Lauren Foster 

Levanto-me da cama, deixando para trás o homem que dorme tranquilamente. O sol ainda nem nasceu, mas não consigo parar meus pensamentos. São dezenas de perguntas esperando respostas, problemas procurando soluções e medos traçando abrigos. Aproximo-me da janela do quarto e observo o céu ameaçando clarear, uma sensação de preenchida toma conta do meu corpo e sem querer minhas mãos viajam para minha barriga. É você, não é?! Essa sensação de completa e de que não estou mais sozinha. Sorrio enquanto aliso a mesma. 

— Eu daria tudo para ter essa imagem todo dia ao acordar. - A voz de Chris soa me pegando de surpresa. Olho-o sorrindo e ele se levanta, se aproximando. 

— Aproveita os nove meses. - Brinco e ele coloca sua mão sobre a minha na barriga. — Não consigo dormir mais. 

— Porque? 

— Um pensamento correu em minha mente. - Respondo e suspiro. — Há algo que preciso fazer e não sei como. 

— O que?  

Mordo o lábio. — Contar a minha mãe. - Resmungo e ele pisca surpreso. — Ela merece saber disso. Afinal, além de minha mãe, ela ainda é sua esposa. 

— Nem me lembre disso. - Suspira. — Quero resolver essa situação com ela o mais rápido possível. - Tira suas mãos de minha barriga e segura meu rosto. — Talvez agora, ela ceda. - Diz com uma pitada de esperanças. 

— Eu espero que sim. 

— Seja lá o que quiser fazer, tem meu apoio e irei com você. - Finaliza aproximando nossos rostos e depositando um beijo singelo em meus lábios. 

***  

O loiro estaciona em frente à casa que um dia foi meu lar. Várias lembranças sondam minha mente. Tudo na minha vida sempre girou em torno daqui. Minha vida inteira foi aqui. 

 Eu cresci aqui, dei meus primeiros passos, minhas melhores risadas, trouxe meus primeiros amigos, me sentia segura, amada.  

A sensação de tristeza toma meu corpo e lágrimas tomam meus olhos. — Lauren? - A voz rouca do loiro me tira dos devaneios e eu o olho. — Não, não chore. O que houve? - Pergunta retirando o cinto e se aproximando de mim. 

— Eu só lembrei de algumas coisas. - Respondo limpando a lágrima que escorre dos meus olhos. — Estou com medo do que pode acontecer.  

— Eu estou contigo! Tudo vai dar certo. - Acaricia minha cabeça e eu assinto, respirando fundo e procurando calma. 

— Vamos. - Suspiro. 

Chris me guia calmamente até a porta da casa enquanto eu procuro respirar profundamente. O loiro estende a mão e toca a campainha. A espera parece ser eterna, mas em questão de minutos vejo a porta abrir e revelar a mulher carregada de olheiras nos olhos e pele pálida. 

— O que fazem aqui? - Pergunta friamente, passando os olhos em volta. Chris faz um sinal com a cabeça e ela entende nos dando passagem.  

Porque eu não consigo dizer nada? 

Olho em volta e parece que faz anos que não entro na minha casa. Uma sensação de segurança toma meu corpo e sinto como se meu corpo se livrasse de todo peso. — Precisamos conversar! - O loiro diz despertando-me. 

— Sejam breve! - Minha mãe resmunga se sentando no sofá. Caminho ao lado de Chris e ambos nos sentamos em frente a ela. Chris procura as palavras enquanto tira uma papelada do bolso e estende para a mesma. — Eu já disse que não vou assinar! - Ela bufa. 

— Olhe! - Resmungo instantaneamente atraindo sua curiosidade. Ela pega os papeis e os analisa parando na última folha. Ela volta a me olhar e vejo uma lágrima ameaçar cair. 

— Você... - Ofega. — Você está grávida?! - Assinto e ela engole em seco. — Como... Meu Deus! - Ela deixa a lágrima sair e eu rio. 

— Você vai ser avó! - Chris diz. 

Ela nega com a cabeça e se levanta jogando os papeis no chão. — Isso não pode ser verdade! - Grita em prantos. 

— Jennifer, preciso que seja consciente e nos dê sua benção de uma vez. - Chris se levanta. — Vamos ter um filho, um fruto do nosso amor. 

— Não, não, não... - Balbucia.  

Eu não aguento mais isso. 

— Chega! - Grito me levantando e atraindo o olhar de ambos. — Você tem duas opções... - Me aproximo dela. — Ou você assina essa merda e fica feliz por nós, ou você assina e esquece que existimos! - Finalizo e ela arregala os olhos. 

— Lauren... - Chris tenta me acalmar. 

— Pense bem no que irá fazer... - Ignoro olhando firme para mulher, desviando de seu corpo e caminhando para saída. 

***  

— Tem certeza que vai ficar bem sozinha? - O loiro pergunta acariciando minha cabeça deitada sobre seu peito. Assinto e levanto, olhando-o. 

— Não é como se eu já não esperasse essa atitude dela. - Sorrio e deposito um selinho em seus lábios. — Se te tranquila, chamarei a Samanta para ficar comigo. Pode trabalhar tranquilo.  

Levanto e lhe dou a mão para que faça o mesmo. — Qualquer coisa me ligue a qualquer hora. - Resmunga segurando meu rosto e beijando minha testa. 

— Sim senhor. - Rimos. 

Chris ajeita seu terno, pega sua maleta e sai do apartamento, me deixando sozinha com meus pensamentos. Olho em volta e suspiro com a sensação de vazio. Passo a mão sobre o bolso da calça e alcanço o celular, digitando uma mensagem para Sam. O som do elevador interrompe minha ação... 

— Esqueceu.... 

— Estava esperando-o sair. - A voz da mulher me interrompe enquanto olho-a sair do elevador. — Tenho algo para lhe entregar. - Me estende os papéis. 

Ela vai continuar insistindo. 

Bufo assentindo e pego, os papéis de sua mão. — Você ao menos olhou? - Resmungo desanimada. Ela assente. 

—  Sim. Eu vi os papéis de sua gravidez. 

— Eu sei que deve ser difícil para você, lidar com tudo isso. - Suspiro. — Mas, eu não escolhi isso em momento algum, apenas aconteceu. 

— Quando pretendem se casar? - Interrompe-me e arregalo os olhos, surpresa. Ela sorri e eu franzo o cenho, abrindo a papelada, notando sua assinatura no pedido de divórcio.  

Arregalo os olhos e sorrio sem me conter. — Você assinou! - Balbucio. 

— E você vai me dar um neto. - Responde e eu a olho, sentindo meus olhos marejarem. — Está na hora de eu aceitar que eu perdi. 

— Eu... - Ofego. — Eu não sei o que dizer! 

— Você já disse muito. - Ela se aproxima de mim. — Só quero superar isso e quando me lembrar que seja com motivos para rir. - Pega a minha mão. — Não se preocupe comigo. - Ela sorri. — Encontrarei alguém que me amará de verdade. 

— Eu tenho a plena certeza disso. - Resmungo apertando sua mão. Ela me puxa para um abraço forte. É como se eu houvesse voltado para casa. Me sinto inteira. 

— Mais não irei lhe apresentar. - Brinca e ambas rimos. 

— Eu senti tanto sua falta. - Fungo seu cheiro. 

— Eu posso te dar um conselho? - Ela diz acariciando meus cabelos e eu assinto. — Agora que assumiram se casar e vão ter uma família juntos. Tenha cuidado com a Scarlet. - Me afasto para encará-la. — Ela não é de confiança. 

— Porque diz isso? - Pergunto. 

— Porque desde a morte de seu esposo, ela perseguiu o Chris. - Resmunga. — Sempre tentou de tudo. Acredito que seja capaz de qualquer coisa por ele.  

 Chris Evans 

O dia passou incrivelmente rápido e eu só quero ir para casa e ter Lauren em meus braços. A ficha ainda não caiu de que eu finalmente serei pai. Sinto meu celular vibrar no bolso e alcanço o mesmo. Dominic! Suspiro pensando em como lhe contar as ultimas noticias. 

— Dom! - Resmungo atendendo a ligação. 

— Esqueceu que tem um irmão? - Brinca e eu rio. — Como estão as coisas por aí? - Ouço-o suspirar cansado. 

— Por onde eu começo... - Respiro fundo. — Jennifer continua irredutível quanto ao divórcio. - Ele bufa. — E a Lauren está grávida! - Cuspo rapidamente.  

Ele fica em silêncio, me deixando ouvir apenas sua respiração pesada. — Isso é... - Ele resmunga parando em seguida. 

— Inesperado! - Completo. 

— Mas... Fico feliz por vocês! - Sinto sua mágoa e não posso evitar de me sentir culpado. — Podemos nos falar depois? 

— Claro! - Ele finaliza a chamada e eu suspiro. Ele ainda não superou essa história, mas paga de bem resolvido. 

***  

Me jogo no sofá de casa e procuro com os olhos por Lauren. Está muito silencioso e escuro aqui. Acendo a tela do celular, não há mensagens ou ligações. Levanto-me e caminho até nosso quarto. Ela não está, mais sim alguém que menos esperava encontrar. 

— Não se assuste. - Jennifer diz se levantando da cama. — Ela está bem. - Completa e ouço o som da água jorrar do chuveiro. 

— O que faz aqui? - Pergunto. — Como conseguiu entrar? - Ela volta a se sentar na cama e bate ao seu lado, sinalizando que me quer ao seu lado. 

— Por favor...Ao som de sua suplica, me aproximo e me sento ao seu lado. — Laurena me pediu que te entregasse isso pessoalmente. - Ela pega um papel de trás do corpo e me estende. Relutante, eu pego o mesmo e abro-o. 

Arregalo os olhos e ela sorri. — Você assinou! - Me levanto, olhando-a totalmente pasmo. — Como isso é possível?  

— Eu pensei muito depois que vocês saíram de minha casa. - Responde. — Mais principalmente depois de saber do meu neto. - Mordo os lábios. — Mãe quer o bem, não é mesmo? - Diz e Lauren sai do banheiro se enxugando. 

— Oi. - Resmunga me olhando e eu sorrio, me aproximando da mesma e beijando seus lábios gelados e molhados. 

*** 

— Então, quando pensam em casar? - Jennifer pergunta bebericando da sua taça de vinho. — Logo a barriga vai aparecer. - Brinca. 

— Tenho que saber em algum vestido. - Lauren resmunga rindo jogada no sofá ao meu lado. — Temos que escolher madrinha e padrinho.  

— Pensei nesse final de semana. - Respondo pegando ambas de surpresa. 

— Já? - Ambas gritam. 

— Pra que perder tempo? - Rio. — Penso em chamar Dominic para padrinho. - Digo e Lauren arregala os olhos. 

— Eu ainda não contei sobre as novidades. - Explica pegando o celular e se levantando. — Acho que devo ligar para ele. 

— Eu meio que já contei. - Resmungo e ela me olha, mordendo os lábios. — Não acho que ele reagiu muito bem.  

— Preciso ser honesta com ele. - Devolve caminhando para o quarto. 

Lauren Foster 

— Está chateado? - Pergunto para o homem do outro lado da linha. Ele suspira e eu mordo os lábios, nervosa. — Me desculpe! 

— Lauren, eu já estava preparado para isso. - Responde. — Afinal é o que duas pessoas que se amam, fazem. - Debocha. — Eu só queria ter ouvido a notícia de você. - Completa. 

— Eu não sabia muito bem como te falar. - Explico. 

— Pensou que eu ia me matar por isso. – Brinca quebrando o clima. — Quando vão se casar? - Pergunta e eu vejo Chris adentrar o quarto. 

— Domingo. - Respondo e o loiro sorri, se aproximando e se sentando ao meu lado. — Você vem, não é? - Pergunto. 

Chris pega gentilmente o telefone de minha mão. — Você precisa vim, não posso casar sem um padrinho! - Diz colocando a ligação em viva voz. 

— Não procure por madrinha. - Dom responde e eu franzo o cenho. — Estou indo acompanhado! - Arregalo os olhos e Chris gargalha. 

— Quer dizer que finalmente resolveu investir em alguém. - Chris brinca enquanto eu assimilo a ideia de ver Dom com outra pessoa. 

— Não é nada sério. - O loiro responde. — Só estamos nos conhecendo. - Explica e Chris me olha sorrindo. Sorrio fraco. 

***  

— Mas é claro que eu aceito ser sua madrinha. - Sam comemora pulando encima de mim. — Eu já estou pensando até no vestido que irei usar. 

— Charlie... - Chamo pelo garoto. — Ficaria muito ofendido se eu chamasse o Matt para ser meu padrinho? - Pergunto. 

— Não. - Ri. — Prefiro mesmo ficar perto das mesas de bebidas do que no altar. - Brinca e todos rimos. Olho para Matt e o mesmo assente, se aproximando para me abraçar. 

— Vamos aos preparativos? - Sam diz se levantando e batendo as palmas. — Precisamos escolher seu vestido. Sei a loja perfeita. 

***  

O resto da semana passou voando e o grande dia chegou. Eu não posso controlar o tamanho da minha ansiedade e felicidade em está vivendo finalmente esse dia. Ouço batidas na porta do quarto e balbucio para que entre. 

— Meu Deus! - Minha mãe adentra o quarto. — Como você está linda. - Exalta se aproximando e segurando minhas mãos. 

— Obrigada! - Sorrio puxando-a para um abraço. Estou vestida em um lindo e longo vestido branco, todo rendado e um grande véu de renda. 

— Como se sente? 

— Nervosa. - Rio. 

— É normal. - Responde. 

— Tudo está pronto? - Pergunto ansiosa. Ela assente. — Queria que o papai estivesse aqui. - Resmungo sentindo-me emotiva. 

— E ele está. - Ela diz apontando para meu peito. — Dentro de nós. - Assinto enquanto ela leva as mãos para meu rosto e enxuga as lágrimas.  — Nada de borrar a obra de arte de Samanta! - Brinca. 

— Ela me mata! - Rio. 

— Pronta? - Assinto e seguro seu braço, caminhando juntas para fora do quarto. Encontro meus amigos na sala, que me olham como se nunca tivessem me visto. 

— Caralho! - Charlie grita, já segurando uma taça de champagne nas mãos. — Isso que é ser uma princesa. - Rio. 

— Vamos? - Matt pergunta me dando o braço. Assinto pegando-o. — Não precisa tremer, vai dar tudo certo! - Ele me tranquiliza. — Estou aqui por você e só te largarei quando te entregar ao seu homem. - Sorrio. 

— Muito... 

Minhas palavras são interrompidas com o abrir das portas do elevador e com a silhueta da mulher saindo de dentro do mesmo. — Não recebi meu convite! - Scarlett diz debochadamente parando em nossa frente.