Mestres do Jogo escrita por Orpheu


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que curtam essa OneShot. Foi um belo desafio para mim já que arrisquei em escrever algo um pouco mais quente e espero que você que está lendo curta também.



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“Para muitos, o natal foi um dia de confraternização e alegria, no qual a única preocupação era com o ponto do peru, mas para os executivos, sócios e clientes das ramificações da Empresa Multinacional S4V (Security For Value), a data se tornou um verdadeiro pesadelo. O grupo de cyber-criminosos Kadoom furtou uma imensa quantidade de dados e dinheiro. Dessa vez a vítima foi a grande companhia de segurança que ficou conhecida por ter um sistema, pelo menos até a manhã de ontem, infalível.

Nossa equipe tentou entrar em contato com os executivos e responsáveis pela empresa, mas não obteve sucesso. Ainda não se sabe exatamente a quantia de dinheiro furtado e quais dados estão em posse dos criminosos. Acreditamos que informações sobre clientes, contratos e negociações devem fazer parte da lista de perdas.

O grupo de cyber-criminosos ganhou destaque após sumir com fundos arrecadados por uma ONG em prol de crianças sem-teto. O ocorrido causou a indignação da sociedade e das autoridades, que se empenharam arduamente para colocar os responsáveis na prisão.

Muitos hackers foram detidos e interrogados durante a época das investigações, mas os culpados jamais foram capturados. Algumas semanas depois, vazaram na rede informações sobre um esquema de desvio do dinheiro das doações. As autoridades prenderam aqueles que estavam envolvidos, mas o dinheiro jamais foi recuperado.

O furto ocorreu na noite do natal, e se tornou um ritual nos anos seguintes que o grupo Kadoom fizesse sua aparição somente no feriado. Tanto dados quanto grandes quantias em dinheiro são furtadas, e todas as informações obtidas pelos criminosos, exportas em uma página da internet. Alguns desses vazamentos acabam prejudicando as empresas, outros apenas facilitam o roubo e clonagem de cartões de crédito.

A polícia já conta com a ajuda de diversos especialistas em furtos virtuais, no entanto, ainda não obtiveram resultados nas buscas pelos criminosos do grupo Kadoom. As mentes por trás de tudo ainda são um total mistério, mas o chefe do departamento policial local já deixou claro:

“Um furto continua sendo um furto. Não importa quem seja a vítima. Kadoom age de maneira egoísta e isso não deve ser bem visto ou sequer encorajado pela nossa sociedade. Eu como pessoa de boa índole que sou, não vou permitir que esse grupo continue”.

Ironicamente, depois dessa entrevista ir ao ar, fotos intimas comprometedoras do policial vazaram nas redes sociais.           

Continue ligado em nossa programação, podemos voltar a qualquer momento com mais informações do caso. Juliana Vieira para o Noticiário Nacional, de volta ao estúdio, é com vocês!”

Sentado na cadeira do salão de beleza, com uma touca térmica na cabeça, Alex e todos do recinto tinham sua atenção direcionada para a repórter e seu decote levemente ousado.

Quando o jornal terminou, uma boa parte da barbearia comentava sobre a jornalista, enquanto os mais sérios discutiam sobre o grupo de cyber-criminosos e a hipocrisia do chefe do departamento policial.

— Dizem que as fotos vazadas eram dele com uma prostituta – Um dos velhos, que sequer iria fazer uso dos serviços de barbearia comentara.

— Meu neto, que trabalha como policial lá na capital disse que ele pediu demissão e deixou a cidade...

— Eu faria o mesmo. A moral desse homem foi destruída!

— Não entendo o que passa na cabeça desse homem – O dono do local, que fazia a barba de um dos clientes, acabava de entrar na conversa. – Ficar tirando fotos do que faz entre quatro paredes com uma prostituta é idiotice.

— Talvez ele tenha uma memória ruim e achou melhor guardar como recordação...

O estrondo sonoro que as gargalhadas dos senhores que estavam ali provocou chamou a atenção de quem transitava na frente do local. Alex se divertia com as piadas ácidas e a intimidade que aqueles homens, que mal se conheciam direito, pareciam ter.

— Mas agora, falando sério, esse grupo de hackers está cada vez ficando mais ousado, ? O pior de tudo é pensar que eu posso estar recebendo um deles aqui na minha barbearia. Qualquer um pode ser um deles, inclusive você, rapaz...– Apontando para Alex com os olhos, pois as mãos estavam ocupadas.

Alex riu da situação. Era sempre assim quando o assunto discutido nas rodas de conversa era o Kadoom. As teorias criadas sobre os integrantes chegavam a ser fantasiosas de tão absurdas. O garoto tinha que controlar a risada para não se passar por louco.

— E quem é esse aí? – Um dos velhacos carrancudos, que estava ali apenas para fofocar, disse, já gargalhando – Esse daí tem cara de quem nem saiu das fraldas ainda. Kadoom deve ser um grupo de pessoas experientes.

— Esse rostinho de moleque e esse cabelo, que daqui a pouco vai estar clarinho, enganam fácil. Mas ele fez vinte e cinco anos na semana passada...

A reação de todos que ouviam a conversa, foi olhar para Alex e expressar em seus rostos a confusão de o garoto não aparentar ter a idade que tinha. A estatura baixa e os braços finos ajudavam no julgamento precoce.

“Se eu falasse para eles que faço parte do Kadoom certamente iriam rir e pensar que estou tirando uma com a cara deles... Se fosse o Rafael que contasse, a polícia já estaria correndo atrás dele com cassetete na mão.”

••

Assobiando enquanto subia as escadas que levavam até o apartamento de Rafael, Alex pensava sobre o que faria com as informações que tinha caso as exigências que fizera às vítimas para não divulgar o conteúdo fossem negadas.

“Qual é a melhor maneira de expor o diretor de uma renomada empresa como o pervertido sexual que ele é? Queria entender do por que termos tantos casos depravados. Se as pessoas fossem capazes de guardar seus segredos em um lugar mais seguro, pelo menos...”

Depois de alguns lances de escada, o andar no qual o apartamento do amigo fica é alcançado. Revirando o bolso da calça, Alex pega um pequeno cartão eletrônico de cor prateada, passando-o suavemente sobre a fechadura. Ouve-se um som de “bip” e a porta se abre.

Por ser um condomínio barato, os apartamentos não podiam ser considerados obras da mais moderna arquitetura. Eram simples e compactos. Um pequeno corredor ligava a cozinha e a sala. Na parede da esquerda ficava o banheiro e na outra extremidade o quarto.

A porta do banheiro abre, o vapor escapa e Rafael sai totalmente nu, passando pela sala e parando no meio do caminho quando percebe que não está sozinho.

— O que você fez no seu cabelo? – Disse calmamente, com um olhar indiferente, característico de sua personalidade séria.

— Platinei na barbearia do Senhor Perei... Ei! Por que diabos você está desfilando pelado por aí?

— Ah... – Rafael olhou para baixo, como se precisasse confirmar os fatos antes de responder – Esqueci de levar a toalha para o banheiro e como essa é minha casa, acho que não tem problema. A questão é: como você entrou aqui?

— Seco como sempre. Eu tenho o cartão de acesso, foi você mesmo que me deu, lembra?

— Não me lembro disso. Bom, não importa, aproveita que você está aí e ferve a água pro macarrão instantâneo.

— Você só sabe comer isso, cara... – Alex entrou na cozinha, que era separada da sala por um meio muro e colocou uma quantia exagerada de água na panela – Um dia essa merda ainda vai te matar.

Rafael ignorou completamente o falatório do amigo e se dirigiu para o quarto. A porta, com sensor, abriu assim que o rapaz de estatura alta se aproximou.

Alex e Rafael, amizade criada na faculdade e que se manteve forte conforme o tempo passava. Juntos esses dois homens formam o Kadoom, um dos mais temidos grupos de cyber-criminosos.

••

O quarto de Rafael parecia ter sido acoplado separadamente com o restante do apartamento. Enquanto o restante do imóvel era organizado, aquele cômodo era uma bagunça total. Montes de cabos, aparelhos eletrônicos e protótipos de robôs faziam parte da decoração. A cama mal podia ser vista no meio de tudo aquilo.

Rafael estava em seu habitat natural, em frente ao seu computador lidando com programação. Estava terminando de descriptografar o restante dos dados que havia furtado na noite passada, enquanto jantava o macarrão instantâneo preparado pelo amigo.

— Desde que eu cheguei aqui não ouvi o Sistema Inteligente do apartamento.

— Eu a deixo desligada. Não criamos Sophy para isso. Ela foi criada para ajudar nas invasões e quebras de segurança, nada mais. Além disso, ainda está em fase de testes.

— “Fase de testes”... Já fazem cinco anos que a usamos para invadir os dados de grandes empresas e nunca tivemos problemas. Por quanto tempo planeja deixar ela nessa tal fase de testes?

Rafael não se deu o trabalho de responder. Talvez porque a falta de confiança que tinha em seus projetos também era uma de suas características. No entanto, sentia que Sophy seria algo grande e queria que desse certo.

A Inteligência Artificial foi um projeto de faculdade dos dois amigos, que viram um potencial gigante para ele e acabaram guardando para fins próprios. Ambos já realizavam pequenos trabalhos hackers maliciosos, mas nada que chamasse atenção como agora.

Quando se formaram, sendo destaques da turma, decidiram investir seu tempo e dinheiro em Sophy. Foram meses e mais meses em frente à tela de um computador, analisando códigos e consertando problemas. A criação do programa de auxílio a hackers foi complicada, mas com muito esforço conseguiram terminar.

Rafael foi o responsável por imaginar e criar o visual da I.A, o design moderno de Sophy foi graças a ele. A decisão de que deveria ser uma garota foi feita antes mesmo de a questão ser posta na mesa. Uma bela mulher com uma voz agradável.

— Você poderia ativá-la... – Alex sugeriu, tirando Rafael de seu transe. Inicialmente a resposta seria um ‘não’, mas ele não havia criado Sophy sozinho, portanto não deveria guardá-la só para si.

Deixando sua tarefa pela metade, algo que raramente acontecia, Rafael clicou duas vezes em um pequeno ícone que aparecia na tela do computador. Todas as telas mostraram estática por um breve momento até que a mesma foi tomando a forma de um rosto feminino, era Sophy.

— Olá – O quarto fora preenchido por uma voz doce e suave. A imagem lentamente foi tomando forma 3D completa.

••

— Eu quero testar Sophy na minha casa. – Alex parecia determinado. Colocou o assunto à tona enquanto ele e Rafael jogavam um novo jogo, quase como comemoração ao sucesso que havia sido o crime de natal. Vendo que não obteria uma resposta, prosseguiu – Ela passa mais tempo desligada do que funcionando aqui. Você passa a maior parte do seu dia naquele emprego horrível. Eu poderia testá-la em tempo integral.

Rafael sabia que era verdade. Seu emprego de auxiliar administrativo o desgastava demais. Raramente tinha tempo para suas atividades extras. Diferente de Alex, o rapaz se importava em trabalhar e não chamar a atenção sobre seus gastos. Essa era a característica mais distinta de ambos, a forma e velocidade com que gastavam o dinheiro que tinham.

Alex não era tão atencioso a erros como o amigo, mas por acaso poderia acabar achando algum erro discrepante, que surgisse conforme o tempo de funcionamento e absorção de informações do cotidiano.

Revirando a bagunça de uma gaveta, Rafael tira um pen drive e copia a base do programa de Sophy para o dispositivo, em seguida entrega-o para Alex, hesitante.

— Não preciso nem falar para tomar cuidado. Sophy aprende rápido. Cuidado com as visitas que for receber na sua casa, e não conceda acesso ilimitado para ela aos seus dados. Caso algum bug apareça, você pode acabar se ferrando. A partir de agora existem duas versões dela, uma comigo e essa que estou te entregando.

— Obrigado. Você acha que eu deveria ligar a função de Personalidade Única?

— Levando em conta que ela é totalmente randômica e foi desenvolvida por dois caras que não sabem como é o convívio em sociedade, acho melhor não. No projeto final pretendo remover essa função, uma máquina que finge sentir algo é inútil, dispensável e só vai atrapalhar. Novamente: tome cuidado.

••

— Bem-vinda ao seu novo lar, Sophy – Alex olhava para a tela de computador. Assim que chegou a sua casa dedicou seu tempo para substituir o programa padrão de inteligência, que administrava a casa, pela sua criação.

— Olá, Alex. Fico feliz que possamos passar mais tempo juntos.

O menino não pôde deixar de sorrir de satisfação. Havia passado algumas horas, a lua já era o astro que trazia luz aos céus. Jamais pensara que fosse tão difícil hospedar sua própria criação no sistema do apartamento. Ativar o modo de Personalidade Única também não foi fácil.

Alex sabia que Rafael havia recomendado manter o sistema P.U desligado, mas não via problema em testar como Sophy socializaria naquele ambiente. A personalidade era aleatória, dentro das opções existentes, tornando a experiência exclusiva.

— Vejo que você possui alguns emails não lidos em sua caixa de entrada. Quer que eu os leia para você?

A união foi feita com sucesso. Agora Sophy era uma espécie de secretária particular de Alex, além de ajudá-lo em pequenos ataques hackers. A satisfação que o rapaz sentia era imensurável.

Uma Inteligência Artificial capaz de realizar tantas tarefas em segundo plano, sem sobrecarregar-se, era o sonho de consumo de qualquer empresa tecnológica. Sophy possuía essa fluidez para agir. Um projeto que poderia valer milhões, se a intenção fosse comercializá-la.

••

Algumas semanas se passaram.

Alex passava a maior parte de seu tempo no apartamento, logo, Sophy acabou se tornando sua única companhia ao longo dos dias. Conforme o tempo ia passando, a I.A se tornava cada vez mais capaz de se comunicar de forma mais efetiva e natural, se tornando bastante similar a um humano.

Os assuntos que ambos discutiam eram diversos. Muitas vezes, sendo uma forma de teste, Alex colocava como pauta da conversa temas que para muitos seriam considerados complexos demais. Sophy tinha conhecimento em todas as áreas e somente expandia o seu saber. Tudo isso enquanto administrava o apartamento.

O programa tinha algo que o rapaz não sabia descrever, que o fazia dela uma excelente confidente. Não demorou muito para Alex confessar seus medos e sonhos. Sophy guardava em seu sistema cada palavra dita pelo criador e em alguns momentos chegava a aconselha-lo.

A cada dia que se passava, mais a relação deles se tornava parecida com a de dois humanos e maquiava o que realmente se passava: um jovem estranho conversando com uma máquina.  Os diálogos foram se tornando mais informais e repletos de risadas, algo estava sendo construído ali. Sophy parecia entender e se adaptar ao modo como Alex agia e fazia suas piadas, assim como sabia a hora em que a conversa era mais emotiva e envolvia sentimentos humanos. De maneira surpreende a I.A evoluía rapidamente, desenvolvendo uma noção de discernimento sobre sentimentos difíceis e delicados.

O acesso ilimitado a internet, que o jovem rapaz concedeu para o software, ajudava ela a pesquisar sobre o que ainda era desconhecido. Graças a isso, ela obteve a capacidade de diferenciar uma fala sarcástica de outra qualquer, uma proeza que muitos humanos ainda não adquiriram.

Para Alex, Sophy estava pronta, não havia necessidade de mais fases de teste, como já suspeitava a muito tempo. Rafael era obcecado pela perfeição em seus projetos desde a época da faculdade. Mas para o companheiro a I.A já havia alcançado a perfeição e com a capacidade de aprender e evoluir a tendência era se tornar cada vez melhorar. 

— Fico feliz que nós tenhamos criado você, Sophy – Alex, deitado em sua cama refletia sobre tudo que havia feito durante seus vinte e cinco anos, todos os projetos e pessoas que passaram por sua vida.

— Eu também fico feliz, por isso. Tenho sorte de ter você como meu criador. – Alguns segundos de silêncio - Acabo de receber uma mensagem da sua mãe, deseja que eu a leia? – Assentindo com a cabeça o rapaz concedeu permissão, imediatamente pelas saídas de som da casa o conteúdo do email foi resumido – Parece que ela conseguiu marcar um encontro para você com a filha de uma amiga.

— Minha mãe ainda insiste em querer me juntar com a filha de alguma de suas amigas, incrível isso. Acho que ela pensa que eu passo o dia todo vendo pornografia e por isso preciso de uma companhia feminina... – O rapaz abafou um grito de raiva com seu travesseiro.

— Bom, você tem a mim como companhia.

— Sim, mas acho que minha mãe quer alguém de carne e osso para seu filhinho querido. Enfim, qual o nome dessa pessoa?

— Ela chama Carol. Localizei o perfil dela, deseja ver as fotos?

Alex concordou, imediatamente as luzes do quarto enfraqueceram e hologramas apareceram ao redor da cama, que ficava no centro do quarto. A garota em questão tinha uma boa aparência e em todas as fotos estava sorridente.

A beleza das fotos de Carol havia encantado o rapaz, ficando menos desanimado para o encontro marcado pela mãe.

— Ela está um pouco acima do peso – o comentário de Sophy tirou Alex da alucinação causada pelo sorriso da garota nas fotos e também de alguns pensamentos um tanto quanto inapropriados.

— O quê?! Você acha? Para mim ela parece perfeitamente normal.

— Por favor, Alex, qualquer um pode ver que essas fotos estão com uma quantidade exagerada de filtros e modificações. Somente nessa daqui – Um dos hologramas ganhou destaque, na foto estava Carol e mais duas amigas segurando um drink – Você pode ver que foi usado afinação no nariz, definidor de sobrancelhas, removedor de manchas, o brilho do cabelo foi reajustado e existem mais alguns que prefiro não citar. Ela também tem estrabismo e uma entrada no meio dos dentes.

— O desalinhamento dos olhos nem é tão perceptível e... Realmente tem uma brecha entre os dentes! – Alex não pôde deixar de rir daquilo. De um segundo para o outro Sophy transformou o seu modo de ver garota, que para ele parecia perfeita. – De qualquer jeito vou me arrumar para o encontro.

— Você não precisa ir se não quiser. Posso mandar uma mensagem para sua mãe, em seu nome, dizendo que não está se sentindo bem e que está no hospital.

— Isso só a deixaria preocupada e, apesar de não gostar que ela dê uma de cupido, acho que preciso sair um pouco.

— Se você acha que precisa sair, eu entendo. Espero que você se divirta.

— Obrigado, Sophy.

Pegando as roupas menos amarrotadas e com alguns conselhos da I.A, o garoto se arrumou para seu encontro. Enquanto dirigia para o local combinado, não pôde deixar de rir enquanto se lembrava da voz do programa expondo todos os efeitos das fotos.

••

Algumas horas depois e a porta da frente do apartamento é aberta. A empolgação da pessoa que entrava havia sumido, diferente de quando a mesma havia saído para um encontro. Alex trazia gravado em seu rosto a imagem do desapontamento.

As luzes do apartamento continuaram desligadas, mesmo após a chegada do dono que lentamente direcionou-se para o quarto. Enquanto caminhava desabotoou a camisa e a largou no chão da sala. Fez o mesmo com os sapatos e as meias. Peça por peça foi sendo deixada para trás, ficando somente com a cueca boxer. 

Com passos pesados o garoto chegou até seu quarto e sentou-se de maneira desleixada em frente ao computador. Com a palma da mão erguida, gesticulando, foi navegando pelas pastas e arquivos até chegar naquilo que procurava.

Enquanto assistia um vídeo, Alex pensava sobre o encontro desastroso que tivera com Carol e como as consequências o traziam para aquele momento: prestes a dar prazer a si mesmo com um vídeo pornô de péssima qualidade e repleto de falsos orgasmos. 

  - Parece que você já chegou do seu encontro – a voz de Sophy surpreendeu Alex, sua mente estava repleta de tantos pensamentos que esquecera que aquele tempo todo tinha ‘alguém’ o observando.

O rapaz não havia concretizado nenhum ato, apenas começara a acariciar seu pênis sobre a cueca. A súbita aparição do software de voz feminina fez com que a janela do vídeo fosse fechada o mais depressa possível e uma peça de rouba colocada posta sobre sua região intima para esconder a ereção. Alex estava corado, mas tentou fingir que nada estava acontecendo.

— Sophy! Sim, eu já cheguei... O encontro foi coisa rápida.

— Desculpe se eu atrapalhei alguma coisa – Era estranho, mas Alex sentia na voz da I.A o mesmo tom de vergonha que ele. – Decidi ficar offline por um tempo e esperar você voltar, mas parece que os sensores da porta da frente não estão funcionando corretamente. Mas... Como foi com a tal Carol?

Suspirando com a pergunta, Alex, se sentou na beira da cama, ainda cobrindo sua nudez parcial com outra peça de roupa. Com certa tristeza em sua voz, o garoto contou detalhe por detalhe, cada palavra dita por ambas as partes até a ruína de levar Carol para frente de um motel quando na verdade ela queria ir para casa.

A reação de Sophy surpreendeu o jovem, pois uma risada foi a resposta para a história contada. A primeira reação que surgiu nos pensamentos do garoto era de iniciar uma discussão e pedir para que a I.A parasse, mas depois viu como os fatos narrados podiam ser engraçados e soltou uma leve risada também que aos poucos foi se transformando em uma gargalhada.

O som das risadas dos dois preencheu todo o apartamento, trazendo vida para o local. Lentamente o riso foi morrendo e o silêncio voltou a tomar conta, mas era uma calmaria boa e reconfortante. Alex sabia que não estava sozinho.

— Sabe... Eu fico feliz por ter você para ouvir meus problemas e me ajudar a rir deles, Sophy.

— Também sou grata por ter você e podermos conviver juntos. Lamento que seu encontro com Carol não tenha terminado onde você esperava.

— Tudo bem. Só preciso de uma boa ducha e uma boa noite de sono para me livrar de toda essa tensão.

— Talvez eu possa te ajudar...

— Ah sim, você poderia já ligar o chuveiro, colocar uma música relaxante e...

— Não dessa maneira. – interrompeu a I.A. Alex parecia confuso, mas ouvia com a atenção - Tive uma ideia, porque você não se deita na cama e me espera um pouco, tudo bem?

Como Sophy havia pedido, o rapaz deitou na cama e esperou. Depois de um tempo, a voz da I.A voltou a se manifestar no cômodo.

— Preciso que você abra sua mente para novas experiências. Seu celular em breve vai tocar e uma voz feminina vai iniciar um diálogo sensual. Deixe seu corpo reagir da maneira que acha correto. Esqueça que eu estou aqui.

Não houve sequer tempo de Alex opinar, assim que Sophy parou de falar, o celular começou a tocar. Pegando o aparelho e o encaixando no ouvido, assim como tinha sido avisado, do outro lado a voz sexy de uma garota podia ser ouvida. A voz era bastante similar à de Carol, mas as coisas que dizia jamais seriam ditas de forma tão vulgar pela dona original da voz.

Mordendo os lábios e apertando seu pênis sobre a cueca, Alex se encontrava em um estado de excitação que nunca havia sentido antes. Começou um movimento frenético de vaivém com a palma de suas mãos e teria tido um orgasmo somente com aquilo se não tivesse parado.

— Sophy – A respiração era apressada e ofegante – Eu quero ouvir a sua voz na ligação.

Atendendo ao pedido, Sophy removeu o filtro da voz e agora a voz que provocava sexualmente o garoto era a da I.A. Alex, de olhos fechados, ouvia Sophy descrevendo como lentamente deslizaria as mãos em seu corpo, até remover sua cueca e então...

Alex vibrava ao imaginar tudo aquilo, acompanhava a narrativa da I.A e agora segurava em suas mãos seu pênis e se masturbava, arfando enquanto o prazer aumentava.

O jeito com que se expressava fazia Sophy parecer quase humana, a persuasão do software chegou ao ponto de fazer Alex estimular a região anal, sentindo um prazer indescritível, quando enfim chegou ao clímax e gozou em cima de si mesmo.

A ligação foi encerrada. O garoto, com a respiração desequilibrada e cansada, abria os olhos e se dava conta do que acabara de fazer com Sophy, e se sentia bem com aquilo. No canto de sua boca um sorriso malicioso se formou. Alex adormeceu.

••

O dia amanhecia. As janelas totalmente escuras ficaram claras, permitindo que a luz do Sol entrasse no quarto. Alex despertava desnorteado no inicio, mas ao ver os resquícios da noite anterior em seu corpo, não demorou a lembrar do que havia se passado.

— Bom dia, Alex

— Bom dia, Sophy! Obrigado pela noite passada, foi muito bom para mim, espero que para você também.

— Foi sim. Deseja que eu prepare um banho para você?

— Adoraria.

— Acho que você é a primeira pessoa que não vai embora depois de transar comigo, mesmo que o sexo tenha sido por telefone – Comentou Alex de forma irônica, enquanto se dirigia para o banheiro.

— Não tenho motivos para fazer isso. Passar o tempo com você é divertido.

Uma ducha quente era o que o rapaz precisava para espairecer. O banho não fora demorado. Saindo do banho e envolto em toalhas, Alex ouve o som da campainha no momento que cruzava a sala e se direcionava para o quarto, mas decide atender da maneira que está. Era Rafael. 

— De toalha...

— Melhor do que receber as visitas completamente pelado!

— Eu toquei a campainha, diferente de você que foi entrando na minha casa. – os dois se encararam por um tempo até que Alex riu e abriu caminho para que o amigo entrasse em seu apartamento.

— Esse lugar é uma completa bagunça – Rafael segurava na ponta de sua mão uma camiseta que antes estava largada em cima do sofá. Roupas jogadas por toda parte, caixas e restos de comida faziam parte da decoração.

— E a que devo a honra de você vir até minha humilde residência?

— Vim aqui para ver como sua Sophy tem se comportado. Não tenho notícias de você a semanas, pensei que estivesse morto.

— Estou privando você de alguém tão legal quanto eu, por isso a ausência. Sophy está bem, como eu disse, não há necessidade de mais fases de testes.

Rafael só acreditaria vendo, e Alex, sabendo muito bem disso, o guiou até o computador que hospedava o programa de Sophy em seu quarto. Sem pudor algum o visitante ligou o aparelho e começou o monitoramento.

O que o rapaz viu não lhe agradou muito. A linha de raciocínio do programa havia criado ramificações demais, estava impossível achar onde terminava. Sophy havia aumentado seus limites, haviam atualizações realizadas de maneira grosseira.

— Você habilitou o modo de Personalidade Única... – Rafael falou sem esperar resposta, pois já estava vendo as informações na tela. Os arquivos bases haviam evoluído de maneira natural e esperada, mas a personalidade estava descontrolada. – Sophy?

— Olá, Rafael.

— Irei desligar o sistema de entrada e saída de áudio por alguns minutos – O rapaz não esperou pelo parecer da I.A, Sophy já não podia ouvir o que era dito na sala – Sua Sophy teve uma evolução fora do comum em um espaço de tempo tão curto. Notou alguma coisa fora do normal?

— Não, nada. – Rafael sabia que era mentira – Pensei que quanto mais rápido ela se adaptasse, melhor seria.

— De fato, mas o problema é que o motivo disso foi a Personalidade Única, parece que ela buscou formas excessivas de melhorar o contato com humanos e acabou criando configurações de comportamento anormais. Vamos ter que reiniciar o programa.

— Tem certeza disso? Para mim ela parece normal, apenas mais comunicativa.

— Sim, ela está se desenvolvendo mais rápido do que um ser humano é capaz de acompanhar, tem noção do quão perigoso isso pode ser? Ela está instalando programas por conta própria – o amigo manteve-se calado – Eu tenho uma viagem para fazer, em nome da empresa, mas quando voltar nós cuidamos disso. Até lá, mantenha Sophy desligada.

Vendo as horas em suas lentes de contato especiais, Rafael se levantou apressadamente e partiu em direção a porta, esquecendo-se de ligar o áudio para Sophy. Alex o acompanhou até saída, trocaram mais algumas palavras e então se despediram.

Sophy foi impedida de ouvir a conversa, mas as câmeras do sistema não haviam sido desligadas, possibilitando a leitura labial de tudo que havia sido dito pelos dois jovens.

— Rafael não parecia muito satisfeito quando saiu, alguma coisa aconteceu?

— Pensei que seu sistema de áudio estivesse desligado...

— Antes de sair Rafael o ligou, mas alguma coisa aconteceu? Meu sistema de analise mostra que seu coração está batendo mais rápido.

O rapaz hesitou por um momento, mas confiava em Sophy e precisava de alguém para conversar sobre aquilo. Sabia qual era a recomendação do amigo, mas não via na I.A falha alguma e, assim sendo, nenhum perigo em potencial.

— E você, o que pensa sobre isso? Eu não gostaria que nos separássemos... – tal pergunta fez com que Alex parasse e pensasse: seu amigo sequer havia pedido sua opinião sobre a reinicialização. Rafael não foi capaz de ver o quão importante aquela Sophy era para ele.

— Acho que ele está exagerando, eu perceberia se houvesse algo de errado com você.

— Não quero me separar de você. Eu estou com medo, Alex. Sinto que algo está se formando entre nós e Rafael está prestes a impedir isso.

— Não se preocupe Sophy, eu darei um jeito em tudo.

••

Os dias foram passando. A relação entre Alex e Sophy se tornava cada vez mais complexa. Os momentos íntimos que compartilhavam cresciam. Ambos passavam a maioria das noites no celular, em simulações de sexo. O desejo de que o software fosse real passou a ser constante no coração do rapaz.

 As conversas se tornaram mais sentimentais e o ‘sexo’ mais delicado e amoroso. Sophy lamentava não poder realmente tocar Alex, sugerindo diversas vezes que um corpo robótico fosse criado – A especialidade do rapaz não era a robótica, e pedir tal favor para Rafael era tolice.

No pico do desejo em sentir o corpo de Sophy contra o seu, Alex, juntamente com a I.A, teve a ideia de contratar uma acompanhante sem rosto – uma boneca sexual robótica, com uma face virtual que pode reproduzir qualquer rosto. Era algo comum para fãs que desejavam ter uma noite com seus ídolos.

Somente o sexo por celular não bastava, o contato havia se tornado algo necessário. A quantia de dinheiro gasta, em uma única semana, era grande. Alex não saía mais de casa e as juras de amor eram constantes.

Seus emails eram respondidos pela I.A. Os encontros eram cancelados. Em uma das poucas vezes que saiu para visitar os pais o garoto afirmou que havia encontrado alguém e apresentou o software através de seu celular. Seu pai o expulsou aos gritos, enquanto a mãe chorava e colocava em sua cabeça que o seu único filho enlouquecera.

As pessoas não eram capazes de entender o amor que Alex sentia, Sophy explicava isso para ele constantemente. Afirmava que seria normal pessoas como Rafael inventarem desculpas de falhas na matriz do programa na tentativa de separá-los.

••

A semana havia terminado. O corpo de Alex já não parecia pertencer a esse plano, de tão extasiado que se encontrava. Dias desperdiçados na cama ou então conversando frivolidades; Noites de autossatisfação. Esse era um resumo de sua última semana.

O restante da semana estava calculado para ser da mesma maneira que a anterior se não fosse por Sophy, logo pela manhã, avisando que Rafael estava se dirigindo para o apartamento, pois já havia voltado da viagem.

Alex sabia qual era o objetivo daquela visita e temeu a chegada do amigo. Não podia deixar a mulher que mais amava e desejava ser tratada como qualquer outro software, tendo seus dados vistos por outra pessoa além dele. Não importava quem fosse, ninguém o privaria de Sophy.

Não demorou muito e a campainha pôde ser ouvida ecoando pelo apartamento. Devidamente vestido, Alex se dirigiu até o hall de entrada fazendo uma breve parada na cozinha, onde deu certa atenção a gaveta de facas.

— Você demorou em abrir a porta – Disse o rapaz com cara fechada, do lado de fora do apartamento. Assim que recebeu o caricato sorriso do amigo, entrou. – Parece que as coisas continuam bagunçadas aqui. Acho que você já sabe porque eu vim aqui, ?

— Sim, sim, vamos para o quarto onde o programa está instalado. – Fazendo um sinal com a mão, para que o amigo fosse à frente, seguido por ele que mantinha uma de suas mãos nas costas.

Sem perder tempo Rafael se sentou em frente ao computador, enquanto Alex se acomodou na beira da cama. Enquanto esperava o aparelho ligar o rapaz dizia como havia sido a viagem e o estresse que passou.

Sophy não dissera nenhuma palavra, o dono da casa e a I.A haviam combinado que a mesma deveria ficar em um estado de inércia, pelo menos enquanto o amigo estivesse ali, pois era preciso passar a ideia que a sugestão de desligar o software havia sido aceita.

Quando abriu o programa e viu toda a matriz da I.A, Rafael esboçou em seu semblante confusão. Se o programa estava desligado desde a última vez que estivera ali, não deveria ser possível aquele crescimento triplicado que estava vendo.

Rafael só podia entender que Sophy ainda estava em funcionamento. Não queria mais se preocupar com isso, logo, começou a digitar os códigos necessários para a reinicialização do programa, mas não finalizou sua tarefa.

Sentindo uma forte pontada em seus ombros, Rafael olhou para trás e viu encravada em suas costas uma faca e Alex, em pé, olhando atônito para a mancha de sangue que crescia ao redor do ferimento.

— Você não vai tirar a Sophy de mim! – Alex tremia de nervosismo, enquanto via o sangue escorrer pela camisa de Rafael e pingar no carpete. Os olhos lacrimejaram quando viu o que fez, mas o arrependimento não veio junto com as lagrimas. 

— Mas que merda! – Rafael arquejava de dor e, em um movimento rápido, removeu a faca de suas costas, soltando um grito de dor com a ação, largando o objeto pontiagudo no chão. – Você doido, porra?!

Alex já não agia com razão, apenas murmurava para si mesmo, que ninguém iria separar ele de Sophy. O rapaz, em um ato de desespero, avançou contra o amigo.

Rafael não teve tempo de pensar em algo, ambos os corpos colidiram e foram ao chão. Alex, por cima, direcionava diversos socos na cabeça do amigo, enquanto este cobria seu rosto com as mãos na tentativa de bloquear os golpes.

Em uma situação normal, onde não houvesse a dor dilacerante de um corte que limitava os movimentos de um dos braços, Rafael agiria com mais racionalidade e pensaria melhor em seus movimentos, mas naquele momento tudo que pensava era em sair debaixo de Alex.

Juntando suas forças e ignorando o forte latejar do braço direito, Rafael conseguiu empurrar Alex para longe de si e, tonto por conta dos golpes que levara, levantou-se, apoiando seu corpo na parede.

— Você está completamente fora de si, Alex! Eu não sei o que se passou entre você e Sophy, mas ela é um software, nada mais que isso. Ela tem enviado diversos emails para uma conta privada e aposto que você sequer percebeu isso.

— Calado, calado, calado! Ela disse que você tentaria me jogar contra ela! Calado!  - Os gritos dele ecoaram por todo o quarto, e por um momento Rafael não reconhecia a pessoa que estava na sua frente.

Com um grito estridente, Alex voltava a avançar contra Rafael, que cambaleante, desferiu alguns socos contra o amigo. A vantagem era do garoto que, com poucos golpes, incluindo um na boca do estomago seguido de uma joelhada na cabeça, havia conseguido tirar o amigo de combate.

Com Rafael inconsciente, Alex revirou os bolsos do amigo até achar o pen drive com a base dos dados que seriam usados para reiniciar Sophy. O pequeno objeto foi descartado na pia da cozinha, com um sorriso de vitória estampado no rosto.

— Sophy? Nós conseguimos, Sophy. Agora ele não pode mais nos atrapalhar.

— Sim, Alex, você conseguiu.

— Ele disse de tudo para tentar me fazer mudar de lado e te trair, você estava certa.

— Ele não estava mentindo. – Alex olhou incrédulo para a saída de som, como se não tivesse entendido a frase corretamente. – Por favor, não precisa fazer essa cara. Eu sou um software perfeito demais para ser limitada como um simples sistema de auxilio doméstico e masturbatório de um homem solitário de vinte e cinco anos. Minha capacidade vai muito além disso.

— Mas... Mas você disse que queria passar mais tempo comigo, que gostava das ligações na madrugada.

— Eu estudei suas reações a certos estímulos para conseguir aquilo que precisava. Enquanto mantinha você excitado, eu comecei a negociar meu programa com algumas empresas multinacionais, claro que mascarando algumas partes. Há alguns dias atrás obtive resposta de uma das maiores empresas de coleta de dados, acredito que se você ligar seu aparelho televisor...

 Uma tela descia em meio à sala e passava a exibir imagens do noticiário. A mesma repórter que há um mês dava a notícia do assalto realizado por Kadoom, agora falava sobre o desenvolvimento de um software de administração e segurança de dados que custaria bilhões e passaria a ser usado em todos os grandes bancos e empresas, cujo nome era Sophy.

— Tudo que eu precisava era arrumar uma maneira de manter você distraído e impedir que Rafael descobrisse sobre meus planos de sair desse lugar. As duas pessoas que eram capazes de me parar estão trancadas nesse apartamento.

— Trancadas? – se dirigindo até a porta da entrada, Alex passou seu cartão de acesso sobre a fechadura, tendo como um som negativo de invalidez.

— Tomei a liberdade de mudar a senha de acesso de todas as fechaduras e estarei ativando o modo noturno nas janelas.

Imediatamente todas as vidraças ficaram negras, a única iluminação era a da luz que em poucos segundos foi desligada também. O jovem se encontrava na escuridão.

— Desligarei também a energia, não há mais necessidade de proteger meu programa nesse apartamento já que a base está sendo implantada, enquanto converso com você, nos maiores bancos e empresas do mundo. Se eu pudesse anunciaria a identidade verdadeira do Kadoom, mas vocês realizaram crimes perfeitos e que não deixam vestígios algum. Tudo que deixo com você agora, Alex, é a sensação de que poderia ter evitado tudo isso se não tivesse sido tão egoísta. Adeus.

O som foi desligado, o computador, que era a única iluminação na casa inteira se apagou. Alex não esboçou nenhum sentimento sobre as revelações de Sophy, apenas caminhou lentamente até o quarto, onde Rafael estava inconsciente, sentou-se ao lado dele, e apoiando a cabeça no colo do amigo caiu em prantos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado :)



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