Ela é única, sempre foi.

Quando eu tinha seis anos vi a nova vizinha tentando olhar para mim enquanto se escondia. Ela tinha cabelo rosa, como se esconderia? Sem falar no brilho que ela emana onde quer que esteja.

Ela é engraçada, sempre foi.

Com muito custo conquistou minha amizade, e fazia uma tarde de sábado ser a melhor de toda minha vida. Os risos e sorrisos mais sinceros dados por meus lábios, foram exclusivamente por causa dela e para ela.

Ela é irritante, sempre foi.

Quando eu tinha oito anos entreguei flores para ela no dia dos namorados, ideia da dona Mikoto. Ela riu de mim por estar com as bochechas vermelhas de vergonha, mas no final ela também estava envergonhada.

Ela é chorona, sempre foi.

Com nove anos nós brigamos – minha culpa, ela gosta de ressaltar isso – e eu a mandei nunca mais falar comigo. Dez minutos depois ela bateu a minha porta chorando muito e pedindo desculpas. Me senti a pior pessoa do mundo por causar tristeza a ela, prometi nunca mais dizer isso e que nunca nos separaríamos.

Ela é inteligente, sempre foi.

Quando tínhamos doze anos ela ia até a minha casa para me explicar a matéria que eu dizia não ter entendido completamente. Na verdade, eu não tinha dúvida alguma. Mas ter sua companhia e ouvir sua explicação com toda a paciência do mundo era hipnotizante.

Ela é linda, sempre foi.

Com quatorze anos ela já recebia olhares de todos os meninos da escola, eu tive até que bater em alguns. Mas na verdade eu os entendia, ela era encantadora demais para não se olhar.

Ela é brava, sempre foi.

Com quinze anos ela bateu sozinha em dois meninos na frente do colégio. Ela tentou me esconder o motivo, mas acabou me contando. Os dois estavam falando mal dela para os outros meninos. É claro que eu bati neles de novo depois.

Ela é ciumenta, sempre foi.

Com dezesseis anos ela olhava torto para qualquer menina que me olhasse por mundo tempo. Acredito até que as ameaçava quando eu não estava por perto, porque os olhares sempre diminuíam.

Ela é brilhante, sempre foi.

Aos dezessete anos ela foi aceita na melhor faculdade do país, claro, por possuir as melhores notas. Tive a sorte de ser o primeiro a saber. Comemoramos sua conquista por uma semana.

Ela é dorminhoca, sempre foi.

Com vinte anos ela estudava durante boa parte da noite e eu precisava acordá-la cedo para ir para a aula no dia seguinte. Eu tinha que aguentar seu mau humor por estar sendo acordada, e depois de estar pronta ela me agradecia com um beijo e saia correndo.

Ela era especial, sempre foi.

E era por ser tão especial que agora, quando tínhamos vinte e dois anos e um mundo de coisas para enfrentar ainda em nossas vidas, que eu estava aqui: no meio da sala do nosso apartamento. E foi ajoelhado em sua frente, cercado por várias flores – as mesmas que eu dei para ela quando tínhamos oito anos -, enquanto encarava aqueles orbes verdes tão grandes e brilhosos, que eu respirei fundo e tomei o folego necessário para fazer a pergunta mais importante de toda a minha vida:

— Você aceita se casar comigo?

— Sasuke... – ela estava com um sorriso mais brilhante que o sol naquele momento – A resposta é sim, sempre foi.

Ela é minha, sempre será.