Era uma vez um rei chamado Otávio, um homem justo e querido pelo povo de Lastrilha. Otávio era casado com a Condessa Cecília De Lancret, com quem teve sua primeira e única filha Aurora de Lastrilha de Lancret.

Lastrilha era o reino mais rico de toda a Cália, despertando a inveja e cobiça de outros reinos e da própria irmã de Otávio, a princesa Eleanor, que indignada com o fato de nunca poder assumir o reino, arquiteta com a ajuda do feiticeiro Jardes e de seu amante Ernesto, o sequestro de sua sobrinha Aurora, para que assim, seu filho Henry possa assumir o trono:

— Vossa Majestade está certa de que realmente quer fazer isso? Pergunta o velho feiticeiro enquanto entrega a Eleanor um frasco pequeno com um conteúdo líquido de cor azul.

— Agora, não tenho tempo para arrependimentos, está tudo preparado. Tem certeza que isso fará com que Cecília enlouqueça após o sumiço de Aurora? Ela examina o frasco com cuidado.

O velho Feiticeiro Jardes, gargalha alto. Devido a manta que cobre sua cabeça, mal dá para ver seu rosto. A cabana do feiticeiro é cheia de ervas pelos cantos e mal iluminada, há apenas uma vela de chama negra que ilumina precariamente o ambiente.

— Vossa Majestade não está duvidando desse velho feiticeiro agora, não é? Justo depois de anos de dedicação e sucesso em vossos pedidos?

Dando a entender que a parceria entre ambos vinha de longa data. A Princesa parecendo satisfeita com a resposta guarda o frasco em uma pequena bolsa preta que carrega nas mãos. Ela retira algumas moedas de ouro e estende ao feiticeiro que sorri ao dizer:

— Vossa Majestade sabe que não aceito moedas como pagamento... Ele estende a palma de sua mão para a Princesa Eleanor, que sorri, ela se aproxima do feiticeiro e lambe sua mão. Guarda novamente suas moedas e se prepara para partir, mas antes que ela possa abrir a porta, Jardes diz:

— Saiba que o caminho que você tomará, não tem volta. Tentar alterar o destino é o maior equivoco que um ser humano pode tentar cometer, uma hora o destino a cobrará por isso...

Sem olhar para o feiticeiro, Eleanor diz:

— Até lá, meu filho já será rei, rei de Lastrilha, o maior rei de todos. Então tudo terá válido a pena!!

Ela cobre a cabeça com um capuz preto e sai.

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É uma noite fria, a lua cheia clareia a escuridão. Otávio e Cecília estão próximos ao berço de Aurora, admirando a menina enquanto ela dorme.

— As duas mulheres da minha vida. Diz ele enquanto abraça a esposa por trás e deposita um singelo beijo na bochecha.

— Sou tão feliz ao seu lado, como nunca pensei que seria em toda a minha vida. Mas você terá que me perdoar, porque Aurora é o meu grande amor. Ela sorri, enquanto, Otávio a solta e meio cabisbaixo se encosta no berço, levanta a cabeça aos poucos e com um lindo sorriso diz:

— Veja que menina linda nós temos, você está perdoada!!

Aurora é um bebê muito lindo, ruiva, e com algumas sardas no rosto.

— Pensar que um dia, o príncipe Afonso irá casar-se com ela e tira-lá de nós... Otávio diz isso com tom de lamentação.

— Está arrependido de ter prometido a mão de nossa filha ao neto da Rainha Crisélia? Pergunta Cecília enquanto acaricia os cabelos do marido.

— Não! O pai de Afonso era um grande amigo, na verdade, meu melhor amigo. E me dói muito pensar que aqueles meninos crescerão sem os pais. Mas tenho certeza que Crisélia criara dois homens justos e dignos do Reino de Montemor, não haverá um pretendente melhor para a nossa princesinha.

Ambos riem e se beijam.

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Enquanto isso no pátio do Castelo, escondida atrás de um monumento, Eleanor espera um guarda do exército real.

— Até que fim você chegou. Diz ela impaciente

— Eu estou aqui como vossa majestade ordenou. O homem abaixa a cabeça fazendo a reverência a princesa, sorri com deboche, se aproxima, puxa Eleanor e a beija.

Ela tenta se afastar enquanto diz:

— Para! Não é o momento para isso.

Ele se afasta, enquanto ela se recompõe.

— Presta bem atenção porque não vou dizer novamente, amanhã meu irmão não estará aqui, ele terá que ir para uma reunião do conselho da Cália. Você só terá que esperar anoitecer e todos irem dormir, a menina dorme acompanhada de uma serviçal, mas não se preocupe, porque cuidarei dela, ela estará dormindo profundamente. Você só tem que entrar lá e pegar a menina sem ser visto. Levá-la para longe do reino e cumprir com o resto do plano.

— Tem certeza que quer que eu mate a criança? Ele pergunta sem encarar a Princesa.

— Que tipo de pergunta é essa agora Ernesto? Não me diga que está arrependido? Ela se aproxima dele, virando seu rosto para que ele possa a olhar nos olhos.

— Não é isso... É que... E se eu for pego? Será que vale a pena o risco que estamos correndo?

Percebendo que Ernesto está titubeando, ela se aproxima e aos beijos lhe diz:

— Meu amor! Acredite em mim, tudo valerá a pena quando meu filho Henry for coroado Rei de Lastrilha... E você estará ao meu lado, Henry precisará de nós, você sabe que desde que meu marido faleceu, Henry gosta muito de você, porque você tem ensinado a ele tudo o que o pai não pode.

Ernesto recuperou o semblante de confiança de antes.

— Você está certa!! Seguirei com a minha parte do plano.

Ela sorri enquanto Ernesto se afasta. Quando já não é mais possível ver Ernesto, ela limpa a boca enquanto diz:

— Um fraco, como todos os homens...

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No dia seguinte

O Rei Otávio foi para a reunião da Cália, como Eleanor disse que ele o faria. Cecília colocou Aurora para dormir e foi para seu quarto repousar. A serviçal estava na cozinha do castelo tomando seu leite quente, enquanto, conversava com as cozinheiras. De repente Eleanor entra na cozinha, causando espanto de todos, visto que nunca havia posto os pés naquele ambiente antes. Eleanor diz ter escutado a pequena Aurora chorar, a serviçal sai correndo em direção aos aposentos da pequena princesa deixando seu leite sob a mesa.

Eleanor, então, coloca um líquido dentro do leite sem que ninguém perceba.

— Ela esqueceu o leite. Disse ela fingindo estar surpresa.

Uma das cozinheira se aproximou para pegar o copo.

— Não, pode deixar que eu levo para ela. Já irei subir para meus aposentos também. Está uma noite linda para se ter ótimos sonhos...

Eleanor saiu sorridente, causando estranheza nas cozinheiras.

— Você acaba de ver o que eu vi? Disse uma delas incrédula.

— A princesa Eleanor sendo gentil com alguém? Ou ainda pior, fazendo um favor para uma serviçal? Deve estar doente...

Ambas riem enquanto terminam seus afazeres na cozinha.

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Eleanor entrega o copo de leite para a serviçal e não sai do quarto enquanto não tem certeza de que a moça tomou todo o leite do copo. Após todos adormecerem, Ernesto entra no castelo pelo caminho de fuga que apenas os homens de confiança do rei tem conhecimento e acesso. É extremamente fácil para Ernesto entrar e sair do castelo sem ser visto, já que por ser do exército e responsável pela instrução do príncipe Henry, Ernesto acaba sendo um dos homens de confiança do Rei Otávio.

Ernesto consegue sequestrar Aurora sem que ninguém perceba. Quando ele já está fora do castelo, Cecília acorda com uma sensação ruim e vai até o quarto de sua filha, mas chegando lá se depara com a serviçal em sono profundo e o berço vazio. Ela grita enquanto vasculha dentro do berço:

— Aonde está? Cadê? Cadê minha filha??