O Orgulho e a Soberba escrita por FlordaRelva


Capítulo 8
Vinho e Noite




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Aurélio contou sobre a negociação com o Senhor Fagundes, da carta dos avós de Ema que ele achou e que acabou lhe dando a ideia de preparar o chocolate, do trabalho na fazenda...

—Desculpe-me Julieta de não ter lhe contado sobre o emprego que consegui com o Senhor Fagundes anteriormente! A minha cabeça estava atravessada por várias coisas e ideias.

—Você não precisa se desculpar Aurélio! Não possui qualquer obrigação comigo, nem...

Aurélio a interrompeu segurando gentilmente sua mão.

—Eu lhe fiz uma promessa, e creio que seja normal anunciar os procedimentos da mesma. E admito que receava alguma critica com relação á carta.

Julieta deu uma pequena risada.

—Realmente! O não uso de senhora foi um desrespeito!

—Pensei que fosse reclamar não da saudação, mas dos últimos trechos. Aquela parte que cito nossos beijos...

Julieta sentiu um rubor. Olhava para o rosto de Aurélio que exibia um sorriso maliciosamente alegre. Sentia saudade daqueles lábios. Dos beijos que eram de posse mútua.

—Mas é ser muito presunçoso!

—E ser muito mentirosa!

Julieta se levantou de pressa. A taça de vinho que carregava em uma mão sem querer sujou de vinho a camisa de Aurélio. Julieta olhou surpresa e pediu desculpas. Aurélio se levantou e começou a sacudir a camisa em uma tentativa de seca-la.

—Deixe-me ajudar

Julieta pegou um pequeno pano e começou a esfregar na parte manchada da camisa de Aurélio. Conseguia sentir cada músculo e pele através daquele fino pedaço de tecido.

Levantou os olhos e encontrou os de Aurélio a observando ternamente. Abriu a boca para falar alguma coisa que logo depois esqueceu. As bocas se uniram assim como os corpos. A mão de Aurélio puxava gentilmente Julieta pela cintura, enquanto as mãos dela rodeavam seu pescoço. Á cada respiração o beijo se tornava mais ardente, mais urgente. Como se necessitassem que ele matasse a sede que ambos tinham um do outro.

Como se de súbito recordasse a consciência, Julieta afastou-se devagar de Aurélio.

—Desculpe-me mas creio que já seja tarde. Tenho que ir.

—Não Julieta, por favor! Antes de ir vamos conversar. Até agora só falamos de mim. Desejo saber como você se sente... eu soube que...

—Camilo saiu de casa?_ perguntou Julieta. Ela já sabia que não era novidade no Vale.

—Sim_ confessou Aurélio_ Imagino a sua dor ao ver o distanciamento de Camilo

Havia poucas semanas que Camilo tinha saído de casa. A dor ainda cicatrizava. As palavras de despedida do filho eram como facadas minuciosas no peito de Julieta. Seu filho a tinha renegado. Entre todas as dores que viveu e podia viver, a da rejeição e frieza do próprio filho arrancavam sangue de sua alma. Camilo escolheu o amor. O amor que até então Julieta pensava só existir em livro. Mas, de vez em quando se materializava no riso e no toque de Aurélio

Os olhos de Julieta expressavam dor e mágoa, mas mesmo assim ela se mostrava dura com o filho. Era uma forma de se convencer de que estava fazendo o certo com Camilo. Ela só desejava o bem para ele. E como iria o manter bem se ele se casasse com uma moça, que ao seu ver, não estava apta? O casamento na visão de Julieta era uma prisão fria. Criada e mantida por relações comerciais e de aparências. Qual seria a culpa dela de pensar assim, se o mesmo lhe foi entregado desse jeito?

—Camilo fez a escolha dele, agora terá que arcar as consequências.

—Julieta, não precisa dessa máscara. Não comigo Julieta!

—Não é máscara Aurélio, é verdade! Se meu filho me renegou, o que posso fazer? Desejo somente o melhor para ele. E se ele acha que o melhor é o meu distanciamento, assim o farei. Mesmo á custa de muita dor e sofrimento.

Os olhos da Rainha do Café faziam força para não derramar as lágrimas que pareciam tão pesadas. Aurélio a envolveu nos braços. Balançava-a devagar.

Olhou para a Janela. A lua brilhava lá fora.

—Poderíamos dançar se quiser_ sugeriu olhando para o rosto de Julieta.

Ela levantou os olhos do chão ao escutar a pergunta.

—O que... mas sem música e assim do nada?

—A dança acalma o coração Julieta! E quem disse que só se dança com música?

Julieta relutou.

—Vamos, por favor?_ pediu Aurélio oferecendo a mão.

A Rainha do Café olhou para o olhar calmo e terno de Aurélio. Sutilmente levou a mão á dele.

O filho do Barão envolveu-a em seus braços. Julieta conseguia sentia o perfume de Aurélio. Era um aroma inebriante. Riu ao escutar ele cantarolando o seu nome ao pé do ouvido. Tudo parecia tão leve e ao mesmo tempo tão terno junto á ele.

Os passos eram lentos e acompanhavam a música deles. A música própria dos dois.

Regados ao vinho e a noite, lembranças e acontecimentos, os dois continuaram dançando por aquilo que podiam ser horas.


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