Boa Vizinhança escrita por LaviniaCrist


Capítulo 3
Bata antes de entrar


Notas iniciais do capítulo

Desculpem tanta demora em atualizar, prometo que vou ser mais rápida aqui ♥
O filme do título eu não cheguei a ver e as criticas não são muito boas, mas acho que o nome se encaixa bastante aqui (spoiller: assim como a "tortura psicológica" que o filme diz ter... E não tem).



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A maçaneta parou de girar, a porta foi aberta lentamente. Os cães, que antes já rosnavam e avançavam lentamente pelo cômodo, saíram em disparada para saber quem era, ou melhor, para dar as “boas-vindas”.

Neste curto período de tempo, Iruka levantou-se e avançou pela casa até a cozinha – local mais distante e com mais esconderijos – enquanto a visita recebia mordidas, lambidas e mais todo tipo de afeto que aqueles cães poderiam dar. Kakashi permanecia no mesmo lugar, sem nenhum sinal de melhora.

— CHEGA, CHEGA... DEIXEM O TIO GAI ENTRAR! — a voz... Era a mesma voz daquele chato que estava colando os papéis na parede.

Enquanto Gai tentava avançar pela porta, Bull, o maior dos cães, pulava e se apoiava nele querendo atenção. Os menores, mas com a mesma afobação do grandalhão, se embaralhavam entre suas pernas e o atrapalhavam de andar. Não demorou muito para que, impossibilitado de ver o caminho a sua frente, Gai caísse no chão.

Infelizmente, o “senhor Hatake” não estava em seu dia de sorte.

Sim, Gai caiu por cima do corpo de seu amigo. Não foi culpa dele, ele não conseguia ver aonde andava! Não foi culpa dos cachorros, eles só estavam felizes! A culpa foi de Iruka... Ele era o culpado! Bem, ao menos era isso o que ele próprio pensava, enquanto se metia dentro de um dos armários na bancada da pia e fechava a porta, com esperança de não ser descoberto.

— CÉUS! KAKASHI!!! — o coração de Iruka ficou acelerado ao ouvir aquilo.

Os cães finalmente se acalmaram e sentaram-se próximos ao corpo desfalecido do dono. Maito Gai, que ainda tentava se levantar e entender o que tinha acontecido, já imaginava o pior. Iruka, que tentava não abrir o berreiro por tanto nervosismo, mantinha-se escondido na cozinha.

Umino ouviu passos apressados pela casa e julgou ser o cara estranho com roupa de ginastica procurando por ele. Felizmente, ele viu pela fresta do armário quando Gai foi até uma das janelas e começou a gritar:

— RÁPIDO! ALGUÉM CHAME UMA AMBULANCIA!!!

Nada bom! Realmente, nada bom! Iruka tinha piorado tanto assim a situação de Kakashi? Não... Aquele cara era exagerado, disso o moreno tinha certeza, então não deveria ser tão ruim assim, certo? ... Certo!?

Ficar fechado naquele cubículo só fazia com que o nervosismo de Umino piorasse, os gritos histéricos daquela figura atiçavam a imaginação dele, os cães, que agora estavam quietos, só faziam o clima pesado piorar.

Vendo que não adiantava pedir ajuda daquele jeito, Gai voltou para a entrada, jogou Kakashi sobre um de seus ombros como se fosse um saco de batatas e saiu em disparada.

Silencio...

O moreno saiu cuidadosamente do armário (... Contexto, gente. Contexto!) e olhou em volta: os cães amontoados na sala, brincando ou apenas se ajeitando para uma soneca. Nem sinal de Kakashi ou de Gai, tão pouco de algo errado.

Quando já estava de pé, pronto para voltar para sua casa e fingir que nada daquilo aconteceu, a porta foi aberta repentinamente. Como bom atrapalhado que é, em uma tentativa rápida de se esconder, Iruka bateu a testa na pia. Com a testa latejando e sentindo o rosto completamente vermelho, ele se abaixou o mais rápido que podia e engoliu qualquer resmungo de dor ou praga que queria soltar naquele momento.

Por sorte, Gai apenas colocou a cabeça para dentro daquele cômodo e advertiu os cães:

— Está tudo bem! O tio Gai vai levar o papai de vocês para o hospital, se comportem!

Quando a porta foi fechada Iruka levantou-se novamente e se preparou para a fuga, ainda se sentindo um pouco tonto tanto pelo galo quanto pela maneira idiota que ganhou ele. Apoiando-se na pia, passos lentos e tortuosos foram dados até que, novamente, a porta foi aberta.

— Quietinhos, quietinhos... Só vou ver se alguém entrou aqui... — pela primeira vez, Gai falou baixo.

Iruka voltou para o armário e ficou lá, com suas dores e seu nervosismo, esperando até que os passos apressados de Gai não fossem mais ouvidos. Quando ele finalmente ouviu a porta ser aberta, quando finalmente sentiu-se pronto para sair daquele lugar apertado no qual se enfiou, ouviu resmungos vindos da entrada...

— Não acredito que vocês marcaram território nesse sapato! — Pobre sapato, mal havia feito dois meses de uso e já havia sido marcado de forma tão trágica. Maldita mania de Iruka de tira-los quando entra em casa, foi por isto que tudo começou! — Espera... — o rapaz sentiu o coração falhar — Kakashi não usa esse tipo de coisa!

Dois dias na casa nova e Umino já teria que se mudar, acusado por invasão de domicílio, agressão, tentativa de assassinato e mais qualquer outra coisa que o exagerado Gai pudesse entender de tudo aquilo. Sentiria saudades do condomínio bonito e barato, em um local tranquilo e próximo de seu novo emprego... Seu emprego! Poderia considerar-se demitido antes mesmo de começar nele, caso tivesse sua ficha suja por qualquer coisa que fosse!

— Já estava na hora de ele mudar um pouco, certo? — a risada escandalosa de Gai fez com que os pensamentos pessimistas do mais novo fossem dissolvidos — Ele não vai saber se ninguém contar, certo? — o homem comentou entre os risos, saindo e levando consigo o par de tênis. Pela primeira vez, Iruka agradeceu a lerdeza de uma pessoa comparar-se a sua.

Dessa vez, ele não foi cuidadoso e sim apressado: saiu correndo em disparada de seu esconderijo até a porta. Uma ótima ideia já que quanto mais rápido saísse de lá, menos riscos de ser acusado por algo correria, porém, uma péssima ideia para alguém de meias em um piso escorregadio e molhado de xixi de cachorro.

A escorregada naquele liquido amarelo, que não pode ser evitada devido a pressa, parecia cena de cinema: Iruka escorregou para todas as direções possíveis, parecendo fazer um sapateado, até que finalmente alcançou a porta para chocar-se contra ela e dessa vez batendo o nariz. Com o baque, caiu de costas logo em cima daquela poça de sujeira canina...

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No gramado verdinho e bem podado do condomínio, cercado pelos prédios de apartamento, Iruka caminhava como um louco sem esperanças: o cabelo despenteado e solto, sem sapatos e com meias sujas, as costas completamente molhadas e, no rosto, um grande galo na testa e um pequeno filete de sangue seco e escorrido pelo nariz.

Como em todas as ocasiões desastrosas de sua vida, aquela podia piorar e piorou: quando já estava no corredor, pronto para abrir a porta de casa, o rapaz notou que suas chaves simplesmente não estavam lá. Desistindo de tudo e se entregando ao cansaço, o rapaz se recostou na porta e preferiu fingir que tudo ficaria bem.

De certo modo, ficou e não ficou: quando já estava a quase uma hora naquela posição encolhida, ele ouviu murmúrios de pessoas.

— Ei, não é o cara de hoje mais cedo? — uma voz masculina e baixa perguntava.

— Não, acho que não... — era voz doce da mulher que tinha indicado onde era o apartamento de Kakashi.

A face do Umino ficou completamente vermelha. Ele havia simplesmente esquecido que moravam dezenas de pessoas naquele lugar e que, pela janela, a maioria deveria ter visto ele! Bem, ao menos ele poderia pedir ajuda...

— Precisa de ajuda, amigo? — o homem perguntou um pouco mais próximo de Iruka, enquanto a mulher abria a porta ao lado e evitava olhar para os dois.

— E-Eu... Eu... — o rapaz estava mais desesperado do que envergonhado — Eu moro aqui, mas deu tudo tão errado hoje que até minhas chaves eu perdi e...

— É o rapaz de hoje mais cedo mesmo! — a mulher sorriu e se aproximou — Pobrezinho...

— Er... Quer que eu tente abrir a porta? — O rapaz acenou positivamente, saindo do caminho e deixando o outro resolver seu problema.

O homem afastou-se alguns passos, se posicionou e correu em direção à porta, arrombando-a sem dificuldade alguma (con-tex-to). Iruka olhava-o surpreso, fazendo um lembrete mental de “nunca mexer com esse cara”.

— Se precisar de qualquer coisa, só falar, tá? Somos vizinhos... — a doce mulher sorriu e acenou, entrando em casa e sendo acompanhada pelo namorado.

Sem mais motivos para ficar ali, Iruka entrou em seu apartamento.

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.

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Depois de um banho morno, comer alguma coisa e lavar as roupas com todos os produtos de limpeza que tinha, o moreno se aconchegou em seu colchão fino de acampamento – seus móveis ainda precisavam ser entregues – e começou a ler um livro qualquer e bebericar um chá de ervas simples que foram esquecidas pelos moradores antigos.

Tudo estava tranquilo e harmonioso, até que a porta foi abruptamente aberta – a fechadura estava quebrada, coisa que seria resolvida no dia seguinte - e seu apartamento invadido por uma figura que ele já conhecia até de longe: Maito Gai.

O homem trajando suas roupas de ginastica apontou para Iruka que, na mesma hora, cuspiu todo o chá que estava em sua boca e sentiu a face completamente vermelha, já imaginando as acusações.

— Você... — ele começou — Você é o...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Sugestões para próximos capítulos, dicas, críticas e observações são muito bem-vindas.



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