Vou contar-lhes, meus amigos, a história do cavalo do lago, o Kelpie: Eis um dia, um belo e nobre cavalo morreu afogado num profundo lago. A alma do bélissimo garanhão se rebelou, e desde então vem matando todos que montam nele. Dizem que todo o cavaleiro que monta na alma penada _ que aparece sobre lagos, rios e poças, principalmente em dias nublados _jamais podem dela desmontar. O espírito maligno, que se apresenta na forma de um belo garanhão negro, com pelo brilhante e sedoso, crinas e cauda longas e desgrenhadas, com cascos de prata pura e olhos mansos, ama pregar peças nos desavisados, e se torna um fiel amigo se domesticado. Certa vez, uma jovem, não somente bela, porém carismática e forte, trabalhava como empregada em uma fazenda no Lago Njörke, no extremo sul de Nerike. Ela foi passear com o corcél da fazenda, um belo cavalo. Então, ao cruzarem pelo lago, a cabeça negra do esípirito do Kelpie saiu de lá. Com um grito, a jovem caiu no chão, e o corcél fantasma se aproximou o suficiente para morder o garanhão da fazenda. Com uma explosão de fogo, o corcél do patrão da jovem foi arremessado para o lago, e o Kelpie tomou seu lugar. Arrastando a jovem para o fundo do lago, para comprir seus funestos objetivos e matar afogada a bela dama, o fantasma a puxou tão rápido que o chão se incêndiou e as rochas se esfarelaram. Lembrando da cruz de ferro que sua avó lhe dera, a menina abriu a bolsinha e lá estava a tão estimada jóia, a qual ela sempre tratou com descaso, e que agora poderia lhe salvar a vida. Encostando a cruz no cavalo, que relinchou como se a mesma fosse um braseiro, sendo forçado a soltar a jovem e devolver o pobre animal são e salvo, embora molhado, à mesma. Se tiveres o azar de cruzardes por esse ser num lago, verás em sua coxa a marca prateada que o simbolo de Deus deixou na sua pele.