigo! Vamos fazer o que?- o moreno se irritou. - E o que você tá olhando hein?- focou na direção que o amigo olhava. - Olha que casal bonito. Aquela não é sua irmã?

De alguma maneira, Daiki jogou lenha na fogueira e antes que percebesse, o esverdeado estava do lado da menor, as mãos no ombro da mesma e encarando o menino.

— Onii-san!- a esverdeada sorriu e o menino engoliu seco. - Sábado posso sair?- o perguntou.

— Com quem? Para onde?

A menor apontou para o garoto que ainda não tinha dito nada. - Haru-kun. Pra onde eu não sei.

Midorima mirou o menino. - Pra onde?- o menor se encolheu.

— Ainda estava pensando…

Aparecendo atrás do garoto, Aomine sorriu maldoso. - Sabe, sábado vai ter uns teatros no nosso colégio. Que tal ir?- o convidou. - Assim você também a maravilhosa atuação do seu irmão.- sentiu o olhar de Shintarou sobre si, e se fosse possível ele já estaria morto.

— Onii-san, você vai atuar?- no lugar do esverdeado, Daiki confirmou. - Sério!? Então a gente vai!- pegou a mão de Haruki e sorriu.

Olhando para o moreno, Shintarou transmitiu todo o ódio que sentiu naquele momento. Quando o ‘casal’ saiu andando na frente, finalmente pôde falar com ele.

— Sabe que está atraindo mais gente para te ver de saia?- o moreno ficou pálido, estático no lugar. - Vou pedir para eles gravarem.

~.~.~

Tocando a campainha da casa, Akashi se afastou e esperou a porta ser aberta. Na calçada, Murasakibara olhava dentro de uma sacola a fantasia que usaria.

Momoi abriu a porta e se deparou com o ruivo. - Akashi-kun, já leu o meu e-mail?- o olhou confusa.

Seijuro a entregou um papel. Antes que a rosada pudesse pronunciar algo o amigo falou:

— Aqui, obrigado por me emprestar a revisão, acabei não conseguindo copiar tudo a tempo.

Ainda confusa, Satsuki abriu a folha e leu as perguntas. Aquilo não era uma revisão. Vendo o garoto de olhos heterocromáticos apontar por cima dos ombros, percebeu o que ele queria dizer além de que estava acompanhado por Atsushi. Abriu a porta e confirmou sua suspeita: seu pai estava a olhando da escada.

— Não quer entrar? Disse hoje que estava com dificuldade nessa matéria. Eu ajudo se quiser.- difícil de acontecer, mas tinha que ter uma desculpa para abrir mais a porta.

— Atsushi vai me ajudar, mas agradeço o convite.- felizmente, Seijuro entendeu o que a rosada fazia, e negou o convite. Com isso, o ruivo foi embora junto com o gigante.

Momoi voltou para o quarto, após ser elogiada pelo pai por ser uma boa amiga e responsável nos estudos, e começou a responder, novamente, por e-mail as perguntas, parando na quarta:

Qual a distância da sua janela para o chão?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cinderella" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.