A casa perpétua escrita por LizWitchson


Capítulo 1
Capítulo 1 - Entrada




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18 horas da tarde, estava escurecendo, mas o dia estava apenas começando para mim. Era um sábado e eu havia ficado o dia inteiro em casa, minha amiga Rebecca havia me convidado no dia anterior para acompanhá-la no aniversário do seu primo. Ela estaria sozinha naquela noite, seus pais iam a uma atividade da igreja e ela não queria ficar sozinha na festa. O convite veio por mensagem e eu ainda não havia vista ela há alguns dias. Ela dificilmente podia sair comigo, então eu não poderia faltar.

No horário eu a encontrei no local combinado. Era um bairro distante e eu demorei um pouco a chegar. De qualquer forma foi bom ter ido, Becca - como eu chamava - parecia um pouco triste, e com a minha companhia, de vez em quando, ela sorria. Apesar disso eu a via se esforçar para tornar mais agradável o momento para mim.

Comemos bastante e ainda sim, foi muito divertido, e comemos ainda mais, até ficarmos satisfeitas. O aniversariante não parava, correu bastante e brincou a festa inteira, foi literalmente o centro das atenções, ainda que sem a presença de muitas pessoas. Existe algo melhor que festa de criança?

Era de noite, e como acontecia em um bairro distante do centro da cidade, a vizinhança era bastante silenciosa e quase não havia iluminação por ali. A festa estava acontecendo na frente do prédio daquela propriedade, no pátio coberto do edifício que Rebecca morava. Era uma festa familiar, por isso tudo muito simples.

As horas se passaram e eu a avisei que precisava ir embora. Rebecca disse que me arranjaria um meio de transporte para chegar em casa, mas que para isso precisaria passar na sua casa.

De lá subimos até seu apartamento. Três lances de escada naqueles corredores impecavelmente limpos, sem nenhuma decoração além das altas paredes marfim, nos levaram até a casa de Becca. Ao entrarmos ela pediu que eu esperasse enquanto ela ia ao banheiro.

Fiquei ali na sala do apartamento esperando ela voltar, reparei que ali dentro tudo também era bastante simples. Sem fotos ou pinturas, apenas um sofá cinza de três lugares estava à frente de uma mesa de centro de vidro, por trás do sofá havia espaço suficiente para uma pessoa passar, pelo corredor que seguia ao lado esquerdo da casa. Em que eu podia notar a presença de três portas de madeira do lado direito. Notei também a cor das paredes que seguiam o mesmo padrão dos corredores, o marfim.

Fiquei por pouco observando cada detalhe, depois os pais chegaram, eu não os conhecia ainda. Mas percebi pela postura e roupas formais, assim que passaram pela porta, quem eram. Eles se apresentaram e eu pude perceber como minha amiga era parecida com eles, Becca era fisicamente igual a sua mãe, tinha os mesmos cabelos escuros e lisos, a pele bronzeada e eram bastante tímidas. No entanto, os olhos eram iguais ao do pai, um castanho claro que na maioria das vezes expressava uma afetuosidade sem tamanho.

Eles foram muito simpáticos e eu podia ver o empenho em me recepcionar bem. Quando Rebecca voltou, eles estavam conversando comigo, ambos sentados no sofá, tentando me convencer a dormir na casa deles aquela noite. Estava tarde, e eles tinham razão, seria difícil voltar a uma hora daquelas. Juntei isso à insistência deles, e decidi que ficaria.

Não vi Rebecca por um bom tempo, havia sumido de novo, mas quando ela voltou, sorrindo eu disse que iria dormir com ela aquela noite, retribuindo o sorriso, e ela deu a ideia de jogarmos algo. Acho que pela falta de televisão ou outros aparelhos eletrônicos na casa, ela queria me entreter. Foi nesse momento que ela mostrou que segurava nas mãos, um caderno e algumas canetas.

Descemos até o térreo, na base da escadaria do prédio. Já era tarde, não havia ninguém. Mesmo os que estavam na festa, não deixaram um sinal de que passaram por ali.

O local parecia uma grande cozinha, a porta que levava ao pátio, ficava a esquerda da casa, nos sentamos em volta de uma mesa de madeira, no centro do cômodo. No lado oposto da porta havia uma pia e um grande armário de madeira. Fora isso, apenas as paredes marfim, também sem nenhuma decoração, tudo muito impessoal.

Rápido Rebecca distribuiu as canetas e uma folha de papel e a mãe dela trouxe algo para bebermos enquanto jogássemos. Eu nunca havia ouvido falar naquele jogo, na verdade eu nem gostava muito dessas coisas, ela tentou explicar que deveríamos anotar um desejo em um papel. Eu fiz, mas as rodadas, eu não lembro bem, deveria ter algo como alcançar ou descobrir o segredo do outro.

Eu definitivamente não lembro de muita coisa deste momento, lembro de notar o pai de Rebecca me olhar de forma estranha, e eu pensar que ele estava mostrando algum tipo de simpatia, isso, eu lembro de ter pensado no modo diferente que ele mostrava que gostava de mim. De forma muito meiga, como captei, mas me senti mal por pensar aquilo. Ele era bonito, é claro, mas sua esposa estava ali do lado, e sua filha também, mas eu também notava como a forma que ele demonstrava era muito gentil e apesar disso, respeitoso. Como um adolescente querendo flertar.

Então tudo desvaneceu. Só me lembro de acordar no outro dia.


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