Sombras do Passado escrita por CGominha


Capítulo 8
Doce Sorriso




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Talvez o prudente fosse recuar, mas é claro que isso não fazia parte da minha personalidade.

Talvez o prudente fosse recuar, mas é claro que isso não fazia parte da minha personalidade.

Eu não conseguia ignorar um desafio.

Não era o melhor jeito de sobreviver nas ruas, mas era o único jeito que eu conhecia...e foi isso que me moldou para ser como sou.

Era o primeiro evento que estava indo em minha vida. Era a primeira vez, desde que cheguei lá, que eu saía dos cubículos ao qual chamava de moradia. E era a primeira vez que eu usava um macaquito preto com verde, com pequenos adornos dourados, com a intenção de desafiar alguém.

Aquilo não significaria nada para a maioria das pessoas, ainda mais depois de um grande desfile de moda que usara aqueles detalhes da mitologia nórdica como inspiração. Era quase como se bastasse algumas besteiras para que quase todos esquecessem de todo o mal feito por Loki.

Bem, por quê não? Afinal, o homem apenas destruiu quase toda Nova York...provavelmente a cidade seria só o começo de seus planos egocêntricos e tolos. 

E claro, sempre haveriam aqueles que viriam em sua defesa.

"Você sabe o número de pessoas que o Homem de Ferro ou o Hulk já matou durante suas batalhas?" - o Homem de Ferro sempre estava nos exemplos, mas você pode trocar o Hulk por qualquer outro.

O ponto era: todos os heróis já haviam matado pessoas inocentes, assim como qualquer outro vilão. E nada te ajuda mais a ser perdoado do que um sorrisinho bonito e um jeito charmoso.

Mas aquela era eu e Tony sabia sobre mim, então sim: aquilo era um desafio.

Ele, como estrela da festa, havia chegado atrasado, claro. Caminhara entre a multidão como se fosse dono dela, puxando então seu jovem talento favorito para apresentá-lo a alguém e batendo em suas costas com alguns tapinhas paternos.

Lembro de ter chegado àquela ficha quase que por acidente. Deixei de lado meu achocolatado e as batatas que comia somente para passar mais de uma hora tentando decifrar a criptografia daquele arquivo, e então mais algumas para conseguir passar invisível por todos os sistemas e descobrir o motivo de tanto segredo.

Aquilo trouxera meu apetite novamente.

— Com licença - alguém disse, passando por mim como se desejasse me derrubar intencionalmente.

Suas palavras não passavam de mera formalidade de alguém que só queria tirar uma foto com o astro da noite. Tentei não fuzilá-lo com o olhar, mas até mesmo o champanhe -que eu havia surrupiado mais cedo- perdera o gosto em minha boca.

— Nós não temos chance - alguém suspirou ao meu lado.

Me virei somente para ver uma jovem de óculos e um vestido vermelho longo com detalhes dourados.

— Você também é do programa, não é? A quinta selecionada - ela sorriu, olhando-me nos olhos- A garota misteriosa que quase largou a escola.

— Arya - me limitei a responder.

Eu não era fã de papo furado, ainda que a pessoa à minha frente fosse a jovem promessa de robótica, a pequena...

— Priya Moore - ela sorriu ainda mais - Venho trabalhando com a empresa Stark desde que concluí a universidade, mas...você já sabe disso, não é? Bom, pelo menos eu saberia se fosse especialista em computação quântica e criptografia.

— Eu não sou especialista em nada - a cortei, sem a mínima preocupação em parecer simpática.

— Ah...claro que não estou dizendo como se você tivesse se formado em algo, ou estudado com algum mestre no assunto...mas você até que se vira bem, não é mesmo? Olha só onde você está!- Ela disse, passando os olhos pelo salão.

A olhei torto.

— Bem, se me der licença - ela disse dando um passo adiante- Testarei minha sorte e tentarei agradecer ao meu anfitrião pela festa.

Tentei não praguejar, mas os xingamentos saíram da minha boca um pouco rápido demais.

Desde o momento que iniciei a leitura da ficha daquela mulher, algo em mim pareceu "pipocar".

Ela não era a primeira a nascer em berço de ouro, nem mesmo a primeira a ter toda sua vida acadêmica favorecida por isso, mas, certamente, era uma das poucas que havia passado por cima de tanta gente para chegar até lá .


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