Do que eu lembro?

Eu lembro de ter saído para fazer compras. Meu estoque de sempre: Batata Chips, Chocolate, Doritos, Refrigerante e M&M. 

Não me culpem, aprendi a gostar de coisas caras depois que comecei a ganhar meu dinheiro certo. 

Era só uma caminhada de menos de dois quarteirões.

Caminhada essa que eu sempre fazia usando fones de ouvidos enquanto ouvia musicas que faziam meu gosto ir de "bom" a "duvidoso" facilmente. 

Talvez fosse por isso que eu não ouvi o começo. 

Os gritos devem ter vindo, em primeiro lugar. Em segundo, a correria. E então, o caos. 

Eu só me toquei no terceiro passo, quando fui derrubada e quase pisoteada por um grupo de senhores. 

Não sei se foi sorte ou o que, mas logo eu estava em pé, correndo para sair do meio da confusão e subindo a escada de incêndios de um daqueles prédios velhos que precisavam de manutenção. 

Eu não fora a unica que tivera aquela ideia, mas certamente era uma das poucas que continuara a subir até alcançar a cobertura, ignorando os residentes curiosos e os gritos que ainda se seguiam.

Há uma nova lei em Nova York.

Uma lei simples e bastante importante: NÃO HÁ LUGAR SEGURO.

Não depois que deus nórdicos, homens de armaduras e doidos com uniformes apareceram por aqui. 

Droga - praguejei logo que pude notar a extensão daquele conflito.  

O Homem de Ferro e o Falcão já estavam ali.

Enquanto Falcão voava acertando grande parte da massa que atacava um museu, o Homem de Ferro enfrentava um homem com o dobro de sua altura e com uma armadura vermelha e preta que parecia por toda sua energia em força bruta e munição. 

Sentei no chão e procurei meu laptop dentro da minha mochila. 

Se eles estavam fazendo algum ataque coordenado daquela forma, deveria haver alguma linha de comunicação, por mais criptografada que fosse. 

Eu sabia!

Abri uma linha de comunicação com o Stark e tentei não parecer tão nervosa ou entusiasmada como estava me sentindo. 

— Estou um pouco ocupado agora e eu não vou nem perguntar agora como você conseguiu acessar essa linha. 

Engoli seco. 

Eu ia ser despejada.

Eu sabia. 

— Eu encontrei a linha de comunicação deles. Estava um pouco criptografada mas não foi dificil passar com meu software e...

— O que você está fazendo aqui? 

Ele parecia com raiva. 

Com bastante raiva. 

— Eu estava indo comprar algumas coisas quando fiquei ilhada aqui, mas... já mandei pra você.

— Volte agora! - Ele ordenou, desligando a linha quase que imediatamente. 

Suspirei. 

Eu estava ferrada. 

...ou não.

Ele estava usando o que eu havia mandado. 

Sorri, cantando vitoria. 

Eu havia ajudado o homem ferro!

Eu o havia ajudado e...

Senti o mundo a minha volta se despedaçar antes de entender o porque.

Eu estava caindo. 

Caindo junto a pedaços de concreto e aço ao meu redor.

Caindo em direção ao asfalto.

Em direção aos braços da morte.