Uchiha Mikoto tinha permanecido em Tóquio em sua antiga casa na cidade junto com o marido pois acompanharia o filho em um evento. O que na verdade era uma coisa boa, afinal, estava um pouco entediada da vida reclusa na propriedade da família. Entretanto, não havia o que ser feito, depois do escândalo das falcatruas que o marido fez na empresa foi necessário que eles saíssem de foco para que essa mancha negra não voltasse sempre a assolar o nome da empresa que o filho mais novo administrava atualmente.

Respirou fundo tomando seu chá, tinha conversado com Itachi, o filho mais velho, por telefone. Ele estava tirando fotos para National Geographic em uma savana da África, as filhas deles estudavam fora do país e já viviam sozinhas. Por grande parte da vida, seu primogênito foi tudo o que poderia ser esperado de um Uchiha, era centrado, tinha ótimas notas, começou cedo a ajudar na empresa, e por muitos anos achou-se que ele seria o próximo CEO, entretanto, aparentemente ninguém o conhecia muito bem, porque mesmo diante de seus olhos atentos de mãe passou despercebido que ele estava infeliz com aquela vida. E então um dia ele largou tudo e foi fazer o que achava-se que era só um hobbie, viajar pelo mundo tirando fotografias com a esposa e as duas filhas.

No início todos acharam que logo ele colocaria a cabeça no lugar e voltaria, mas não foi o que aconteceu, muito pelo contrário, Itachi se tornou um nome bastante conhecido e trabalhava para grandes empresas da área. E tinha Sasuke, o filho mais novo, durante toda adolescência e inicio da fase adulta ele foi um grande problema, um desastre ambulante. Parecia que tudo o que tinha de podre da família do marido tinha caído nele.

Sinceramente, fez tudo o que foi possível por ele, por aquela família na verdade. Mikoto foi muito além das consequências para honrar a escolha que tinha feito, mas isso é história para outro momento. E foi então que a grande tragédia aconteceu, o maldito acidente. Quando recebeu aquela ligação do hospital lhe faltou forças. O filho tinha quebrado quase todos os ossos do corpo, perfurado órgãos , sofrido traumatismo craniano severo, os médicos não estavam nada otimistas. Só que por um milagre divino ele sobreviveu.

Foi quase sete meses na UTI e mais cinco meses internado e fazendo fisioterapia. O grande problema foi que nem todos se saíram tão bem daquele acidente, Karin tinha ficado paraplégica e o casal dentro do carro morrido. Juntamente com os pais da garota tiveram que mover céus e terra para que aquilo não tomasse proporções maiores e destruísse o que tinha sobrado da Uchiha Corp. Menos de três anos antes, Fugaku tinha tido um caso com uma secretária que o convenceu a desviar dinheiro da empresa para um fundo fora do país para que fugissem juntos, mas o que ele não esperava era que ela fosse embora sozinha o deixando para trás com todos os problemas. Esse evento obrigou que a Corporação pela primeira vez desde a fundação passasse a ter capital aberto, sendo que atualmente 49% da empresa pertencia a família Uzumaki.

Quase todo patrimônio pessoal que possuíam na época foi usado para indenizar a família do casal que faleceu. Foram tempos muito sombrios, e naquele momento Mikoto estava disposta a tomar medidas muito drásticas a respeito do filho mais novo, afinal, ele tinha ultrapassado todos os limites.

Só que o destino a surpreendeu e Sasuke não precisou de sua intervenção externa para mudar. Quando ele ficou bom o suficiente para que pudessem contar a ele o que aconteceu houve uma mudança da água para o vinho e resolveu que queria ir para a reabilitação. Fugaku queria deixa-lo de lado e deserdá-lo, Mikoto entretanto, tinha dados inúmeras chances ao marido traste, porque não daria ao próprio filho?

Foi um longo processo, mas ao final de quase dois anos do acidente Sasuke era uma nova pessoa quando voltou a Tóquio. Terminou a faculdade em tempo recorde, passou a trabalhar na corporação todo tempo possível, praticava esportes, enfim, estava sendo o rapaz que sempre deveria ter sido. Obviamente que foram muitos anos mantendo os dois olhos e todos os outros olhos possíveis em cima dele para ver se ele não iria pisar fora da linha de novo.

E Felizmente, Sasuke tinha de fato se tornado uma pessoa melhor e assumiu a presidência quando um novo escândalo da administração de Fugaku estourou. Nessa época já fazia quase dez anos do acidente e quando foi embora da cidade teve que confiar que o filho não iria se desvirtuar. Até agora tudo estava muito tranquilo, mas nesses dias que tinha passado na cidade, muitas vezes foi a Uchiha Corpo, afinal, era o único modo de conseguir ter um tempo com seu segundo filho, e ouviu boatos muito preocupantes.

A garota nova, a estagiaria de ouro, havia uma forte corrente dentro da empresa que tinha certeza de que os dois eram um casal. Num primeiro momento não deu muita atenção, as pessoas são fofoqueiras demais, mas dando uma segunda olhada na garota, ela não parecia viver de acordo com as possibilidades de uma estagiaria. Reconheceu muitas marcas de grife nas roupas e acessórios dela, coisas completamente inalcançáveis para uma jovenzinha que devia estar endividada com o financiamento estudantil.

E ficava claro nos olhos dela que havia uma admiração muito mais que profissional pelo chefe. Claro que uma maçã não cai muito longe da árvore, o pai dele tinha sido um idiota a vida inteira e quase faliu a família por causa de uma espertinha, só que a Uchiha era bem mais esperta que isso. Se aquela mocinha achava que tinha achado sua mina de ouro estava bastante enganada.

Não queria tirar conclusões precipitadas, mas todas as vezes que tentava tirar aquele pensamento da cabeça aparecia alguma coisa que a obrigava a olhar de novo aquela situação. Recentemente, foi o apartamento do filho buscar uma documentação que ele precisava e não podia sair para ir pegar e encontrou um par de sapatos Louboutin escorados perto da janela do quarto de Sasuke, aquela era uma edição bastante exclusiva e dois dias depois viu um sapato igual nos pés da senhorita Sarada. Sentiu tanta raiva daquela cara sonsa dela. O filho era muito discreto em sua vida pessoal depois do acidente, mas sabia que ele estava saindo com alguém e estava fazendo mais mistério disso do que necessário.

Respirou fundo, ia fazer aquela garota sumir das vistas deles. E precisava ser logo porque ela dirigia um Audi que certamente não foi comprado com seu salário. Fechou os olhos e massageou as têmporas, claramente que nada poderia ser perfeito para sempre.

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Dentro de uma mercedes preta o mais velho dos Uchihas estava entrando na cidade de Tóquio, deveria fazer mais de trinta anos que não voltava ali, desde que a sobrinha decidiu que não queria que ele se intrometesse em seus problemas. Sempre achou que Mikoto seria um grande prodígio, a única filha de seu irmão mais novo, mas ele se mostrou decepcionante se casando com aquele golpista vindo de uma ramificação podre do tronco Uchiha.

Fechou os olhos apertando a bengala enquanto via o motorista guiar pelas ruas da cidade, já estava velho demais, sabia que apesar de toda a boa medicina atual ele estava muito perto da morte. E por isso, depois de mais de três décadas, decidiu que tinha que deixar algumas coisas resolvidas. Inclusive, saltou diante de seus olhos uma velha informação que ele já achava que não serviria de nada, mas que aparentemente estava dando um bom caldo para sua refeição final.

Tinha tomado asco daquela que era sua descendência, em momentos assim, se arrependia de nunca ter tido seus próprios filhos, mas o que não tem remédio, remediado está. Pegou a pasta preta com as informações que mandou colher e olhou para a foto da garota de cabelos negros. Ela parecia muito Uchiha em sua aparência, mas será que tinha mais?

Fugaku tinha sido um idiota escondido aquela criança da família, mas ele de fato nunca foi conhecido por ter boas ideias. Na verdade, a única boa ideia que ele teve na vida foi se casar com Mikoto para sair da miséria que vivia, só que a vida agora estava colocando as peças no tabuleiro para que fossem jogadas e Uchiha Madara sempre foi um grande jogador.

Sabaku no Sarada... huh... Uchiha Sarada soava muito melhor.