À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 85
Bolo de Laranja


Notas iniciais do capítulo

Oi, povo!

Preparados para um café da tarde? Foi difícil escolher um título pra esse capítulo, e acabou ficando esse mesmo shauhs

Boa leitura!



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Íris e Castiel vieram em casa no domingo, já que era meu aniversário. Eu não estava tão afim de comemorar, não que eu sempre estivesse, comecei a não ligar para aniversários depois dos vinte anos, então para mim se tornou um dia quase normal, que eu recebia “parabéns” e, às vezes, algum presente.

Apesar de ser repreendida pelos pais e seu irmão, Maria perguntava todos os dias quando poderia conhecer Tom e Jerry, dizendo que independente do dia, seu pai poderia levá-la sem problema algum. Na quinta-feira resolvi dizer a ela que sábado estava livre, e que ela poderia me visitar. Nem preciso dizer como a menina ficou feliz. Segurou o papel com o meu endereço tão forte que amassou um pouco a folha.

Me peguei tendo um pingo de esperança, imaginando que talvez Natanael trouxesse a garota, mas na sexta-feira ela me confirmou que seu pai a levaria. Pelo menos eu poderia perguntar mais algumas questões que surgiram em minha mente na uma semana que passou.

Assim que cheguei em casa da última aula de sábado, dei uma rápida organizada na casa, passei pano e escovei os gatos para tirar o excesso de pelos soltos, não queria que a menina ficasse com um casaco de pele.

— Comportem-se, hein? — falei para Tom, que estava ronronando devido a escovação, enquanto Jerry se lambia ao seu lado. — Sem morder, sem arranhar e sem brigar na frente das visitas.

Naquele instante, o interfone tocou e eu corri para atender, respondendo para o porteiro que poderia liberar a entrada. Nos segundos seguintes, verifiquei se estava tudo no lugar. Tudo estava limpo, arrumado e perfumado. Havia um bolo de laranja no forno, alguns brioches no forninho elétrico e chá gelado na geladeira. Fome era uma coisa que eles não passariam.

A campainha tocou e eu andei rápido para a porta, pegando a chave e abrindo a porta, dando de cara com Maria e… Natanael.

— Oi, Lolo! — Maria exclamou vindo me abraçar. Eu só consegui disfarçar a surpresa de ver seu irmão ali quando ela me soltou, me encarando com um sorriso gigantesco. — Quero muito ver seus gatinhos!

— Maria — chamou Natanael —, menos vai, até parece que nunca viu gatos na vida.

— Mas são os gatinhos da Lolo!

— Ok, não vou te torturar mais, entrem. — Dei espaço para eles e Maria passou rapidamente, levando um olhar reprovador do mais velho. — Não se preocupe, eu sei como crianças são.

— Ela é muito afobada. — Ele sorriu, passando e parando ao meu lado enquanto eu trancava a porta. — Você está bem?

— Sim, estou. E você? — Evitei ficar parada, o encarando, e comecei a andar pelo corredor, indo para a sala onde Maria já estava brincando com os gatos no sofá.

— Estou bem também…

— Nate, olha que bonitinho! Esse é laranja, e esse é cinza! — Maria o interrompeu, superanimada.

— Eu estou vendo. — E ele foi se sentar no lugar vago, sendo cheirado por Tom, que rapidamente começou a se esfregar na coxa dele. — Olha, ele gostou de mim.

Como eu não poderia lembrar de Nathaniel aqui, deitado com meus gatos? Eles se deram bem no mesmo instante. Foi tão fofo…

— Lolo? — Retornei à terra com Maria me chamando. — Como eles se chamam?

— O cinza é o Tom, e o laranja é o Jerry.

Natanael deu risada, reconhecendo aqueles nomes. — Por causa do desenho?

— Sim, no momento em que vi eles, pensei nesses nomes.

— E realmente combina bastante.

Então, me lembrei do bolo e dos brioches, e me levantei. — Fiquem à vontade, eu já venho.

Fui para a cozinha, peguei um pano de prato e tirei o bolo do forno, o deixando nas grades do fogão para esfriar. Fiz o mesmo com a forma dos brioches e quase deixei cair um ao ver, de relance, Natanael entrando na cozinha.

— Estão com fome? — perguntei para descontrair. Mais a mim do que outra coisa.

— Eu estou, imagino que Maria também esteja. Almoçamos cedo hoje. — Afirmei, indo até a geladeira para pegar a jarra de chá. — Sabe, todos da família ficaram felizes em saber sobre você e as cartas.

— Ah, que bom. Com certeza vocês esperaram muito tempo para… encerrar esse ciclo.

— Sim, com certeza.

Eu não quis olhá-lo ainda, então tentei me concentrar em colocar as comidas na mesa para o café. Sabia que eu tinha medo. Medo de sentir algo por ele e não conseguir controlar ou esconder.

— Heloise… — Natanael falou, baixinho. — Tem certeza que está tudo bem? Você parece incomodada… Estamos atrapalhando algo?

— Não, claro que não — respondi rapidamente, precisando parar e encará-lo, dando mais firmeza em minhas palavras. — Eu estou feliz que vocês tenham vindo.

Não era estranho ver uma versão moderna de Nathaniel. Era estranho vê-lo com roupas modernas, calça jeans e camiseta. Eu precisava admitir que até que sentia falta das calças de linho, as camisas sociais, os coletes e os suspensórios…

Natanael não parecia completamente convencido. Apesar de tudo, aquele ar de psicólogo ainda estava nele. Resolvi falar de outra coisa antes que ele insistisse.

— Eu… estava pensando essa semana… sobre as cartas — comecei, colocando copos na mesa. — A esposa do seu tataravô… sabia sobre a Heloise? Ele escreveu sobre Louise, sobre seus filhos, mas não falou se ela sabia sobre seu… romance.

— Não. Ela nunca soube, pelo menos é o que achamos. — Ele encostou na parede ao lado da mesa de jantar, colocando as mãos nos bolsos da calça. — O meu bisavô, Louis, apenas soube dessas cartas quando Nathaniel estava no seu leito de morte. Eu não sei se foi realmente assim, porque a história pode ter sido alterada passando por tantas bocas, mas pelo que eu sei, Nathaniel escrevia as cartas em segredo, e ele só contou ao seu filho porque desejava que elas passassem adiante para, quem sabe, chegassem até alguém da sua família.

— Entendi… É engraçado pensar que… isso realmente aconteceu.

— Sim. Pena que não tem como ele saber.

Você sabe. — Acho que… de alguma forma ele sabe sim.

— Como?

— Não sei… mas acho que ele sabe. Vai que você é reencarnação dele — falei em tom de brincadeira, porém, ele não riu. Me olhou de forma pensativa, como se estivesse tentando lembrar de algo.

— E você acredita em reencarnação?

— Sim. — Mesmo que não acreditasse, depois da viagem acreditaria. — Você não?

— Digamos que eu ainda tenho minhas dúvidas. Uma amiga minha sempre tenta me convencer... Ela disse que na minha vida anterior, eu morri na guerra do Vietnã em sessenta e oito, com vinte e sete anos. É algo estranho de acreditar, sabe?

— Então você não acredita?

— Eu não sei. Acho possível, mas é estranho.

— E como essa sua amiga sabe sobre isso?

— Ela é médium. Consegue saber de várias coisas apenas olhando para você. No começo, quando a conheci, era um pouco assustador. — Ele riu, como se lembrasse de certas situações. — Mas depois me acostumei... Pensando bem, acho que vocês se dariam bem, iam ter assunto de sobra.

— E qual é o nome dela? — indaguei curiosamente. Seria muito interessante conversar com alguém que realmente sabe desse assunto!

— Priya. Posso apresentar vocês qualquer dia.

Isso quer dizer que… nos veremos de novo? Sem necessariamente ter a Maria como motivo de encontro? Ele realmente quer me ver e me apresentar a uma amiga? Oh, Deus, não me deixe criar expectativa, por favor.

— Seria bem legal. Eu… gosto de falar sobre esse tipo de coisa. — Dei um sorrisinho sem graça, terminando de colocar os pratos e talheres na mesa. — Maria, está com fome? — chamei, tentando controlar a enxurrada de pensamentos.

— Sim! — Ela respondeu da sala e logo apareceu ao lado de Natanael. — Que cheiro bom…

— Você gosta de bolo de laranja? — perguntei assim que ela se sentou em uma das cadeiras. Aproveitei para ligar o pequeno aparelho de música que eu deixava no balcão, para ter um som baixo de fundo.

— Gosto!

— Do que você não gosta, né? — Natanael deu risada, se sentando no lugar ao lado dela.

— Ótimo, continue assim — falei rindo, me sentando e começando a cortar fatias do bolo. — Pode servir o chá? — Dei uma breve olhada para o mais velho, que começou a despejar o líquido gelado nos copos. Coloquei uma fatia generosa de bolo em cada prato. — Bom apetite.

Rapidamente Maria começou a comer, fazendo alguns murmúrios a cada garfada.

— Preciso concordar, está muito bom mesmo — comentou ele.

— Que bom, fico feliz. Até achei que tinha desaprendido a cozinhar, fiquei muito tempo sem fazer nada.

— Por quê?

— Porque na Pensão eles já faziam a comida, no máximo eu ajudava recolhendo algumas louças e... — Epa, falei muito. Ou talvez não. Existem pensões hoje em dia, relaxa. Pigarreei. — Eu estava de férias, por isso.

— Ah, entendi. Você viajou e ficou hospedada em uma pensão.

— Para onde você viajou, Lolo? — Maria perguntou, interessada.

Abri a boca para responder, mas a fechei. Para onde eu viajei? Caramba, nunca pensei que eu me enrolaria de novo com uma pergunta desse tipo...

— Eu... visitei vários lugares. É até difícil lembrar de todos — falei com um sorrisinho, esperando que aquilo fosse o suficiente para ela.

— Eu quero muito visitar o... Palácio... do Eliseu. — Ela fez algumas rápidas pausas, tentando lembrar o nome do lugar. — Mas ninguém quer me levar.

— Eu já falei que vou te levar, menina — resmungou Natanael. — Tenha paciência.

— Por que você quer visitar esse lugar? — questionei curiosamente, tomando um gole de chá.

— Eu vi na televisão uma vez e achei muito bonito. — Maria estendeu seu prato em minha direção, querendo mais bolo, e assim lhe dei mais uma fatia.

— Ah...

Uma música diferente da que estava tocando começou a encher a cozinha. Rapidamente Natanael esticou a perna para tirar o celular do bolso da calça e o atendeu.

— Oi... Sim, por quê...? Não, está tudo bem... Pode ser mais tarde? Não sei, daqui duas ou três horas... Já falei que sim, por que está tão preocupada? — Ele perguntou sorrindo, achando graça. — Tudo bem, eu te ligo... Ok, até.

— Quem era? — indagou Maria, assim que ele desligou o celular.

— Priya. Ela sempre sabe quando eu falo dela — comentou rindo. — Ela achou que eu estava em algum tipo de problema... Vou ter que encontrar com ela depois.

— Você não queria que ela e a Lolo conversassem?

Obrigada, Maria, eu queria muito falar isso!

Natanael me encarou, querendo saber se eu realmente queria aquilo.

— Será que ela viria até aqui? — perguntei inocentemente.

— Provavelmente, ela não mora tão longe assim.

— Então passa meu endereço para ela.

Então, ele mandou uma mensagem de texto para ela, pedindo para que fosse até o endereço indicado.

Será que teria como ela saber tudo o que aconteceu comigo? E se ela brigar por tudo o que eu mudei? Agora estou com medo.

Um tempinho depois, ela respondeu.

— Ela disse que em cinco minutos está chegando.

Agora já foi. Vai ter que enfrentar.


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Notas finais do capítulo

E aí, acham que tem como a Priya saber de tudo o que aconteceu? xD E vocês, acreditam em reencarnação? Eu sim.

Uma questão: Vocês ainda têm alguma dúvida? Sobre o passado, sobre o que aconteceu com o Nathaniel e família ou qualquer outra coisa. Se tiverem, podem perguntar. Se eu não responder nos comentários, coloco no próximo capítulo.

Gostaram dessa visita? :3

Até mais o/



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