Foi descoberto que Sarada estava com problemas hepáticos, o Lúpus tinha silenciosamente atacado o fígado da menina e como ela tomava remédios de compatibilidade por causa do transplante de rim tudo tinha virado uma grande bola de neve. Sakura sabia que Sarada em algum tempo teria de fazer outro transplante, não era uma urgência imediata, mas a filha ia novamente passar por um longo tratamento médico.

A medicação dela ia ter que mudar para diminuir a carga sobre órgão, assim como alimentação e qualidade de vida. Até fazerem todos os exames e saberem qual era a extensão dos danos, ela tinha que manter o fígado trabalhando o mínimo possível para ele não entrar em colapso.

Respirou fundo tentando manter a calma, não podia perder a calma, Sarada tinha que vê-la calma para se manter assim também.

— Bem Sarada, você precisa diminuir o ritmo, a hepatologista recomendou que trancasse o semestre ou pelo menos diminuísse as matérias. Estamos vendo se tem mais algum órgão afetado e depois vamos começar a te preparar para um transplante, infelizmente seu fígado está muito debilitado.

— Eu entendo, mama. Vou falar com os professores, tem muitas coisas que posso fazer em casa. E eu vou sair do estágio também, não só por precisar descansar, mas porque já não faz mais sentido.

Alguns dias tinham se passado desde a conversa delas e Sakura ponderou sozinha. Tinha sido bastante dura com a filha e boa parte daquilo era sua culpa, afinal, não tinha dado abertura para que ela viesse conversar. Tinha muitas restrições a respeito dos Uchihas, mas Sarada tinha direito, e se quisesse não ia fazer a filha ficar dividida.

— Filha... Eu sei que fui muito intolerante a respeito do assunto Sasuke, mas você tem razão, de certa forma eu coloquei a gente nessa situação. Não vou te dizer que concordo, porque eu não concordo, mas  não quero que se sinta inibida por minha causa. É seu direito questionar, assim como... contar a eles, só que não quero me envolver nisso. Mil desculpas, meu amor, mas como eu disse, são muitas coisas que me machucaram muito, são pessoas que eu não quero na minha vida. Mas talvez eles tenham mudado, talvez para você sejam boas pessoas... Sinceramente, não encorajo, porque eu sinto que pode ser magoada, mas minha baby dinossauro não é mais um bebê. Estarei aqui para você, não vou te amar menos, eu só peço que me deixe longe deles.

— Eu não quero mais nada deles, mama. Tia Temari me falou que soube de casos grande de fraude na empresa e eles não se importaram comigo quando a gente precisou... Esse tipo de gente não me interessa.

A jovem estava frustrada, Sasuke parecia tão interessante aos seus olhos e agora descobria todas essas coisas. E procurando na internet viu que a tia não mentiu, a Uchiha Corp estava envolta em fraudes. Aquilo a deixava perdida, porque foi criada num ambiente muito correto. Sem dizer que saber que foi esquecida não era fácil.

— Vamos deixar algo bem claro, você nunca precisou deles, eu sempre fui perfeitamente capaz de te sustentar. Com o meu currículo, eu facilmente entraria na residência e teria um emprego em Konoha ou em qualquer lugar do Japão. Obviamente que você não teria o padrão de vida que teve por causa do seu pai, mas você teria uma vida muito boa e confortável. Eu só usei do dinheiro que o Sasuke mandou uma vez que ficou doente enquanto estavámos na China, e eu repuz o dinheiro logo. Dei esse dinheiro para caridade quando eu e seu pai casamos, nós não precisávamos dele e você muito menos.

— Eu sei disso, mama, não se preocupe.

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O RH da Uchiha Corp recebeu os atestados médicos da estagiária e Sasuke estava pensando em tudo o que aconteceu. Ele queria ir até o hospital, mas ponderou quando Karin falou o que Shikamaru disse. Tudo aquilo era tão estranho, quando Sakura foi embora pareceu que ela foi sugada pela terra, nunca mais ia saber nada dela. E agora parecia que havia uma rede de pessoas que interligavam eles.

Nunca imaginou que ela pudesse ter se casado com o cunhado de Shikamaru, na verdade, nem conhecia a esposa dele. Foram anos em que ele prestou assessoria a Uchiha Corp e nada veio a tona, agora tinha a menina que trabalhou para ele meses e era filha dela.

Passou a mão no rosto lembrando daquela época, como se sentiu perdido depois daquela última briga com Sakura. Não era para ter terminado daquele jeito, não era para eles terem se separado assim. Tanta coisa ruim aconteceu depois. Quando Mebuki o colocou para correr, Sasuke colocou em sua mente que ele não devia mais pensar neles. Infelizmente aquele era um capítulo encerrado da vida e por isso jogou as lembranças deles no fundo da mente.

Só que Sakura permaneceu em um canto de sua mente e toda aquela confusão trouxe memórias. Nunca mais foi capaz de amar alguém como a amou. Depois de tudo o que aconteceu, o acidente, de algum modo não se apaixonar de novo era uma punição, afinal, depois de tudo ele não merecia ser feliz. Parecia injusto visto que duas pessoas morreram e não iam ter uma segunda chance.

Tinha procurado por ela na internet e como entendia bem a respeito caiu nas páginas estrangeiras. Sabaku no Sakura. Havia inúmeras fotos dela com o marido e com a filha. Havia notícias sobre ela em revistas especializadas em medicina, artigos escritos, participação em eventos de caridade.

Parou em uma foto dela com a filha, aparentemente de dois ou três anos atrás. Sarada era mais alta que a mãe, mas conseguia ver muitos traços parecidos nas duas, agora parecia tão claras as semelhanças que sentia um idiota. Mas tinha mais no rosto daquela menina... Os olhos escuros, cabelos escuros... Ela era terrivelmente parecida com japoneses. Só que a família de Sakura era ruiva e o marido também, nenhum dos dois tinha traços nipônicos, mas a menina era uma japonesa. Estava olhando para a foto muito concentrado até que a porta se abriu. Fechou o buscador com um atalho e olhou a mãe entrando. Sem bater.

— Algum problema?

— Eu precisava sair daquela casa... Seu pai ficou muito estranho depois que ficou sabendo dos acontecimentos.

— Ele talvez esteja preocupado com o processo.

— Fugaku não tem moral nenhuma, tem alguma coisa acontecendo.

— Depois dos últimos acontecimentos, não acho que esteja muito apta em captar coisas, mãe.

— Sasuke, eu errei, admito, mas eu conheço seu pai. Ele aprontou alguma coisa. Enfim, desde que não seja com o nosso dinheiro, não me interessa. A mocinha não voltou a trabalhar?

— Sarada mandou os atestados, ela estava internada.

— Isso é terrível, ela tem algum tipo de doença?

— Eu me lembro dela falar sobre Lúpus, mas eu não sei bem do que se trata.

— Poderíamos mandar flores.

— Karin foi ao hospital, encontrou o Shikamaru que é... tio da Sarada. E ele disse que era melhor mantermos distância.

— Shikamaru? O filho do Shikaku Nara? Desembargador?

— Sim. Shikamaru é casado com a irmã do pai da Sarada. Aparentemente o mundo é muito pequeno.

— Oh, querido, então não temos problemas. Poderemos conversar e Shikamaru nos conhece, as coisas vão se amenizar.

— Bem mãe, a garota é sobrinha dele, é bastante lógico ele ficar do lado dela.

— As coisas vão se resolver...

— Eu espero que sim. – voltou os olhos ao seu computador – Tenho que trabalhar.

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Sasuke e Karin estavam na sala de Naruto, colocando ele a par dos últimos acontecimentos. E o loiro ficou chocado, como o mundo era pequeno. De repente parecia que todos se conheciam.

— Eu não acredito nisso! A Sarada é filha da Sakura? Meu Kami e a sua mãe achando que você tinha algo com ela, você podia ser pai dessa garota! Eu saio uma semana e o mundo vira de ponta cabeça.

— Não consegui muitas informações, Sakura é a chefe da residência em cirurgia do Gran Hospital, eles são muito protetivos com informações, ainda mais de funcionários. E sinceramente não gostei do tom do Shikamaru. – Karin disse –

— É a sobrinha dele, a Mikoto chamou ela de golpista e insinuou coisas bem piores, se alguém falasse isso da minha filha acredite, não era muito saudável que aparecesse na minha frente.

— Eu fui pesquisar sobre eles e eu descobri que a esposa do Shikamaru é uma grande advogada corporativa. Implacável é uma das poucas palavras que a descreveriam em um tribunal... a empresa estará com problemas se eles resolverem mover uma ação.

— A esposa do Shikamaru não pode advogar no Japão. – Naruto disse cruzando os braços.

— Mas o marido pode ou qualquer advogado sob o comando dela. O que é basicamente a mesma coisa. O melhor seria uma conciliação, até porque foi a Mikoto que destratou a Sarada, ela foi muito bem tratada aqui.

— Eu vou falar com a Hinata, ela comentou comigo que a Sakura comentou que a filha estava doente. Ela pode ir visitar, saber a quantas anda, sinceramente, se fosse para mover uma ação já teria chegado a nós. Não vai falar, Sasuke?

— Nada a acrescentar, eu mesmo estou pensando em ir resolver isso.

— Hum... Não sei se é uma boa ideia, mas... quero ver que cara tem essa gente. É a esposa do Shikamaru que eu só vi uma vez, Sabakus, e afins...

Naruto digitou no computador e não foi difícil achar uma foto. Primeiro apareceu a foto que foi para o jornal da família. Depois procurou outra onde o pai da estagiária ainda estava vivo. Ficou olhou olhando.

— Que estranho! Sarada lembra a Sakura, mas caramba, não tem nada a ver com o resto da família. A esposa do Shikamaru é loira, o outro irmão tem cabelo preto, mas tem traços árabes e o pai dela é mais ruivo que a Sakura. É mais fácil olhar para ela e ser da sua família que da dela.

Karin olhou a foto e de fato Sarada não parecia com a família. Sakura tinha um cabelo loiro claro, misturado com um vermelho, Naruto costumava dizer quando estavam na faculdade que o cabelo dela era rosa. O marido era bastante ruivo. Os dois tinham olhos verdes grandes, mas Sarada era muito japonesa.

A ruiva olhou da foto para Sasuke algumas vezes e tendo a comparação de como era a família Sabaku a menina parecia muito mais com Sasuke. Com os Uchihas como um geral.

— É muito estranho! Ela se parece muito com você Sasuke... Se fossem pai e filha acho que não se pareceria tanto.

Se não fosse uma ideia muito idiota, Sasuke pensaria que a menina podia ser sua filha, mas ele e Sakura tinham se separado há muitos anos. E ela não teria tido uma criança e não falado nada, a médica era uma pessoa muito apegada a família. Entretanto, o Uchiha quanto mais olhava aquela foto de família, mais sentia que havia algo estranho.

— E eu achando que o Bolt era a minha cara, você e a Sarada são a cara de um, focinho do outro. – riu meio que de nervoso, porque era muito bizarro – 

— Eu vou ao hospital. – disse dando as costas –

Continua...