Prometidos escrita por Carolina Muniz


Capítulo 20
Capítulo XIX


Notas iniciais do capítulo

Oiiiii ♥ obrigada pelos comentários ♥



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Duas horas mais tarde, Ana havia retirado tudo o que achou horrível na casa, e colocou coisas novas que havia pedido na tarde anterior. Sawyer e Reynolds a ajudou a encaixotar tudo o que seria doado e logo se despediram, depois de elogiarem educadamente o trabalho da morena.

À noite, Ana estava mais uma vez com o notebook em seu colo.

Ela havia seriamente pensado em dar uma volta pela cidade com Gail, mas depois de tomar um banho e ver a sala de cinema no primeiro andar, ela apenas se jogou no grande e macio sofá. Na TV, passava Um Amor para Recordar, um dos filmes favoritos de Ana, quando ela ouviu a porta dupla se abrindo.

Christian entrou claramente estressado, já sem o paletó e a gravada, a blusa branca aberta no colarinho e mais alguns botões.

— Boa noite, Christian - disse a garota.

— Oi - saudou ele. - O que houve entre você e Elena hoje? - ele questionou, sentando-se na mesa de centro, de frente para Ana.

A garota suspirou, fechou o notebook e tirou o travesseiro de seu colo.

— O que ela disse que aconteceu?

— Só me responde.

Ela quiz muito revirar os olhos, mas não ia desrespeitar o marido.

— Bom, ela veio aqui procurar um relógio que havia esquecido, Gail entregou a ela e então ela foi embora.

A morena não sabia o que Elena havia contado a Christian, e ela não ia dizer mais do que o necessário, apenas se precisasse para se defender. Honestamente, a discussão daquela tarde havia até mesmo sido esquecido pela garota.

Mas pelo visto, Elena se doeu mais do que pareceu.

— Apenas isso? - Christian levantou uma das sobrancelhas, muito desconfiado.

A garota mordeu o lábio e começou a fazer desenhos imaginários no braço do sofá, olhando sem vê o fim e atrás de Christian.

O outro, pegou o controle e desligou a TV, tendo Ana com uma expressão indignada.

— Eu estou falando com você, será que dá para me responder? - ele questionou irritado.

— Ué, pelo visto você já sabe, não sei para que está me perguntando - ela murmurou e levantou-se, pronta para sair da sala.

Porém, Christian também se levantou e segurou seu braço, impedindo-a de sair.

— Eu quero ouvir de você - disse ele.

A garota olhou para a mão dele segurando seu braço.

Ele não estava a machucando, estava sendo gentil demais até, como se realmente estivesse com medo de machucá-la. Mas só o ato de ele segurá-la, já era horrível.

— Não acredito que está brigando comigo por causa daquela... Daquela...

Ela não ia xingar, queria muito, porém, os adjetivos eram muito feios para uma garota como ela sequer pensar, imagina dizer, ainda mais na frente do marido.

— Olha só, foi ela quem começou. E eu até estava me comportando muito bem, mas aí começou a falar sobre o relógio no seu quarto, insinuando um monte de coisas, e ainda veio me irritar. Tecnicamente, eu apenas respondi ao que ela falava.

— Você foi para cima dela - ele disse.

Ana abriu a boca, soltando o braço da mão dele, completamente chocada. Só não sabia se estava mais surpresa por Elena ter - pelo visto - dito que Ana havia batido nela, ou por Christian - com certeza - acreditar nela.

— Eu nem toquei nela - defendeu-se, fazendo questão em mostrar quanto ofendida estava. - Sem contar que Gail e Sawyer estavam aqui, acha mesmo que eles me deixaram fazer bater nela? Ou que eles não teriam te ligado se algo do tipo acontecesse?

— Anastacia, ela está machucada.

Aquilo foi demais.

Até doeu em Ana.

— Não acredito nisso. Você está realmente acreditando nela. E o que? Ela não ia rebater, né? Aquela mulher daquele tamanho, com aqueles saltos, ia me deixar bater nela e não ia revidar? Eu juro que eu não quero faltar com respeita, mas você está sendo um... Um bobão - ela vociferou e cruzou os braços, esperando grito certeiro de Christian que viria a seguir.

A garota tirou o cabelo dos olhos, o bico formado nos lábios, a respiração forte e longa, bufante de irritação.

Mas Christian riu.

Ele realmente riu.

— Bobão? Isso é xingamento, menina? - questionou ele entre as risadas.
Ana abriu a boca, sem entender, descruzou os braços e o encarou com pura confusão.

— Qual o problema? Ai, quer saber, eu não estou nem aí para o aquela loira de salão te disse, mas eu não toquei nela. Se bem que nesse momento, eu queria mesmo ter feito o que ela disse, assim eu teria o prazer em dizer que eu bati naquela cara pálida dela. Oh, Deus, olha isso, essa mulher está me transformando numa barraqueira.

Christian pressionou os lábios um no outro, tentando evitar outra crise de risos enquanto a garota colocava a mão na testa em lamentação.

Ele não estava com raiva, somente irritado - naquele momento, nem mesmo irritado, estava realmente difícil ficar irritado com Ana nos últimos dias. Entretanto, o acontecimento de Elena e Anastacia o deu uma baita dor de cabeça com a loira o ligando dizendo que Ana havia ido para cima dela apenas por ela ter buscar um relógio em sua casa, e que a garota havia sido realmente mal educada quando ela apenas sugeriu que jantassem.

Ele não conhecia Ana - mesmo sendo casado com ela, o que era bem irônico naquela situação - para dizer que a garota não faria aquilo, mas conhecia a criação de Ana, e sabia o suficiente sobre a garota para saber que ela não faria nada contrário ao que foi ensinada. Então foi realmente uma droga ter perdido duas reuniões por ter de ir na casa de Elena, e ouvir a mulher se lamentando sobre a "nova mulher dele" com uma bolsa de gelo no rosto vermelho, onde realmente parecia que uma mão havia lhe dado uma belo de um tapa, até sua blusa estava um pouco rasgada.

Vendo a ira de Ana, bem ali, era fácil de vê-la fazendo mesmo aquilo, mas ainda assim, ele não conseguia acreditar que aquela garota o fez. Não aquela garota totalmente delicada e doce que estava se lamentando por ter virado uma barraqueira de repente.

— Ela tira o pior das pessoas - disse a morena por fim, balançando a cabeça, se referindo a Elena. - Não vamos mais tê-la aqui, okay?

O Grey suspirou.

— O quê? Ana, olha só, essa é sua casa, claro que é. Mas sabe, também é minha, e Elena vai entrar aqui sim.

A garota levantou as sobrancelhas.

— Ah, ela não vai não, porque ela não quer que aconteça realmente o que ela disse que aconteceu. Eu estou bem irritada com ela nesse momento, e vou estar por muito tempo, então é melhor ela não aparecer aqui, pois esse é o único lugar em que eu posso bater nela sem ser presa.

— Você não vai bater em ninguém, Anastacia.

— Vou bater naquela ousada sim se ela entrar! Ai, meu Deus, me desculpa - a garota pôs a mão na boca e balançou a cabeça em descrença. - Eu estou te desrespeitando. Me desculpa. Isso é por causa das séries que eu vi esses dias, as garotas americanas fazem isso o tempo todo. Meus pais nunca me deixaram ver, agora percebo o porque.

— É, eu também.

A garota inclinou a cabeça, indignada.

— Não precisava concordar - resmungou ela.

— Não é bem sobre isso que a gente precisa conversar, Anastacia.

A menina bateu com as mãos nas coxas, toda irritada de novo.

— Sério que você ainda não percebeu? Ela disse isso para você ficar contra mim!

— O rosto estava vermelho.

— Como se ela não pudesse ter pegado a própria mão e feito aquilo. E olha, isso é doença, hein.

O outro revirou os olhos.

Tudo bem que Elena era bem dramática e não era a primeira vez que ela arrumava briga com alguma mulher em sua vida, mas se bater já era demais.

— Ana...

— Não, eu já disse. Eu entendo você não acreditar em mim e sim nela porque você a conhece mais tempo. Mas eu não fiz nada, e eu sei, que de alguma forma, você sabe que ela é capaz de fazer o que fez só para que você brigue comigo. Ela ficou bem irritada quando eu disse que a decoração era horrível.

— Foi ela quem decorou o apartamento - ele falou, já sabendo que Ana sabia e com certeza disse aquilo para provocá-la.

Só então, ele lembrou do que viu quando chegou, até os móveis da sala e do quarto a garota havia trocado, e tirado todos os quadros e colocado outros, e também as cortinas.

Ele nunca se importou com aquilo, rebobinando o que viu quando chegou: a decoração de antes era mesmo horrível.

— Ela não tem bom gosto - disse a garota.

Christian observou Ana tirar o cabelo do ombro numa mania e o mirar novamente.

Era estranhamente impossível como a garota estava sempre bonita. Até acordando ela parecia estar com a pele imaculadamente macia e limpa, com o cabelo brilhante e penteado e o rosto maquiado. Ele não havia reparado, mas suspeitava de ela passar maquiagem para dormir - e perfume, e hidratante, e pentear mil vez o cabelo.

Era um ritual realmente longo que fazia a garota permanecer pelo menos meia hora em frente a penteadeira antes de se deitar para dormir.

— Christian? Sr. Grey - ela chamou.

— Já pedi para não me chamar de Sr. Grey - murmurou ele, dispersando os pensamentos.

— Bom, você não parecia estar me escutando. Mas então, nossa briga acabou? Estamos com as pazes feitas?

Às vezes, Ana parecia uma mulher adulta no corpo de uma garota de 18 anos; também tinha momentos em que ela parecia uma mulher de idade, sempre lhe dizendo para tomar chá e não vinho antes de dormir, ou dizendo que não andar descalço porque poderia pegar um resfriado, sem contar que ele não podia comer e tomar banho logo em seguida se não morreria - quem diz isso!?— e ainda ficaria com a alma presa no banheiro; e havia aqueles maravilhosos em que ela agia como uma garota de dezoito anos de verdade, vendo séries, lendo livros, gostando dos caras da TV e ouvindo música no último volume - quela abaixava sempre que o via achando que era falta de respeito com o marido; e então tinha aqueles como aquele, em que ela parecia uma criança de seis anos, tendo de ter o aval de um adulto - no caso ele - para tudo, tendo de ter suas perguntas sempre respondidas por ele e suas decisões tomadas por ele.

Era extremante irritante na maioria - todas - das vezes. No começo, Christian achou que fosse apenas porque ela tinha idade suficiente para dividir sua vida, para decidir se queria ouvir Coldplay no último volume, ou se queria ouvir Bath num calmo e sereno silêncio, se queria aprender a falar Mandarim ou Tailandês, se aquela conversa havia acabado ou não!

Mas talvez não fosse apenas irritação, e sim responsabilidade.

Sabe, ele havia ficado responsável por uma pessoa. Não era uma empresa, ou um cachorro, era uma pessoa! Uma garota de dezoito anos que tinha costumes totalmente diferente e aparentemente era tão inocente com as pessoas ao redor quanto uma criança de dois anos. Se ele decidisse algo errado? Se ele fizesse algo errado?

Ele havia levado - sobre sua total responsabilidade - Anastacia para os Estados Unidos, tendo de ser praticamente o tutor da garota em tudo.

Ele não sabia sobre ela, não a conhecia. Sua decisão era lei para a morena.

Ele tinha constante medo em decidir algo que ela queria, e ela não dizer que não queria. Ele não sabia se ela queria ouvir Bath ou Coldplay, se ela queria falar Tailandês ou Mandarim.

— Então... - ela questionou, franzindo o cenho. - Tem certeza de que você está bem?

— Sim, eu tenho - respondeu ele.

Não era hora de ficar pensando na garota daquele jeito. Não havia nem percebido da onde veio aqueles pensamentos sobre ela.

— Ta', eu vou sentar aqui de qualquer forma porque precisamos conversar uma coisa muito séria - a garota disse, sentando-se no sofá. - Sente-se, por favor - pediu, pegando o travesseiro com o notebook em cima e colocando no próprio colo.

Christian obedeceu, suspirando.

— Tem que ser agora?

De repente ele só queria um banho e esquecer aquela droga de dia.

— Sim, por favor, eu estou pedindo - ela murmurou, toda gentil e manhosa de repente, o que deixou o outro complemente desconfiado. - O mais importante agora; estamos com as pazes feitas ou não?

— Sim, estamos - ele respondeu, querendo acabar logo com aquilo. - Ana, eu estou cansado, eu queria muito...

— Olha, Christian, sem ofensa, e sem querer discutir novamente, mas você me acusou de ter batido na Elena e ainda insinuou que eu fiz toda a discussão sozinha. Como se eu fosse uma barraqueira - ela bufou, com vergonha, o rosto vermelha ao dizer a última palavra. - E ao menos tentou me escutar sem ficar todo irritado. Mas tudo bem, eu perdoo mesmo que você não tenha nem mesmo pedido desculpa, mesmo sabendo que deveria, né? Seria bem educado de sua parte me pedir desculpa - alfinetou ela. - Mas tudo bem, eu entendo. Você não tem que me pedir desculpa mesmo que esteja errado, é assim que funciona de qualquer forma. Enfim, eu só estou pedindo alguns minutos. Depois de todo esse discurso, você pode conversar comigo?

Ele engoliu em seco e apenas não disse nada contra nem a favor, mesmo que tenha encostado no sofá num sinal claro de que estava a ouvindo.

A garota sorriu - um sorriso genuíno, cheio de dentes.

Deus, era tão fácil deixá-la feliz.

Christian não achava que havia alguma mulher no mundo que sorria apenas porque ele iria ouvi-la. Com certeza nenhuma tinha aquele sorriso.

Não que ele se importasse com o sorriso de Ana, era só que era um sorriso bonito e merecia ser apreciado, apenas isso.

— Então, eu estava procurando umas coisas no Google - ela começou, abrindo o notebook. - Tipo, faculdades e tal. É meio tedioso ficar aqui sem fazer nada já que você pelo visto não gosta muito de dar festas - ela disse como se complemente natural uma esposa servir apenas para dar ótimas festas. - E você tinha dito que não havia problema se quisesse estudar. O que é muito fofo e gentil da sua parte. Ainda estar de acordo?

Christian franziu o cenho em confusão. Ela estava conversando como se estivessem fazendo um negócio, mas ao contrário de ter firmeza e confiança, apenas era gentil ao extrema em cada palavra e tinha a voz suave, o sorriso sempre ali, como se quisesse comprá-lo com seu jeito e não com suas palavras.

— Claro - respondeu ele, querendo ver até onde ela iria mesmo com ele já sabendo o que ela queria.

A resposta era sim, claro, ele só precisava saber para qual ela queria ir e então ele dava um jeito de ela entrar assinando um cheque gordo. Mas Ana era inocente demais para saber que era só dizer o que queria, que não precisava fazer cena.

Porém, ele não podia negar que gostava daquilo.

— Ótimo - ela sussurrou com outro sorriso, dessa vez mostrando uma covinha única de um lado que Christian nem havia percebido que ela tinha. - Então, eu procurei um monte de universidades nos últimos dois dias, mas apenas duas aceitam meu diploma de Ensinamento Particular da Bulgária. Mas não tem problema porque uma dessas é que eu mais gostei. Eles tem o melhor programa de literatura do país.

O outro levantou uma das sobrancelhas.

— Literatura? - questionou.

— Eu estava indecisa entre Literatura e Artes. Mas eu prefiro Literatura.

— Artes?

— Gosto de desenhar.

Mais uma surpresa.

— Sério? Você desenha.

— Sim, mas não muito. Meus pais não achavam isso um talento, então...

— É claro que é um talento, e eu tenho certeza que você é incrível.

Ela sorriu novamente, aquele mesmo sorriso que mostrava sua covinha única.

Nossa, ele estava apaixonado por aquele sorriso.

Okay, ele havia bebido um pouco depois que saiu da casa da Elena, com certeza era aquilo.

— Obrigada. Bem, eu realmente gosto de literatura, de livros e tudo mais. E seria legal estudar apenas sobre isso.

— Tudo bem, você quem decide.

Pela primeira vez ela havia decidido algo - algo que era realmente importante em sua vida - e não havia o questionado.

— Quando você quer começar? - questionou o outro.

— O quê? Você... Sério?

— Claro, eu disse que você podia. Eu posso resolver isso amanhã e você pode começar na segunda, pode ser? Deve ter alguma turma que comece antes do natal.

A garota fechou o notebook e o jogou para o lado junto com o travesseiro, logo jogando a si mesmo em cima de Christian.

Ele sorriu para ela.

Ele não sabia que o sorriso de alguém pudesse fazê-lo sorrir.

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Notas finais do capítulo

Aaaah! Gente, o Brasil empatando e eu escrevendo haha to rindo mas to preocupada, povo, até...



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