Assim que saiu da casa de Felipe, Vanessa aparatou surgindo logo depois numa pracinha arborizada com grama alta e uns brinquedos velhos e mal conservados, a pracinha estava deserta, o que era compreencível pelo estado que se encontrava. Olhou para os lados para se achar e verificar se alguém a tinha visto. Como de costume colocou a mão dentro da bolsa para lançar o feitiço de ocultação e se dirigiu para uma vila proxima, que consistia de uma rua fechada com um grande portão de ferro com grades na entrada. Desfez o feitiço e tocou o interfone.

— Boa tarde, Letícia Tavares se encontra?

— Quem quer saber?

Disse a voz masculina pelo aparelho. Vanessa notou irritação no homem.

— Sou Vanessa Pereira e se tudo ocorrer bem, futura professora de sua filha.

— Professora? Mas o que.. Já vou abrir o portão.

Alguns minutos depois apareceu um homem, na meia idade, caucasiano, cabelos negros curtos e grisalhos do lado. Usava short e camisa, calçando um chinelo. Parecia aborrecido com alguma coisa. Quando chegou próximo ao portão, olhou surpreso para Vanessa.

— Boa tarde, você é professora de Letícia? Mas…

— Futura professora, se como eu disse tudo correr bem.

Vanessa respondeu com um sorriso simpático.

— Como assim futura? Ocorrer o que bem? Moça, eu estou ocupado com um problema familiar, não tenho tempo pra piada.

Disse olhando para os lados. Era um homem desconfiado.

— Não se preocupe vou explicar tudo, deixe lhe mostrar minha credencial.

Disse tirando um cartão em branco da bolsa e mostrando ao homem que olhou durante um instante como se buscasse o foco e depois assentiu, parecendo confuzo.

— Você é da escola então... quer dizer... entre entre.

Disse tirando um molho de chaves do bolso e abrindo o portão menor.

— Então Letícia… ela está bem? Quer dizer, sabe eu e minha espos.. Quer dizer minha família está passando por mudanças e não sei minha filha… E ela não está em casa deve estar voltando da escola a qualquer momento, a propósito me chamo Gilberto.

O homem guiou Vanessa até a casa onde passaram por um portãozinho na varanda e depois pela porta da sala.

— Gilberto, quem..? Disse a mulher vindo da cozinha. Ela tinha a pele morena, cabelo negro e liso e parecia um pouco mais nova que o marido ou pelo menos mais conservada. Usava um short folgado e blusa de alça, estava descalça.

— Ana, essa é a professora de Vanessa e…

— Futura professora, se tudo…

— Correr bem, sim você disse isso antes, mas como assim correr bem, o que quer dizer?

Apesar de estar um tanto confuso pelo feitiço no cartão Gilberto era um sujeito bem vivo.

— Tudo bem, estou terminando de passar um café, por favor se sente e fique a vontade.

Disse a esposa que não parava de lançar olhares desconfiados do marido para Vanessa.

Alguns minutos depois Vanessa era servida com um café meio aguado e doce. Era o segundo copo de café que tomava aquele dia, sem contar o que tomou no café da manha, se continuasse assim não iria mais dormir até o próximo ano letivo. Gilberto e Ana se sentaram e Vanessa notou, com uma certa distância um do outro, na poltrona de três lugares, enquanto ela ficou na de dois. Alguns minutos depois Letícia chegou, parecendo bastante transtornada com alguma coisa.