Photograph escrita por Anny Taisho


Capítulo 4
Um ponto do passado


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu tenho que dizer que estou emocionada com como vocês estão participativas nessa fic!! E eu respondi cada comentário com muito carinho, espero que possamos continuar compartilhando essa experiência. Sobre o capítulo de hoje eu gostaria de fazer algumas explicações:
1 - Aqui vai ter o primeiro Flashback dentre muitos que irão ajudar a contar essa história.
2- Os flashbacks estarão indicados onde começam e terminam e estarão todos escritos em itálico para que os tempos não se confundam.
3 - Os flashbacks não estarão em ordem cronológica, mas não se preocupem, junto da indicação do inicio do flashback estar identificado onde, mês e ano do acontecimento. (EX: China, junho de 2000). Por isso fiquem atentas em onde e quando eles estão acontecendo.
4- Uma ajuda da ordem cronológica dos flashbacks. Tudo que ocorrer entre 1994 e 2000 no Japão é pré-sarada e serão momentos(Bons ou ruins) SasuSaku. Qualquer coisa Junho de 2000 para frente é pós sarada com Sasuke e Sakura separados já.
5 - Obrigada por ter lido até aqui, boa leitura!



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Flashback On - Fevereiro de 2000 –

Fazia quase sete meses que tinha deixado o Japão depois do fim precoce de seu relacionamento com Uchiha Sasuke. Sakura estava numa pequena vila no interior da China com um grupo de médicos sem fronteiras. Apesar de muitas pessoas acharem que esse grupo só atua em área de risco ou guerra, o programa também buscava chegar em lugares que poucos médicos vão devido a diversos outros fatores.

Ali não era uma área de conflito ou afim, mas precisava de atendimento médico. A barriga da médica estava bastante protuberante e ela sabia que que a qualquer momento aquele bebê que carregava viria ao mundo. Não sabia se era menino ou menina, afinal, um equipamento sofisticado de ultrassom nunca passou nem perto dali, mas esperava apenas que viesse com saúde.

Sabia que os pais e Tsunade estavam quase arrancando os cabelos com o fato dela não ter ido embora logo que soube do bebê, mas tinha postergado isso e quando se deu conta não havia mais como fazer uma viagem em sua condição.

Respirou fundo levantando do banquinho e fechando o arquivo, nas ultimas semanas estava apenas fazendo trabalho leve de secretariado. O outro médico responsável dali Akasuma Sasori a mandou ficar quieta, afinal, eles não queriam nem imaginar em um parto prematura a uma distância longa de qualquer centro médico sofisticado.

E apesar de ser seu primeiro filho e de toda condição que a rodeava Sakura se sentia tranquila, algo lhe dizia que seu bebê chegaria perfeitamente na hora correta. A coordenadora do programa havia aberto uma concessão quando soube que estava grávida, o protocolo normal seria que embarcasse de volta ao Japão, mas não estava preparada para voltar. E depois de, nas palavras de Shizune,ela ter feito milagres perante o conselho do Programa de médicos sem fronteiras, conseguiu a permissão de permanência.

Estava feliz ali. Viu a porta abrir e Sabaku no Gaara entrar, ele era um voluntário do programa, não tinha nenhuma formação na área de saúde, mas falava chinês, o que ajudava muito. Não sabia muito mais dele além do nome, ele era um homem reservado que parecia ter suas próprias razões para estar ali.

— Eu trouxe a correspondência. – disse e entregou a ela três cartas.

— Obrigada, Gaara. – disse apenas, ele não gostava do uso de sobrenomes ou sufixos –

Olhou os rementes e haviam cartas de  Tsunade, da mãe e de Shizune. Suspirou se sentindo frustrada.

— Você sabe, o correio aqui não é muito bom... – ele disse pegando algumas caixas pesadas de medicamentos do chão para guardar.

Sorriu meio sem jeito, aparentemente mesmo o solitário voluntário sabia de sua tragédia. Não havia muito o que fazer ali e ela era assunto para todo tempo do mundo. Sasori era seu veterano da faculdade de medicina e as duas enfermeiras tinham a ajudado bastante durante todos os meses, acabou que eles conversavam e tentavam acalmá-la.

— Ou talvez seja apenas a verdade pura e simples.

O ruivo permaneceu em silêncio.

— Não quer caminhar um pouco? Passou o dia todo mexendo nesse arquivo, Sasori disse que pequenas caminhadas lhe fazem bem.

Respirou fundo e sorriu. Seu coração estava machucado e seu orgulho bem ferido, ela não merecia nenhuma resposta? Era tão insignificante ao ponto de ser ignorada como um móvel. Tinha uma criança a caminho, aquilo ia muito além deles. Tentou esquecer aquilo por um momento, era assunto para depois, precisava se manter em boas vibrações. Levantou e foi andando com Gaara.

O lugar parecia saído de um conto de fadas, as pessoas eram gentis e gostavam deles, no inicio naõ foi bem assim. Mas os começos eram sempre díficieis. Pessoas que viviam em lugares esquecidos pelas autoridades não acreditavam muito quando vinha qualquer tipo de ajuda.

— Desculpe perguntar, mas... o que faz aqui, Gaara? Você não é médico e em todos esses meses eu não sei...

O ruivo havia aprendido a apreciar o jeito sincero de Sakura, ela era uma pessoa alegre e muito dedicada ao trabalho. Ele já tinha visto médicos bem soberbos e mesquinhos nesse programa. E ela só estava perguntando o que todos queriam saber, mas não tinham coragem de perguntar.

— Oh esquece!! Eu não queria ser indelicada... desculpe...

— Não tem problema, eu nunca falei nada porque ninguém nunca de fato me perguntou. – ajudou Sakura a desceu um pequeno lance de escada –

— Mesmo? Achei que todo mundo já tivesse.

— Não, não fizeram. Minha noiva trabalhava no programa, ela era residente no hospital de Dubai, só que ela foi para o centro de uma revolta na Nigéria.

A rosada ouviu silenciosamente e sentiu o coração apertar, ele se referiu a moça no passado e não havia ninguém com ele.

— Oh Kami, eu não podia imaginar...

— Ela era apaixonada por isso, sobre trabalhar onde de fato precisavam dela, mas infelizmente não teve muita sorte. Isso já faz três anos... Não fique assim tão sentida, eu estou aqui e já estive em outros pontos trabalhando como voluntário porque foi a maneira que encontrei de certa forma levar o sonho dela em frente. Eu não sou médico, nem enfermeiro, mas eu acho que contribui de algumas maneiras...

— Claro que contribui, tirando a enfermeira Megumi ninguém fala chinês aqui... Você é de muita ajuda.

— Espero que sim. Eu sempre dizia que ia com ela uma hora, deixar a vida em Dubai, mas... Matsuri se foi antes que eu realmente fizesse algo.

Matsuri, sakura não a conheceu, mas conhecia a história. Ele foi homenageada num jantar em Toquio em que estavam arrecadando fundos para o programa. Oh Kami, passou a mão pelo braço dele num gesto delicado.

— A vida e a morte estão muito ´presentes quando falamos de medicina, na faculdade eu meio que tomei um choque de realidade. Eu acho que poucos de nós estão preparados para lidar com a perda... ainda mais de alguém que amamos. Mas sabe, quando eu ficava destruída depois de dias horríveis no pronto socorro eu ia para o berçário... Parece besteira, mas tem tanta vida e felicidade ali, famílias começando, aumentando...

O ruivo olhou para ela, os olhos verdes brilhavam e ela sorria tão delicadamente.

— Eu não tenho um berçário aqui para te mostrar, mas... -pegou a mão dele e colocou sobre sua barriga, o bebê ali dentro mexeu e a rosada riu – Eu não cheguei a ir a uma zona de guerra, mas antes de chegar aqui vi muitos lugares tão abandonados que eu nem podia imaginar, eu não poderia em uma vida ajudar uma fração das pessoas que realmente precisam, mas as que eu posso me mostram que escolhi a profissão certa e estou no lugar certo. Esse bebê vai nascer igual todas as crianças dessa pequena vila e eu me sinto renovada cada vez que o desânimo bate e ela se move. Porque é vida, é um ciclo novo que vai recomeçar e há tanto nesse mundo para ela ver...

Gaara sorriu. Ele entendeu o que ela queria dizer. A vida tinha privilegiado ele com toda estabilidade e conforto que o dinheiro podia comprar, mas isso não impediu seu grande amor de morrer. Mas por mais que tivesse ficado acabado com isso, viajando como voluntário, pisando onde Matsuri pisou, indo a lugares que ela não conheceu, o Sabaku se deu conta de que há sim muita dor, pobreza, desamparo... mas que para cada pedaço disso, há também esperança, cuidado, beleza.

— Obrigado, Sakura.

 Flashback off

Sarada tinha aprendido rápido o trabalho e logo algumas outras funções foram delegadas a ela. Quase dois meses haviam passado e infelizmente nenhuma vez tinha tido a chance de colocar os olhos ao vivo em quem mais queria. Mas paciência era uma virtude e sabia que teria sua chance.

Estava trabalhando em seu computador sozinha na antessala de Naruto, Moegi estava em reunião com os analistas e por isso estava também atendendo algumas ligações. Estava distraída terminando um algoritimo para organização de dados, era muita perda de tempo fazer sempre do modo mais difícil, ajeitou os óculos vermelhos e nem sequer notou os passos que vieram do lado de fora.

Uchiha Sasuke tinha acabado de chegar de uma viagem de negócios em Singapura e precisava falar com Naruto. Carregava uma pequena mala de  viagem e caminhava com uma postura firme pelos corredores. Naruto tinha o péssimo habito de esquecer para que servia um celular.

Entrou na antessala e viu apenas uma garota que não era a secretária dele.  Bem, possivelmente uma estagiária, o fluxo de estagiários era continuo. Parou perto da mesa da garota e pigarreou já que aparentemente ela não notou sua presença.

— Onde está, Naruto?

Sarada ergueu os olhos e num primeiro momento não se deu conta de quem estava a sua frente.

— Uzumaki-san está em videoconferência com o programador chefe da filial de Osaka.

Antes de falar com a moça outra vez, o moreno fez um sinal com a mão e atendeu o celular dando as costas e começando a falar em uma língua que Sarada reconheceu como inglês. E quando ele se apresentou no telefone que finalmente tomou consciência.

Foi uma sensação estranha, sentiu o peito apertar e o ar faltar. Foi para vê-lo que tinha ido trabalhar ali e agora estava bem a sua frente. Ele era bem mais alto do que imaginou e as fotos que viu na internet certamente estavam desatualizadas, já havia um tom levemente grisalho nos cabelos pretos ao vivo. Definitivamente era um homem magro que vestia um terno muito bem cortado.

E era bem fácil ver de onde tinha vindo boa parte de sua aparência. Se fosse um rapaz, provavelmente teria a cara dele. Ouviu a conversa de negócios notando que apesar de muito bom, era um inglês de sotaque forte. Olhou para tela do computador e não sabia bem o que fazer. Não é como se ele pudesse olhá-la e reconhece-la, até porque não conhecia.

Quando a ligação finalmente terminou o Uchiha se virou novamente para ela.

— Avise ao Naruto quando a vídeo conferencia acabar para ir a minha sala... E seu nome é...

Precisou de dois segundos para conseguir responder.

— Sa.. Sabaku no Sarada, sou a estagiária nova, Uchiha-san.

Os olhos muito negros passaram pela garota e viu que ela estava programando algo no computador, e apesar de ter algo que chamou sua atenção, não deu uma segunda olhada.

— Certo, Sabaku no Sarada.

Disse e deu as costas indo embora para sua sala, tinha muita coisa para fazer.

A pobre garota precisou beber água e quase se hipervetilar. Era ele. Era ele. Finalmente tinha visto seu pai biológico. Oh Kami... gostaria tanto de poder dividir aquilo com alguém, mas não tinha ninguém. Moegi entrou e moveu as sobrancelhas.

— Tudo bem, Sarada-san?

— Oh... sim, hum... Uchiha Sasuke esteve aqui e pediu que o chefe fosse a sala dele.

Moegi quase riu, por isso a garota estava naquele estado. Bem, quem podia culpa-la, mesmo trabalhando ali alguns anos o CEO da corporação ainda era capaz de arrancar um ou outro suspiro seu.

— Certo, certo. Terminou o trabalho que eu lhe pedi?

— Sim, já mandei e gostaria de mostrar depois algoritimo que eu fiz que pode ser usado para fazer esses relatórios mais rápidos.

— Eu vou gostar bastante de ver, era nisso que tanto digitava nesse computador, você trabalha com mais empenho que muita gente que eu conheço por aqui.

Sarada deu um meio sorriso, não soube se aquilo foi um elogio ou não, só procurava a maneira mais eficiente de fazer o serviço. Isso poupava tempo.

— Então, como vão os workshops com a Kurenai-san? Eu odiava, quando era estagiária, aquelas apresentações que ela nos colocava para fazer.

— Eu não vejo problema algum, um grande problema em empresas é a falta ou ineficiência de comunicação entre funcionários. Essas dinâmicas são boas para treinar comunicação.

A jovem Sabaku foi criada desde pequena para um dia possivelmente ser a presidente da SUNA & CO, o pai nunca escondeu a vontade que tinha dela seguir seus passos. Por isso já tinha frequentado reuniões, feito algumas apresentações para o conselho diretor, a posição de liderança não era estranha.

Na família eles prezavam que fosse sempre um Sabaku nas posições de confiança e importância. O que não queria dizer que caso não fosse apita iria assumir só por ser filha de um dos donos. O primo Shikadai também podia pleitear a presidência e o mais adequado seria colocado na cadeira no tempo certo.

Atualmente a mãe dele, Temari, era a presidente. Não era sua vontade, afinal, anos atrás ela decidiu permanecer advogando no setor jurídico, mas na ausência do irmão acabou tendo de sentar na cadeira em seu lugar.

— Você é estranha, nenhum estagiário gosta dessas coisas.

— Deve ser por isso que muitos deles não deixam de ser estagiários nunca. – disse digitando em seu computador.

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Sakura estava conversando animadamente com a filha na mesa de jantar quando notou que estava praticamente falando sozinha. Sarada era silenciosa, mas daquela vez não estava mesmo prestando atenção.

— Parece que tem alguém que está longe...

Viu os olhos da filha subirem sobre si e sorriu quando ela ficou vermelha.

— Desculpe, mama... eu estava distraída.

— Oh, eu notei... nem tocou na comida direito. E você adora omelete de legumes. O que tem dentro dessa cabecinha?

Ainda estava pensando no ‘encontro’ que teve com o Uchiha. Ele não usava óculos, o que reforçava a teoria de que o seu problema vinha do Lúpus. Tinha tanta coisas que gostaria de perguntar a ele, mas sabia que não poderia, aquela era uma missão apenas de observação.

— Nada, só coisas da faculdade.

— Sei.. Eu acho que alguém arrumou um namoradinho... – riu – Ou como é que vocês chamam mesmo? Crush? Minha baby dinossauro tem um crush.

Baby dinossauro era um apelido carinhoso que a mãe lhe deu aparentemente desde antes de nascer e depois quando seu animal preferido era dinossauro ele perdurou.

— Não mãe!! Eu não tenho um Crush!! Credo!!

— Ai Sarada, é normal ter um crush... Você é jovem, bonita, cheia de vida... Eu tinha um também quando entrei na faculdade!

— O Uchiha? – a pergunta saiu de sua boca sem que pudesse processá-la antes e viu a mãe engasgar de leve =

— Não, nossa história veio depois. Eu gostava de olhar mesmo era um veterano muito lindinho que tinha na escola de medicina.

A jovem riu. A mãe era engraçada e meio bizarra as vezes, e ela não pareceu brava com sua pergunta, na verdade, parecia que aquilo nem tinha afetado.

— Sabe Sara-chan, você é tão reservada, é o seu jeito, eu entendo. Mas sabe, você é tão jovem e está na fase de conhecer pessoas, fazer amigos, arrumar uns crushs, uns namorados... Depois a gente não tem muito tempo para isso.

— Eu tenho amigos e conheço pessoas mãe. E eu... tenho encontros as vezes, só não fico contando para todo mundo.

— Ohh e agora sua mãe é todo é? Eu coloquei a senhorita no mundo no meio de uma aldeia da china depois de 20 horas de trabalho de parto!!

Rolou os olhos negros.

— Eu conto para você, mama... Não faça tanto drama.

— Okay, eu vou me recolher a minha insignificância. – riu levemente – Mudando de assunto, ainda não foi ver Tsunade, ela reclamou para mim esses dias.

— Eu estive meio ocupada, mas vou lá essa semana. Devo levar um presentinho?

— Leve um chá, ela não precisa de mais Sakê.

— Certo, nada de Sakê. Bem, eu vou subir. – disse se levantando e foi dar um beijo na mãe – Vá dormir cedo hoje, mama, você trabalha demais.

— Ossos do ofício, baby dinossauro. E arrume um crush, bem bonitinho!!

Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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