Os Visitantes de Nárnia escrita por SnowShy


Capítulo 6
O Resgate e o Livro


Notas iniciais do capítulo

Oiii! Último capítulo!



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Cuca entrou na Caverna segurando um gato morto (o ingrediente que faltava).

— Que cheiro horrível! — Exclamou Edmundo, tapando o nariz.

— Eu o enterrei há três dias, ele só não podia cheirar a flores... — disse Cuca, referindo-se ao gato. — Mas não se preocupe com o cheiro, querido, porque graças a esta criaturinha, nós teremos o que mais queremos! Hahahaha!

Cuca jogou o gato no caldeirão e começou a misturar a "receita" com uma enorme colher de pau. O fedor ia, aos poucos, diminuindo enquanto o animal era misturado aos outros ingredientes. Como a receita era muito difícil, Cuca não a havia memorizado, por isso olhava tantas vezes para o livro, como Edmundo havia percebido; porém, como faltava pouco para terminar, hoje ela não necessitava do livro e, consequentemente, não percebeu que ele não estava mais lá na Caverna.

— Cuca! — Chamou uma voz de menina.

Edmundo e a bruxa olharam na direção do som e viram que, perto da entrada da Caverna, estava Lúcia. O irmão ficou assustado. O que ela fazia lá? Será que Saci tinha lhe dito onde Edmundo estava e ela tinha inventado de tentar salvá-lo sozinha??? Ela não tinha noção do perigo??? Aparentemente, não. Cuca, por sua vez, estava encantada com a presença da menina; largou a colher e foi direto falar com ela. Edmundo fazia gestos indicando para Lúcia que ela devia ir embora, mas a caçula parecia não entender.

— Que bom te ver aqui! — Disse a bruxa, se aproximando cada vez mais da menina. — Veio ajudar o seu irmão? Pois eu tenho uma ótima notícia: você vai ficar no lugar dele a partir de agora e ajudar no meu plano... O que é isso? — Ela perguntou, ao ver que a pequena Rainha tinha uma adaga na mão.

— Eu não vou deixar que você faça nada, nem comigo nem com o meu irmão!

— Você não está entendendo, Majestade! Eu não vou fazer nada de mau com nenhum de vocês. Só quero que...

Nessa hora, uma flecha passou voando bem perto de Cuca, mas não a acertou. Depois, mais flechas voaram, acompanhadas de pedrinhas, também voadoras. A jacaré estava confusa e com dificuldade de desviar de todas as flechas e pedras. Susana e Pedrinho (que estavam escondidos, ela com seu arco, ele com seu estilingue) não tinham a intenção de ferir a bruxa, apenas queriam distraí-la; e deu certo: ela nem percebeu que Lúcia já havia entrado na Caverna e estava conversando com o irmão, dizendo o quanto estava feliz em vê-lo. O menino, então, percebeu que os objetos voadores e Lúcia deviam fazer parte de um plano para salvá-lo. Será que era a ajuda que Saci disse que iria conseguir?

Falando em Saci, como se não bastassem as flechas e pedras como distração, Cuca também foi envolvida por um redemoinho e começou a ficar tonta e enjoada. No mesmo momento, Emília, Narizinho e Pedro, que, assim como Susana e Edmundo, estavam escondidos, saíram de trás das árvores e seguiram para a Caverna. Enquanto Pedro derrubava o caldeirão de Cuca, cheio da poção, e Narizinho procurava o pó de pirlimpimpim roubado pela bruxa (pois roubar pirlimpimpim das crianças seria o único jeito de ela ir a Nárnia capturar Edmundo), a boneca se posicionava na frente da cela que prendia o garoto.

— Faz de conta que esta cela desapareceu — disse Emília.

Para a surpresa do garoto, a cela literalmente desapareceu. Ele estava livre!

O Redemoinho foi levando Cuca para longe da Caverna e Pedrinho e Susana pararam com seus tiros e juntaram-se às outras crianças (e boneca). Depois de todos os abraços, apresentações, agradecimentos e alegrias pelo pequeno Rei estar finalmente a salvo, a poção, derramada no chão, e o que havia sobrado de pó pirlimpimpim, de volta aos donos, todos voltaram para o Sítio.

***

Todos do Sítio e do Arraial dos Tucanos ficaram muito felizes ao saber que o Rei Edmundo havia sido encontrado. Tia Nastácia preparava uma feijoada caprichada para o almoço e tudo parecia incrivelmente bem. Porém as crianças sabiam que Cuca não ficaria rodando no redemoinho de Saci para sempre, ou seja, logo, logo ela voltaria à Caverna, perceberia o estrago que haviam feito e iria atrás de Edmundo (ou Lúcia), do livro de receitas e, provavelmente, de todos que estragaram seus planos, para puni-los. Mas, até lá, eles podiam comemorar à vontade... Ou era melhor pensar num plano para quando Cuca voltasse? Hum...

Ah! Já que eu falei no livro, preciso contar que Visconde conseguiu traduzi-lo. Com sua incrível inteligência, ele descobriu que o livro da Cuca não estava escrito em outro alfabeto, mas em código, com um símbolo equivalente a cada letra do nosso alfabeto. Um pouco antes do almoço ficar pronto, o sabugo, com o livro na mão, juntou-se aos amigos à mesa e explicou tudinho:

— Ao que parece, a poção que a Cuca preparava tinha o objetivo de transformá-la na mais poderosa das cucas.

— E quantas cucas existem? — Perguntou Pedro.

— É o seguinte, Rei Pedro, existem várias cucas, mas não simultaneamente. Quando uma cuca completa 1000 anos, uma outra cuca, mais poderosa, nasce e assume o lugar da anterior, que, por sua vez, se transforma em um pássaro de canto triste. 

— Então o que a Cuca queria o tempo todo era não virar um pássaro de canto triste? — Perguntou Lúcia.

— Exatamente. Se ela fosse a mais poderosa, nenhuma outra cuca assumiria o lugar dela. Ingerindo a poção, ela teria todo tipo de poder, inclusive a imortalidade. E faria todo tipo de maldade também.

— Inclusive dominar o mundo? — Perguntou Edmundo. — Porque foi o que ela me disse que queria fazer...

— Provavelmente.

— Tá, Visconde — Emília interveio —, mas o que raios o Edmundo ou a Lúcia tem a ver com tudo isso? Porque aquela historinha que ela contou sobre querer ajuda pra dominar o mundo era pura conversa fiada...

— Ah, isso é porque um dos ingredientes da poção era uma criança que fosse rei ou rainha de um reino mágico. Tinha até uma observação dizendo que não bastava ser da realeza, tinha que ser corada rei ou rainha; e outra, dizendo que quanto mais nova a criança mais forte o efeito do feitiço.

— Por isso ela queria queria me trocar pela Lúcia... — disse Edmundo. — Então o Saci estava certo, afinal, a Cuca queria mesmo comer um de nós.

— Que horror! — Disse a Rainha caçula.

Emília escondeu o livro em sua canastrinha enquanto almoçavam, para que, caso Cuca aparecesse por lá naquela hora, não o encontrasse. Depois, é claro, pensariam melhor no que fazer com ele. Eles não sabem o porquê de ela não saber a receita, mas eu sei e vou contar para vocês: foi a antiga cuca quem a escreveu, consultando muitos bruxos e outras criaturas mágicas, fazendo experiências etc. Porém não conseguiu terminar a poção antes de se transformar em pássaro, e olha que passara a sua vida inteira dedicando-se a ser a eterna cuca! Quando já era pássaro, escondeu o livro para que nenhuma outra cuca roubasse sua ideia, porém, recentemente, a cuca atual o encontrou.

Enfim, voltando às crianças, apesar de os visitantes quererem muito conhecer cada canto do Sítio do Picapau Amarelo (principalmente Edmundo, que estava lá pela primeira vez), após o almoço (que estava delicioso, por sinal) decidiram queimar o livro, assim, ficariam livres da Cuca. Porém o livro estava enfeitiçado e não queimava de jeito nenhum! Emília tentou fazer o faz-de-conta para ele desaparecer, mas a magia que continha nele era realmente muito poderosa.

Foi então que Dona Benta teve uma ideia não muito feliz, porém muito segura: os Reis e Rainhas deviam voltar para Nárnia. Como Cuca não tinha mais pó de pirlimpimpim, Edmundo e Lúcia estariam livres dela lá, além disso, eles podiam levar o livro, assim, a bruxa não tentaria recriar a poção com outras crianças inocentes. Fazia sentido, mas eles não queriam se despedir... Além disso, Edmundo não havia visto Saci depois de estar livre, queria tanto agradecê-lo...

— TIVE UMA IDEIA BATATAL! — Exclamou Emília. — Depois que vocês já tiverem ido embora, da Cuca aparecer aqui procurando o livro, não encontrar e ir embora também, por que a gente não chama o Saci e vai lá pra Nárnia?

— Emília! — Repreendeu Narizinho. — Você não pode sair se convidando pro reino dos outros assim...

— Ah, vai me dizer que você também não quer ir, Narizinho?

É claro que Nariznho queria ir, mas acharia mais conveniente ser convidada...

— Eu achei uma ótima ideia! — Exclamou a Rainha Lúcia e seus irmãos concordaram.

— A gente pode ir pra Nárnia, vovó??? — Perguntaram Narizinho e Pedrinho.

— Mas é claro que podem! E comportem-se lá, viu?

Os netos comemoraram e a abraçaram.

— Depois que as coisas estiverem mais calmas por aqui — disse Narizinho, voltando-se para os Reis e Rainhas — e a Cuca já tiver esquecido toda essa história, vocês também podem voltar pra conhecer melhor o Sítio e o Reino das Águas Claras.

Todos ficaram muito felizes e começaram a fazer vários planos. Susana chamou Emília para um canto e lhe disse:

— Sabe, eu estava pensando numa coisa desde antes de você dar a ideia de ir a Nárnia. Lá em Cair Paravel, nós temos vários jogos de xadrez...

— Não jogo muito xadrez...

— Espera, eu ainda não terminei! Acontece que as nossas peças não são como as dos jogos comuns: elas são de ouro.

— Ouro?!

— Uhum. E eu, o Pedro e a Lúcia prometemos te dar uma lembrancinha, lembra? — É claro que Emília lembrava! Ela nunca se esquecia de assuntos relacionados a presentes. — Então o que acha de uma rainha dourada na sua canastrinha?

— Sério?!?!?! — Os olhinhos de retrós da boneca arregalaram tanto, que quase caíram do rosto.

— Eu tenho certeza que os meus irmãos vão concordar. A gente também podia dar presentes presentes pra Narizinho, pro Saci, pra Dona Benta...

Susana citaria os nomes de todos que conhecera no Sítio, mas foi interrompida por um abraço de Emília.

***

Era a hora dos Pevensie voltarem para Nárnia: já haviam se despedido e agradecido a todos (menos a Saci, infelizmente) e trajavam novamente suas vestes reais. Os amigos do Sítio do Picapau Amarelo emprestaram-lhes um pouco de pó de pirlimpimpim para que pudessem fazer sua viagem. Enquanto isso, Cuca, que havia se livrado do Redemoinho, via o desastre em sua caverna e ficava furiosa. Como haviam previsto, ela, logo em seguida, foi ao Sítio procurar pelo livro e pelas crianças, em vão.

O pessoal do Sítio contou a Saci o quanto os Reis e Rainhas agradeceram a ele por toda a ajuda e também disseram que estava convidado a visitar Nárnia. Obviamente, Saci aceitou, e todos partiram para uma nova aventura, desta vez, no reino dos Pevensie.


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Notas finais do capítulo

Bom, pessoal, eu gostei muito de participar do desafio Universos Trocados! Amo o Sítio e amo Nárnia e me diverti muito escrevendo esta história ❤
Espero que vocês tenham gostado do final! :D



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