Heartbeat escrita por Ana


Capítulo 21
Dinner with in-laws


Notas iniciais do capítulo

Quem é vivo sempre aparece!!!
Gente, agradeço muito todos os comentários, e do fundo do meu coração, eu espero que estejam todas bem, mental e fisicamente.
Sobre Heartbeat, não tenho mais conseguido escrever, não consigo mais passar para o "papel", as histórias que se passam em minha mente.
Esses capítulos que estou postando hoje, haviam sido postados na plataforma do lado, e agora trago eles para cá.
Em algum momento espero conseguir continuar essa história que não sai da minha mente, mas que não consigo mais escrever.



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LOVE - Imagine Dragons

 

Quando o sono foi deixando o seu corpo, ainda de olhos fechados, Emma se espalhou pela cama enquanto se espreguiçava. Sentia o corpo doer em pontos muito específicos, mas aquela não era uma dor ruim, muito pelo contrário, era uma lembrança vívida do que tinha acontecido na noite passada, bem ali por entre aqueles lenções. Tateando na busca de quem havia lhe deixado aquelas lembranças, Emma se sentou debilmente ao não encontrar Regina ao seu lado. Coçou os olhos e bocejou enquanto se acostumava com a pouca luz no quarto, e procurava algum rastro da morena. Quando os seus olhos pousaram sobre a porta do quarto entreaberta, e o cheiro de café fresco encontrou o seu nariz, descobriu exatamente onde ela estava.

Regina que colocava o café da cafeteira em uma xícara, quase derrubou ambos no chão quando braços surgiram em volta da sua cintura e um corpo quente se colou ao seu.

— Bom dia. — Emma disse depositando um beijo no pescoço dela.

— De fato o meu dia não podia começar melhor — se virou ficando de frente para Emma e dando selinho nela —, mas você estragou a minha surpresa. — dito isso, mudou o seu olhar de direção.

Também olhando para onde Regina agora olhava, Emma notou o que não havia percebido antes quando entrou na cozinha. Sobre a mesa da cozinha havia uma bandeja de café da manhã que estava sendo montada.

— Oh! Você quer que eu volte para o quarto e finja estar dormindo?

Regina olhou para Emma como quem considera.

— Eu sou uma vergonha, meu pai me deserdaria se soubesse. 

Se afastou de Emma e colocou a jarra da cafeteira e a xícara em cima da mesa.

E vendo um grande ponto de interrogação na expressão de Emma, continuou: — Ele eleva o café da manhã na cama para namorada dele sempre que ela dorme lá. Ele acorda mais cedo e prepara tudo.

— O seu pai é alguém que definitivamente quero conhecer. — assim que as palavras deixaram a sua boca, Emma se arrependeu de tê-las deixado sair. Tudo o que menos queria era apressar o que estava acontecendo ali, ou pressionar Regina de alguma forma.

— Acho que depois de tudo, você também é alguém que ele definitivamente deseja conhecer.

— Eu devo me preocupar?

— Acho que não existe uma só pessoa na face da terra que consiga não gostar de você. 

Afagando a bochecha de Regina, foi a vez de Emma dar um selinho nela.

— E o Henry? — Emma perguntou enquanto tomavam o café da manhã.

— A avó da Ruby vai levar ele para creche, acho que podemos encontrar ele na entrada.

— Tomara. — Emma cruzou os dedos.

Regina riu da reação dela. Dentro de todos os seus medos e pudores quanto a um dia se envolver com alguém novamente, entre eles estavam o receio de que esse alguém jamais viesse a tratar e querer tão bem ao Henry como Emma hoje queria. Emma parecia amá-lo, o que claramente era retribuído pelo seu filho.

— O que foi?

— Nada, hãm... Falando em Ruby, e não querendo correr o risco de ser curiosa demais, como que ela e a Elsa começaram a namorar? Um dia cheguei para pegar o Henry na casa da Granny e encontrei a Elsa Arandelle brincando com o meu filho no chão da sala de estar. Isso aconteceu por causa da entrevista que eu pedi que a Ruby fizesse com as irmãs Arandelle para a edição do dia das mulheres?

— Ali é um caso antigo. A Ruby tem uma queda antiga pela Elsa desde que no ano passado ela e a irmã foram a matéria principal de uma edição da Gold Magazine.

— Poxa, achei que eu tivesse sido a cupida.

Tomaram o seu café da manhã conversando sobre trivialidades e entre risos trocados lembravam de como haviam se pertencido na noite anterior.

— Pensei melhor, e acho que podemos pegar o Henry na casa da Granny mesmo, e de lá irmos juntos para a revista, o que você acha? — Regina perguntou.

— Adoraria, mas eu preciso passar em casa antes.

— Você é um pouco maior do que eu, mas devo ter alguma muda de roupa que te sirva. — falou bebericando o seu café.

— Não é isso, é que preciso tomar os meus remédios, bom, você sabe, o uso é ininterrupto.

— Bom, se forem os imunissupressores — disse se levantando. —, eu posso dar um jeito.

— Não dá para pedir eles nas farmácias... — Emma começou a dizer, mas se calou quando Regina pegou uma caixa de primeiros socorros de um dos armários da cozinha, e dentro dela tirou os remédios que Emma fazia o uso religiosamente todos os dias desde o transplante — Como? — ela os pegou incrédula.

— Eu te disse que a Alice me ajudou.

— Não credito que até nisso vocês pensaram.

— Ela pensou.

Quando terminaram o seu café da manhã e Emma tomou os seus remédios, partiram para o banheiro do quarto de Regina onde tomaram banho juntas e repetiram parte do que haviam feito na noite anterior. Depois de prontas, tiraram a cadeirinha de Henry do carro de Regina e o colocaram no carro de Emma, onde jutas partiram em direção a casa de Granny.

Quando viu que a sua incrível amiga estava parada do lado de fora da casa da Granny, Henry quase não acreditou no que viu, seu pequeno coraçãozinho infantil batia tão acelerado e um sorriso agigantado se formava em seus lábios.

— Você veio me buscar? — perguntou quando queimou a largada e saiu correndo para se jogar nos braços dela — Vai me levar para creche? A gente vai almoçar junto? Vai ter sobremesa? Diz que sim, por favorzinho. — despejou tudo de uma só vez.

— Nossa, quantas perguntas de uma vez só, que você até me deixou tonta. — disse com ele em seus braços. — Mas sim, eu vim buscar você e também vou te levar para creche, mas só vamos almoçar se a sua mãe vier junto com a gente.

Olhando para os dois dentro daquela bolha, Regina mal podia decidir quem parecia estar mais reluzente com aquele encontro.

— Mamãe, você vem com a gente, né?

— Quem sabe, talvez se você der um beijo de bom dia na sua mãe, ou se você ao menos lembrar que eu estou aqui. — Regina falou fingindo estar magoada.

— Desculpa, mamãe. — ele pulou para os braços de Regina e a encheu de beijos.

— Eu sei que a Emma causa esse efeito.

 

Talvez fosse pela idade que tinham hoje, por tudo que já haviam vivido anos antes de se encontrarem, por todas as descobertas que foram feitas após se conhecerem, ou por haver um elo entre elas maior e mais forte do que qualquer um podia poderia entender, mas a relação existente entre elas havia alcançado um grau de estabilidade, maturidade e cumplicidade que apenas casais juntos a anos poderiam ter.

E fazendo jus ao contrato que assinaram a pedido do RH da revista, separavam a sua relação dos problemas ocorrentes no trabalho, cidade e estado, principalmente quando edições especiais estavam sendo produzidas, como era o caso da edição do dia dos pais. No andar da redação de Gold Magazine, para cada metro quadrado do andar, havia um funcionário digitando exasperadamente textos e mais textos, pois além do número do dia dos pais, ainda havia a edição da semana seguinte para ser preparada. No meio de todo aquele caos organizado, estava Regina, delegando tarefas, cobrando entrevistas, vez ou outra até a própria Emma entrava na mira da editora chefe,  porém, dentre todos os quais Regina precisava cobrar algo, o que mais parecia sugar todas as suas energias era aquele que em um universo perfeito, deveria ser o seu braço direto na revista, o produtor executivo, Jekyll. Até mesmo Kristin era mais fácil de engolir — ela aprecia ser um problema mais para Emma —, Jekyll sempre lhe surgia com meias palavras, mas Regina havia aprendido a lidar com os joguinhos passivos agressivos de Jekyll, e conseguir irritá-lo, conscientemente, era o seu novo esporte preferido.

— Está tudo bem por aqui? — Emma perguntou a entrar na sala de Regina.

 — O de sempre. — falou sem tirar os olhos da tela do computador enquanto lia uma matéria — Parece que não importa o quão cedo comecemos a preparar essas edições especiais, sempre acabamos nos atrasando um pouco, seja a tinta que falta no setor de impressão, um texto já digitado que some porque um computador desligou do nada. — suspirou.

— Mas todas sempre conseguem ser recordes em números de vendas. — disse se sentando em uma das cadeiras que ficaram em frente a mesa de Regina. — Estou te atrapalhando muito?

— Não, só estava terminando de ler esse artigo, você sabe que os corretores não conseguem deixar os textos mais humanos, vamos dizer assim.

— Bom, seria assustador se eles fizessem isso.

Regina riu fraco enquanto alongava os braços.

— Os ensaios já foram finalizados?

— Já, as fotos para a edição dos dia dos pais já estão com Kristin, e vou tratar as da próxima edição em breve.

— Ótimo, obrigada. — se debruçou sobre a mesa e deu um selinho em Emma.

— Você agradece todos os funcionários assim?

— O que você acha? — falou em tom provocativo, claramente brincando com Emma.

— Sorte sua que a Emma pós-transplante não é ciumenta, a não ser, claro, com os meus equipamentos. Mas não é sobre isso que eu quero falar — disse retomando o seu foco. —, eu queria saber quais são os seus planos para esse dia dos pais.

— Os meus planos são viajar, passa o dia dos pais no Maine com o meu pai e toda a minha família. Porque?

— Quando que você pega a estrada, no sábado?

— Isso, pela manhã, porque assim o Henry ainda consegue dormir um pouco no caminho.

— Você tem planos para a sexta depois do expediente?

— Dormir? Vai direto ao ponto, Emma!

— Os meus pais estão chegando amanhã, e... Bem, eles gostariam de jantar conosco.

— Ah...

Regina lembrava perfeitamente da primeira e última em que cruzou com os pais de Emma, na ocasião a fotograva estava internada e desacordada. Regina lembrava de se questionar sobre o que Mary estava pensando, e certamente nenhum desses pensamentos ao seu respeito eram bons.

— Bom, será um prazer. Vou ligar para Granny e perguntar se ela pode ficar com o Henry na sexta então.

— Não, ele também está convidado.

— Tem certeza? É um jantar. Com os seus pais. Meus sogros. — falou as últimas palavras com cautela.

— Absoluta. Eles também querem conhecer o meu incrível amigo. E ele, o Henry, não me perdoaria se eu o deixasse de fora dessa.

 

— A nossa reserva foi feita paras as 19h, são 18:45 e nós ainda estamos aqui. — David disse sentando pesadamente no sofá.

Ser o único homem daquela família tinha lá os seus malefícios, como o de ficar pronto primeiro e ter que esperar cada uma daquelas três mulheres se aprontarem.

— É a Emma, ela ainda não saiu de dentro do quarto. — Alice entregou a irmã mais velha, também se sentando no sofá, enquanto conversava com Robin por mensagens.

— A Emma? — Mary perguntou incrédula ao chegar na sala aos tropeços enquanto afivelava a sua sandália. — A minha Emma? A minha filha que nunca passa mais de meia hora para se arrumar?

Alice revirou os olhos.

— Está tudo bem aqui? — Mary perguntou colocando a cabeça dentro do quarto de Emma.

— Está — ela respondeu de dentro do banheiro. —, quer dizer, não muito. Você pode me ajudar?

— Claro — disse entrando. —, mas você ainda está de roupão? O seu pai está lá na sala já prevendo o nosso atraso.

— É que não sei o que vestir para hoje à noite, ou o que fazer com esse cabelo todo, eu estou completamente perdida.

— Nunca vi você ficar assim para sair com ninguém, ou nunca, na verdade. Não que você tenha me deixado participar de muitos momentos como esse.

— Ham... é só que a Regina sempre está muito bem vestida, seja para ir ao parque com o Henry ou trabalhar. Eu só queria estar um pouco a altura dela hoje, sabe, sem o meu coturno, as calças jeans e as camisas sociais de sempre.

— Tudo bem, então vamos começar pela a sua roupa. Acho que o vermelho realça a cor dos seus olhos, que tal esse vestido vermelho. — disse tirando a peça do armário de Emma.

— Gosto da cor, mas não gosto desse vestido.

— Mas porquê? Ele é lido.

— Ele... ele mostra muito da minha cicatriz, mãe.

— Ok, tudo bem. Deixe me ver.... E esse? Ainda é vermelho, mas não expõem o seu colo.

— Melhor do que qualquer coisa que poderia ter escolhido sozinha, tenho certeza. — Então o vestiu.   

— E para o seu cabelo, eu posso fazer uma trança. — Mary se sentou na beirada da cama e Emma se agachou no chão entre as suas pernas.

— Mãe, nunca houve alguém que me deixasse assim, aos meus 30 anos ninguém nunca fez com que eu me sentisse assim, ou só talvez eu nunca fui capaz de sentir nada assim. Acho que estava entorpecida demais para isso. — lamentou.

— Mas está tudo bem agora, não está? Está tudo bem mesmo entre vocês? Você está bem?

— De verdade, mais do que eu esperava que fosse ficar. Eu sempre quis ser como você e o meu pai, sempre quis ter o que vocês tinham, mas nunca achei que fosse possível alguém como eu ter, alguém que se sentia deslocada da própria família, fora da curta, do aceitável. Mas agora sinto que estou construindo, que estou no caminho para ter. 

— O que eu e o seu pai temos é amor e muito respeito um pelo outro, Emma.

— Eu sei, agora sei.

— Você tem se curado, filha.

— Mas nem todo dia é assim, as vezes me sinto quebrada, imperfeita, mas então lembro que ainda quero ser um exemplo para Alice, e para o Henry se o destino assim permitir — confessou —, lembro da filha que ainda quero ser para vocês, do meu trabalho e do quando sou feliz fazendo o que eu amo, e do tanto que ainda tenho para viver com a Regina. Então eu vejo que vale a pena.

— Vale a pena sim continuar lutando pelos motivos certo, filha. Pronto, eu terminei. — disse dando um beijo na cabeça de Emma enquanto tentava esconder os olhos aguados. — Você está linda.
Quando se levantou, Emma logo correu a espelho para ver como estava, girou para um lado e para o outro vendo o vestido rodar e a trança que adornava os seus cabelos caindo pela lateral.

 

— O mundo vai acabar, você está me fazendo uma vídeo chamada. — Zelena zombou ao atender Regina.

— Isso é sério Zelena, é uma crise. — Regina disse apoiando o celular em uma das prateleiras do seu closet e tomando distância. — Você acha que essa roupa está boa? — girou mostrando a peça em ângulos diferentes a irmã.

— Espera, deixa eu me situar, o que está acontecendo? Para onde você vai?

“Para forca”, pensou.

— Eu vou jantar com a Emma e com os pais dela hoje à noite, mas acontece que não faço ideia do que vestir. Não quero parecer séria demais, mas também não quero estar vulgar.

— Realmente o mundo está acabando.

— Zelena, por favor...

— Oi tia Regina. — Robin passou por trás da mãe e acenou para a tia ao ver com quem ela falava.

— Oi querida.

— Onde é a festa hoje? — perguntou divertida.

— Não ria, com certeza você será a próxima, os Swans me convidaram para um jantar essa noite. Em outras palavras, estou indo conhecer os meus sogros, de novo.

— Oh... eu e a Alice precisamos conversar. — disse saindo.

— Aproveita e fala para ela que eu já estou marcando um almoço para mim e o seu pai a conhecermos. — Zelena falou alto por cima do ombro.

— Nem morta. — Regina pôde ouvir Robin gritando ao longe.

— Enquanto isso, eu continuo em crise. Eu te liguei para você me ajudar.

— Tá bom, e não, esse não. Próximo.Vai com essa maquiagem?

— Porque? Não está boa? Carreguei no blush? Contorno?

— Não, está ótima.

— Então porque você perguntou? Você não pode fazer isso, não agora, Zelena!

— E a babá do Henry? — perguntou enquanto Regina se trocava mais uma vez.

— Ele vai comigo, é um convidado mais importante do que eu. Uma presença super ilustre. — brincou — Na verdade, talvez seja até bom, deixa claro que eu tenho filho e que ele é a minha maior prioridade. — E essa? — mostrou a sua próxima escolha.

— Pega aquilo roxo que parece ser uma saia que está no armário atrás de você.

— Essa aqui? — Regina a apanhou.

— Isso.

— E uso o que em cima?

— Alguma blusa preta, aproveita e procura algum sobretudo preto também. Você está bem, Regina? — perguntou enquanto ela se trocava.

— Você está me analisando agora, justo agora?

— Eu só quero saber como a minha irmã está.

— Ansiosa, muito ansiosa. — falou enquanto subia a saia. — Sei que eles sabem de tudo, inclusive de como eu reagi, das palavras que disse a Emma.

— Palavras que tenho total certeza de que você já se arrependeu de ter dito, e você tem feito terapia, tem trabalhado em cima de tudo que aconteceu e do que descobriram.

— Sim, aliás eu e a Emma já encontramos uma forma de lidar com isso, e é justamente o que quero passar para eles, que estamos bem, que eu estou estável e que não foi mais fugir para casa e abandonar a Emma. Mas nós somos mães, e sabemos de todos os receios que pais podem ter, sei que eles devem estar pensando.

— Só seja você, se está tudo bem mesmo entre vocês, eles vão perceber. E se você não causar uma boa impressão, o Henry causará. — provocou.

— Muito útil você. Pronto, o que você achou dessa roupa — se afastou para que Zelena pudesse ver o look completo. — Acha que está bom?

— Você está linda!

— Tem certeza? Porque não quero que pareça que vou chegar lá e colocar todo mundo para escrever três laudas de artigo para a revista.

— Você definitivamente não está vestida para o trabalho. A Emma com certeza vai amar. Mas e o Henry?

— Ele já está pronto, está assistindo TV na sala.

— Olha, fica calma, eles vão gostar de você, vão aprovar a relação de vocês, afinal, nenhuma de vocês tem mais quinze anos, apesar de você parecer ter agora.

Regina revirou os olhos quando pegou o celular do armário.

— Obrigada, você é a melhor. — Mandou um beijo para a irmã e desligou a vídeo chamada.

Em cima do horário, e com carteira e celular na mão, tudo pronto para saírem, Henry solta: — Mamãe, eu preciso ir ao banheiro.

— Número um ou número dois?

— Número dois. — Henry falou sorrindo amarelo.

 

Como já era esperando, quando Regina chegou ao restaurante, os Swans já haviam chegado, então logo foi se desculpando pela demora.

— Me desculpem pelo atraso, é que nós tivemos uma emergência. — disse olhando para o Henry.

Assim que a vi entrando no restaurante, Emma foi logo se levantando.

— Está tudo bem, faz pouco tempo que nós chegamos. — se aproximou e de Regina e lhe deu um selinho, e antes que se afastasse ouviu um “Você está linda”, o que fez com que corasse.

— Ei. — Henry puxou a barra do vestido de Emma.

— Oi amigão, eu não esqueci de você, não. — falou o pegando nos braços. — Mãe e pai, esse é Henry, o meu incrível amigo e aspirante a fotógrafo, vocês deveriam ver as fotos que ele tirou outro dia.

Vendo a sua mãe cumprimentar Mary, David e Alice, Henry também estendeu a sua mão, assim como via o seu vô fazer sempre que alguma visita chegava a sua casa.

— Oh — David soltou —, hã, é um prazer conhecer você também, Henry. — disse apertando a mão do garoto, e assim Mary fez também.

— Oi pintora. — Henry acenou para Alice.

— Olá, Henry. — se levantou e deu um beijo na bochecha dela.

Quando voltaram todos a se sentarem, Emma colocou o Henry na ponta da mesa, em uma cadeira própria para crianças, e se sentou de frente para Regina.

Quando o garçom se aproximou para anotar os seus pedidos, todos decidiram o que iriam jantar, e David aproveitou para pedir uma garrafa de vinho. O vinho chegou antes que os pratos, e o próprio David fez as honras, servindo a todos, com exceção de Emma e Henry.

— Mamãe da Emma. — Henry chamou Mary.

— Pois não, Henry? — respondeu sorridente.

 — O nome da Emma é por causa da ema? — perguntou se referindo a ave.

— Henry! — Regina o repreendeu, havia esquecido de ter aquela conversa com o filho, aquela na qual diz a ele o quão educado ele deveria ser.

Todo os Swans gargalharam.

— Está tudo bem, Regina. — Emma lhe lançou um olhar tranquilizador. — Na verdade mãe, porque raios mesmo vocês me colocaram esse nome?

— Nós queríamos que o nome da nossa primogênita tivesse um significado especial.

— E qual é ele? — curioso, Henry se inclinou para frente.

— Emma significa “universal’, “aquela que tudo abraça”, pois queríamos que a nossa filha soubesse que ela poderia ter tudo que ela quisesse, que o mundo era dela. — Mary respondeu saudosa enquanto apertava a mão de David que concordava com tudo

— Acho eles queriam que eu dominasse o mundo, Henry.

— Como Ultron?

— É, tipo isso, mas sem a inteligência artificial.

— Ah. O meu nome também tem um significado.

Regina que prestava atenção em como David e Mary se olhavam enquanto falavam sobre Emma, mudou a sua atenção para o Henry.

— Tem filho? — perguntou esperando qual seria a resposta da vez.

— E qual é? — Mary perguntou.

— Tem sim, o meu nome significa “vovô”. — ele falou cheio de propriedade.

Todos a mesa estreitaram os seus olhos tentando assimilar o que o garoto havia dito, menos Regina, que com um beijo estalado na bochecha do filho, indicou que já havia entendido.

— O nome do vô também é Henry, foi por causa dele que a minha mãe colocou esse nome em mim, porque ela ama muito ele, não é mamãe?

— Exato, foi por isso mesmo.

Diante dos seus olhos, Henry e Regina pareciam brilhar, era esse entendimento e essa cumplicidade que Emma buscava e que secretamente ansiava por fazer parte.

Quando o jantar foi servido, Regina negou quando David de pôs a encher novamente a sua taça de vinho, e decidiu acompanhar Emma na água com gás, ao fazer isso, recebeu um “Não precisa fazer isso” silencioso de Emma, mas não era esforço, até porque estava com dirigindo e estava com o Henry, e além de tudo, precisava acordar bem na manhã seguinte.

— Hã, a família de vocês sempre teve essa inclinação para as artes? — Regina perguntou a Mary, mas como essa mastigava, foi David quem respondeu.

— Pelo menos as que nós trouxemos ao mundo sim.

Emma percebia que Regina se esforçava para manter a conversa viva aquela noite, o que basicamente significava que ela estava tentando conquistar os seus pais. Pensar aquilo a fez dar um pequeno sorriso, era como ter dezesseis anos novamente, pulando a parte de que com ela naquela idade as coisas não tinham acontecido.

— A Emma sempre gostou de coisas ligadas a artes visuais. É assim que fala, filhas?

— É, mãe. — Emma e Alice responderam juntas.

—  A Emma sempre gostou muito de ver os nossos álbuns de fotos, e foi aí que nós decidimos dar uma câmera instantânea a ela. Economizamos alguns meses e compramos uma polaroide e os cartões para ela. — David contou. — Você lembra, Mary?

— E como lembro, ela tinha dez anos. Com essa câmera ela passou a tirar fotos de tudo, das plantas do nosso jardim e principalmente de nós. Passava mais tempo com essa câmera do que com os amigos. — Mary disse.

“Passava mais tempo com essa câmera do que com os amigos”, Emma repetiu a frase em sua mente. Passava mais tempo tirando fotos de tudo do que com os amigos porque simplesmente não tinha amigos, ninguém da rua queria brincar com ela, a achavam estranha demais pelo fato de ser uma criança introspectiva.

— E depois veio a câmera de filme. Todo sábado eu levava um rolo para ser revelado no centro da cidade. Durante a semana a Emma juntava todas as moedas de sobravam de troco do pão e do leite, e me entregava no sábado pela manhã. E acredite ou não, todas as fotos saiam boas, nada de tremores ou fora do foco. Nessa idade a Emma era uma menina na dela, as fotos acabaram sendo o nosso meio de comunicação.

Quando parou para olhar para Emma, Regina notou uma névoa sobre os seus olhos, os pais dela falavam tudo aquilo com um tom saudoso e divertido, mas mesmo que sutilmente, o aspecto de Emma era outro, e então Regina compreendeu o primeiro gatilho de Emma.

Por sobre a mesa Regina estendeu a sua mão, que logo pega por Emma. Era difícil ver naquela Emma adulta super comunicativa e prestativa a Emma criança amuada que descreviam, mas ela ainda estava ali dentro, não próximo da superfície, mas ainda sim lá dentro.

Emma agradeceu ao apoio com um sorriso de lado.

— E a nossa Alice também mostrou gostar de artes logo cedo, sempre amou desenhar, primeiro foram os personagens dos desenhos que ela gostava, depois foram pessoas reais e a última paixão dela foi paisagens. As pinturas são tão lindas que até me deixam emocionada.

— Não é para tanto, mãe.

— Você sabe que ela está certa. — Emma acotovelou a irmã. — Deixa tudo respingado de tinta quando está pintando, mas o resultado final vale a pena.

— Acho que a Robin deveria estar aqui para também ouvir sobre isso. — David brincou e todos riram, incluindo Henry, que mesmo sem saber de que, também gargalhou, o que fez com que rissem de novo.

— Nem morta. — ela sibilou.

— Mandei que a Alice também a convidasse, mas disseram que ela não podia. — Mary falou.

— É, ela só virá agora nas férias, e depois para morar quando as aulas na faculdade começarem.

— Ela vai morar com você? — David perguntou.

— Bom, esse foi o plano inicial, mas ela decidiu que irá para um alojamento no campus.

— Olha só que coincidência, mais alguém aqui decidiu que esse semestre também quer ir morar no campus. — Emma entregou.

— Emma! — foi a vez de Alice acotovelar a irmã.

— Mas e você Regina, você é jornalista por formação, não é?

— Sou sim.

— Você sempre sonhou em ser isso?

— Hã... desde que posso me lembrar. — Regina largou a mão de Emma e bebericou a sua água para não engolir em seco, agora que tinha virado o assunto da mesa. — A minha mãe, ela era jornalista. Ela trabalhava um jornal local do Maine, inclusive foi lá que ela conheceu o Gold, o nosso patrão, que saiu de lá justamente para começar a revista.

— Então ela foi a sua inspiração. — Mary concluiu.

— Sim, eu sempre gostei muito de escrever, então se eu não fosse jornalista, talvez fosse escritora, mas já que eu tinha um exemplo em casa, acabei tendendo ao jornalismo.

— Você deve estar muito feliz com o seu cargo na revista, parece que o patamar mor que se pode chegar. — Alice falou.

— Acho que o patamar mor é você ser dono de uma revista ou jornal, mas eu sou muito feliz sim com meu atual cargo, mas como todo trabalho, é cansativo.

— Trabalhar com pessoas é. — Emma frisou a palavra “pessoas” e Regina logo entendeu e concordou.

— Sem dúvidas. Foi um cargo que literalmente me foi dado, caiu nos braços como um presente, e veio na hora certa, mas acho que assim como Gold, se eu fosse dona da revista, passaria ele a outra pessoa.

— Porque? — Emma se empertigou na cadeira.

— Eu tomo decisões, eu corrijo textos, escolho pautas, mas raramente escrevo, não me sobra tempo. As vezes invejo os redatores.

— Mas e se você abrisse uma coluna para você dentro da revista? Colunas não são extensas, não precisam ser semanais e não precisam de muito tempo. — Emma disse e viu os olhos de Regina brilharem.

— Quem sabe, é uma ideia para amadurecer.

Quando terminaram o jantar e as sobremesas foram servidas, a de Henry não podia ser outra, a não ser claro, um sunday com calda de morango.

Conversaram mais um pouco sobre os lugares de onde vinham, permitindo que David e Mary conhecessem mais um pouco sobre Regina e visse versa. Uma vez Emma havia lhe contado que os pais eram os vizinhos que qualquer um gostariam de ter, que eram simpáticos e prestativos, e durante o jantar Regina descobriu que ela não poderia ter sido mais assertiva na afirmação. Mas também lembrava dela ter comentado sobre não sentir como eles, como se não fizesse parte da família, e olhando todos juntos, não poderia imaginar que Emma tivesse outros pais que não fossem eles.

O indicativo de que já passaram da hora foi quando Henry, depois de brincar com Emma no parquinho, começou a cochilar sentado na cadeira.

Emma saiu na frente com um Henry adormecido nos braços e com as chaves do carro de Regina, seguida por David e Alice. Regina que vinha logo atrás, se surpreendeu quando Mary enlaçou o braço dela no seu.

— Eu fico muito feliz de saber e ver que você duas estão indo bem, de verdade.

— Acho que não mais do que eu, Mary — Regina foi sincera. —, demos duro para que pudéssemos estar juntas hoje, aprendemos e desaprendemos muitas coisas ao longo desses meses. Tudo se trata de uma construção.

Do lado de fora do restaurante, os Swans se despediram de Regina.

— Tchau Regina, foi um prazer poder conhecer melhor a você e ao seu filho. — David a abraçou.

Regina também abraçou Mary e Alice em despedida.

— Tem certeza que não quer que eu vá com você para te ajudar a subir para o seu apartamento com Henry? — Emma perguntou parada de frente a Regina, que estava encostada no carro.

— Tenho, ainda posso com o Henry, a menos claro, que você fosse para dormir lá, mas acho melhor você ir para casa com os seus pais, pelo menos hoje.

— Eu não tenho mais dezesseis anos.

— E eu não tenho mais quinze.

— Tudo bem então. — disse a pressionando contra o carro e beijando. — Façam uma boa viajem amanhã, e me manda mensagem pelo menos dizendo que chegou bem.

— Pode deixar, vou mandar sim. —  beijou Emma dessa vez. — Eu te amo.

— Eu também te amo.

Regina entrou no carro, Emma deu uma última espiada em Henry pela janela, e então ela saiu.

 

Assim como prometeu a Emma, Regina mandou mensagem para ela a avisando de que havia chegado na casa do seu pai, mas antes disso também mandou quando estava saindo de casa e quando precisou parar em um posto de gasolina para abastecer.

O final de semana no Maine foi tão bom para Regina quanto poderia ser, conseguiu descansar um pouco da correria que havia sido a semana revista para a liberação da edição do dia dos pais, passou todo o final de semana com o seu pai, e conversou com ele sobre o jantar com os Swans, e Henry logo declarou que queria conhecer não só Emma e Alice, mas como também os pais delas.

Depois do descanso merecido, logo chegou a segunda-feira, Regina se despediu de todos com a promessa de que os encontraria antes da ida de Robin para universidade.

Quando Regina chegou em Boston já beirava o meio dia, Henry que havia dormido o caminho quase inteiro, estava suficientemente disposto para ir para escola, então Regina passou em casa para que pudessem tomar banho, e saiu para almoçar com Henry. Comeram no restaurante de sempre, o próximo a revista, depois que deixou o filho na creche, subiu para o andar da revista. Belle a atualizou de que precisavam comprar tinta e papel para gráfica, Regina tinha certeza de que na última vez tinha comprado tudo isso mais do que o suficiente, mas claro, autorizou a compra , ela também passou para Regina o catálogo de modelos, que a contra gosto, e por ordem de Regina, Jekyll havia deixado lá, para que ela “palpitasse” quanto a escolha dos modelos.

Regina estava em sua sala lendo os zilhões de e-mails que havia recebido de anunciantes e de textos encaminhados por Ruby, quando uma Emma extremamente afobada entrou em sua sala.

— Oi meu... — Regina começou a dizer, mas fora prontamente interrompida.

— Você precisa vir comigo. Precisa subir para o estúdio, agora!

 


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