País das Maravilhas escrita por Sauara


Capítulo 1
Um dia estranho...




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Nos meus sonhos eu vejo um gato, pelagem caramelo rachurada por manchas ruivas e brancas, ele corre por um belo jardim e surpreendo-me por ele estar usando um paletó. Estou atrasado, grita em alto som, e eu me pergunto para onde um gato de paletó estaria indo tão apressado, de repente ele retira um relógio dourado da lapela e me olha assustado.

Creio que eu também deveria olha-lo daquela forma, mas minha curiosidade é constantemente maior que o medo, e justamente devido a essa curiosidade acabo por segui-lo. Como não presto atenção por onde ando, termino caindo em um buraco e a queda é longa, passo várias horas caindo, tanto tempo que admito ter tido medo de cair para sempre.

Depois, eu tenho que tomar um líquido estranho de um recipiente escrito "beba-me", com sabor de pão com manteiga e baunilha e vários subgostos, que me deixa com um tamanho diminuto para poder passar por uma porta minúscula.

Em seguida, o sonho muda, as vezes vou para uma festa do chá com a presença de uma lebre sem juízo e um chapeleiro maluco; a lebre gosta de dizer que estamos comemorando meu desaniversario e o chapeleiro me serve chá a todo instante, tomei tantas xícaras que tive vontade de vomitar.

Em outras vezes, eu me encontro com um gato risonho que me deixa confusa sobre quem eu sou e por qual caminho devo seguir para sair desse lugar.  Entrementes, no fim, eu sempre acabo sendo presa por homens cartas que levam-me para uma rainha vermelha que insiste em cortar minha cabeça. Os acontecimentos entre essas situações mudam cotidianamente.

— Será que estou ficando louca? - Questiono, ainda lutando para levantar da cama.

— Alice, acorde, já é hora de levantar, o sol está batendo na janela. - A voz da minha irmã ecoa pela casa.

— Já vou. - Grito em resposta.

Levanto mecanicamente, arrumo meus cabelos loiros e visto um vestido azul, em seguida, saio do quarto e vou para a cozinha. Minha irmã está tomando café da manhã enquanto lê um livro enorme, sentada na mesma cadeira de sempre, o cardápio incluía um pastel doce e chá.

— Bom dia, Alice. - Meu pai diz, da ilha da cozinha. - Aceita uma xícara de chá?

— Sim, obrigada.

— Bom dia, meu anjo. - Mamãe fala entrando na cozinha e me dando um beijo no topo da cabeça, apressadamente. - Não vou comer nada agora, estou bem atrasada.  - Ela mostra a hora no seu relógio dourado.

— Tudo bem, mas coma algo no caminho, tchau amor. - Pai se despede.

— Tchau, mãe.

Ela sai e papai resmunga:

— Devia ter tomado pelo menos uma xícara de chá. - Sorrio para ele, durante sua pausa. - Inclusive, mocinha, onde está a sua?

Olho para a ilha e não a encontro, na mesa que minha irmã estava sentada também não, onde estaria?

— Veja quem achou! - Pai fala, chamando a minha atenção. 

Corro para a bancada de preparo de alimentos e vejo minha gatinha de estimação, Rana, de pelagem caramelo com manchas ruivas e brancas, dentro da minha xicara, que tem escrito "beba-me".

Enquanto eu lavo a xicara na pia da bancada, minha prima Melissa, que está passando uma temporada na minha casa, chega gritando feito uma criança sem juízo.

— Alice! - Ela berra ao me ver.

— Diga, Melissa.

— Quando é o seu aniversário?

— Dia 26 de novembro.

— Eba! - Ela dia alegremente. - Eu ainda estarei aqui, podemos brincar nesse dia?

— Claro, do que você quer brincar?

— Quero fazer um chá de bonecas.

— Hm, eu gostei da ideia, você vai querer passear comigo na vila?

— Para comprar coisas?

— Sim, senhora

— Quero sim. - Ela diz eufórica e me abraça. - Mal posso esperar pelo seu aniversário. - Ela vai saltitando para o quarto.

Tomo meu café da manhã: uma xicara de chá, um pastel doce de baunilha e uma fatia de pão assado da manteiga com recheio feito pelo meu pai. Depois de comer vou para o corredor, meu tio está ao telefone, falando com um de seus clientes, mas suas palavras são confusas, tanto que agradeci, silenciosamente, por não ser a pessoa que recebia aquele endereço, afinal meu tio é péssimo em objetividade.

Logo após, volto para a cozinha e vejo meus dois primos, o mais velho, James, e o mais novo, Peter, jogando cartas. Um baralho muito bonito, devo dizer, e em cima da mesa, que minha irmã estava lanchando anteriormente, uma linda caixinha vermelha.

— O que é isso? - Pergunto.

— É de mãe. - Um dos meninos responde.

— Mas, o que é? - Repito a pergunta.

— Abra e veja.

Faço como ele diz, dentro da caixa posso ver uma rainha, um rei e uma flor branca de porcelana.

— Que linda! - Deixo minha admiração transparecer.

— Mãe não gostou. - Peter se levanta, dando fim ao jogo de cartas.

— Quem poderia não gostar de algo tão belo?

— Ela disse que não gostava de flores brancas, preferia que a pintassemos de vermelho para combinar com o resto do conjunto.

— Entendo. - Tiro a rainha da caixa. - Tão delicada, tem inúmeros detalhes.

— Pare de mexer, vai acabar quebrando. - James se levanta e vem ao meu encontro. - Dê-me.

— Desculpe, apenas queria ver de mais perto. - Entrego a rainha para ele, que retira o braço de propósito, deixando a porcelana cair no chão.

— Olha o que você fez. - Levanto meu tom de voz.

— Eu não te disse que ia acabar quebrando.

Abaixo-me para pegar a rainha, que havia perdido a cabeça na queda.

— Vou contar para mãe. - James profere, me puxando pelo pulso, tão rápido, que  nem tive tempo de colocar a porcelana de volta na caixa.

Eles dois me arrastam até o jardim, que fica ao lado da cozinha, separado apenas por uma porta de correr de vidro, tia Leda está sentada na mesinha do jardim, lendo uma revista da moda inverno do ano passado, parecia a própria realeza em seu trono.

— Mãe, olha o que ela fez. - Peter me guia para perto dela.

— Alice?

— Sim, ela quebrou a porcelana. - Ele me faz entregar a rainha que eu seguro em ambas as mãos.

— Você quebrou a cabeça da rainha? Alice, isso foi um presente. - Ela diz, com um tom melancólico, triste.

— Desculpa tia, eu estava só olhando, James que me fez derrubar.

— Eu não fiz nada, só avisei que ela ia acabar quebrando. - James tenta se defender.

— É verdade, eu vi tudo, foi culpa dela. - Peter me acusa.

— Sinto-me em um julgamento. - Digo por fim, entediada.

— Pois dar-te-ei uma sentença. - Tia Leda começa, se levantando e encarnando uma atriz e continua: - Terá o mesmo fim que minha pobre rainha: Cortem-lhe a cabeça.

Peter da um leve tapinha no meu pescoço.

— Alice está morta. - James lamenta fingindo chorar.

Tia Leda ri e depois me abraça.

— Tá tudo bem, mesmo tendo sido um presente, eu nem gostei tanto assim, e, de qualquer forma, sempre da para colar.

— De qualquer forma, perdoe -me.

— Sem problemas, querida. - Tia Leda sai do jardim com a porcelana em mãos.

— Você tem sorte por ela ser piedosa. - James fala, também saindo do jardim, seguido por seu irmão.

Sento-me na cadeira e suspiro:

— Que dia estranho.

Pego a revista de moda inverno e começo a folhear, quando alguns sons chamam a minha atenção, levanto-me e vou para a frente do jardim, os barulhos continuam e então vejo algo passando, eu podia jurar que era um coelho e ele parecia estar usando... roupas! Fico mais alguns segundos atenta a qualquer movimento, entretanto, nada acontece e o silêncio volta a reinar...

— É, acho que estou ficando louca.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!
País das Maravilhas é um capitulo único, eu vou continuar a postar histórias desse modelo ^^
Obrigada por lerem ♥



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