Prometidos escrita por Carolina Muniz


Capítulo 29
Capítulo XXVIII


Notas iniciais do capítulo

Eeeepa que hj tem ;)



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A noite de sábado chegou, e Ana checava sua maquiagem no espelho da penteadeira. O vestido salmão caiu perfeitamente bem em seu corpo e seu tom de pele. Ela ajeitou a pulseira de ouro em seu pulso, ainda irritada com toda a situação.

Não sabia nem o que esperar daquele jantar, Christian se recusou a recusar Elena, e mesmo que ele tenha dado todos os motivos para que ela tivesse que estar naquele jantar, nada fazia Ana aceitar aquilo.

Mas tudo bem, ela apenas iria ignorar.

— Isso não está um pouco curto não? - Christian questionou assim que entrou no quarto.

Ana bufou.

— Vai ver se o da Elena não está curto - rebateu a garota, tirando o borrado do batom.

Christian bufou.

— Isso é sério? Vai continuar assim a noite toda? - ele perguntou, aproximando-se dela.

— Vou decidir ainda - murmurou ela, saindo do closet.

Ele a segurou pela cintura, impedindo-a de sair.

— Você é minha esposa, não ela - disse ele.

— Não por escolha sua, né?

Ele suspirou.

— Não faz isso. Nenhum de nós dois teve escolha.

Por algum motivo horrível, Ana sentiu seus olhos arderem com lágrimas de repente.

— Acontece, Christian, que mesmo se eu pudesse ter escolhido, eu escolheria você - confessou ela. - Você não pode dizer o mesmo.

O outro abriu a boca e a fechou novamente, sem saber o que dizer. Ana se soltou, deu um passo em direção a porta mas foi segurada por Christian novamente.

— Vamos descer, okay? - disse ela, a voz desanimada sem o tom ácido que estava tendo desde a noite passada.

— Não é justo você jogar isso para cima de mim, Ana. Eu estou tentando. Eu gosto de você, de verdade. E estou tentando fazer você vê que pode fazer isso sem que seja sua obrigação, que o casamento não tem que ser do jeito que você aprendeu. Acontece que nenhum sentimento nasce do nada. Eu tive a minha vida virada de cabeça para baixo...

— Me desculpa você ter sido obrigado a fazer isso! - ela interrompeu, com raiva de repente.

— Desculpa? Ana, você é a melhor pessoa que meus pais podiam ter escolhido, é a única coisa certa que eles fizeram para minha vida depois de me deixar ir embora. Eu só preciso que você entenda que a Elena faz parte da minha vida, e às vezes ela vai estar aqui. Isso não quer dizer que eu estou escolhendo ela, ou que eu goste mais dela.

Ana desviou o olhar.

Ele segurou seu queixo, fazendo-a encará-lo.

— Eu entendo que você não goste dela, é só ignorá-la, okay? Apenas esqueça que ela estará aqui, prometo que não vou sair de perto de você.

Ana suspirou.

— Tudo bem - rendeu-se. - É melhor ela não começar também, eu não estou com paciência hoje. - avisou ela.

O outro riu e tocou os lábios nos dela em seguida.

— Ana - chamou Christian quando a garota desvencilhou dele e já estava pronta para sair quarto.

— Vamos, Christian, não é educado se atrasar para o próprio jantar - disse ela.

Quando o casal desceu as escadas, já havia bastante pessoas na sala de estar.

Ana foi educada e gentil, sempre recebendo elogios e elogiando também, uma perfeita esposa troféu. Porém, quando a morena viu Elena Lincoln adentrando a sala já com uma taça de champanhe da mão, um vestido igualmente salmão como o seu e aqueles malditos saltos alto demais, a garota apertou o braço que estava enlaçado no de Christian e sorriu mais ainda para qual fosse o nome do homem que conversava com seu marido.

— Sr. e Sra. Masen - Elena cumprimentou o casal ali, aproximando-se dos quatro. - É ótimo revê-los.

— Sra. Lincoln, a mulher dos negócios - o homem brincou após beijar a mão da loira.

A feição de Ana mudou, a garota quase bateu o pé no chão até que percebeu a cena que iria fazer caso fizesse aquilo. Então ela voltou a sorrir, continuando com os dentes brancos e pequenos a mostra.

O casal foi chamado, e logo pediram licença, e Elena se virou para Christian.

— Christian - ela beijou seu rosto. - Nem parece que nos vimos hoje - comentou ela.

— A empresa estava contratando - informou Christian claramente para Ana, salientando que eles haviam se visto apenas na empresa.

— Olá, Anastacia - cumprimentou ela, inclinando-se para beijar o rosto de Ana.

A morena tirou o cabelo do ombro, como se ocupada com o mesmo, virando o rosto.

Elena se afastou, sorrindo cinicamente para a garota.

— Está linda, querida. Parece que viemos combinando, não? - disse a loira, referindo-se aos vestidos da mesma cor.

— O meu é mais bonito - disse Ana petulante.

A morena inclinou a cabeça para o lado e encarou a loira.

Elena riu como se a garota fosse uma criança.

— Claro que é, querida - disse ela com desdém.

— Tudo bem, vocês já podem parar, não é? Vamos, Carlson está me olhando já faz vinte minutos - Christian interrompeu. - Até depois, Elena - ele puxou Ana consigo.

Ana cumprimentou todos que precisava, conversou com outros, recebeu mais elogios, e todo esse tempo trocou olhares com Elena, que também não parava de encará-la.

O jantar foi servido e então retirado, as pessoas espalhadas pela enorme sala pareciam animadas quando Ana se queixou para Christian sobre precisar fazer xixi.

O outro riu para a garota e beijou seus lábios rapidamente antes da menina se virar e sair do recinto.

Ana sentiu que aquele seria o momento de Elena Lincoln. E não deu outra, a garota retocou o batom e abriu a porta, dando de cara com Elena que seguia na direção do banheiro no corredor.

— Eu imaginei que você viria atrás de mim - comentou Ana encarando a mulher

A loira levantou uma das sobrancelhas.

— Você é uma garotinha petulante, não? - desdenhou a outra.

— Sabe o que eu acho engraçado? Nem sei como é que chegamos nesse ponto. Eu não gosto de você e você não gosta de mim, sabe, e daí? Quem se importa com isso? Se você ficar longe, por mim está tudo bem.

— Que engraçado, eu acho o mesmo: se você ficar longe, por mim está tudo bem.

Ana balançou cabeça com sarcasmo.

— Acontece que eu sou a esposa do Christian, a intrusa aqui é você - acusou a morena.

— Ah, querida, eu estou aqui antes de você sequer saber o que é beijo na boca - rebateu Elena.

— Puxa, você se vangloria disso? Se vangloria de estar aqui há tanto tempo e mesmo assim ser nada para ele?

Ana viu com prazer os olhos de Elena pegarem fogo, o sorriso cínico se transformar numa carranca extremamente irritada. A loira deu um passo a frente, ficando numa postura autoritária sobre Ana.

A morena não se intimidou, permaneceu parada em seu lugar.

— Você acha mesmo que eu sou nada para ele? Meu amor, olha para você. Você é só uma garota mimada sem saber nada da vida a qual Christian foi obrigado a se casar por causa de um acordo idiota que ele fez com o pai. Você é apenas o preço da vida que ele escolheu ter. Um preço alto, devo dizer, porque ninguém merece.

Ana passou a língua pelos lábios.

— Eu tenho coisas mais importantes para fazer como enfiar minha mão num triturador do que ficar aqui te ouvindo - disse a garota.

Elena se meteu a sua frente, impedindo-a de segundo a diante.

— Não aguenta ouvir a verdade, querida? É ruim lembrar que seu casamento de conto de fadas é só uma farsa, não é? Porque você sabe que não é verdadeiro, não sabe? Christian só te beija por obrigação, ele só transa com você por recompensa. Afinal, você está aqui para isso, não é? Apenas para planejar festas, ser uma esposa modelo e dar prazer a ele quando eu não puder. Só uma substituta para o que eu sou para ele. Devo acrescentar que você não chega nem aos meus pés, é claro.

Ana não sabe se foi as palavras dela - quais ela jogou como veneno para cima de si - ou a forma como ela estava parada a sua frente, impedindo-a de dar um passo sequer que não fosse para trás, se achando superior e autoritária sobre si, fazendo Ana se sentir como uma criança sendo chamada a atenção. No fim, não importava o motivo, só o que importou foi sua mão sendo automática no rosto de Elena.

O tapa foi estalado e alto, a marca vermelha de sua mão ficando certeira na bochecha direita da loira. A surpresa foi para as duas, o mesmo ar de espanto que estava nos olhos de Elena estavam nos de Ana.
Ana nunca havia sido violenta, um pouco irritada talvez, mas nunca violenta.

Aquilo a deixou um pouco desnorteada.

A morena ao menos havia conseguido processar o que havia feito quando viu a mão de Elena se levantando rapidamente. Mas o impacto não veio, a mão de Elena foi segurada no ar por alguém atrás dela.

Christian segurou seu pulso com força, provavelmente marcando-o, a raiva estava em sua respiração e seus olhos. Ana podia ver as íris um pouco mais escuras.

— Nunca mais tente tocar nela - vociferou ele, virando Elena para si, olhando-a nos olhos com a fúria de uma tempestade.

Ana arregalou os olhos. O tom de Christian foi glacial e ameaçador. Ela nunca havia o visto daquele jeito. Christian era irritado - muitas vezes com ela, mas era sempre coisa de momento, e nunca de forma tão... Agressiva.

— Christian - Elena começou.

Christian a soltou, mas aquilo pareceu apenas o tornar mais intimidador.

— Eu não quero saber, Elena, eu só quero você fora dessa casa. Eu avisei antes. Eu disse para você não dizer nem "oi" para Ana, mas você não me escutou, não é? Bom, agora você está demitida e fora da minha vida.

Elena abriu a boca em indignação.

— Vai fazer isso por causa dela?
Elena se referiu a Ana com tanto desprezo que a garota deu um passo para trás.

— Sim, por causa dela. Por causa da garota que eu estou por obrigação - ironizou ele.

Elena engoliu em seco.

— Quantas vezes eu vou ter que dizer para você que eu e você não temos nada? Qual o seu problema em vir até minha esposa querer tirar satisfação com ela?

— Esposa? Ah, Christian, me poupe. Ela está sendo no máximo esforçada. Ela nunca será como eu.

— Deve ser por isso que eu gosto dela, porque ela é totalmente o contrário de você - rebateu ele. - E acredite: é de verdade. O casamento, o sexo, a porra toda.

Elena bufou.

— Até parece que essa submissa consegue fazer alguma...

Su.bi.mis.sa.

Aquela palavra era constrangedora.

Submissa pareceu um xingamento terrível, e em vista do que Ana estava aprendendo sobre o que podia ser e o que não precisava ser, aquela palavra havia a ofendido mais do que "puta", "piranha" ou até "vadia". Submissa, no sentido que Elena claramente demostrou, foi o pior jeito que a loira poderia ter chamado a morena.

E Ana concordava.

A garota, que agora estava um passo atrás de Elena, puxou o cabelo da loira com força, foi do nada, a adrenalina subiu de forma avassaladora. A discussão entre ela e seu marido estava a deixando desconfortável já, mas ela não iria se meter, porém Elena havia pedido para que ela se metesse quando a chamou daquele jeito.

Christian não teve reação ao que viu Elena tentando tirar o cabelo das mãos de Ana.

Logo as duas estavam no chão, o cabelo de Elena ainda sendo puxado por Ana, mas agora as duas pareciam numa guerra de quem conseguia arrancar primeiro: Elena as mãos de Ana, ou Ana o cabelo de Elena.

— Sua vadia - gritou Elena.

Ana abriu a boca, indignada, e de repente estava em cima de Elena, as duas segurando as mãos uma da outra quando Elena finalmente conseguiu tirar as mãos de Ana de seu cabelo.

— Vadia? Eu? Não sou eu quem está correndo atrás de homem casado! -  gritou Ana de volta.

— Um homem que nem queria estar com você, só para começar.

— Parece que com você ele também não quer estar.

— Ana, chega, vem aqui - Christian puxou Ana pela cintura, tirando as mãos de Elena de cima dela, o que não foi algo inteligente a se fazer, pois nenhuma das duas estava no fim da "conversa".

— Me solta, eu vou acabar com essa velha - Ana reclamou, tentando se soltar de Christian, segurando novamente os cabelos de Elena.

Taylor apareceu ao socorro, o que queria dizer que as pessoas da sala podiam ouvir a gritaria.

Christian tentou não pensar naquilo enquanto segurava Ana de um lado e Taylor segurava Elena do outro.

A morena parecia determinada a arrancar o cabelo da outra, pois não soltava nem por um decreto, e Elena a puxava também, tentando agarrá-la.

Até que Christian finalmente conseguiu fazer as duas se soltarem, tratando logo de colocar uma distância enorme entre as duas.

Ele não precisou olhar para trás para saber que haviam alguns dos convidados assistindo àquela cena.

Sawyer veio ao seu encontro, olhando Ana de cima abaixo.

O segurança havia se afeiçoado a menina de uma maneira paternal, sempre se preocupando até mesmo com o almoço dela.

— Sra. Grey - ele disse, próximo ao casal.

— Eu estou bem, eu só espero que ela não esteja.

— Sawyer, leve todos para a sala e tente dar um jeito na situação que eu já vou lá - Christian ordenou.

O segurança acenou com a cabeça e começou a dispersar os convidados que estavam ali, já cochichando entre si sobre as palavras que ouviram.

Ana ainda estava sendo segurada por Christian, ainda fuzilava e era fuzilada por Elena. A loira tentava se soltar de Taylor, assim como Ana de Christian.

— Você acha que isso vai ficar assim, garota? Você está muito enganada se... - Elena começou.

— Já chega! - Christian gritou, fazendo Elena se calar e Ana fechar a boca sobre algo que iria rebater para a loira. - Cala a boca - disse ele para Elena - e você também fica quieta - ele falou para Ana, soltando-a.

Ana arrumou seu cabelo e alisou o vestido. A garota permaneceu parada, envergonhada de repente. Era como se Christian tivesse a trazido para a realidade, fazendo-a perceber o que havia feito, num jantar de negócios, com pessoas importantes para Christian logo ali, do outro lado. Pessoas que provavelmente escutaram tudo o que ela e Elena gritaram, e ainda por cima viram as duas se engalfinhando no chão.

— Taylor, por favor, acompanhe a Sra. Lincoln até a saída - Christian ordenou.

Taylor prontamente acompanhou Elena, se posicionando ao lado dela quando a mesma passou por Ana.

Logo estavam apenas Ana e Christian no corredor.

— Por favor, suba para o quarto, eu vou até a sala tentar resolver tudo isso - Christian falou, já se virando.

— Christian, espera - Ana segurou seu braço.

— Agora não, Anastacia - ele murmurou irritado, soltando o braço da mão dela e seguindo para fora do corredor, em direção à sala de estar.

Ana mordeu o lábio inferior, sentindo seu coração apertar.

Se arrependia, claro. Perdeu o controle, tudo o que Elena queria - ela percebeu tarde demais.

A menina sentiu os olhos arderem novamente com as lágrimas e seguiu para fora do corredor em direção à escada, subindo para o quarto.

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Notas finais do capítulo

Maaaaaaaaaaaaano, cês tão aí??



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