Cinderella escrita por Mitsuki Hayashi


Capítulo 11
Cinderella




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Senhoras e senhores, pedimos que se sentem para o início da próxima apresentação.

Por trás das grandes cortinas, a Geração dos Milagres se preparava pro esperado momento. Claro que alguns – como Kise, Daiki e Akashi – preferiam estar na plateia, somente para ver o azulado atuando. Mas gravariam tudo, então essa curiosidade não duraria muito.

Murasakibara, enquanto lia o roteiro mais uma vez, lembrou-se de uma coisa. - Kuro-chin.- o azulado parou de arrumar a peruca na cabeça e olhou pro maior, o incentivando a continuar. - Por que quis participar dessa peça?

Como se estivessem esperando por isso, todos pararam de fazer suas coisas, aguardando a resposta. Não eram burros, o fantasma tinha um motivo para participar, e quando Kise o perguntou ele conseguiu desviar do assunto, com a ajuda de Akashi, mas nem mesmo o namorado sabia o motivo.

Tetsuya olhou para os pés e respondeu. - Estão todos se separando, não quero que isso aconteça.- era resposta sincera, e uma das que esperavam. Midorima sorriu vitorioso, afinal tinha acertado no chute, e arrumou o coque que Ryota havia feito em sua peruca a pouco tempo.

Kuroko era considerado uma sombra. Era algo que estava lá, porém raramente notavam. Para que ele aceitasse participar disso, tinha que ter um motivo. Ou não. Talvez só queria se divertir junto com os outros, que pareciam estar se afastando.

— Não é só isso.- o gigante vestido de rato afirmou. - Tem outro motivo, Kuro-chin.- Atsushi, diferente do normal, que era sempre a cara de sono, estava sério. Não parecia, mas notava o que acontecia ao seu redor, e mesmo tendo a típica expressão de ‘não ligo’, era um dos primeiros que notava se algo acontecia com seus amigos, só – obviamente – perdia pro menor.

E por causa dessa capacidade de perceber quando algo acontecia, Kuroko agora estava sem respostas, além da verdadeira. Não falaria, mas depois de olhar para todos presentes, de pensar quão longe que chegaram somente por sua causa não conseguiu formular mais nada em sua cabeça, apenas a verdade, por fim decidindo a dizer.

Respirou fundo, e olhando cada membro da Geração confessou, tímido e em voz baixa. - Sou um ator secundário, uma sombra, mas quanto maior a luz, mais escura a sombra fica.- desviou o olhar. - Eu queria, nem que fosse só uma vez, brilhar ao lado de vocês, não atrás.- corou. Era um desejo egoísta seu. - Quero que me olhem, mesmo não me vendo.

O que para ele era um desejo egoísta, para os outros era lindo. Sem palavras diante da confissão do menor, o grupo se juntou ao redor do menor em um grande abraço.

— Kurokocchi, vai me fazer chorar desse jeito.- assim que saíram do abraço, Kise comentou balançando as mãos em frente ao rosto para secar as poucas lágrimas que caíram sem querer sem borrar a maquiagem.

E mesmo escondendo, o loiro – agora loira — não era o único que estava daquele jeito.

— Grupo quatro, estão pronto?- uma moça entrou no local, se deparando com a cena e cortando todo o clima do momento. Sorriu falsamente, fingindo compreender a situação, - Vocês entram em cinco minutos.- avisou e saiu.

— Tetsu.- Aomine começou, sorrindo pro azulado.- Nessa peça, e em quadra, para todos nós, você é o único que brilha.- Kuroko respondeu o elogio sorrindo, um dos mais lindos sorrisos que poderia dar naquela situação sem se desabar em lágrimas de emoção e levar o loiro e a rosada junto.

Se aproximando, Akashi puxou o ombro do menor, e com a proximidade beijou na bochecha esquerda. - Só, por favor, não se importe em dividir esse brilho na última cena com outra coisa.- o pediu delicadamente.

— Quem?

— Minha waikisashi.- disse e tirou da mochila, a entregando para Satsuki. - Tome conta dela, caso a usarei sem dó.

E com essa ameaça, o Kiseki no Sedai finalmente foi jogado no palco, para enfim realizar o Era uma vez de Cinderella.

~.~.~

— Pedimos que façam silêncio, por favor.- a moça no microfone pediu, sendo respeitada, e o passou para o ruivo.

As cortinas se abriram, revelando Kuroko, sozinho no palco. No azulado, o vestido de cor rosa claro – fornecido pela irmã mais velha de Kise, como maneira de se redimir — entrava em contraste com a peruca no tom de seu cabelo, quase na altura da cintura. Um pouco chamativo demais, mas o deixava com o ‘ar’ infantil necessário para o início da história.

— Era uma vez…os murmúrios e poucas risadas começaram, e entre os comentários sobre o namorado, Akashi repetiu a primeira frase, dessa vez em um tom mais imperativo, - Eu disse: Era uma vez…!- e parou todos e qualquer crítica dos demais.

Sorrindo, continuou a narração.

Cinderela.— a azulada se curvou, segurando a saia, e se apresentou para a plateia. Logo em seguida se sentou no chão de madeira, esperando a introdução acabar. Momoi entrou, o cabelo amarrado e vestida com as roupas de Kuroko. De última hora, lembraram que precisariam de um pai, e essa foi a solução mais rápida.

A rosada sorriu, e permaneceu parada.

Cinderela era uma jovem bonita que vivia com seu pai, um comerciante viúvo muito rico. Ela perdera a mãe quando pequena, e seu pai, achando que a filha única precisava de uma nova mãe, casou-se novamente.

Aomine entrou no grande palco quase tropeçando na barra do vestido azul-escuro, buscando ignorar todos que o olhavam de maneira estranha.

A nova mãe de Cinderela, sua madrasta, também era viúva.

O moreno fez sua melhor cara de choro possível, tirando um lencinho de maneira exagerada de dentro do peito falso – que não passava de um monte de tecido embolado para dar volume dentro de um sutiã — que usava, e fingiu chorar, um barulho estranho e dramático saindo de sua boca. Com o mesmo lenço, limpou o falso catarro que saía de seu nariz.

— Estou tão sozinha…- lamentou. - Cinderela-chan, seu pai é um bom homem, eu o amo tanto. Quero que nos tornemos uma família feliz; eu, ele, você e minhas amadas filhas.- pegou a mão da garota vestida de homem. Satsuki separou suas mãos e saiu de cena, esperando a hora que voltaria.

De seu primeiro casamento, a madrasta tinha duas filhas, muito feias e más, de seu primeiro casamento.

Kise chegou correndo pelo palco, passando pelo moreno – morena — e parando atrás de Tetsuya, ainda sentado, o puxou para cima pela gola do vestido, levantando-o a força. Com o olhar, pediu pro menor desculpa, indo pro lado de Daiki e agarrando seu braço enquanto o olhar passava de desculpa para um malvado, igual ao sorriso que agora decorava seus lábios.

Ryota seria ator, nem que para isso o tacassem na TV.

Shintarou andou até o centro do cenário, a saia da vestimenta erguida em uma mão enquanto a outra segurava um leque. Se sentia esnobe daquele jeito, mas de certa forma a maneira que o mandaram fazer permitia que andasse sem beijar o chão e entrar em um relacionamento sério a cada passo dado.

O pai de Cinderela viajava muito, quase não parava em casa, e a madrasta e as novas irmãs a obrigavam a fazer o trabalho doméstico na ausência do pai.

Assim Akashi terminou o trecho, jogando o lenço na plateia – o deixando cair no rosto de um dos convidados, mas pouco ligando —Aomine começou a repetir as mesmas coisas que ouvia em casa de sua mãe, escapando do que realmente deveria fazer.

— Já lavou a louça?- cruzou os braços. Tetsuya abriu a boca para responder, igual estava no roteiro, mas fora interrompido. - E a roupa, já lavou? O chão está sujo, por que não o varreu? Alimentou os animais?

— Eu….- a azulada se pronunciou pela primeira vez na peça. - nem tudo mas….- foi diminuindo o tom a medida que falava, fazendo parecer que as palavras morriam em sua boa.

— Claro que não fez, acha que é pra isso que se tem empregada em casa? Mas que falta de respeito! Não são obrigadas a limpar sua bagunça! Ande, limpe logo!

Quando o pai estava presente a tratavam bem, como melhores amigas.

A rosada voltou, entregando uma rosa para todos os amigos presentes. A de Kuroko caiu de sua mão por causa dos – falsos – espinhos, e num ato de bondade Shintarou entregou a sua ao fantasma, que a aceitou e sorriu.

Já estava cansada daquilo. A cada momento, deveria ir e voltar ao palco, para não falar, só marcar sua presença. Diferente de todos, era a que mais andava. E de novo faria isso. Suspirou, e saiu do cenário, agora determinada que não teria que voltar mais.

O pai de Cinderela veio a falecer em uma de suas viagens de negócios.

— Pelo amor de Kami! Tenha paciência!- gritou, esquecendo-se de onde estava. Preferiu não saber se o ‘teatro’ todo havia escutado e voltou para perto de Aomine. Queria socar a cara de deboche do moreno, mas não o fez e deu-lhe o chapéu que usava, quando o tirou seus longos cabelos caindo por suas costas. - Morri! Me esquece!- declarou, e foi embora se arrumar para fazer o papel que realmente queria fazer desde o início.

Por um momento, Akashi parou de narrar, pensando em como esconderia o corpo de uma pessoa tão conhecida como Momoi.

Por ordem da malvada madrasta, Cinderela passou a vestir-se de trapos e a dormir no sótão com os animais que lá ficavam.

As cortinas se fecharam, Kuroko rapidamente tirou o vestido rosa do corpo, a camisola que tinha pego emprestada e colocado alguns trapos colados debaixo do que antes vestia. Um troca de roupa veloz o suficiente para que desse tempo dos outros três no palco saírem e Murasakibara, vestido de rato, entrasse e a cortina se abrisse de novo.

O gigante se sentou no chão, e ficou observando a cena que se desenrolaria até que ele dissesse e fizesse a única coisa que lhe foi confiada.

— Então… pode devolver minha rosa? Pra ontem.- o esverdeado tomou a flor das mãos do menor, a deixando atrás da orelha.

Certo dia, no reino foi anunciado que o Rei daria um grande baile, e contava com a presença de todas as jovens solteiras do reino.

— Para? Com qual objetivo?- Shintarou olhou para cima, como de costume nas histórias que lia, onde o personagem interagia com o narrador. - Sou forçado a ir? Quer dizer,- se corrigiu, notando o erro que havia cometido devido as inúmeras vezes que tinha que sair sendo arrastado pelos amigos. - adoraria ir ao encontro do meu príncipe encantado.- e abaixou a cabeça, um rubor evidente em suas bochechas.

— Era o que eu ia explicar.- Seijuro reclamou, massageando as têmporas e anotando mentalmente de duplicar o treino de todos – menos Kuroko, afinal ele não fez ou fazia nada de errado.

E bem, o rato estava fazendo o que não deveria enquanto comia pockys, os quais tinha tirado a caixinha da roupa.

Coçando a garganta, arrumou a fantasia que já vestia e voltou a narrar.

O príncipe, jovem e belo, buscava escolher entre as jovens de seu reino aquela que futuramente seria sua esposa.

— Meia-irmã idiota, infelizmente, não poderá ir, não possui roupas adequadas, não é mesmo mamãe?- a loira engoliu o orgulho, dizendo a frase que mais demorara para decorar ao se apoiar em Daiki e rir maldosamente.

— Gostei de ser chamado assim… chamada.- a morena zoou, assim como todos, estava confuso sobre o gênero que deveria usar. - E sim, não pode ir vestida de farrapos.

Temendo que Cinderela fosse escolhida por ser realmente bela, a madrasta a proibiu de comparecer ao baile, argumentando que não tinha o que vestir, enquanto suas malvadas irmãs experimentavam luxuosos vestidos.

Os três ‘vilões’ da história da pobre garota, Kuroko, saíram de cena movendo drasticamente a cabeça, fazendo as perucas girarem. Seja o destino, ou o fato de Aomine não saber se vestir decentemente, muito menos colocar uma peruca.

O falso cabelo comprido do moreno soltou-se, voando para a plateia. A triste pessoa que antes recebeu o lenço no rosto, agora teve a peruca.

Aomine bufou. - Deixa ai, tava incomodando mesmo.- e então as cortinas se abaixaram.

~.~.~

— Cara, já estou cansado, muito, e nem fiz muita coisa.- Kise alongou-se, aproveitando a pequena pausa que ganhou durante a troca de cenário – o mesmo que sua irmã tinha destruído, pelos responsáveis do clube de teatro. - Kurokocchi, agora é só você e o Muracchi, certo?

— Só essa cena.

— Depois ele desaparece, né? E vai narrar no lugar do Akashicchi.- o azulado concordou com a cabeça. - Queria ter ficado com o papel dele, mas agora já era. Bem, querendo ou não vamos fazer nosso melhor!

— Tipo igual fizemos até agora?- Aomine cruzou os braços, a sobrancelha erguida.

— Sim! Kiseki Lute!!

Os que nada falaram até o momento encararam o loiro com a animação só um pouco contagiante, e suspiraram. - Não grite, idiota.

~.~.~

Cinderela, a bondosa jovem que perdera o pai e ganhara uma malvada madrasta.

Inconformada por não ter o que vestir para o baile, com a ajuda de seu amigo rato, a garota fez um.

Na esperada noite, a peça estava pronta, porém um imprevisto ocorreu.

Após o intervalo, a cortina se ergueu, deixando Kuroko e Murasakibara a sós no meio daquele enorme espaço. O menor segurava um belo vestido, rosa claro com detalhes de flores, em frente ao corpo, e o arroxeado tirava uma agulha da bainha.

— Pronto, Cinderchin.- o nome diferente de Tetsuya não impediu o ratinho de usar o hábito, porém, de certa forma, acabou ficando fofo. - Já vai vesti-lo?

O menor concordou com a cabeça, abrindo o zíper da parte de trás da roupa. No momento que o fez, Midorima apareceu ao seu lado, as mãos na cintura e, pelo olhar, claramente irritado.

— O que faz?- a questionou. - De onde tirou esse vestido?

— Bem, eu o fiz.- a azulada deu de ombros, e escutou a meia-irmã chamar a mãe e a irmã, pelo nome próprio. Não o culpava, não culpava ninguém na verdade. A questão dos nomes já estava ficando mais que confusa.

— Com o que?- Kise perguntou enquanto tentava colocar uma outra peruca – fornecida pelo clube de moda – em Aomine.

— Não lhe demos tecido, onde arranjou?- a morena desviava da filha.

— Espere, esse vestido.- a loira parou o que fazia e foi até Kuroko, segurando a manga. - Não é meu?

— Que lindo, né? Agora, além de desobedecer nossa mãe, ainda rouba roupas? O que mais pegou, sapatos?- a esverdeada repreendeu.

— Ele calça uns 5 números menores que você, baka.- uma menina gritou da plateia, arrancando risadas da mesma. - Não, ela calça. - corrigiu o gênero e mais risadas se espalharam pelo auditório.

Os ‘atores’ olharam para a multidão, não localizando ninguém. Mas por reconhecerem a pessoa deixaram em dúvida, ou era a irmã mais velha de Kise, ou a mais nova de Midorima. Esquecendo os comentários, esperaram a calmaria voltar para enfim continuar.

— Isso não importa! Mamãe, meu vestido!- Ryota puxou a roupa de Kuroko, a rasgando. - E ainda mais a rasga!- a jogou no chão, acusando a azulada.

— Eu não fiz nada! Você que a rasgou!- Tetsuya aumentou o tom de voz, irritado – no personagem – e encarando o que sobrara do tecido no chão.

— Calada!- a madrasta proferiu, as filhas indo para trás de si. - Primeiro rouba um vestido de minha linda filha.

— Ela nem usa mais!

— Quieta que eu não acabei!- silenciou a garota. - Rouba a merda do vestido, briga com minha filha, sairia escondida de casa…

— Eu iria com vocês!

— Meu deus amado, dá pra calar que eu estou tentando lembrar dos meus argumentos? Ok? Obrigado!- Daiki coçou a garganta, voltando a falar. - Então, onde parei? Ah sim, sair escondida, vejamos o que mais… era só isso.

— E o fato de manter um rato no seu quarto.- o esverdeado acrescentou, expulsando Murasakibara do palco.

— Sim, isso também.- a morena balançou as mãos, como se não fosse nada importante. - Eu disse uma vez, repetirei uma vez e espero não ter que repetir: Você não vai nesse baile! Entendeu?- não esperou a resposta, saiu com as filhas, parando perto da cortina. - Já estão prontas? Ótimo! Cinderella, espero que quando eu volte tudo esteja arrumado.- e deixou a garota sozinha no grande cenário.

Pobre Cinderella.

A voz mudou, agora preguiçosa, claramente Atsushi começara a narrar no lugar do ruivo.

Desolada, sozinha em seu quarto, lamentava-se.

— O que faço agora? Nem tecido tenho para fazer outro vestido.- Kuroko forçou lágrimas escorrerem por sua face. - Não irei ao baile? Alguém, por favor, me ajude!

Nesse mesmo momento, apareceu a sua fada madrinha.

Pequenos brilhos começaram a cair do teto, olhando mais de perto se identificaria a purpurina vermelha, dourada e azul. Uma figura desconhecida pulou no meio do palco, vestida com uma roupa de bruxa. - Está tudo bem! Por que? Porque eu estou aqui!

Os murmúrios e reclamações alheias chegaram a Akashi, que apenas mirou de canto para as pessoas, as calando na hora.

— E você seria?- Tetsuya se levantou-se após se sentar para lamentar.

O ruivo deixou as mãos caírem na cintura, indignado com a atitude do namorado. - Sou sua fada madrinha, oras! E estou aqui para te ajudar a ir ao baile.

— Bem, isso não explica muita coisa.- a azulada comentou. - Na verdade ficou até meio vago. Porém tudo bem. O que devo fazer?

— Ah, fala sério, assim tão facilmente? Cadê a lógica mulher?- e mais um comentário idiota veio a tona, fazendo os presentes rir.

— Continuando… a ajudarei a ir pro baile e catar o príncipe, ou só se divertir mesmo. Ande, vista-se!- a ‘fada madrinha’ ordenou, empurrando Cinderella.

— Mas não tenho um vestido! Não posso simplesmente ir desse jeito!

Seijuro parou de empurrar Kuroko, suspirando. - Tudo bem, então… - parou atrás do azulado, segurando a barra da roupa que ele vestia. - desculpe.- sussurrou no ouvido do namorado.

A cortina se fechou.

— Akashi-kun!- Tetsuya gritou, desmanchando a atuação, corado. O garoto de olhos heterocromáticos tinha feito que puxaria de uma vez a camisola branca remendada com trapos, mas não o fez em público. Esperou as grandes cortinas se fecharem para. Por debaixo da roupa que vestia estava o vestido que alugaram, igual ao da personagem que esse interpretava.

— Algo de errado?- o ruivo se fez de desentendido, ajeitando a longa saia.

— Algo? Por que fez isso!? E essa coisa era pra fechar!?- o azulado o lançou várias perguntas, mais confuso que irritado.

— Claro.- Seijuro sorriu e pegou uma caixa no canto do cenário, a abrindo e calçando o namorado com o tênis que Midorima o deu. - E se a saia levantasse? Todos iriam te ver de roupa íntima, e isso somente eu posso.

— Eles já fizeram!!- o grito de Kise atrapalhou o que poderia se chamar de momento romântico.

— Merda! Eu não gravei!- logo seguido pelo de Satsuki. - Façam de novo!

O casal ficou em silêncio por um tempo. - Ignore isso.- Akashi mandou, vendo Kuroko concordar com a cabeça, enquanto assumia a posição anterior ao tempo que a plateia voltava a poder vê-los.

E então, Cinderela apareceu vestida em um lindo vestido e uns delicados sapa…tênis jeans.

Feliz, a jovem seguiu para o baile.

— Espera!- a fada parou Kuroko antes que esse parasse no canto do palco. - Antes da última balada da meia-noite, deve voltar, pois é quando o encantamento acabará e tudo voltará a ser igual a antes.

— Meia-noite? Obrigada, é mais que o suficiente!- o azulado sorriu, agradecendo e saindo.

— Eu sou uma ótima fada.- Akashi cruzou os braços satisfeito, atrás de si o fundo mudando, até ser puxado pela gola da roupa para se retirar de cena. Aparentemente alguém, cujo nome não será citado por Aomine Daiki, morrerá.

No salão, de tão bela que estava não fora reconhecida pela madastra e irmãs.

— Ah, sim, porque é totalmente impossível não reconhecer alguém que eu vi a cinco minutos atrás.- Daiki entrou, a mesma roupa de antes, brincando com o tempo que a história se passava.

— Eu não conheço ela.- Midorima arrumou o óculos, apoiado em Kise e quase tropeçando.

O lindo príncipe, que até então não tinha mostrado interesse algum em nenhuma das garotas presentes,

— Tudo um bando de vadia.- a rosada apareceu, vestida de príncipe, o cabelo amarrado de novo em um coque.

Mal viu Cinderella que apaixonou-se perdidamente .

— Assim? Tão rápido? Então tudo bem.- deu de ombros, e aproximou do azulado. - Bela jovem, aceitaria dançar comigo?- tomou a mão de Tetsuya, o puxando para uma dança.

Em meio a olhares de raiva – por parte de Akashi –, pisões e mais comentários idiotas, acabou a esperada dança de amor verdadeiro. O relógio improvisado deu as badaladas.

Cinderela e o príncipe dançaram a noite inteira, até que o relógio começou a dar as doze badaladas.

— Credo, o tempo voou.- Momoi comentou ao tempo que sentia sua mão ser largada por Kuroko, e de relance o viu correr de cena.

A jovem garota correu, lembrando-se do aviso da fada-madrinha. Porém, no caminho, deixara para trás um de seus tênis.

De longe, o sapato foi jogado para a rosada, caindo ao seu pés. O azulado esquecera dessa parte, além que era difícil perder um tênis.

— Minha futura rainha… nem sei seu nome!- ela gritou, deixando uma mão sobre o rosto dramaticamente. - Como a encontrarei?- deu um passo para frente, tropeçando no sapato. - Quem foi o idiota que jogou isso aqui?- ninguém respondeu, fazendo a rosada bufar. Mais tarde mataria quem o fez.

Uma ideia então surgiu, e no dia seguinte a pôs em prática

— Este sapato!- o ergueu, gritando para que todos pudessem prestar atenção em si enquanto o cenário trocava ao fundo, para a sala de estar inicial. - Ordeno que todas as jovens solteiras o experimente! Aquela que ele couber se tornará minha esposa!- falou, rezando do fundo do coração que não tenha errado o verbo.

Assim, foram em todas as casas do reino, em busca da misteriosa jovem do sapatinho.

Já sem esperança, na última casa, a de Cinderella, a malvada madrasta chamara apenas suas duas filhas.

— I am back, vadias!!- a morena entrou de novo em cena, ainda sem a peruca e desfilando delicadamente quase caindo com a saia duas ou três vezes, igual a Midorima. - Prove logo isso, sei que uma das duas é.- disse abanando o rosto com a mão, vendo Kise parar em frente a rosada e levantar a saia, jogando longe o chinelo que usava.

— Eu primeiro!- e assim, Momoi tentou colocar o sapato na loira, falhando miseravelmente. Um pequeno biquinho se formou em seus lábios. - Vamos, sei que cabe!

— Tá óbvio que não.- o príncipe murmurou, afastando de Ryota, que já reclamava, e indo a Shintarou.

O esverdeado recuava a cada passo dado por ela. - Não! Não é meu objeto de hoje!- isso até tropeçar.

A rosada piscou. - Essa…foi uma péssima experiência.- passou a mão por cima dos olhos, se arrependendo do que vira por debaixo da saia comprida. - Só…coloca o sapato.

Ele tomou o sapato da mão de Satsuki, tentando colocar no pé. - Viu? Não deu!- devolveu, custando levantar sem ajuda alguma. E então se lembrou que estava na peça, calando-se diante os olhares.

— Onii-sama, você nem tentou!

— Calada!

Momoi, Daiki e Kise apenas assistiam a pequena briga, esperando a narração de Murasakibara. O gigante aparecera ao lado dos três, sentando-se no chão e pegando um pirulito do bolso da fantasia de rato.

Akashi também entrara, atrás de si Kuroko vinha junto. O ato final se iniciara e um enorme era presente na face de todos, até mesmo o azulado.

— Tu! Minha jovem, a única que ainda não experimentara o sapato deixado por minha amada!- a rosada correu para Kuroko, trazendo uma caixa para que ele calçasse o tênis, ficando em posição de pedido de casamento – o que teoricamente era – e a ajeitando em sua frente. - Teria a honra de?

O sorriso de Cinderela aumentou, e ele levantou a saia, deixando que o príncipe lhe colocasse o sapato. - Sim, meu príncipe.

As ações lentas que Satsuki fazia enfureceu Aomine, que se aproximara de braços cruzados. - Só faz isso logo!- estava louco para aquela fonte total de estresse enfim terminasse.

Ela revirou os olhos, e colocou o tênis em Kuroko, o sorriso tão grande quanto o do azulado. - És tu…

— Cinderella.

Momoi se levantara de uma vez, pulando na caixa para então ficar na altura dele, puxando seu rosto para perto, deixando-se levar pelo momento. Relutante, o azulado travara, sem saber o que fazer com a cena fora de roteiro.

— Ai que lindo, gente! Shippo só um pouco, tenho meu OTP.- Kise falou mais alto queria, levando um tapa na cabeça de Midorima.

Como se lesse as expressões feitas pelo namorado, Seijuro se aproximou, trazendo-o para si. - Satsuki, reze mais tarde.- proferiu, e então a cena se passara muito rápido.

Os olhos azuis se arregalaram ao sentir os lábios do ruivo sobre os seus, quentes e possessivos. O pedido para explorar sua boca fora silencioso, e prontamente atendido. Akashi deixara as mãos caírem para sua cintura, segurando-a fortemente. O ar se fizera necessário, e ambos afastaram-se, ainda mantendo o rosto próximo.

— Vai OTP!- o berro de Ryota e Satsuki fizera presente, arrancando risadas de todos, por diversão por parte da plateia e timidez pelo casal.

Atsushi se levantou, anunciando o final da peça, a Kiseki sendo recebida por inúmeras palmas, assovios e comentários guardados em partes.

E assim, Cinderela e a Fada Madrinha foram felizes para sempre.


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