Os Visitantes de Nárnia escrita por SnowShy


Capítulo 4
O Redemoinho Risonho


Notas iniciais do capítulo

Oiii! Obrigada às duas leitoras q ainda estão se manifestando ❤
Espero que gostem!



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Cuca passara o resto do dia ocupada preparando sua poção misteriosa e tentando ganhar a confiança de Edmundo, então não havia nem olhado para a bola de cristal e não fazia ideia de que tinha tanta gente procurando por ele. Sua poção era muito demorada, complicada e tinha ingredientes extremamente raros, era realmente difícil de preparar. Talvez tivesse sido melhor ela pegar Edmundo só depois de terminar para não ter que deixá-lo preso, mas seria arriscado deixar o pequeno rei para o último segundo, e se não conseguisse encontrá-lo?

O garoto, por sua vez, aproveitava-se da situação, já que a bruxa o estava mimando muito para ganhar sua confiança, enquanto não sabia como fugir. Ele tinha começado a pensar se não era melhor fingir que caía na laia da Cuca para que, assim, ela abrisse a cela.

— Sabe, você me fez pensar numa coisa — disse o menino, logo que teve a ideia de enganá-la —, este mundo é muito maior do que Nárnia, talvez seja mais legal reinar aqui, mesmo...

— Ah, finalmente você entendeu! Isso mesmo, é muito melhor! Sem falar que você é o segundo mais novo de seus irmãos, mesmo que seja rei, Pedro e Susana estão acima de você, o seu reinado quase não conta.

Edmundo ainda se assustava com o fato de Cuca saber tanto sobre sua vida, mas fingia não se importar e, é claro, concordar com o que ela dizia, apesar de não ver nenhum problema em reinar com seus irmãos.

Durante a noite, apesar de estar bem alimentado e confortável lá na cela por causa de uma cama macia que Cuca fez aparecer especialmente para ele, Edmundo não conseguia dormir. Estava com muito medo que a jacaré nunca o soltasse e que ele ficasse lá para sempre, além de estar morrendo de saudade de seus irmãos. Estava com tanta saudade, que, quando deu uma olhadinha na bola de cristal, pensou ter visto Lúcia. Espera! Ele olhou de novo... Era Lúcia, mesmo! E ela não parecia estar em Nárnia... Onde ela estava?

— Lúcia! — Edmundo deixou escapar, impressionado.

Cuca, que já dormia, acabou acordando.

— O que você disse?

— Nada! Eu só disse que tô com sono, só isso... — o menino cometeu o erro de dar umas olhadinhas para a bola de cristal. Não pode evitar, era sua irmã, afinal, estava impressionado demais por vê-la.

— Ei... — Cuca andou em direção às bola. — Essa não é a Rainha Lúcia, a Destemida? Aqui na mata???

Edmundo entrou em pânico. Então era lá que ela estava... E se Cuca quisesse pegá-la também????

— Não, essa não é a minha irmã. Deve ser outra menina...

— Quem? A Narizinho?

— Talvez... — ele não sabia quem era Narizinho, mas, pela falta de interesse de Cuca ao falar o nome dela, imaginou que não quisesse nada com essa menina, então era melhor que pensasse que fosse ela, não a sua irmã.

— Até parece! A Narizinho não é branca desse jeito, essa cor aí é de inglesinha, que nem a sua irmã. Além disso, a Dona Benta nunca ia deixar a neta sair assim de noite. Hum... Então quer dizer que Lúcia Pevensie está aqui...

Cuca saiu da caverna e Edmundo ficou lá, com os olhos arregalados. Agora ele não ia conseguir dormir, mesmo!

***

A vela de Lúcia apagou de repente. Foi por causa de um vento, ou melhor, de uma redemoinho. "É o Redemoinho Risonho!" Pensou. Lúcia se encantava tanto com aquele redemoinho, que nem ficou chateada por sua vela ter se apagado. Esperou ele ir embora, pegou a caixa de fósforos que guardava no bolso e ascendeu a vela novamente, foi, então, que percebeu:

— Ah, não! A vela já derreteu para a metade do tamanho! Ai, eu sabia que tinha esquecido de alguma coisa! Não posso continuar, senão ela derrete totalmente... Ah, vou ter que voltar.

Tristemente, a menina foi seguindo as árvores com risquinhos até voltar ao Sítio.

Cuca não a encontrou a tempo. Encontrou apenas Saci, vagando pela mata.

— Ei, Saci! Você viu uma menininha por aqui?

— Vi, assustei ela e ela foi embora. Hahahaha. Que foi, Cuca? Queria ter assustado ela primeiro? Foi mal aí! — Saci colocou o cachimbo na boca e saiu rodopiando em seu redemoinho.

— Ah, tanto faz, eu fico com o Edmundo, mesmo — Cuca estava com muito sono para procurar crianças. — Pelo menos, ele também é uma criança.

E a bruxa voltou para a caverna, o que deixou o menino aliviado, já que ela estava sozinha. Finalmente, ele conseguiu dormir.

***

Pedrinho não estava brincando quando disse que procurariam por Edmundo assim que o sol nascesse. Porém precisavam estar alimentados para isso, então as crianças acordaram Tia Nastácia àquela hora também.

— Ai, que demora! — Reclamou Emília, que já estava de mal humor por ter acordado cedo.

— Vocês que inventaram de me acordar a essa hora — retrucou Tia Nastácia. — Eu ainda nem acordei direito, como é que você quer que eu cozinhe rápido, hein, boneca?

— Tudo bem, a gente pode aproveitar esse tempinho que Tia Nastácia prepara o café da manhã pra dividir as equipes de busca — disse Narizinho. — A Susana vai querer ir comigo no Reino das Águas Claras, né? — A Rainha fez que sim com a cabeça. — Você, Emília...?

— Eu ainda não por onde vou procurar, mas minha equipe vai ser eu e o Visconde. Aliás, cadê ele, hein?

— Deve tá dormindo lá na biblioteca — respondeu Pedrinho.

— Folgado... Vou lá acordar ele agora mesmo! — E saiu correndo.

— Eu e o Pedro vamos à Caverna da Cuca. Você quer vir com a gente, Lúcia?

A menina respondeu que sim, animada. Pedrinho, então, sussurrou para ela:

— Você tentou ir pra lá ontem à noite, não foi?

— Como você sabe?! — Ela perguntou, também sussurrando e com os olhos arregalados.

— Eu vi você voltando. Não consegui dormir a noite inteira, aí, teve um momento, quando o seu irmão já tava dormindo, que eu olhei pela janela, aí te vi. Sabe, o Quindim é um péssimo vigia!

Lúcia riu e, em seguida, perguntou:

— Você não vai contar pros outros, né?

— Não, pode ficar tranquila. Mas e aí, como foi lá? Se perdeu ou conseguiu encontrar a caverna?

— Nenhum dos dois. Eu dei um jeito de marcar o caminho, mas depois do Redemoinho Risonho aparecer e apagar a minha vela, eu percebi que ela certamente não ia durar a noite inteira e voltei pra cá.

— Redemoinho Risonho? — O menino pensou um pouco. — Ah, deve ter sido o Saci!

— Saci?

— Quem cochicha, o rabo espicha! — Disse Emília, que acabava de voltar com Visconde e percebeu como Pedrinho e Lúcia falavam baixo. — O que é que tem o Saci? — Sua fala chamou a atenção dos outros que estavam assentados à mesa.

Pedrinho acabou contando aos ingleses quem era o Saci e Lúcia, dizendo que era ele quem havia roubado a aljava de Susana.

— Saci, é? — Disse a Rainha mais velha. — Eu gostaria de ter uma conversinha com ele...

— Conversinha?! — Perguntou Emília. — Você tem é que dizer umas poucas e boas pra ele e exigir a sua aljava de volta! Eu sei que você é muito boazinha pra isso, então, se quiser, eu faço por você!

Susana riu com o comentário da boneca. Era engraçado como elas estavam ficando amigas, apesar de tão diferentes e de, a princípio, a Rainha ter tido até um pouco de medo dela.

Tia Nastácia finalmente terminou de preparar o café da manhã e todos ficaram felizes e comeram.

***

Edmundo havia pedido um café da manhã de frutas típicas brasileiras, afinal, nunca havia estado no Brasil antes, tinha que aproveitar a oportunidade, apesar das circunstâncias. Cuca fez um feitiço para aparecer para ele uma bandeja cheia de caju, jabuticaba, pitanga, goiaba etc. Ela queria mesmo que o menino fosse uma criança saudável!

Enquanto comia suas frutinhas, Edmundo deparou-se com um garoto negro de uma perna só, que usava roupa e carapuça vermelhas e fumava um cachimbo, entrando na carverna.

— Não acredito que você tem um prisioneiro e nem me contou!

— Você pode ir embora, Saci? Eu estou muito ocupada agora.

— Tá preparando a sopa pro menino?

— Eu não sei do que você está falando...

— Cuidado, que ela vai te comer, hein? — Dessa vez, Saci voltava-se para Edmundo, que se assustou com o aviso.

— Não acredite nele, Edmundo! É só um intrometido querendo atrapalhar os nosso planos.

— Eu não vou acreditar em alguém que conheci hoje! Prefiro acreditar em você, que já conheço desde ontem.

— Ótimo. Ah, não! Acabei de perceber que falta um ingrediente pra minha, ah, quer dizer, pra nossa poção... Vou ter que sair. E, você, Saci, vem comigo!

Ela puxou Saci pela orelha, o levou para fora da Caverna e deixou bem claro que não queria que ele voltasse lá e ficasse enchendo a cabeça do reizinho com lorotas.

— Com verdades, você quer dizer, né? Vem cá, ele tem alguma coisa a ver com aquela menina de ontem à noite?

— Isso não é da sua conta!

Após dizer isso, Cuca foi procurar o tal ingrediente que faltava para a receita e Saci, é claro, voltou para a caverna.

— Você é um moleque meio burrinho, né? Acreditar naquela bruxa...

— Eu não acredito nela! Só digo que sim pra ganhar comida. Ah, e também porque se ela achar que tem a minha confiança, pode ser que ela abra a cela, então eu vou poder fugir.

— Até parece! A Cuca só vai te tirar daí quando for te comer!

— Você acha mesmo que ela quer... me comer?

— Você não deve conhecer a fama da Cuca, né?

— Eu nunca tinha ouvido falar dela...

— Por que acha que ela tá te dando tanta comida?

— Eu até pensei nisso, mas, sei lá, não acho que seja exatamente o que ela quer... Talvez seja alguma coisa ainda pior...


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram da participação do ícone do Saci? ❤
Hum... Será que a Cuca quer mesmo comer o Edmundo ou ela quer fazer alguma coisa pior??? E pq será q ela quis ir atrás da Lúcia?
Quero saber o que vcs acham :)



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